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sexta-feira, 9 de setembro de 2022

Lojinhas de porcentagens - As pesquisas naufragam nas ruas - Revista Oeste

Augusto Nunes

O recado das multidões às lojinhas de porcentagens

Multidão observa Nilo Peçanha durante a campanha Reação Republicana <i>(à esq.)</i>; manifestantes pró-governo em ato na Esplanada dos Ministérios, em Brasília <i>(à dir.)</i> | Foto: Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil/Reprodução
Multidão observa Nilo Peçanha durante a campanha Reação Republicana (à esq.); manifestantes pró-governo em ato na Esplanada dos Ministérios, em Brasília (à dir.) | Foto: Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil/Reprodução

Tinha 9 anos de idade quando soube que o tamanho dos comícios permitia adivinhar quem seria prefeito da cidade onde nasci. Divididas entre janistas e ademaristas, as famílias da classe média não escondiam preferências políticas, e bastava a contagem dos portadores de um mesmo sobrenome para constatar-se que, de novo, o embate estava empatado no centro urbano. O desfecho do duelo, portanto, dependeria dos eleitores pobres. Quem quisesse descobrir o nome do vitorioso deveria avaliar com precisão o aglomerado humano sitiando palanques montados nas vilas e nos distritos. Deveria, sobretudo, medir com olhos de comerciante sovina a plateia reunida por cada candidato no comício de encerramento.

Em 1959, por exemplo, a comparação do público informou que, no último dia do confronto, meu pai discursara para o dobro de gente. A apuração confirmou que Adail Nunes da Silva fora eleito com o dobro de votos. Em outras ocasiões, ele se valeu desse critério para compreender que a direção dos ventos lhe era desfavorável. “Quando o adversário promove um grande comício, a única resposta convincente é realizar um ainda maior”, dizia. “Se não conseguir, convém preparar-se para cumprimentá-lo pela vitória assim que a apuração terminar.” Ao recenseamento das plateias somavam-se outros instrumentos de medição. Só haveria chances de salvação, por exemplo, para candidatos que fossem imediatamente cercados por no mínimo cinco eleitores ao entrarem num bar.

Essa metodologia tão singela quanto eficaz começou a ser aposentada nos anos 1980 pela pesquisa de intenção de voto. As lojinhas de porcentagens viraram praga na virada do século e, apesar do imenso acervo de erros desmoralizantes, hoje exibem proporções pandêmicas. Colisões frontais entre os índices atribuídos aos candidatos e a paisagem das ruas são menosprezadas pelos gerentes, todos agarrados ao mesmo bordão: “Pesquisa é retrato do momento”. Erros medonhos são justificados com o palavrório de sempre: houve uma mudança brusca às vésperas do pleito, brasileiro decide em quem votar ao entrar na cabine eleitoral, a tendência foi detectada nas horas finais e outras vigarices.

Jornalistas de botequim se preparam para enfrentar o golpe de Estado previsto desde a chegada de Bolsonaro ao Planalto

Neste 7 de Setembro, o descompasso entre os índices produzidos em escala industrial e as formidáveis manifestações populares registradas em São Paulo, em Brasília e no Rio ampliaram a procissão de interrogações sem respostas.  
Como é possível que pesquisas realizadas num mesmo momento apresentem diferenças de até 15 pontos percentuais (sempre com Lula na liderança)? 
Se em 2018 o Datafolha naufragou ao prever que Jair Bolsonaro seria derrotado no segundo turno por qualquer adversário, por que estaria certa a profecia reprisada neste 2022? 
Por que o favorito Lula não traduz a suposta vantagem em manifestações ainda mais impressionantes? 
Por que permanece em casa enquanto o segundo colocado atrai multidões quase diariamente, e em todos os pontos do país? 

À falta de álibis convincentes, as sumidades da estatística deram início à dança dos números. Os manifestantes ainda voltavam para casa quando levantamentos saídos do forno reduziram dramaticamente a distância entre Lula e Bolsonaro ou se refugiaram em empates técnicos. 
A seita que tem num presidiário seu único deus ficou atarantada com o coro dos pacíficos indignados
Em São Paulo, confrontado com a Avenida Paulista atulhada de gente, Lula desandou na comparação amalucada:O 7 de Setembro parecia a Ku Klux Klan”, balbuciou. Há poucos dias, o ministro Luís Roberto Barroso enxergou uma única utilidade no espetáculo do povo nas ruas: “Saberemos quantos fascistas existem no Brasil”. 
Mesmo que tenha deixado fora dos cálculos as crianças de colo, as que chegaram de mãos dadas com os pais e os idosos em cadeiras de rodas, descobriu que são milhões. 
Mais difícil será admitir que os manifestantes são apenas democratas dispostos a enquadrar o autoritarismo criminoso do Supremo Tribunal Federal e do Tribunal Superior Eleitoral, as mentiras fabricadas pela imprensa velha e o cinismo dos bandidos que tentam voltar à cena do crime.
 
Jornalistas de botequim se preparam para enfrentar o golpe de Estado previsto desde a chegada de Bolsonaro ao Planalto
Toparam com brasileiros que respeitam a Constituição e louvam a democracia. Bestificados, capricharam na Ópera dos Cretinos
Um jornalista da GloboNews acusou o presidente de glorificar o próprio pênis. [teve  uma jornalista que escreveu um verdadeiro tratado sobre o tema.]
 
Uma comentarista, ao afirmar que o presidente machista insultara as três palavras inscritas na bandeira nacional, trocou Ordem e Progresso por Independência ou Morte.  
Um colunista da Folha reduziu o mar de gente na Paulista a pouco mais de 30 mil gatos-pingados. 
E os partidos assustados com os ecos da voz do povo recorreram aos aliados de toga: querem que a candidatura de Bolsonaro seja impugnada “por uso da máquina pública”.

Se tentarem a revanche nas ruas, Lula e seus devotos estarão expostos à derrota definitiva. Como nunca aprenderão a cumprimentar adversários vitoriosos nas urnas, resta-lhes dobrar-se à imagem de Nelson Rodrigues, sentar no meio fio e chorar lágrimas de esguicho.

Leia também “Faltou alguém no debate”

Augusto Nunes, colunista - Revista Oeste


sexta-feira, 2 de setembro de 2022

Bolsonaro e aliados se mobilizam para dar tom de comício ao 7 de Setembro

Os políticos mais próximos ao presidente não escondem a intenção de fazer do Dia da Independência um evento midiático capaz de gerar impacto nas urnas 

BOM PROVEITO - Bolsonaro recebe o coração de dom Pedro: tem campanha neste bicentenário -

 BOM PROVEITO - Bolsonaro recebe o coração de dom Pedro: tem campanha neste bicentenário - Evaristo Sa/AFP
Entre muitos lances políticos, a independência do Brasil, que neste ano completa seu bicentenário, foi marcada pelo primeiro confronto direto entre as tropas desde o primeiro momento leais a dom Pedro I e aquelas que optaram por seguir subordinadas à Coroa portuguesa. Nascia ali, junto com o país autônomo e soberano, o Exército nacional, e a partir de então é praxe que a comemoração oficial do 7 de Setembro tenha um tom nitidamente militar, com as Forças Armadas marchando e exibindo poderio diante de autoridades e da população.

Desde que chegou à Presidência, porém, Jair Bolsonaro, que é capitão reformado e cultiva afinidades com a cúpula fardada, tem procurado misturar a celebração da data com a de sua própria pessoa, convocando apoiadores para barulhentas manifestações de apoio — uma apropriação indébita que nem mesmo os generais da ditadura aproveitaram tanto. No ano passado, com o Planalto em confronto aberto com o Supremo Tribunal Federal, a exaltação cívico-bolsonarista foi especialmente ruidosa. Neste ano, a se julgar pelos preparativos, a expectativa é que o Dia da Independência se transforme no Dia de Bolsonaro Candidato e que a festa ganhe um tom de comício eleitoral.

CLAQUETE - Chamado às ruas: Frias, Negão e Pazuello (da esquerda para direita) lotam as redes de convocações para que manifestantes compareçam aos atos em Brasília e no Rio -

 CLAQUETE - Chamado às ruas: Frias, Negão e Pazuello (da esquerda para direita) lotam as redes de convocações para que manifestantes compareçam aos atos em Brasília e no Rio – Danilo M. Yoshioka/Futura Press; Marcos Corrêa/PR; Mauro PIMENTEL/AFP

O presidente vai marcar presença em pelo menos dois atos turbinados pelo comparecimento de seus eleitores. Em Brasília, pela manhã, assistirá ao tradicional desfile, com esperança de que bolsonaristas lotem a Esplanada gritando o slogan moldado nas redes sociais para este 7 de Setembro: “Eleições limpas já — Supremo é o povo”. A poucos metros dali, o coração de Pedro I, conservado em formol na cidade do Porto desde sua morte, em 1834, e trazido ao Brasil em homenagem um tanto mórbida ao bicentenário,[curioso que os restos mortais de Dom Pedro I, transladados em 1972 (Sesquicentenário da Independência),  em  homenagem, que não foi considerada mórbida pela imprensa. Será que o fato do presidente ser o 'capitão do povo'  motiva tal classificação?] não estará exposto para visitação no Palácio do Itamaraty. Mas o ponto alto dos festejos será à tarde, no Rio de Janeiro, cidade que é o berço político de Bolsonaro e onde ele precisa de um empurrão para encostar em Luiz Inácio Lula da Silva, à frente nas pesquisas (o governador Cláudio Castro, candidato à reeleição, pretende pegar uma palinha no palco-palanque).

(...) 

Por motivos que não revelou, o comando militar quis transferir o tradicional desfile na Avenida Presidente Vargas, no Centro, para Copacabana, um ponto muito mais vistoso e concorrido. A prefeitura invocou questões logísticas e não permitiu. Intrépida, a tropa resolveu então concentrar as comemorações no Forte de Copacabana, fincado em um extremo da mesma praia, área sob jurisdição do Exército.

À primeira vista, a comemoração será menos grandiosa, com disparos de canhão ao longo de todo o dia e hinos executados pela banda militar. 
Mas fora do forte as Forças Armadas estão armando um festival. 
A Aeronáutica preparou uma apresentação da Esquadrilha da Fumaça. Paraquedistas [Exército Brasileiro]vão se lançar de aviões e pousar na faixa de areia. 
A Marinha programou uma parada naval com seus principais navios de guerra e mais alguns de outros países, que vai singrar o mar do Recreio dos Bandeirantes ao Leme. “ [a velha imprensa, ou mídia militante, parece esquecer que se trata de uma DATA MAGNA da PÁTRIA AMADA = 200 anos da Independência do Brasil. Não criticaram o 4 julho 1976.] 
 arte 7 de setembro

(...)

As mensagens de bolsonaristas em torno dos atos do Dia da Independência (leia no quadro), presentes em 14 000 grupos de WhatsApp monitorados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), estão recheadas de críticas ao ministro Moraes, associam Lula à imagem de ex-presidiário [alguém está mentindo ou cometendo algum crime quando associa o descondenado petista (descondenado, não foi inocentado) a um ex-presidiário? ]e repisam a invenção de que haverá fraudes nas urnas eletrônicas. Pelo sim, pelo não, os integrantes do TSE e do STF estão agindo nos bastidores para isolar e impedir que o público e caminhões se aproximem das sedes dos tribunais, como quase ocorreu no ano passado, mobilizando a PM do Distrito Federal e treinando agentes para se infiltrar na multidão. Uma coisa é certa: no 7 de Setembro do bicentenário, o tradicional desfile militar ficará relevado a um tímido segundo plano.

Publicado em VEJA,  edição nº 2805, de 7 de setembro de 2022,

Em Política - VEJA - MATÉRIA COMPLETA


segunda-feira, 2 de maio de 2022

O comício bolsonarista não fracassou. Entenda

Se o plano vai dar certo ou não, não se sabe. Mas o roteiro está traçado. Só não vê quem não quer  

“Ufa! Que alívio, o comício golpista fracassou. Podemos respirar.”

Análise errada. Conclusão errada.

O comício de Bolsonaro não fracassou: ele foi exatamente do tamanho que o capitão determinou. No último 7 de setembro, Bolsonaro botou milhões nas ruas. Sua capacidade de mobilização não se reduziu de lá para cá. Muito pelo contrário: só na última semana, o bolsonarismo criou mais 300 mil robôs. Apenas no Twitter.

O capitão botou pouca gente na rua porque quis, para não quer queimar a largada. O método de Bolsonaro é conhecido: ele estica a corda, todo mundo se apavora, alguns protestam, ele afrouxa a corda — mas nunca recua para onde estava, sempre fica um pouco avançado em relação a antes.

Vai continuar na mesma toada até o próximo 7 de setembro, quando vai botar de novo milhões nas ruas para o que, espera, será grande arrancada em direção à vitória. A narrativa da fraude eleitoral estará cada vez mais na boca dos bolsonaristas.

No dia 2 de outubro, Bolsonaro vai declarar que venceu no primeiro turno, mas que a vitória foi roubada, e continuará elevando o tom até o dia 30. Se ganhar no segundo turno, vai declarar que sua vitória teria sido muito maior se não tivesse havido “fraude”. Se perder, vai botar a nação bolsonarista na rua para fazer arruaça, melar o resultado e exigir nova eleição com direito a apuração paralela e/ou outros mecanismos golpistas.

Se vai dar certo ou não, não se sabe. Mas o roteiro está traçado. Só não vê quem não quer. [A necessidade de cumprir pauta, obriga a narrar o que foi estabelecido.]

Ricardo Rangel, colunista - VEJA 

 

sexta-feira, 8 de maio de 2020

Deslealdade - Editorial - O Estado de S. Paulo

Jair Bolsonaro, que tanto diz prezar a lealdade, foi absolutamente desleal com o presidente do STF. 
O objetivo foi somente usar Dias Toffoli para sua propaganda política desvairada

O presidente Jair Bolsonaro, que tanto diz prezar a lealdade, foi absolutamente desleal com o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Dias Toffoli. Praticamente sem aviso prévio, como fazem os que não tiveram educação em casa, Bolsonaro foi ao Supremo acompanhado de uma comitiva de empresários e assessores para cobrar do ministro Toffoli providências para levantar as medidas restritivas impostas nos Estados para enfrentar a pandemia de covid-19.

[Negativo - o presidente Bolsonaro como é seu estilo foi extremamente sincero, leal e objetivo.
Fosse desleal, teria facilmente destacado junto ao empresariado a influência imensa da decisão do STF em autorizar governadores e prefeitos a terem total controle sobre medidas de ISOLAMENTO SOCIAL, DISTANCIAMENTO, LOCKDOWN e outras.

Em nome da lealdade, que lhe é peculiar, optou por levar os convidados à sede do Supremo Tribunal Federal e lá, de forma incontestável, na presença do presidente da Suprema Corte, mostrar a todos que os governadores e prefeitos são os responsáveis por todas as medidas restritivas à economia e para tanto contaram com o aval do STF.

Medidas que apesar de danosas à economia seriam aceitáveis, desejadas e aprovadas - bem como seus autores - se tivesse contribuído para o controle da Pandemia. Infelizmente, estão se revelando infrutíferas - os estados que mais exorbitaram nas restrições, são os que apresentam maior número de casos de contaminação e de mortes pelo Covid-19.]


A deselegância da visita sem convite nem foi o pior aspecto desse episódio vergonhoso. Para começar, o presidente Bolsonaro providenciou uma equipe de filmagem para registrar o momento e transmitir as imagens em suas redes sociais, com o objetivo evidente de fazer do embaraçoso encontro um evento eleitoreiro. Na encenação mequetrefe que protagonizou, e para a qual arrastou o chefe do Poder Judiciário, o presidente Bolsonaro pretendia afetar preocupação com a economia do País, duramente prejudicada pela pandemia. Na verdade, sua única preocupação, como sempre, era com a manutenção de
seu capital eleitoral, que míngua à medida que a inédita crise avança.

No seu afã de parecer um herói do setor produtivo, demandou que as restrições acabem “o mais rápido possível”, para aliviar as “aflições” dos empresários, pois “a economia também é vida” – isso no dia em que o País ficou sabendo, por meio da Confederação Nacional de Saúde, que o sistema hospitalar privado de seis Estados já não tem mais UTIs disponíveis em razão do colapso do sistema público.

A deslealdade de Bolsonaro, portanto, não foi somente em relação ao ministro Toffoli, mas também com os brasileiros que já morreram e com os moribundos. O presidente explora o padecimento de seus concidadãos para minar a imagem dos que considera seus adversários – isto é, todos os que não lhe dizem amém – e fugir de suas responsabilidades como chefe de governo. Assim, o improviso de Bolsonaro foi perfeitamente calculado. Formado na velha política, o presidente sabe farejar oportunidades para exercitar seu populismo reacionário. Enquanto governadores de Estado lutam para convencer seus governados a ficarem em casa, pois esta é a única maneira de enfrentar o coronavírus, o presidente surge impetuoso no Supremo como o destemido defensor do povo que “quer trabalhar”. E os empresários que acompanharam Bolsonaro deram seu aval a esse engodo, que é mais um vexame que o País está a passar graças à leviandade bolsonarista.

Mas há outra razão, não tão evidente e talvez mais importante, que levou Bolsonaro a tentar envolver o ministro Dias Toffoli em sua contradança macabra. O presidente quis causar constrangimento ao Poder que ora tolhe seus movimentos autoritários e amofina o clã Bolsonaro. Seguidas derrotas no Supremo transformaram os ministros togados em inimigos do bolsonarismo, a ponto de o próprio presidente, há alguns dias, ter feito um comício em que invocou as Forças Armadas vituperando contra as interferências do Judiciário em suas decisões. Mais golpista, impossível.

Mas o presidente do Supremo não se deixou intimidar. Primeiro, disse a Bolsonaro que, para enfrentar a pandemia e seus efeitos sociais e econômicos, “é fundamental uma coordenação (do governo federal) com Estados e municípios”, cobrando do presidente a formação de um gabinete de crise efetivamente nacional, que nunca existiu. Em seguida, o ministro Toffoli lembrou ao chefe do Executivo que “a Constituição garante competências específicas para os entes” (União, Estados e municípios) e, por isso, o Supremo já definiu que governadores e prefeitos têm a prerrogativa de adotar medidas de isolamento. Logo, se Bolsonaro pretendia arrancar do ministro Toffoli algum compromisso com sua estratégia destrambelhada de enfrentamento da pandemia, deve ter saído frustrado do encontro.

Mas não nos deixemos enganar. O objetivo de Bolsonaro não era converter o ministro Toffoli a seu credo sinistro, e sim somente usá-lo para sua propaganda política desvairada. Para os inocentes úteis que ainda enxergam em Bolsonaro um chefe de Estado, e não um oportunista, ele certamente foi bem-sucedido.

Editorial -  O Estado de S. Paulo


quarta-feira, 29 de abril de 2020

Bolsonaro na Quinta Avenida - Bruno Boghossian

Folha de S. Paulo

Com popularidade firme, Bolsonaro acha que pode fazer o que quiser

Donald Trump nunca duvidou da lealdade de seus eleitores fiéis. Dez meses antes da eleição de 2016, o magnata subiu num palanque e exibiu a dimensão de sua autoconfiança: "Eu poderia ir para o meio da Quinta Avenida, atirar em alguém e não perderia nenhum eleitor". Até aquele dia, o republicano só havia apresentado uma amostra grátis do repertório de atrocidades que usaria durante a campanha. Dali por diante, deu declarações absurdas, prometeu barbaridades e chegou à Casa Branca mesmo assim.

A despreocupação de Jair Bolsonaro com sua popularidade espelha a frase lançada por seu ídolo americano naquele comício. Os números da última pesquisa Datafolha mostram que a base de apoio do presidente se manteve inabalada. Assim como no fim do ano passado, um a cada três brasileiros afirma que o governo Bolsonaro é ótimo ou bom. Nesse intervalo, o presidente empurrou o país em direção ao abismo do coronavírus, fez campanha contra alertas das autoridades de saúde e demitiu o ministro que cuidava da área. Seus apoiadores viram 5.000 mortes em menos de 40 dias, mas continuaram a seu lado. [as mortes são lamentáveis, mas por elas o presidente não pode ser responsabilizado - os que boicotam, sabotam, o governo Bolsonaro também o isentam de culpa, já que um Presidente da República a quem não permitem governar não pode ser responsabilizado pelos ônus ou bônus da sua omissão compulsória.]


A solidez dessa base abriu caminho para mais desatinos. Bolsonaro deu apoio explícito a uma turba que pedia um golpe militar e interferiu politicamente na Polícia Federal para proteger os filhos. Depois, nomeou um delegado próximo de sua família. "E daí?", rebateu.

O presidente provavelmente acredita que pode fazer o que quiser. Embora trincado pelo conflito com Sergio Moro, o discurso antissistema ainda prende os bolsonaristas a seu líder, assim como a promessa de uma agenda conservadora. O peso da máquina pública e os R$ 600 pagos a trabalhadores informais afetados pela crise inflam esse grupo. Bolsonaro ainda precisará enfrentar os efeitos da disparada das mortes por coronavírus e da recessão provocada pela pandemia. [Vai enfrentar a crise econômica - que já derrubou em mais de 5% o PIB da China e a pandemia e vai vencer. Deus está com o Brasil e os Brasileiros.  
não esqueçam que a corja petista, que odeia Bolsonaro, nunca imaginou que teria que escolher?

atacar Bolsonaro e elogiar Moro - o algoz das lideranças petistas; ou, 
atacar Moro e defender Bolsonaro.]  Por enquanto, o país mantém no poder um presidente que fabrica disparates sem medo de perder popularidade.

Bruno Boghossian, colunista - Folha de S. Paulo


sexta-feira, 14 de julho de 2017

Lula diz só aceitar um tribunal: o povo! E as ameaças de Gleisi Hoffmann e Tarso Genro

Chefão petista faz comício contra sentença de Sérgio Moro e aproveita o evento para dizer que está no jogo e quer, de novo, a Presidência

Luiz Inácio Lula da Silva, condenado no dia anterior pelo juiz Sérgio Moro a nove ano e meio de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, discursou nesta quinta no Diretório Nacional do PT, em São Paulo.  Criticou a sentença do juiz Sérgio Moro, disse “estar no jogo” e aproveitou para lançar sua candidatura à Presidência da República em 2018. No costumeiro estilo palanqueiro, bravateou: “Se alguém pensa que, com essa sentença, me tiraram do jogo, pode saber que eu tô no jogo (…) E quero dizer ao meu partido que, até agora, não tinha reivindicado, mas vou reivindicar, me colocar como postulante à Presidência da República em 2018.” 


Uma das Irmãs Cajazeiras enxuga o suor do rosto de Lula (Foto: Edilson Dantas/ Agência O Globo

[o condenado Lula, mais uma vez age como o falastrão que é ;
felizmente para o Brasil e os brasileiros do BEM o infeliz antes, bem antes, das eleições 2018, estará encarcerado, com mais duas ou três condenações, e pelo menos duas já transitadas em julgado - o que o impedirá de ser candidato.
Disse, felizmente, porque não fosse as condenações que sofrerá até 2018, .o reeducando seria candidato com chances de ser eleito - o que ainda tem de brasileiro idiota, armado com um título de eleitor e pronto a ferrar o Brasil, seria suficiente para elegê-lo, especialmente pelo sistema vigente em que um candidato é declarado, em segundo turno, mesmo recebendo menos da metade dos votos do eleitorado.]  Alguém tinha alguma dúvida a respeito? Vamos ver.
Embora vazada naquele habitual tom condoreiro, a frase encerra mais a sua melancolia do que a sua força.
De fato, a sentença de Moro ainda não o tira do jogo eleitoral. Mas a que vem a seguir, do Tribunal Regional Federal da Quarta Região, pode tirar. Tanto o petista sabe disso que já fez o primeiro comício condenação, ao lado da senadora Gleisi Hoffmann, senadora do PT (PR), ré e “presidenta” (como ela quer) da legenda. Para não variar, a fala que realmente ficou fora de tom foi a de Gleisi.

Estima-se, tão logo o apelo chegue à aquela corte, que os três desembargadores encarregados do caso hão de se desincumbir da tarefa em um ano — a tempo, portanto, caso Lula realmente se torne candidato e tenha confirmada a condenação, de o partido escolher um novo nome ou aderir a uma das candidaturas que estiverem na praça.
Vocês sabem o que penso da sentença de Sérgio Moro — eu, que sou apenas um jornalista, e a quase unanimidade dos especialistas em direito: trata-se de uma peça fraca, ancorada numa investigação que não logrou chegar ao “é da coisa”. Isso não quer dizer, no entanto, que o TRF vá rejeitá-la. E a chance de a condenação ser confirmada é, obviamente, grande.

Mas será que isso autoriza Lula, Gleisi e ex-ministro Tarso Genro a falar besteira pelos cotovelos? Obviamente, não. O ex-presidente deu a seguinte pérola ao público presente: “Quem acha que é o fim do Lula vai quebrar a cara. Quem tem o direito de decretar o meu fim é o povo brasileiro”.

Pois é… Não há interpretação virtuosa para isso. É evidente que ele está a dizer que não reconhece outra instância para julgar seus atos que não o tal “povo brasileiro”. A fala, com certeza, ecoou também no TRF4. O chefão petista está a afirmar que só um voto é legítimo no seu caso: a absolvição. A condenação seria uma afronta à soberania do povo.
E coube, então, à ré Gleisi Hoffmann a frase de lapidar estupidez. Segundo a preclara, quem tentar impedir Lula de ser candidato “vai responder pela instabilidade política no país”. Eu estou enganado, ou há aí um tom de ameaça? E ela foi adiante: “Não vamos admitir uma eleição sem Lula”.

É mesmo, Gleisi?
Ou é isso ou é o quê? Luta armada? Guerra de guerrilha?
Sim, a sentença de Moro é forte na pena que impõe e fraca nos argumentos que desfia. Mas é evidente que um ex-presidente da República, ainda assim, não pode se dizer acima das vicissitudes da lei. Há uma diferença abismal, senhora Gleisi Hoffmann, entre criticar a decisão de um juiz e dar um pé no traseiro das instituições.

Esse é, aliás, um comportamento muito típico de alguns membros da Lava Jato. Eu diria que estamos diante do confronto de duas forças que reivindicam a soberania, pisoteando, se necessário, o Estado de Direito: refiro-me a setores do Ministério Público e aos sequazes de Lula.
Tarso Genro também não se fez de rogado e afirmou sobre Lula: “Ele é a única liderança, com apelo popular e capacidade política, para encaminhar uma saída não violenta para a crise”.
Parece que o Valente está a nos dizer que, além de ser absolvido, Lula também tem de ser eleito para evitar “uma saída violenta para a crise”.
Tudo é, em suma, inaceitável e incompatível com a democracia. É claro que Lula e os petistas têm o direito de reclamar, de não gostar da sentença, de propor mobilizações. Mas a ninguém se faculta a licença de ameaçar a ordem democrática porque contrariado.

Fonte: Blog do Reinaldo Azevedo