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segunda-feira, 9 de janeiro de 2023

Convulsão social - Rodrigo Constantino

Gazeta do Povo

Cenas lamentáveis. Vandalismo, destruição, caos social. O clima no Brasil está tenso. Detesto dizer isso, mas eu previ o que está acontecendo. Basta ver meus vários textos e comentários. Disse repetidas vezes que a corda estava sendo esticada demais, que o sistema estava dobrando a aposta a cada semana, e que isso acabaria levando a uma convulsão social, quiçá uma guerra civil.

Nunca foi desejo, mas sim análise. Não há pacificação possível com um ambiente persecutório e cada vez mais autoritário, que enfia goela abaixo do povo um corrupto e depois trata como terrorista qualquer um que ouse questionar. O sistema podre não compreendeu o fenômeno ainda, e basta ver como responsabilizam Bolsonaro pelos atos - ele que está perto do Pateta na Disney, calado.

É o mecanismo de incentivos! O sistema, na figura de Alexandre de Moraes e em conchavo com a velha imprensa, resolveu tratar até gente como eu como "terrorista perigoso". Tive contas bancárias congeladas, passaporte cancelado, contas censuradas nas redes sociais e fui intimado pela Polícia Federal.

Pergunta honesta:
se tratam assim alguém que sempre foi crítico da violência, qual a mensagem que mandam para o povo em geral? Se eu, que clamo pelo respeito à Constituição, sou tratado como bandido, então por que o povo permaneceria confiante em nossas instituições, nas tais quatro linhas?

Tudo é muito triste e preocupante. O caldo entornou, e os vândalos deram munição para os tiranos, que vão intensificar a perseguição e o autoritarismo. Alexandre de Moraes já se sente confortável no papel até de afastar governador eleito. O que sobrou de nossa democracia?  Dá para se sentir seguro com esse STF que trata como marginais jornalistas que emitem opiniões?

O sujeito que defecou na mesa do ministro precisa ser punido, claro. Mas há consenso aqui. O que preocupa é o silêncio diante do ministro que faz o que faz na Constituição faz tempo, impunemente. Rodrigo Pacheco é responsável por esse caos, ao sentar em cima de vários pedidos embasados de impeachment.

Monark comentou
: "A culpa disso que está acontecendo é do STF. Lembra do 'perdeu mane' os caras esfregaram na cara de milhões de brasileiros que eles tão cagando pro povo. O resultado está aí, caos social". Concordo com isso e venho alertando há meses para o perigo.

Dito isso, a direita jamais pode compactuar com os métodos esquerdistas. Se os nobres fins justificam quaisquer meios, então já perdemos e nos tornamos parecidos com eles. Nunca apoiei vandalismo e não pretendo mudar agora. A hipocrisia da esquerda radical, aliás, salta aos olhos. Ver alguém como Boulos bancando o pacifista é de lascar! O mitomaníaco Lula afirmar que nunca aconteceu nada parecido no país é um escárnio, quando lembramos do que os black blocs esquerdistas fizeram há alguns anos, ou a turma do próprio Boulos lançando coquetéis Molotov na Fiesp.

Renata Barreto apontou para a farsa: "E ainda somos obrigados a ouvir de gente que tem Marighella como herói e/ou participou de assaltos a banco e luta armada nos anos 1960, que quem depreda patrimônio público e age de forma violenta é terrorista. Mas ué?"

Não é porque a esquerda é cínica, porém, que a direita pode seguir na mesma linha. Renata lamenta a falta de estratégia: "Já temos o nosso Capitólio e a repressão em resposta aos atos de hoje será grande. Servirá como o pretexto perfeito para perseguir, silenciar e bloquear o máximo possível da direita. Acabou".

Quem alega que a esquerda também tem seus black blocs, militantes do MTST, vândalos em geral, ignora que a esquerda tem um salvo-conduto para tudo isso, enquanto a direita será implacavelmente perseguida, calada e destruída. O mundo não é justo. E é preciso ter estratégia! O que essa gente queria alcançar com tais atos? Sei que muitos falam de infiltrados, e há vídeos que compravam sua presença. Mas uma turba ensandecida vai descambar para a violência inevitavelmente. É a psicologia das massas, é da natureza humana.

Por ser residente americano há anos, vi de perto o 6 de janeiro e suas consequências. Por isso mesmo condenei desde sempre a repetição dos atos de uma invasão como aquela ao Capitólio. Agora os brasileiros vão entender os motivos. Era tudo que a esquerda autoritária queria. E as instituições no Brasil são bem mais frágeis. Deram ao sistema munição para que a ditadura acelere seu ritmo. Salve-se quem puder!


Rodrigo Constantino,  colunista - Gazeta do Povo - VOZES

terça-feira, 22 de junho de 2021

A busca do pretexto - Merval Pereira

O Globo

Voto impresso 

Já há como checar as urnas eletrônicas, Bolsonaro só quer pretexto para gerar convulsão social

À medida que vão crescendo os indícios de que o presidente Bolsonaro chegará muito fragilizado à eleição presidencial do ano que vem, vão se multiplicando seus atos tresloucados. A CPI da Covid está chegando perto de uma possível negociata em torno da compra de vacinas e cloroquina,  e Bolsonaro reage. É tresloucado um presidente da República de país democrático advertir publicamente que uma “convulsão social” poderá ocorrer se uma de suas vontades não for satisfeita, a aprovação do voto impresso.

Mais claro que isso, só a chantagem implícita na sua advertência. Bolsonaro não está preocupado com a “convulsão social”, mas está criando um clima político favorável a sua eclosão. Faz parte desse projeto de golpe a tentativa de desacreditar os meios de comunicação que não se curvam ao dinheiro do governo ou a suas ameaças.

Como não pode desmentir o êxito das manifestações oposicionistas em todo o país no sábado, Bolsonaro parte para a ignorância, enquanto financia com verbas da União nas redes sociais a disseminação de notícias falsas. [as imagens divulgadas por algumas emissoras pró inimigos do Brasil, ou mostravam imagens panorâmicas - que impediam  precisar o que estava sendo mostrado - ou então closes, em que algumas pessoas ocupavam a tela, deixando a impressão de que por trás delas havia uma multidão.] Não há lógica em exigir que exista um papel registrando os votos de cada urna, quando já existem várias etapas de auditagem do voto eletrônico, como tem explicado exaustivamente o ministro Luís Roberto Barroso, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Além de todas as sete etapas iniciais de checagem, em que diversas organizações representativas da sociedade civil são chamadas a acompanhar — OAB, universidades, Ministério Público, partidos políticos, Congresso —, existe uma oitava auditoria a que o processo eleitoral é submetido. Como o ministro Barroso explicou recentemente no Congresso, “ o que acontece se alguém quiser conferir os votos?”.

“Isso é possível e simples. Em 2003, foi criado o registro digital do voto (RDV), que preserva o voto digitado pelo eleitor na urna, sem violar o sigilo. O RDV é a versão digital da antiga urna de lona em que os votos eram depositados. Após a eleição, qualquer partido ou interessado pode solicitar ao TSE, no prazo de 100 (cem) dias, o registro digital do voto para fazer sua recontagem, de forma automatizada, com seus softwares particulares. Esse é, assim, mais um mecanismo de auditoria, que permite a contagem eletrônica de votos (o que evita erros humanos na contagem manual) e assegura que ninguém violará o sigilo do voto de cada eleitor. Se o partido quiser, pode até imprimir esse registro. Aliás, todos os arquivos gerados pela urna podem ser solicitados para conferência.”

[o que se quer é simples, visível por olhos humanos e palpável por mãos humanas; 
o que se quer é que o eleitor ao votar em JAIR BOLSONARO, seu  o voto seja computado exatamente para JAIR BOLSONARO, não deixando espaço para que aquele voto seja computado para o candidato 'Raposão';  
e a única forma segura é que os votos sejam impressos, o sistema ao tempo que registra por via digital o voto para o JAIR também imprime (no papel) aquele voto para JAIR. Na hora de se proceder uma auditoria, se no 'boletim de urna'  consta que JAIR  teve 150 votos e 'Raposão' 20 votos, é obrigatório a existência  no coletor dos votos impressos (preso com lacre à urna) 150 VOTOS IMPRESSOS para JAIR e 10 VOTOS IMPRESSOS para o 'Raposão'.
A checagem pelo RDV é utilizar um meio digital para checar outro meio digital. 
Outro ponto que causa estranheza é o prazo de 100 dias, para solicitar ao TSE a recontagem. 
É um prazo que deixa claro que não esperam solicitação de  recontagem, visto que em 100 dias os  candidatos eleitos  já estarão exercendo os mandatos. 
Imagine que o segundo turno para presidente da República ocorra no final do mês de outubro e em 65 dias o presidente eleito é empossado - alguns dias após a posse, uns 20 dias = 65 + 20 = 85, dentro dos cem dias, um partideco qualquer resolve pedir a recontagem dos votos e seja comprovada fraude. Retirar o presidente empossado há 20 dias???]

Como se vê, já há um mecanismo para a checagem das urnas eletrônicas, só não há a possibilidade de fraudar a eleição como acontecia na época das cédulas de papel. O que o então presidente Donald Trump fez na eleição dos Estados Unidos, alegando uma falsa fraude na contagem dos votos, Bolsonaro faz antecipadamente, preparando sua “invasão ao Capitólio” caso perca a eleição. A alegação de que é preciso armar a população para que ela se defenda de governantes ditatoriais vai ganhando configuração perigosa quando se vê o trabalho contínuo de Bolsonaro para desmoralizar as instituições, como o Supremo Tribunal Federal (STF), que podem barrar suas pretensões ilegítimas.

A partir da Constituição de 1988, tornou-se cláusula pétrea o voto “direto, secreto, universal e periódico”, o que significa que a aprovação do voto impresso seria impossível, mesmo que aprovado pelo Congresso.[O Congresso Nacional tem plenos poderes para convocar plebiscito e este referendar a convocação de uma Assembleia Constituinte - que pode modificar 'cláusula pétrea'.
 A cláusula pétrea impede sua alteração por PEC. Convenhamos que seria algo impensável, até mesmo no Brasil, o Congresso Nacional, que representa o Povo =  Poder Constituinte originário = não ter poderes para modificar o texto constitucional.
Além do mais do alto da nossa notória falta de saber jurídico, o voto impresso não quebra o sigilo, visto que o voto continua secreto.]

Se a alegação para o registro em papel é a possibilidade de conferência da votação nas urnas, já existe o registro digital do voto. Se verdadeira a desconfiança de que o sistema de votação eletrônica pode ser adulterado, contra nosso conhecimento empírico de 25 anos, não há por que imaginar que uma tira de papel saída desse mesmo sistema não possa ser também adulterada. Tudo são pretextos para o objetivo final, perpetuar-se no poder. Isso vindo de alguém que se elegeu, entre outras coisas que já abandonou, como o combate à corrupção, com a promessa de acabar com a reeleição. [o velho e bom papel é, em determinadas situações, mais confiável do que o meio digital - os que pensam diferente, nos obrigar a ser recorrentes e lembrar que 'hackers' conseguiram paralisar um importante oleoduto nos Estados Unidos.]

Merval Pereira, jornalista - O Globo


sexta-feira, 1 de novembro de 2019

Nos bastidores, generais da ativa reprovam declarações - O Globo

Vinicius Sassine

Nos bastidores, generais da ativa reprovam declarações de Eduardo Bolsonaro sobre AI-5

Para militares do Alto Comando, falas alimentam radicalismos e tumultuam o cotidiano das Forças Armadas

Militares reprimem manifestação de estudantes na Igreja da Candelária, após missa de sétimo dia de Edson Luís 04/04/1968 Foto: Arquivo O GLOBO
Militares reprimem manifestação de estudantes na Igreja da Candelária, após missa de sétimo dia de Edson Luís 04/04/1968 Foto: Arquivo O GLOBO 
 
[Edson Luís, um cadáver que a esquerda fabricou. 
Consigne-se que ocorreu antes da decretação do AI-5.] 
Ao defender um “novo AI-5” , o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) alimenta um radicalismo, incita um clima de convulsão social, atrapalha tentativas de melhorias no país e pode tumultuar a atuação cotidiana dos militares. Esta é a leitura de generais do Alto Comando do Exército ouvidos pelo GLOBO em condição de anonimato. 
 
Esses generais dizem que o filho do presidente Jair Bolsonaro, líder do PSL na Câmara, deve ser responsabilizado por “falar o que quer”. A defesa do Ato Institucional número 5 não representa a posição atual dos militares, segundo generais da cúpula do Exército. O comentário feito por um filho do presidente, com poder dentro do Congresso, não muda essa constatação, de acordo com esses oficiais. 

O AI-5 foi editado na noite de 13 de dezembro de 1968, no governo do general Costa e Silva, e deu início à fase mais sombria da ditadura, com o fechamento do Congresso, censura, torturas e assassinatos de opositores políticos. O ato foi revogado há 41 anos, em outubro de 1978, em meio à abertura promovida pelo governo do general Ernesto Geisel.


Com a ampliação das apostas de membros do governo e dos filhos do presidente Bolsonaro em radicalismos, a cúpula do Exército vem tentando se afastar de uma associação à família. A missão é mais difícil diante do forte engajamento de generais da ativa e da reserva na eleição do presidente e na composição inicial do governo. Até agora, porém, vem prevalecendo no Planalto a ala ideológica e alguns militares lotados no Palácio já se alinharam a ela.

Tática
Esses generais costumam repetir que “as instituições estão funcionando” e que comentários “de um ou outro” não podem alterar esse quadro. O radicalismo, entretanto, tem efeitos para a ordem e, logo, repercute nas ações do Exército. A fala de Eduardo foi interpretada como um radicalismo de direita que se equipara aos de esquerda, como os vistos em protestos recentes no Chile, segundo oficiais ouvidos pelo GLOBO.

Já generais da reserva que integram o governo, mas não atuam diretamente no Planalto, enxergaram o episódio como nova polêmica desnecessária. O gesto de Eduardo repetiria tática comum desde o início do mandato, com defesas da ditadura e apostas no conflito, de forma desconectada do “momento complicado” do país.

No Planalto, Bolsonaro e os filhos têm encontrado respaldo principalmente no ministro Augusto Heleno, general da reserva que comanda o Gabinete de Segurança Institucional (GSI). Heleno não se opõe à família mesmo em situações como a de ontem. Outro auxiliar do presidente, o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, submerge nesses casos. Ramos, que deixou o Comando Militar do Sudeste para se tornar ministro, costumava repetir que houve, sim, um golpe em 1964, tortura e “barbaridades” por parte do Exército.

Em O GLOBO - MATÉRIA COMPLETA

 

sexta-feira, 12 de julho de 2019

Eduardo Bolsonaro: ‘Vai perder as fichas quem apostar na queda do Moro’

Em entrevista exclusiva a VEJA, deputado diz que haverá convulsão social se Lula for solto e acusa o PT de estar por trás da invasão do celular do ex-juiz


O primeiro pronunciamento do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) após seu pai assumir a Presidência da República acabou em confusão. Era fevereiro deste ano, o Congresso Nacional ainda iniciava os trabalhos da nova legislatura, mas os ânimos já estavam exaltados. O PT havia decidido pedir uma investigação sobre Fabrício Queiroz, ex-­assessor da família Bolsonaro, no mesmo dia em que saiu a condenação do ex-presidente Lula no caso do sítio de Atibaia. Enquanto petistas exigiam a apuração do caso Queiroz, o microfone foi tomado por uma voz pouco usual no plenário da Câmara. Eduardo fez questão de dizer que aquele era “um dia triste” para o Partido dos Trabalhadores, ressaltou a condenação de mais de doze anos por corrupção do ex-presidente e encerrou o breve pronunciamento com um tiro: “O Lula está preso, babaca!” (referência a uma fala de Cid Gomes, irmão de Ciro, durante a campanha). Houve bate-boca e os microfones foram cortados. Eduardo soltou uma gargalhada e, na sequência, deixou a tribuna.

Chamado de Zero Três pelo presidente Jair Bolsonaro, o deputado, 35 anos comemorados na semana passada, já não se refere mais ao ex-presidente entre risadas. Mas, sim, com artilharia pesada. Ele agora alimenta a certeza de que há uma grande conspiração em andamento para livrar o petista da cadeia — e o vazamento de mensagens privadas entre o ex-juiz Sergio Moro e os procuradores da força-tarefa da Lava-Jato teria tudo a ver com esse plano. Em algum momento deste segundo semestre, o Supremo Tribunal Federal (STF) vai julgar o pedido de suspeição do hoje ministro da Justiça feito pela defesa do ex-­presidente, que está preso há mais de um ano numa sala da Superintendência da Polícia Federal do Paraná. Mensagens publicadas por VEJA em parceria com o site The Intercept Brasil revelaram que o ex-juiz interferiu indevidamente nas investigações. Para o Zero Três, o vazamento, a divulgação e o pedido de suspeição são parte de uma armação articulada pelo PT e por partidos de esquerda para libertar corruptos presos e, de quebra, ainda atingir o governo. “Foi uma invasão criminosa com o objetivo político de soltar o ex-presidente Lula. Querem descredibilizar o ex-juiz Sergio Moro para, consequentemente, acabar com a Lava-Jato”, afirma o deputado.

A libertação de Lula seria o sinal verde para o caos. “Soltar o Lula poria em xeque a nossa democracia, com risco de uma convulsão social. Eu não sei em que proporções, mas isso estaria dando o recado de que vale a pena ser desonesto no Brasil.” Em entrevista exclusiva a VEJA, que não participa de conspiração nenhuma e faz apenas jornalismo, Eduardo defendeu a ideia de que Lula seja transferido da carceragem da PF, onde conta com luxos como frigobar, televisão e banheiro privativo, para um presídio de segurança máxima. Ele também garantiu que Moro permanece no cargo.

Em 2018, Eduardo bateu um recorde nacional: tornou-se o deputado mais votado da história, recebendo 1,8 milhão de votos. A façanha fica ainda mais impressionante porque este é apenas o seu segundo mandato. Hoje ele representa a continuidade das quase três décadas de atuação de Jair Bolsonaro na Câmara Federal e tem grande poder de influência sobre o pai — atuando, inclusive, na indicação e na queda de ministros, como foi o caso do general Santos Cruz, ex-chefe da Secretaria de Governo. Além de herdeiro de Bolsonaro, Eduardo é conhecido por ser um representante de peso da direita, força que ganha cada vez mais espaço na política mundial. O deputado é um dos mais fiéis seguidores do filósofo Olavo de Carvalho e foi nomeado por Steve Bannon, estrategista de Donald Trump, como líder sul-­americano do grupo direitista The Movement. Defensor do porte de arma, só se separa de sua pistola quando entra nas dependências do Congresso. Nas páginas seguintes, os principais pontos da entrevista, concedida na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, permanentemente vigiada por policiais legislativos.

MORO FICA
Nas últimas semanas, a imagem do ministro e ex-juiz Sergio Moro foi seriamente abalada pela divulgação de mensagens em que ele aparece orientando ações do Ministério Público durante as investigações da Lava-Jato, o que é ilegal. Para o governo Bolsonaro, porém, isso não põe a permanência do ministro em xeque.
“Eu nasci na década de 80 e, na minha época, corrupção era o que havia de mais abjeto. A minha geração consegue facilmente fazer a relação de que o que falta no hospital é o que o político roubou. Em nenhum momento passou pela cabeça do presidente demitir o Moro. Ele resgatou a esperança de que o Brasil pode ser um país que não privilegia a corrupção em detrimento das pessoas que trabalham honestamente. Vai perder as fichas quem apostar na queda do Moro.”

“Ele resgatou a esperança de que o Brasil pode ser um país que não privilegia a corrupção em detrimento das pessoas que trabalham honestamente. Vai perder as fichas quem apostar na queda do Moro”
O VICE QUE INCOMODA
Bolsonaro e o vice-presidente Hamilton Mourão já se estranharam em diversas ocasiões. Assessores do presidente chegaram a levantar a hipótese de que haveria uma conspiração orquestrada pela ala militar.
“Não existe ala militar no governo. Há militares no governo, o que é bem diferente. O general Mourão desagradou aos eleitores do Bolsonaro, principalmente no início do mandato, quando expressou algumas opiniões, especialmente sobre aborto e desarmamento, que iam na direção oposta às do presidente. Ele chegou a afirmar que o aborto era uma opção da mulher e defendeu o desarmamento. Mas agora passou a fazer discursos alinhados aos do presidente. Sobre ele voltar a compor a chapa com o presidente em 2022, ainda é cedo para falar em reeleição.”

ERROS DE MÁ-FÉ
Em junho, o presidente Bolsonaro demitiu o general Santos Cruz, então ministro-chefe da Secretaria de Governo. Os motivos da demissão nunca foram bem esclarecidos.
“A saída do Santos Cruz foi um benefício muito grande. Ele era muito crítico a alguns ministros, principalmente aqueles que seriam discípulos de Olavo de Carvalho (ideólogo de direita, guru do presidente Bolsonaro e do próprio Eduardo). Parecia que estava jogando War, querendo dominar cada vez mais e mais espaços. A linha internacional dele era ‘ONU Futebol Clube’, uma linha globalista, afinada com as teses da esquerda. As divergências começaram durante a transição, quando a cerimonialista, contratada por ele, convidou para a posse o Nicolás Maduro (presidente da Venezuela). Os nossos apoiadores, com razão, reclamaram. O general também defendeu o controle da imprensa — erros que pareciam de má-fé. Ele mostrou estar totalmente desalinhado com o governo. Isso causava desconforto.”

O MINISTRO TRAPALHÃO
Indicado por Olavo de Carvalho e apoiado por Eduardo, o ex-ministro da Educação Ricardo Vélez Rodríguez foi demitido depois de comparar turistas brasileiros a canibais e deixar a Pasta praticamente paralisada por três meses.
“Talvez a escolha não tenha sido adequada. O Vélez escreveu vários livros, vários artigos. É uma pessoa qualificada, mas atuaria melhor numa secretaria. Ele teria desempenho melhor em um trabalho técnico. Inevitavelmente, um ministro tem de ter um ‘quê’ de político, tem de saber lidar com deputados e senadores, estar aberto ao diálogo e a atender com presteza os parlamentares. O Ministério da Educação é aparelhado pela esquerda.”

FECHAR O SUPREMO Eduardo Bolsonaro disse, certa vez, que o Supremo Tribunal Federal atuaria contra os interesses da população e, para corrigir isso, bastariam “um cabo e um soldado” para fechá-lo. Uma pesquisa feita pelo site Jota mostrou que 33% da população defende essa ideia descabida.
“A sociedade está revoltada com algumas atitudes do STF. Vemos que, em algumas situações, há um ativismo judicial, como foi o caso da criminalização da homofobia. Isso vai além do trabalho que é confiado ao Supremo. A indignação é justificável. Por outro lado, fechar o STF significaria uma radicalização e traria instabilidade ao país. Não se trata disso. Chamo de ‘brincadeira saudável’ o episódio em que eu mencionei que bastavam um cabo e um soldado para fechar o Supremo. Eu direcionei isso a uma plateia de estudantes de uma escola preparatória para concursos, e no final o pessoal inclusive deu risada. Jamais defendi o fechamento do Supremo. Mas considero a revolta legítima, assim como há uma revolta grande contra o Congresso.”

 Clique aqui para ler mais em Veja - entrevista exclusiva
 

domingo, 2 de junho de 2019

Os On-Line foram para as Ruas

Em 2013, o protesto “passe-livre” apareceu na rua. De cunho esquerdista era composto por um grupo de jovens que tinham carro, mas reclamavam do aumento de vinte centavos no preço dos ônibus. A esquerda jamais poderia imaginar o que viria depois. De forma inédita começaram atos espontâneos, sem lideranças, de milhares de brasileiros de todas as classes sociais que foram para as ruas reivindicar qualidade de serviços públicos, especialmente os da Saúde e da Educação, clamar contra a corrupção, os gastos da Copa etc.

Como não podia deixar de ser, apareceram críticas de analistas, cientistas políticos, jornalistas. Diziam que os atos não tinham foco, que as aspirações eram difusas, que as manifestações eram passageiras. Entretanto, apareceram resultados. Despencou a popularidade da presidente petista Dilma Rousseff, espantaram-se os políticos de todos os partidos e o Congresso aprovou a toque de caixa projetos parados ou esquecidos.

As manifestações não foram passageiras e seguiram retomadas nos anos seguintes com foco no “fora Lula”, “fora Dilma”, fora PT. O brado era entoado pelos milhões que foram às ruas protestar e pedir o impeachment da presidente. O Congresso entendeu o recado e obedeceu a vontade popular, pois políticos sobrevivem através da opinião pública onde buscam votos. E o impeachment aconteceu. Ironicamente, o PT que tentara o impeachment de outros viu um dos seu ruir estrondosamente. Foi como um míssil no coração do partido que sempre se rotulou o maior de esquerda da América Latina. A partir dai o declínio foi se verificando. Isto significa que o movimento verde-amarelo das ruas deu resultado.

No ano passado impressionantes multidões foram para as ruas, desta vez pelo candidato Jair Messias Bolsonaro. Inclusive, foi em uma destas enormes aglomerações que um matador de aluguel, que não se sabe quem enviou, esfaqueou o candidato. É bom frisar que nenhum candidato à presidência teve algo assim em termo de massas. Nem Lula nos seus melhores tempos. Aliás, as últimas caravanas do agora presidiário foram um completo fracasso. Quando espalharam que se Lula fosse preso haveria convulsão social, a prisão aconteceu sem que ninguém se atirasse no meio da rua rasgando as vestes e arrancando os cabelos. E nem mesmo a cena teatral da prisão quando Lula se acoitou no sindicato dos metalúrgicos em São Bernardo, fez multidões incalculáveis aparecerem para proteger o líder.

Uma vez empossado, Bolsonaro continua a ser atacado incessantemente por “milícias” da mídia e de entidades de esquerda. E quando foi anunciado "corte" na Educação, um contingenciamento que ainda não aconteceu, movimentos de esquerda, voltaram às ruas no dia 15 de maio com o aparente motivo de salvar a Educação. Nenhum protesto da UNE, das Centrais Sindicais e dos chamados Movimentos Sociais foi feito quando Lula e Rousseff, como afirmou em artigo Rapphael Curvo (Ao Som das Ferraduras, 1 de junho de 2019) “sacaram da Educação 30 bilhões.

Porém, agora existe de parte da sociedade respostas, reações, contestações ao que acontece. Um fenômeno pouco percebido, assim como o que chamo de Quinto Poder das redes sociais. Isso explica o porquê da resposta às manifestações do dia 15.  Anteriormente, o anúncio dos atos do dia 26 foi duramente criticado por cientistas políticos, analistas, jornalistas, partidos políticos e até por partidários do presidente da República. Dizia-se que era um tiro no pé, que seria um fiasco, que era precipitado.  [Esclarecendo: o Blog Prontidão Total, apesar dos seus integrantes não serem cientistas políticos e continuar sendo plenamente favorável ao governo do presidente Jair Bolsonaro, se manifestou contrário as manifestações do dia 26 passado, pelo entendimento - que ainda permanece - que por maior que seja o clamor das ruas, contra ou a favor do Governo do nosso presidente Jair Bolsonaro, as decisões continuarão sendo tomadas pelo Poder Legislativo e que este só se torna mais sensível às manifestações populares às vésperas de eleições - 2013 antecedeu as eleições gerais de 2014.
Então, os on-line foram para as ruas e os atos foram um sucesso. Defendeu-se as reformas pelas as quais o Executivo luta no Congresso e se houve críticas ao Legislativo e ao STF não foram no sentido de acabar com esses Poderes, mas a certas atitudes de seus membros. Tudo correu de forma pacífica, democrática e sem queima de ônibus. E deu resultado: a reforma administrativa foi aprovada no Senado. O presidente da Câmara falou em se afastar do “Centrão”. Foi feito um pacto entre os três Poderes pelas reformas. A força do presidente da República confirmou-se pelo apoio do povo sem que ele interferisse anteriormente ou participasse com seus ministros das manifestações.

No dia 30 de maio, em uma tréplica da esquerda uniram-se de novo a UNE, a CUT, as outras Centrais Sindicais, o MST, o MSTS. Foram liberados das aulas em todo país os estudantes universitários e os do segundo grau. Alguma coisa foi dita sobre educação, houve muitas faixas com o mote “Lula Livre”, palavras de ordem sindicais, queima de um boneco do presidente Bolsonaro e pedido do seu impeachment.

O resultado das manifestações da esquerda foram pífias e não produziram resultado, que é o que interessa. Portanto, ponto para o presidente Bolsonaro e para os 0n-line que foram para as ruas mostrar como funciona o Quinto Poder.

Artigo no Alerta Total www.alertatotal.net
Por Maria Lucia Victor Barbosa
Maria Lucia Victor Barbosa é Socióloga - mlucia@sercomtel.com.br
 
 

sábado, 31 de março de 2018

Intimidação

Juntos, Lula e Bolsonaro triunfaram na Batalha do Sul. Sujeitaram o discurso tucano à sua lógica política

[o artigo é excelente, fazendo honras merecidas ao autor;

apenas parte de uma premissa errada: que Lula continua existindo politicamente.

Lula está queimando, só que ele é um monturo e fogo de monturo demora a extinguir-se, só quando o monturo se extingue e por natureza o lixo é de combustão lenta.

mas o incêndio, e, consequentemente, o que está queimando se extingue antes de outubro próximo.]

“O povo não é bobo, abaixo a Rede Globo!”, gritavam os partidários de Bolsonaro no Paraná, plagiando o antigo bordão dos fiéis lulistas para expressar sua repulsa ao jornalismo, em geral, e à Globo, em especial. Mais surpreendente, talvez, foi outro paralelismo registrado em meio aos ataques à caravana de Lula no Sul. “Lula quis transformar o Brasil num galinheiro; agora está colhendo os ovos”, declarou Bolsonaro. “Estão colhendo o que plantaram”, declarou Alckmin. Por que eles não articulam uma chapa única —a coligação “Pau, Pedra, Ovo e Tiro”?
 
Nas emboscadas à caravana eleitoral lulista, queimaram-se pneus. Quantas vezes os movimentos que orbitam ao redor do PT incendiaram pneus para atingir objetivos partidários simulando protestar em nome de reivindicações sociais? Enquanto, no Sul, a baderna envolvia os militantes lulistas, no Nordeste o MST invadia uma fábrica de Flávio Rocha, recém-declarado candidato presidencial. As milícias que se coordenaram contra a caravana evidenciam a força da pedagogia da intimidação. “Petistas da direita”, eis uma alcunha apropriada para os arruaceiros que perseguiram Lula. Quando Alckmin pronuncia seu elogio implícito da violência política, está dizendo que, ganhando ou perdendo as eleições, o PT venceu —isto é, que não há mais espaço para a divergência democrática no Brasil.
 
A política da intimidação nasce da pulsão totalitária. “As ruas são nossas” —a ideia de expulsar os rivais da praça pública sempre foi um traço comum aos partidos fascistas e comunistas. O PT não é uma coisa nem a outra, mas assimilou as práticas do castrismo, fonte mítica de inspiração para suas principais correntes. Daí, os “atos de repúdio” contra “inimigos do povo”, a vandalização de debates acadêmicos ou eventos de lançamento de livros, as invasões políticas de propriedades patrocinadas pelo MST (o “exército do Stédile”, que opera como milícia de Lula), as agressões a concorrentes em atos eleitorais. O Alckmin que justifica os petistas da direita está, de fato, celebrando os petistas do PT.67
 
O pilar central da democracia é o princípio do pluralismo: a crença compartilhada de que nenhum partido singular tem o monopólio da verdade. A política da intimidação equivale a uma insurreição contra a democracia. É essa a chave para interpretar o cerco dos milicianos à caravana de Lula. Na hora do impeachment, um clamor pela cassação do registro do PT escorreu dos arautos de uma “nova direita” avessa ao pluralismo. [deve ser considerada a existência de dois tipos de pluralismo:
- o que expressa o pluralismo de ideias e que é sempre bem-vindo; e,
- o que pretende eliminar ideias, aceitando como válidas apenas as que defende.
PT e outras coisas da esquerda usam o gancho debate de ideias, desde que o resultado seja a prevalência do que defendem; divergiu passa a ser contrário ao maldito 'politicamente correto'.] A causa da abolição do PT fracassou, assim como se desvaneceram as esperanças na simples desaparição do partido. O projeto liberticida mudou de alvo: trilhando um longo desvio para atingir a mesma meta, eles empenham-se em forçar a prisão de Lula. Os ovos, pedras, paus e tiros desferidos contra a caravana devem ser entendidos como instrumentos de persuasão dos ministros do STF. No Sul, mirava-se o julgamento de 4 de abril.
 
João Doria entendeu isso, explicitando a demanda dos milicianos. Depois de repetir Alckmin (“o PT sempre utilizou da violência; agora sofreu da própria violência”), Doria esclareceu o que se pretende: “Não recomendo ovos, e sim prisão para ele”. As lideranças petistas habituaram-se a ameaçar juízes com o espectro da convulsão social, na hipótese da prisão de Lula. O porta-voz voluntário dos petistas da direita produziu uma ameaça simétrica: a convulsão social seria o fruto do habeas corpus para Lula. A política da intimidação eleva-se a um patamar inédito quando aderem a ela os candidatos tucanos ao Planalto e ao Bandeirantes.
 
Fogueiras de pneus pertencem ao universo dos petistas —os de esquerda ou os de direita. Lula e Bolsonaro triunfaram, juntos, na Batalha do Sul. Eles configuraram o noticiário e sujeitaram o discurso tucano à sua lógica política. Aos vencedores, irmãos-inimigos, uma chuva de ovos.