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quarta-feira, 16 de novembro de 2022

A nova postura de Alexandre de Moraes contra os radicais bolsonaristas

Além do discurso contundente em que deu vários recados ao presidente Jair Bolsonaro e aos seus apoiadores radicais, Alexandre de Moraes resolveu mudar sua postura em relação às ofensas e ataques que recebeu no exterior.

Nesta terça, 15, ao deixar o hotel em Nova York, o magistrado foi novamente hostilizado por bolsonaristas. Enquanto ouvia gritos de “safado”, “ladrão” e xingamentos, Moraes apenas sorriu, acenou e entrou numa van que o aguardava. Depois, fez questão de sorrir de novo, ironicamente, dando um novo tchauzinho.

Atrás dele, também hostilizados, entraram no carro Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes e João Doria.

A atitude é bem diferente da que Moraes teve dentro de um restaurante no dia anterior, quando ficou nervoso com um manifestante e chegou a se levantar para falar com o homem que o insultava. “Vejam quem está aqui. Gastando o dinheiro do povo brasileiro. Venha aqui fora”, disse o homem em um inglês bem mequetrefe.

Ao ver Moraes se levantar e caminhar em sua direção, ele disse em português para alguém ao seu lado: “não deixe ele encostar em você”. Em inglês novamente, afirmou  “se tocar você terá um problema”. As palavras irritaram Moraes, que aparece sério na gravação que circula nas redes sociais.

Em seu Twitter nesta segunda, o ministro deixou uma mensagem igualmente forte aos extremistas: “o povo se manifestou livremente e a Democracia venceu!!! O Brasil merece paz, serenidade, desenvolvimento e igualdade social. E os extremistas antidemocráticos merecem e terão a aplicação da lei penal”, escreveu.

Moraes decidiu manter a firmeza – e agir de forma irônica – contra aqueles que o insultam após perderem as eleições. Não se espantem. Esse deve ser a nova estratégia do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para lidar com os extremistas de direita enquanto Bolsonaro vai, aos poucos, saindo do poder.[mais uma vez o jornalista tenta transformar em realidade, via narrativas fantasiosas, coisas que ele deseja que aconteçam. Para tanto, se vale da omissão. Exemplos:
- omite que houve intervenção policial - polícia americana chamada por cidadão americano - para averiguar incidente  havido entre o ministro Moraes e cidadã americana = uma menor de 17 anos = e o jornalista militante omite a informação da existência no Youtube de vídeo sobre o ocorrido; 
-  o povo brasileiro ontem, 15 nov, se manifestou, contra as eleições e hoje continua se manifestando, sem que haja repressão policial = as manifestações ocorrem, em sua maioria, em ÁREA MILITAR;
- Nota Oficial Conjunta das Forças Armadas estabeleceu - mais lembrou - o que o Brasil e seu POVO espera das instituições.  
- omitiu também incidentes havidos nos EUA entre o ministro Barroso e cidadãos, e  com o ministro Gilmar Mendes que teve que responder com um NÃO SEI,  enfático e constrangido, ao questionamento de uma cidadã se no Brasil "o CRIME COMPENSA?"; 
Ia esquecendo: ontem, as manifestações foram de tal monta que até a TV Globo, que sonegava da sua audiência informações sobre ocorrência de manifestações - teve que  reconhecer no JN que as mesmas estão presentes em diversos pontos do Brasil = DENTRO DA LEGALIDADE, ORDEIRAS e PACÍFICAS.]
 
Matheus Leitão - Blog Revista VEJA
 

sexta-feira, 8 de maio de 2020

Deslealdade - Editorial - O Estado de S. Paulo

Jair Bolsonaro, que tanto diz prezar a lealdade, foi absolutamente desleal com o presidente do STF. 
O objetivo foi somente usar Dias Toffoli para sua propaganda política desvairada

O presidente Jair Bolsonaro, que tanto diz prezar a lealdade, foi absolutamente desleal com o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Dias Toffoli. Praticamente sem aviso prévio, como fazem os que não tiveram educação em casa, Bolsonaro foi ao Supremo acompanhado de uma comitiva de empresários e assessores para cobrar do ministro Toffoli providências para levantar as medidas restritivas impostas nos Estados para enfrentar a pandemia de covid-19.

[Negativo - o presidente Bolsonaro como é seu estilo foi extremamente sincero, leal e objetivo.
Fosse desleal, teria facilmente destacado junto ao empresariado a influência imensa da decisão do STF em autorizar governadores e prefeitos a terem total controle sobre medidas de ISOLAMENTO SOCIAL, DISTANCIAMENTO, LOCKDOWN e outras.

Em nome da lealdade, que lhe é peculiar, optou por levar os convidados à sede do Supremo Tribunal Federal e lá, de forma incontestável, na presença do presidente da Suprema Corte, mostrar a todos que os governadores e prefeitos são os responsáveis por todas as medidas restritivas à economia e para tanto contaram com o aval do STF.

Medidas que apesar de danosas à economia seriam aceitáveis, desejadas e aprovadas - bem como seus autores - se tivesse contribuído para o controle da Pandemia. Infelizmente, estão se revelando infrutíferas - os estados que mais exorbitaram nas restrições, são os que apresentam maior número de casos de contaminação e de mortes pelo Covid-19.]


A deselegância da visita sem convite nem foi o pior aspecto desse episódio vergonhoso. Para começar, o presidente Bolsonaro providenciou uma equipe de filmagem para registrar o momento e transmitir as imagens em suas redes sociais, com o objetivo evidente de fazer do embaraçoso encontro um evento eleitoreiro. Na encenação mequetrefe que protagonizou, e para a qual arrastou o chefe do Poder Judiciário, o presidente Bolsonaro pretendia afetar preocupação com a economia do País, duramente prejudicada pela pandemia. Na verdade, sua única preocupação, como sempre, era com a manutenção de
seu capital eleitoral, que míngua à medida que a inédita crise avança.

No seu afã de parecer um herói do setor produtivo, demandou que as restrições acabem “o mais rápido possível”, para aliviar as “aflições” dos empresários, pois “a economia também é vida” – isso no dia em que o País ficou sabendo, por meio da Confederação Nacional de Saúde, que o sistema hospitalar privado de seis Estados já não tem mais UTIs disponíveis em razão do colapso do sistema público.

A deslealdade de Bolsonaro, portanto, não foi somente em relação ao ministro Toffoli, mas também com os brasileiros que já morreram e com os moribundos. O presidente explora o padecimento de seus concidadãos para minar a imagem dos que considera seus adversários – isto é, todos os que não lhe dizem amém – e fugir de suas responsabilidades como chefe de governo. Assim, o improviso de Bolsonaro foi perfeitamente calculado. Formado na velha política, o presidente sabe farejar oportunidades para exercitar seu populismo reacionário. Enquanto governadores de Estado lutam para convencer seus governados a ficarem em casa, pois esta é a única maneira de enfrentar o coronavírus, o presidente surge impetuoso no Supremo como o destemido defensor do povo que “quer trabalhar”. E os empresários que acompanharam Bolsonaro deram seu aval a esse engodo, que é mais um vexame que o País está a passar graças à leviandade bolsonarista.

Mas há outra razão, não tão evidente e talvez mais importante, que levou Bolsonaro a tentar envolver o ministro Dias Toffoli em sua contradança macabra. O presidente quis causar constrangimento ao Poder que ora tolhe seus movimentos autoritários e amofina o clã Bolsonaro. Seguidas derrotas no Supremo transformaram os ministros togados em inimigos do bolsonarismo, a ponto de o próprio presidente, há alguns dias, ter feito um comício em que invocou as Forças Armadas vituperando contra as interferências do Judiciário em suas decisões. Mais golpista, impossível.

Mas o presidente do Supremo não se deixou intimidar. Primeiro, disse a Bolsonaro que, para enfrentar a pandemia e seus efeitos sociais e econômicos, “é fundamental uma coordenação (do governo federal) com Estados e municípios”, cobrando do presidente a formação de um gabinete de crise efetivamente nacional, que nunca existiu. Em seguida, o ministro Toffoli lembrou ao chefe do Executivo que “a Constituição garante competências específicas para os entes” (União, Estados e municípios) e, por isso, o Supremo já definiu que governadores e prefeitos têm a prerrogativa de adotar medidas de isolamento. Logo, se Bolsonaro pretendia arrancar do ministro Toffoli algum compromisso com sua estratégia destrambelhada de enfrentamento da pandemia, deve ter saído frustrado do encontro.

Mas não nos deixemos enganar. O objetivo de Bolsonaro não era converter o ministro Toffoli a seu credo sinistro, e sim somente usá-lo para sua propaganda política desvairada. Para os inocentes úteis que ainda enxergam em Bolsonaro um chefe de Estado, e não um oportunista, ele certamente foi bem-sucedido.

Editorial -  O Estado de S. Paulo