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sexta-feira, 14 de julho de 2023

A batalha na Justiça da cidade mineira que comprou arroz orgânico do MST

Prefeitura de Juiz de Fora comprou alimento por 43 reais o quilo e revolta da oposição chegou a Câmara dos Deputados
 A Justiça indeferiu, em primeira instância, o pedido de liminar contra a compra de arroz orgânico e leite em pó de cooperativas ligadas ao MST pela prefeitura de Juiz de Fora, em Minas Gerais, no âmbito do Programa Nacional de Alimentação Escolar. 
A ação pública foi protocolada pelo vereador sargento Campos Mello (PTB), que também tentou emplacar uma CPI na Câmara Municipal, mas não conseguiu a adesão dos demais parlamentares. 

O arroz orgânico foi comprado da Cooperativa dos Trabalhadores Assentados da Região Porto Alegre e o leite instantâneo da cooperativa Terra Viva por valores que chamam atenção.  
O pacote de cinco quilos de arroz custou mais de 43 reais, foram adquiridos 19.000 unidades por quase 820.000 reais.  
Pelo quilo do leite em pó, foi pago mais de 56 reais. A prefeitura comprou 11.600 quilos por mais de 650.000 reais.

Segundo a prefeitura, a justiça reafirmou a legalidade do chamamento público e a compra visa distribuir alimentação saudável nas escolas. “O que a gente está fazendo é que nossas crianças nas escolas tenham a mesma alimentação, com produtos com a mesma qualidade que nós fornecemos para os nossos filhos nas nossas casas”, disse o procurador geral do Município, Marcus Motta de Carvalho. 

Além do preço, o vereador contesta a origem das cooperativas, que são do Sul do país. O PNAE propõe “incentivos para a aquisição de gêneros alimentícios diversificados, produzidos em âmbito local e preferencialmente pela agricultura familiar”. A Justiça, no entanto, afirmou que a suspensão do contrato poderia colocar em risco o fornecimento de merenda escolar. “Constatado o risco de dano irreparável ou de difícil reparação, não ao  agravante, mas à coletividade, haja vista o alto risco de prejuízo aos alunos  atendidos pelos serviços prestados pela contratada caso o contrato seja suspenso, que se verão privados da merenda escolar, há que se manter o indeferimento da antecipação de tutela”, escreve a juíza Roberta Araújo de Carvalho Maciel, na decisão que barrou a liminar. 

Outro argumento para o indeferimento da ação é a falta de provas na denúncia. O vereador tentou obter novas evidências com um inquérito parlamentar. Sem sucesso no município, a demanda foi atendida pela oposição aos governos petistas em Brasília. “Nós estamos com um pedido de CPI aqui na casa legislativa, porém dos 19 vereadores ninguém quer investigar. Quer dizer, nós estamos passando a nossa responsabilidade do município para o governo federal, a CPI do MST vai estar olhando todo esse processo”, contestou Campos Mello. 

Na Câmara, o deputado Kim Kataguiri (União – SP) pede mais informações sobre o processo de compra da cidade mineira. Em um dos requerimentos, o parlamentar afirma que a prefeitura de Juiz de Fora fez a “aquisição de arroz orgânico do MST pelo preço acima do valor de mercado”.
 
[CONFIRA AQUI, o quanto é roubado, espoliado, quem compra produtos do MST - é mais fácil superfaturar = roubar = do que invadir fazendas.]


[por coisas deste tipo é que é urgente tornar CRIME HEDIONDO, sem direito a DESCONDENAÇÃO,  o roubo de recursos da educação - proposta da deputada Rosângela Moro.]

 

Radar - Coluna Revista VEJA


terça-feira, 15 de junho de 2021

Liberdade de autor de facada em Bolsonaro será decidida em um ano - Radar - VEJA

Justiça fará nova avaliação psiquiátrica de Adélio Bispo em junho de 2022

Faltam exatos 365 dias para que Adélio Bispo, autor da facada contra Bolsonaro na corrida eleitoral de 2018, seja avaliado por uma junta de psicólogos e psiquiatras, que determinará se o agressor ainda representa algum risco para a sociedade. A depender da indicação dos especialistas, ele poderá ser posto em liberdade.

Em junho de 2019, a Justiça Federal em Juiz de Fora absolveu Adélio porque sua condição psiquiátrica o tornou inimputável pelo atentado à vida de Bolsonaro. A decisão foi baseada em laudos que indicaram insanidade mental do agressor, que disse que deu a facada no então candidato sob designíos divinos.  Apesar de não ter sido condenado à prisão, ele foi mantido preso por ter sido considerado pessoa de alta periculosidade, cuja liberdade representaria risco a si e a terceiros. Desde então ele está recolhido no presídio federal de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul. 

A opção pela unidade de segurança máxima foi a forma que a Justiça Federal encontrou de preservar a integridade de Adélio, já que havia o temor de que ele sofresse represálias e pudesse não ter sua segurança garantida em um manicômio judiciário.  Na decisão em que determinou a internação do agressor por tempo indeterminado, o juiz da 3ª Vara Federal de Juiz de Fora, Bruno Savino, ordenou uma reavaliação do estado mental do interno dali a três anos, prazo que se encerrará em 14 de junho do ano que vem.

Radar - VEJA


sexta-feira, 5 de abril de 2019

Inimigos íntimos

Cada lado acha que só a sua, digamos, proposta para o Brasil está certa

No Brasil do passado, havia o partido da situação e o partido da oposição, e seus adeptos eram chamados de simpatizantes. Veja bem, simpatizantes —e não antipatizantes, embora, às vezes, alguns demonstrassem mais aversão ao partido adversário do que afinidade com o seu próprio. Mas, tendo crescido entre partidários do PSD (o partido do governo, das raposas mineiras e dos proprietários rurais) e da UDN (o da oposição, dos “homens de bem” e da classe média urbana), posso garantir que eles viviam em razoável harmonia. Seus líderes se xingavam nos comícios, mas a briga raramente descia do palanque.

De uns tempos para cá, não há mais adversários. Há inimigos, e um quer exterminar o outro. Cada lado se arroga a falar em nome do Brasil, como se só a sua, digamos, proposta estivesse certa. Nesse sentido, os dois lados estão cada vez mais parecidos. Um deles, o atualmente no poder, tem conseguido juntar todos os seus críticos num vasto aglomerado de esquerdistas-comunistas-marxistas, incluindo políticos, ministros de STF, ecologistas, professores, vários jornalistas, a Folha e a TV Globo. Não muito diferente do que esteve por longo tempo no poder, para quem seus críticos compunham um, idem, aglomerado de coxinhas-golpistas-fascistas, incluindo políticos, empresários, a Lava Jato, o Ministério Público, a Polícia Federal, praticamente os mesmos jornalistas, a Folha e a TV Globo.

Uma amiga minha, de esquerda, acredita que a facada em Bolsonaro foi mesmo armação, com a participação do povo de Juiz de Fora, dos cirurgiões do Albert Einstein e do exército israelense. Outra, de direita, acredita até hoje na lenda do kit gay e da mamadeira de piroca e está convicta de que não houve ditadura militar. [comentário: apesar da notória incompetência da esquerda, a amiga citada com certeza adiciona a incompetência que caracteriza toda a esquerda a mais completa falta de noção, quando vê conspiração, fraude, na facada que atingiu o nosso presidente; 


já a amiga da direita, não acredita em lendas e sim em fatos, visto que o KIT GAY existiu e  só não foi distribuído por temor da corja lulopetista com a reação que viria - optaram por esperar momento mais favorável.
Quanto a mamadeira de piroca, supondo que a matéria  se refira ao ato bizarro, cujo vídeo foi divulgado pelo presidente Bolsonaro existiu, só que não divulgava a mamada em uma - prática tão a gosto dos portadores do homossexualismo - e sim uma urinada de um ser  anormal em outro mais anormal ainda.

Aliás, a 'chuva dourada', urofilia, goldenshower,  é prática comum, uma anormalidade que muitos preferem classificador como fetiche e, por óbvio, se torna mais comum no carnaval de rua.] 
 
As duas não se conhecem. Estou pensando em apresentá-las. Se não se matarem, arriscam-se a se tornarem amigas de infância —que é a idade mental política de ambas. 

Ruy Castro -  Folha de S. Paulo 

sábado, 30 de março de 2019

Ditadura, nunca mais! e Frase do dia

Memória das trevas

Digamos que não foi golpe o golpe militar que derrubou o presidente João Goulart no final de março de 1964. Nem foi ditadura a ditadura que se estabeleceu no país durante os 21 anos seguintes. [comentário 1: 
- a VERDADE é que estava na iminência da ocorrência de um GOLPE DE ESTADO, pelos comunistas infiltrados no governo Goulart, e restou aos militares atendendo ao clamor do POVO BRASILEIRO, desferir um CONTRAGOLPE, que apesar do maciço apoio das Forças Armadas e da população civil, só ocorreu com maior rapidez pela decisão, determinação, de um general de divisão que determinou o deslocamento de tropas de Juiz de Fora para o Rio - general Olimpio Mourão Filho - tornando irreversível o MOVIMENTO REVOLUCIONÁRIO de 31 de março de 1964.
- não cabe chamar de ditadura o Governo Militar, devido entre outras práticas, a salutar e regular eleição para o cargo de presidente da República, sendo mais adequado considerar que se tratava de um GOVERNO FORTE.]
- Então por que durante esse período foram mortos ou desapareceram pelo menos 423 opositores do regime? 
- Por que 6 mil militares foram punidos? Por que milhares de pessoas foram torturadas?
- Por que crianças foram seviciadas na frente dos seus pais para que eles confessassem supostos crimes? 
- Por que algumas delas foram entregues para ser criadas por famílias de militares sem filhos? [comentário 2: os questionamentos acima em sua maior parte são resultado de mentiras criadas por elementos da esquerda, buscando dar características de desumano ao Governo Militar.
 
Algumas vezes, por razões operacionais, as forças de segurança envolvidas no combate ao terrorismo e a ações guerrilheiras, tiveram que proceder  a interrogatórios enérgicos  buscando obter informações para desencadear ações buscando impedir que nossa Pátria se tornasse um satélite da extinta URSS e restabelecer a ordem no Brasil.
 
Tortura, assassinatos na frente de parentes foram cometidos pelos terroristas e guerrilheiros quando cortaram em pedaços, vivo, um mateiro acusado de servir de guia para as forças militares na Guerrilha do Araguaia;
quando mataram um americano, Chandler, em frente de sua casa e na frente da esposa e filhos que a tudo foram obrigados a assistir - apenas por desconfiarem que ele era agente da CIA.]
- Por que censores, designados pelo governo para dar expediente nas redações de jornais e de revistas, proibiram a publicação de notícias que desagradassem o governo?
- Por que letras de músicas, filmes, peças de teatro e até novelas de televisão não puderam ser cantadas nem exibidas?
- Por que as autoridades proibiram passeatas de protesto, prenderam e espancaram seus líderes? 
- Por que padres católicos estrangeiros foram presos e devolvidos aos seus países de origem?
- Por que o Congresso foi cercado por tropas armadas e fechado mais de uma vez? - - Por que mandatos de parlamentares foram cassados?
- Por que foram suspensos os direitos da magistratura, e aposentados os juízes considerados incômodos ao regime?
- Por que os direitos civis foram castrados? 
- Por que o governo pôde perseguir e prender quem quisesse independente de ordem judicial? 
- Por que o habeas corpus deixou de valer?
- Por que os brasileiros não puderam votar para eleger o presidente da República? 
-  Por que cinco generais se sucederam na presidência da República?
[comentário 3: o Governo Militar foi, indiscutivelmente, um Governo forte e com importantes ações a executar - uma delas, a principal, manter o Brasil como NAÇÃO SOBERANA - e para executar suas atribuições necessitou impedir a divulgação de notícias  mentirosas que pudessem afetar a moral do povo brasileiro, impedir que estrangeiros se imiscuíssem em assuntos brasileiros, que maus brasileiros se valendo de cargos públicos que exerciam conspirassem contra a Segurança Nacional, que recursos comuns em um país vivendo em condições normais fossem utilizados contra a SEGURANÇA NACIONAL e também a necessidade de manter uma linha de governo a ser seguida.]

Por fim, por que o governo editou uma lei de anistia que beneficiou os políticos cassados, os exilados, os banidos, mas também os militares autores de crimes de sangue? [comentário 4: a Lei de Anistia beneficiou também porcos terroristas e guerrilheiros - poderíamos citar algumas dezenas de assassinos, mas vamos ficar com dois exemplos:
 -  Clemente, terrorista, assassino frio e sanguinário - chegou a executar companheiros de crimes e seus depoimentos contando com detalhes as barbaridades que praticou estão disponíveis na internet (clique aqui e assista vídeos com seus depoimentos) foi anistiado, tanto que circula livremente;
- Diógenes do PT, especialista em explosivos e um dos autores do atentado que vitimou o soldado Mario Kozel Filho, foi anistiado, indenizado e pensionado - tendo inclusive exercido cargos públicos no governo petista do RS.
- Theodomiro Romeiro frio guerrilheiro que chegou a ser condenado à pena de morte por Tribunal Militar, em julgamento no qual teve direito a ampla defesa, foi anistiado, chegando ao cargo de Juiz do Trabalho de Recife - PE.]
 
Se nada disso caracteriza o que universalmente é conhecido como ditadura, o que mais precisaria ter acontecido para que pudéssemos chamar de ditadura a ditadura que existiu no país de 1964 a 1985? Em parte alguma do mundo os governos celebram aniversários de tempos tenebrosos que se deseja esquecer. Os aniversários só são lembrados – e com justa razão – pelas vítimas da ignomínia.

Por aqui, um aliado dos carrascos, desta vez por meio do voto, chegou ao poder. Ao invés de se ajustar às regras de uma democracia ainda em construção, prefere atentar contra elas.
Com qual objetivo? 


quarta-feira, 13 de março de 2019

Bolsonaro quer saber quem mandou matá-lo

Eles contra nós

Ninguém escolhe os pais que tem, nem os filhos, quanto mais os vizinhos. Mas presidente da República, os habilitados a votar escolhem. [o eleitor brasileiro tem melhorado e muito sua capacidade de escolha do presidente da República;
Considerando apenas o período da famigerada Nova República - instalada em 1985 -  até que não fez escolhas tão ruins, só piorou quando em 2002 elegeu uma coisa chamada Lula e na sequência a  'mulher sapiens',  Dilma, e,  tragédia das tragédias,   reelegeu as duas coisas.]  E também seus representantes no parlamento. Bolsonaro, que à época do assassinato da vereadora Marielle Franco preferiu nada comentar a respeito, ontem, provocado por jornalistas, abriu a boca para dizer platitudes e mais uma grossa besteira.

A besteira, e tomara que fosse apenas uma besteira: ele disse que está interessado em saber quem encomendou sua morte ao pedreiro Adélio Bispo que o esfaqueou em Juiz de Fora.  Do seu ministro da Justiça e da Segurança Pública, Bolsonaro já ouviu como resposta que Adélio agiu sozinho, por conta própria, e que o atentado não foi encomendado por ninguém.  Foi o que concluíram dois inquéritos da Polícia Federal que viraram pelo avesso o presente e o passado de Adélio. Peritos indicados pela Justiça atestaram também que Adélio é um doente mental.

A inconformidade de Bolsonaro com os resultados nada tem de inocente, nem trai apenas um justo sentimento de revolta com o que quase lhe custou a vida. Ele pode ser tosco, mas bobo, não. Bolsonaro precisa manter viva a narrativa de que foi vítima de uma conspiração da esquerda, empenhada em evitar sua eleição. Se o PT inventou o nós contra eles, Bolsonaro inventou o eles contra nós. [apesar da competência da PF, tem uns detalhes que não fecham:

- algumas amizades do quase assassino com políticos inimigos de Bolsonaro;
- o passado político de Adélio;
- como conseguir prover sua subsistência se, quando empregado, ganhava pouco mais de um mínimo e ficava mais tempo desempregado que empregado;
- a facilidade com que advogados de renome assumiram sua defesa.
Tudo isso são coisas que deixam sempre espaços para dúvidas.
E o presidente tem ciência que há sempre o risco de novo atentado - o que motiva, a nosso ver., seu interesse em que eventuais mandantes sejam identificados.]
Depende disso para manter sua tropa coesa. Depende disso para governar. Depende disso para se reeleger ou eleger o seu sucessor. Enfim, depende disso para não passar à história como uma fraude. [com a devida vênia ao ilustre  articulista:
- manter uma narrativa, se irreal, de ser vítima de uma conspiração não se sustenta por quatro meses, quanto mais por quatro anos.
O governo Bolsonaro começa a tomar rumo e apesar da torcida contrária, do desejos em contrário  dos adeptos do 'quanto pior melhor', será um EXCELENTE GOVERNO e convém que os adversários do capitão, se adaptem a grande possibilidade de um segundo mandato para o nosso presidente. ]

 

domingo, 2 de dezembro de 2018

Uma política para a Universidade e não uma Universidade para a Política

Nas eleições de 2018, certos fatos chamaram atenção. Primeiro, Institutos de pesquisa contratados por importantes jornais e TVs erraram feio.  Cito para ilustrar dois candidatos ao senado, Roberto Requião, no Paraná, Dilma Rousseff, em Minas Gerais, que atravessaram a campanha, segundo pesquisas, em primeiro lugar e acabaram amargando fragorosa derrota.                                                 

Segundo fato, o equívoco de candidatos e exemplifico com Geraldo Alckmin (PSDB). Tendo o maior tempo de televisão, maiores recursos financeiros, o apoio do chamado Centrão exibiu um péssimo marketing e atacou quem não devia, o candidato Jair Messias Bolsonaro, inclusive, quando este se encontrava hospitalizado em estado crítico por conta da facada que lhe foi desferida em Juiz de fora  por um matador de aluguel. Alckmin não enfrentou o PT por um motivo bem simples: tucanos amam o presidiário Lula. Recorde-se ainda, que o candidato do PSDB com mais chances de chegar ao segundo turno, João Dória, foi abatido por seu próprio partido capitaneado por Fernando Henrique Cardoso. Este fortaleceu a candidatura de Alckmin para depois se encantar com o apresentador de TV, Luciano Huck e, posteriormente, se apaixonar por Marina Silva.

Enquanto o presidiário injetava força e ordens no chamado poste, Fernando Haddad, Ciro Gomes tentava adocicar sua violência verbal e os demais candidatos faziam o que podiam. Tudo em vão. Pois apenas Bolsonaro havia entendido que o povo estava farto do PT, do politicamente correto, da corrupção dos falsos salvadores da pátria. Ao final, a verdade das urnas desmentindo os institutos de pesquisa, que apontavam Bolsonaro como derrotado por todos os candidatos no segundo turno. Ele ganhou com impressionantes quase 58 milhões de votos, arrastando para a vitória candidatos ao governo e postulantes a outros cargos.

Agora acontece a fase da transição e nunca se viu um presidente tão cobrado. Cobra-se dele, mesmo antes de ser empossado, a reforma da Previdência, a Tributária, etc. E suas indicações para os ministérios são veementemente criticadas, apesar da excelência das escolhas a começar por Sérgio Moro, este baluarte da Justiça. Parece até que Bolsonaro leu “O Príncipe”, obra do notável mestre das realidades do poder, Nicolau Maquiavel, que afirmou: “A escolha dos ministros por um príncipe não tem pouca importância”. “A primeira impressão que se tem de um governante e de sua inteligência é dada pelos homens que o cercam”. “Quando estes são competentes e leais pode-se sempre considerar o príncipe sábio, pois foi capaz de reconhecer a capacidade e de manter a fidelidade”.

O presidente Bolsonaro tem sido coerente, criterioso e cuidadoso em suas escolhas, indicando os mais melhores. Mas, como disse alguém, “mesmo que ele indicasse Jesus Cristo para um ministério Este seria criticado”. As críticas mais ácidas no momento são despejadas sobre, Ernesto Araújo, escolhido como ministro das Relações Exteriores e Ricardo Vélez Rodríguez, para o ministério da Educação. Vejamos rapidamente o que foi considerado pela esquerda, notadamente o PT, como os grandes “pecados” de ambos:

Araújo, crítico do PT e do “globalismo” (que é diferente de globalização), é admirador do Trump e citou Deus. Isto provocou enorme rebuliço e frêmitos de indignação nas hostes da esquerda. Não me lembro de críticas a Celso Amorim, ministro fake, pois o verdadeiro chanceler da época petista foi Marco Aurélio [top top] Garcia que exerceu sua influência maléfica para que o Brasil apoiasse os piores ditadores, a escória mundial, na contramão dos Direitos Humanos. Foi um tempo vergonhoso para o Brasil em termos de política internacional.

Quanto a Vélez Rodríguez é também um “blasfemo”. Ele fala em valores, família, é antipetista, menciona Deus, é contra a ideologia de gênero e a favor da escola sem partido. Pejorativamente é chamado de colombiano, apesar de ser naturalizado brasileiro, ter esposa brasileira e filho brasileiro. Jamais tomei conhecimento de alguém chamar o ex-ministro Mantega de italiano. Sobre a excelente qualidade intelectual do professor Vélez, sobre suas obras, muito pouco é dito. De todo modo, tanto o chanceler quanto o professor ressoam não só o pensamento do presidente Bolsonaro, quanto o de quase 58 milhões de brasileiros.

Concordo com o pensamento liberal de Vélez Rodríguez e sobre ideologia de gênero já escrevi a respeito, podendo voltar ao tema. Quanto a escola sem partido quer dizer, na verdade, quebra da hegemonia petista, notadamente nas universidades, onde o objetivo costuma ser não é o de formar cientistas ou profissionais liberais, mas doutrinar futuros convertidos ao PT para assim fortalecer os desígnios de poder do partido. Para terminar invoco as palavras do sociólogo Max Weber: “A tarefa do professor é servir aos alunos com seu conhecimento e experiência e não lhes impor suas opiniões políticas pessoais”.

Maria Lucia é socióloga e professora.

terça-feira, 11 de setembro de 2018

Ibope: Bolsonaro amplia liderança e chega a 26% das intenções de voto - a soma dos votos do segundo e terceiro colocado, ainda é menor que o total de Bolsonaro

Depois do atentado em Juiz de Fora, o candidato Jair Bolsonaro (PSL) subiu quatro pontos nas intenções de voto para a Presidência nas eleições 2018, segundo levantamento Ibope divulgado na noite desta terça-feira, 11. Bolsonaro mantém a liderança da disputa, agora com 26% — na pesquisa anterior, do dia 5 de setembro, tinha 22%.

Atrás do presidenciável do PSL aparecem Ciro Gomes (PDT), com 11% — oscilação de um ponto para baixo em relação ao último levantamentoe Marina Silva (Rede), que caiu três pontos e aparece com 9%. Geraldo Alckmin (PSDB) segue com 9%, mesmo porcentual da pesquisa anterior. Já Fernando Haddad (PT), oficializado nesta terça-feira, 11, como candidato petista no lugar do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (condenado e preso na Lava Jato) oscilou dois pontos para cima e registrou 8% das citações no cenário estimulado — ou seja, quando os nomes dos candidatos são disponibilizados ao eleitor consultado pelo instituto.

Bolsonaro foi ferido na última quinta-feira, enquanto participava de uma caminhada em Juiz de Fora (MG). Os entrevistadores do Ibope foram a campo entre o sábado e a segunda-feira, período que coincidiu com um aumento expressivo da exposição do candidato do PSL nos meios de comunicação.  O levantamento também captou os efeitos de pouco mais de uma semana de exibição do horário eleitoral gratuito. Apesar de ser o detentor de quase metade do tempo de propaganda no rádio e na TV, Alckmin não cresceu em comparação com a pesquisa anterior.

Considerando a margem de erro de dois pontos para mais ou para menos, Ciro, Marina, Alckmin e Haddad estão tecnicamente empatados na segunda colocação. Atrás deles aparecem empatados, todos com 3%, Alvaro Dias (Podemos), Henrique Meirelles (MDB) e João Amoêdo (Novo). Dada a margem de erro, os candidatos Cabo Daciolo (Patriota) e Vera Lucia (PSTU), com 1%, e Guilherme Boulos (PSOL), João Goulart Filho (PPL) e Eymael (DC), que não pontuaram, também estão empatados com Dias, Meirelles e Amoêdo.

Na intenção de voto espontânea, em que os entrevistadores não apresentam a opção de nomes dos candidatos, Bolsonaro aparece com 23%, subindo seis pontos em relação à última pesquisa. Lula foi citado por 15% dos entrevistados, uma queda de sete pontos em comparação ao dia 5 de setembro. Ciro (5%), Haddad (4%), Alckmin (4%) e Marina (3%) estão empatados tecnicamente dentro da margem de erro. Amoêdo aparece com 2% das intenções de voto; Alvaro Dias e Henrique Meirelles têm 1%. Outros candidatos não pontuaram; 18% dos entrevistados disseram que votariam em branco ou nulo e 21% não souberam responder ou preferiram não opinar.

Rejeição a Bolsonaro cai 3 pontos, diz Ibope
A rejeição de Bolsonaro caiu três pontos porcentuais em relação à última pesquisa e está em 41%. Marina oscilou negativamente dois pontos e registra 24% de rejeição. Haddad manteve o mesmo patamar, com 23%. Alckmin teve queda de três pontos porcentuais, de 22% para 19%. Henrique Meirelles, Cabo Daciolo, Eymael, Guilherme Boulos e Vera apresentaram o mesmo porcentual: 11%. Empatados tecnicamente com estes candidatos aparecem João Amoêdo (10%) e Álvaro Dias (9%). João Goulart Filho tem 8% de rejeição. 


Os eleitores que poderiam votar em todos candidatos somaram 2%; não souberam ou preferiram não opinar, 11%. A pesquisa foi realizada entre os dias 8 e 10 de setembro. Foram realizadas 2.002 entrevistas com eleitores de 145 cidades. A margem de erro estimada é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos. O nível de confiança é de 95%. Isso quer dizer que há uma probabilidade de 95% de os resultados retratarem o atual momento eleitoral. A pesquisa foi contratada por IBOPE Inteligência Pesquisa e Consultoria LTDA e está registrada no Tribunal Superior Eleitoral sob o protocolo BR05221/2018.

Estadão - IstoÉ

 

segunda-feira, 10 de setembro de 2018

O grande beneficiado

[Quem realmente foi o grande beneficiado com a altamente provável eleição de Bolsonaro, já no primeiro turno, foi o Brasil.]  

Jair Bolsonaro, vítima de ataque perpetrado por um lunático que quase lhe tirou a vida, é também o principal beneficiário político do atentado. 


[um 'lunático' que tem quatro advogados para defendê-lo, que sobrevive a vários meses desempregado - quando empregado a renda girava em torno de um salário mínimo - que mantém quatro telefones celulares e computador, morava em um hotel !!!]


Desde a tarde de quinta-feira, quando foi atingido numa rua de Juiz de Fora, Bolsonaro é o “único” tema da campanha eleitoral nos jornais, nas rádios e nas TVs. A facada garantiu a ele um espaço positivo na mídia que normalmente não teria. As TVs tentam ser milimétricas na concessão de tempo para os candidatos em seus noticiosos, de modo a privilegiar o equilíbrio. E, claro, publicam também pontos negativos da campanha. O atentado subverteu esta ordem.

De vítima, Bolsonaro virou notícia. Notícia boa para ele. Seus poucos segundos no horário eleitoral transformaram-se em dezenas de horas de cobertura. E cobertura noticiosa vale muito mais do que propaganda política. Seus aliados se queixam de que ele terá de suspender a campanha durante a internação. Bobagem. Não existe campanha melhor do que a feita de um leito, especialmente considerando-se as circunstâncias que levaram o candidato para o hospital. Serão de sete a dez dias de intensa campanha eleitoral desde o Albert Einstein. [sempre resta a qualquer candidato providenciar um atentado - a esquerda é mestre na arte de matar (também poderá mostrar sua eficiência na arte de produzir atentados contra seus candidatos.)
Lembrem-se do Celso Daniel; 
Toninho do PT; 
e dezenas de 'justiçados' - nome dado aos guerrilheiros da esquerda armada que eram assassinados pelos próprios companheiros.
 
Com algumas raras exceções, o tema das coberturas é de repúdio à violência, de defesa da democracia, de indignação contra a onda de intolerância que assola o país de maneira crescente. Alguns analistas sugeriram que esta é a hora de união entre todos para que se possa superar a interminável corrente de ódio que divide o Brasil. Nenhuma palavra, ou poucas, para não parecer exagero, contra o discurso de Bolsonaro que defende a ditadura, a tortura e o uso da violência como método. Fica chato atacar o atacado.

Os adversários, surpreendidos pela agressão, se solidarizaram com Bolsonaro, o que é absolutamente razoável em um país civilizado. Repudiaram o ataque, torceram pela pronta recuperação do deputado agredido, mandaram mensagens de apoio à família e pararam de atacar o antagonista. Se até os adversários que acreditam que podem crescer batendo no discurso de trevas de Bolsonaro recuaram, imaginem como poderão se comportar os eleitores quando forem chamados a se manifestar, em outubro.

O atentado melhorou Bolsonaro? Normalmente, pessoas que correram risco de morte mudam para melhor. Não creio que Bolsonaro mudará. Duvido que ele arrede pé do discurso que lhe garantiu até aqui 22% do eleitorado. Seria contraditório e representaria prejuízo eleitoral. Não consigo ver o capitão liderando uma campanha pelo desarmamento de ânimos e espíritos ao sair do hospital. Mas com certeza o ataque melhorou a imagem do candidato.

E é justamente a imagem envernizada que pode jogá-lo ainda mais adiante. O fato de ser vítima ajuda muito a Bolsonaro. Vejam como Lula cresceu ao exacerbar nas redes sociais e com militantes sua falsa condição de vítima de uma perseguição política. [realmente Lula tem sido um fenômeno em crescer encolhendo para dentro e para baixo. Que continue assim.] No caso de Bolsonaro, não, ele é vítima de verdade de um grave atentado que por pouco não o matou. O ganho eleitoral será imenso com a “humanização” da sua figura.

A imagem lustrada pelo ataque sozinha não garante necessariamente novos votos, mas consolida os votos atuais. E, mais importante, poder fazer reduzir o nível de rejeição do candidato do PSL. E o futuro da eleição presidencial reside exatamente nesta questão. O eleitor que hoje deixa de rejeitar um candidato amanhã pode votar nele. Se o atentado resultar numa queda da rejeição do capitão-candidato, restará aos seus adversários disputar entre eles quem ocupará a outra vaga no segundo turno. [será necessário um segundo turno? ou Bolsonaro já leva no primeiro!!!
O atentado apenas faz crescer no eleitorado a certeza que a melhor opção é agora única = BOLSONARO.]

Ascânio Seleme - O Globo

 

sábado, 25 de agosto de 2018

25 de agosto - Soldado: da profissão de fé ao sacrifício da própria vida

 Soldado: da profissão de fé ao sacrifício da própria vida

[já não valorizam tanto o sacrifico por um militar sua própria vida - o próprio ministro da Defesa deixa entrever, em entrevista,  que solucionar o assassinato de uma política (entre mais de sessenta mil assassinatos) tem maior valor.
Os três militares assassinados esta semana no Rio são exemplo disso.
O Comandante do Exército é claro quando diz em nota: "Vivemos tempos atípicos. Valorizamos a perda das vidas de uns em detrimento das de outros. Suas mortes (dos três militares) tiveram repercussão restrita, que nem de longe atingiram a indignação ou a consternação condizente com os heróis que honraram seus compromissos de defender a pátria e proteger a sociedade", afirmou o general na mensagem.]
Aqueles que já tiveram a oportunidade de vivenciar a vida na caserna ou conhecer membros das diversas corporações saberão entender o motivo deste artigo. Com ele queremos parabenizar, agradecer e felicitá-los por esta nobre carreira e missão que exercem dia e noite. Ser soldado, diziam, era uma profissão de militares que ingressavam na carreira com um simples motivo: servir a pátria. Há vínculos de pertencimento ao país, ao Estado, à cidade e à sua gente, de tamanha profundidade que o ato de ser soldado está além da farda que os identifica. 

 UMA VEZ PE SEMPRE PE


 
O Dia do Soldado é instituído em homenagem a Luís Alves de Lima e Silva, patrono do Exército brasileiro, nascido em 25 de agosto de 1803. Com pouco mais de 20 anos já era capitão e, aos 40, marechal de campo. Entra na História como "o pacificador" e sufoca muitas rebeliões contra o Império. Comanda as forças brasileiras na Guerra do Paraguai, vencida pela aliança Brasil-Argentina-Uruguai em janeiro de 1869, com um saldo de mais de 1 milhão de paraguaios mortos (cerca de 80% da população). Ser soldado implica ter um conjunto de valores, um profundo sentimento de interação com a pátria, a sociedade e o nosso povo. Sua dinamicidade começa no compromisso de colocar todo seu potencial intelectual e físico inteiramente ao serviço dela, culminando com o juramento solene de defendê-la com o sacrifício da própria vida.

Soldados são chamados a batalhas diárias no interior da Amazônia, do pantanal, das fronteiras, do sertão, dos pampas e, em cada rua, beco, favela, zona rural e roça, lá estão eles e elas lutando, para sobreviver e garantir a vida
a e segurança de todos. É uma profissão que não garante mais o retorno seguro para casa, antes, durante e após as escalas de trabalho. Nas cores das fardas ainda rebrilha a glória e fulge as vitórias. Na luta diária muitos soldados serão para sempre e levarão para a “inatividade” seus valores, juramentos, e nos momentos de crise da nação o compromisso de lealdade do soldado para com os destinos de sua pátria atinge a sublimação, para o bem ou para o mal de ambos. O símbolo da farda, expresso no ato de servir à pátria, o Estado, a corporação, continua presente no seu espírito, como uma segunda pele a acompanhá-lo até a morte.

Foi assim em 1822 com a soldado Maria Quitéria e o corneteiro Luís Lopes (de nossa gloriosa Bahia), um o exemplo da igualdade na luta; o outro, num “engano” ou gesto de audácia, exemplo da ordem de “avançar, degolar” no enfrentamento aos portugueses. Em 1935, perderam a vida os soldados bombeiros salvando vidas no mesmo estado.
A profissão agrega conhecimentos, saberes e vivências, assim relata uma soldado em 2009 ao enviar uma mensagem ao general Reginaldo: “Há crescimento pessoal e profissional, ampliação da visão de mundo para mais estudos, aprendizados novos e novas opções de trabalho. Aprende-se a agir e reagir, a ser proativa e trabalhar em equipe, o espírito de corpo e de equipe faz com que um grupo pense e aja com a mesma linha de raciocínio a fim de atingir um objetivo e, assim, devemos agir nas “equipes” que vivemos: família, trabalho, amigos. Aprende-se o que é o espírito de solidariedade e amor ao próximo, valores fundamentais para a convivência humana”.


Há exemplos diários de soldados (graduados e com patentes) que não assistiram impassíveis a sua pátria, seu estado, sua cidade, seu povo ser vilipendiado, humilhado ou em risco de vida. Expressa Flávio Maurer: “Mesmo açoitado pelo tempo, carcomido pela idade, fragilizado fisicamente, mesmo sem poder expressar a sua inconformidade, ele será sempre parte do solo, dos rios, das florestas, do povo de seu país e seu coração será o primeiro e o último a chorar por ele”.


No estado do Rio de Janeiro dezenas de soldados (policiais militares) foram baleados neste ano (88 policiais, especificamente, com 40 mortes). Na Bahia, chega a mais de 90 o número de soldados assassinados no período 2008/2011. Motivos dos homicídios?


Tentativas de assaltos, emboscadas, mortos em serviço, no momento da folga, por envolvimento com a criminalidade ou apenas por integrar a corporação. Sabemos que há exemplos de soldados nas várias armas (Exército, Marinha, Aeronáutica, policias militares e Corpo de Bombeiros), os “pé de poeira” como o general Marsillac, com seus 89 anos, confirma a premissa de que o espírito militar do soldado não fenece com o tempo.

No dia 25 de agosto, data comemorativa do Dia do Soldado, na cidade que leva o nome de Vitória da Conquista, esperamos que os valorosos SOLDADOS que dia e noite estão de prontidão e em ação possam ver reconhecidos seus esforços, seus ideais e acima de tudo o respeito de seus superiores e da população. A cidadania de todos será garantida, quando garantirmos a cidadania de cada um. Desejo, a todo (a)s soldados, felicidades pela nobre profissão e missão.

José Murilo de Carvalho
 

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Luz amarela - já é chegada a hora de uma ‘intervenção militar constitucional’ neutralizando, assim a espúria aliança Lula x Dilma x Cunha



As manifestações do general Mourão mudam o cenário. Pode ser sintoma do surgimento do único perigo para nossas instituições, o envolvimento político das Forças Armadas 
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Era consenso entre os analistas que a crise política brasileira atual trazia uma característica positiva: o silêncio das Forças Armadas. De fato, a ausência de manifestações de chefes militares da ativa era garantia de que não haveria abalos constitucionais. Poderia haver até impeachment da presidente, mas não golpe.
Impeachment, como o de Collor, é, por definição, medida legal prevista na Constituição. 

Para haver golpe, seria necessário que interviesse força extraconstitucional que só poderia vir das Forças Armadas.  A marca positiva já não existe desde 25 de agosto deste ano, Dia do Soldado. Nesse dia, o general de exército Mourão, comandante do Comando Militar do Sul, complementou o texto da ordem do dia do comandante do Exército, general Enzo Peri, declarando, diante da tropa, em Porto Alegre, que ainda tínhamos muitos inimigos internos, mas que eles se enganavam achando que os militares estavam desprevenidos. E desafiou: “Eles que venham!”.
 BATALHÃO DE POLICIA DO EXERCITO



O general Mourão, um gaúcho de 61 anos, comanda, desde 28 de abril de 2014, 54 mil soldados, um quarto das forças do Exército brasileiro. Falante, o general expressa com frequência suas opiniões políticas, encontráveis na internet.  De um lado, admite abertamente ter havido tortura e mortes durante o período autoritário (em sua terminologia) e que os documentos da época devem ser abertos à consulta pública por ser parte da história. De outro, parece ainda muito marcado pelos acontecimentos de 1964, embora tivesse à época 11 anos e só viesse a se tornar aspirante em 1975.

Longe de serem história, os acontecimentos de 50 anos atrás parece ser para ele memória viva, talvez graças à influência do pai, um general muito ativo no golpe civil-militar. Ele ainda vê, em pleno século XXI, como real a ameaça comunista no país.  Nas celebrações deste ano do 31 de março de 1964, diante de oficiais da reserva, celebrou os que impediram que o país caísse “nas mãos da escória moral que, anos depois, o povo brasileiro resolveu por bem colocar no poder”. Que eu saiba, não houve até agora qualquer reação de seus superiores militares, do ministro da Defesa ou da chefe suprema das Forças Armadas (artigo 142 da Constituição), a presidente da República. A repercussão na mídia não fez justiça à importância do tema.

O comportamento das Forças Armadas após 1985 em relação à vida política do país, à exceção da recusa em abrir a documentação do período militar, tinha sido até agora quase modelar. Minha impressão pessoal, derivada de contatos com oficiais-alunos da Escola de Guerra Naval, era a de que estavam todos convictamente voltados para suas atividades profissionais, vendo 1964, de fato, como história.

As manifestações públicas do general Mourão mudam o cenário. Pode ser sintoma do surgimento do único perigo real para nossas instituições, o envolvimento político das Forças Armadas, um retrocesso de 30 anos. E o general ainda tinha que ter o mesmo nome daquele outro que, em 31 de março de 1964, colocou suas tropas nas ruas, em Juiz de Fora, deslanchando o golpe civil-militar de 1964. Está acesa a luz amarela.

Fonte: José Murilo de Carvalho – O Globo