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segunda-feira, 4 de abril de 2016

O mal que Renan faz



O presidente do Senado, Renan Calheiros, é a versão moderna do bigorrilho. Extraído de uma marchinha de carnaval dos anos 60, o termo serviu na época para qualificar os políticos que tinham especial apreço pelo governismo, mesmo que seu partido fosse da oposição. Pois o senador alagoano, contrariando decisão de seu partido, o PMDB, vem se esforçando como poucos para dar conforto à presidente Dilma Rousseff neste momento de grande aflição.

Renan é um personagem emblemático da profunda crise moral pela qual passa o país. O senador tem contra si quase uma dezena de inquéritos que apuram seu envolvimento no Petrolão, e seu passado não muito remoto inclui outras traquinagens de semelhante jaez, e mesmo assim ele não se constrange em se apresentar, de cara limpa, como um campeão da democracia e do equilíbrio institucional. Sua participação no intrincado jogo do impeachment não deixa dúvidas de que, malgrado seu discurso de total isenção, Renan trabalha exclusivamente para se abrigar do vendaval da Lava Jato.

Sua função institucional como presidente do Senadoque definirá se o processo contra Dilma seguirá adiante depois de aprovado na Câmaraé um de seus principais trunfos. Será Renan o responsável por estabelecer a velocidade da tramitação, dando aos governistas precioso tempo para tentar recompor suas forças.

Renan também tem trabalhado com afinco para sabotar o empenho do vice-presidente Michel Temer para unir o PMDB. A multiplicação dos bigorrilhos é uma ação crucial para o governo, porque a fragmentação do PMDB indica aos demais partidos da base que talvez não haja consenso em torno do impeachment – e, portanto, seria imprudente abandonar o governo e seus preciosos cargos e verbas neste momento, quando a contabilidade dos votos contrários a Dilma ainda não está clara.

Autêntico como uma nota de três reais, Renan vem dando declarações segundo as quais não se intrometerá nas discussões internas do PMDB a respeito do desembarque do governo, mas alguns dos ministros peemedebistas, como bons bigorrilhos, decidiram permanecer em seus cargos justamente depois de uma reunião na casa do bigorrilho-chefe.
Além disso, Renan disse considerar que “não foi um bom movimento” a decisão do PMDB de romper com o governo. O senador pretende assim dividir o partido, que já não é exatamente um primor de consenso, especialmente quando se trata de abandonar um governo – algo que o PMDB não sabe bem como fazer. Com isso, Renan ajuda a criar um clima de confusão que só beneficia a presidente Dilma.

Tudo isso seria apenas parte do jogo não fosse a posição central ocupada por Renan. O presidente do Senado garantiu, com a candura dos inocentes, que vai apenas exercer seu papel institucional. Questionado recentemente por que deixou de comparecer à reunião do PMDB que decidiu pelo rompimento com o governo, Renan saiu-se com essa: “Não devo comentar porque qualquer comentário que fizer será no sentido da partidarização do papel institucional que exerço como presidente do Senado”. Na mesma linha, afirmou ainda, a propósito de seu papel no processo de impeachment: “Tenho de me preservar o máximo possível para continuar com isenção e independência”.

Mas a disposição de Renan em ajudar Dilma é escancarada. O peemedebista já declarou que espera que o processonão chegue” ao Senado, isto é, que seja derrubado ainda na Câmara. Caso o impeachment vá adiante e caia em suas mãos, Renan também já manifestou disposição de usar todo o prazo previsto em lei para a tramitação – seis meses –, dando tempo para que o governo crie ainda mais confusão.

Com a Lava Jato e o Supremo Tribunal Federal em seu encalço, Renan decerto espera que seu investimento na operação de salvamento de Dilma frutifique, na forma de alguma proteção contra aqueles que pretendem obrigá-lo a finalmente prestar contas à Justiça. É por essa razão que, conforme diz a marchinha do bigorrilho, “ele tem que sair/ele tem que sair/ele tem que sair/ele tem que sair”.

Fonte: Editorial do Estadão

domingo, 6 de março de 2016

Operação Lava-Alma

Sexta-feira, meio-dia. Animado por aguerridos defensores, rapidamente arregimentados pelos “movimentos sociais”, o ex-presidente Lula termina o seu depoimento no anexo da Polícia Federal do aeroporto de Congonhas e, em vez de voltar para casa, segue para a sede do PT. Convoca a imprensa para, mais tarde, disparar um discurso inflamado contra a Justiça, personificada no juiz Sérgio Moro, a mídia e as forças conservadoras que querem acabar com tudo que ele – e só ele – fez para o Brasil.

Sexta-feira, quase seis da tarde. O bater de panelas espontâneo, surgido do nada, anuncia que a presidente Dilma Rousseff estava falando na televisão. E pouco importava o que ela dizia. Ninguém queria saber. Depois de tanto mentir, em especial na campanha pela reeleição, quando prometeu fazer o diabo – e cumpriu -, Dilma não vale um tostão furado. Sua credibilidade é inferior a uma nota de três reais.

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Lula fungou, esbravejou e quase chorou por perto de meia hora. Tudo de acordo com o figurino. Nada explicou, até porque não era esse o objetivo dele. Esbanjou do direito de dizer asneiras, fez piada com coisas sérias. E não respondeu a uma só pergunta. Dilma falou por mais de 10 minutos. Tal como Lula, cercou-se de apoiadores para aplaudir seu monólogo. E não respondeu a uma só pergunta.

Próximos e distantes, estranhamente diferentes e parecidos, Lula e Dilma passaram a encarnar, cada um à sua maneira, tudo aquilo que o país repudia.  Ambos traíram a confiança que reiteradamente lhes foi depositada. Mentiram, enganaram. Possuíram o Estado como se deles fosse. São responsáveis ou coniventes com a corrupção. E, se um ou outro não se locupletou, deixaram que o dinheiro público escorresse como mel em beiços de companheiros.

Aos fatos, nenhum dos dois dão ouvidos. Dilma finge que preside o país. O mesmo que ela deixou ir à bancarrota por suas políticas erradas e erráticas, por arrogância, prepotência e birra. Lula continua arrotando que foi quem mais fez para os pobres, gerando crescimento e empregos, sem levar em conta que sua pregação está sendo ouvida não apenas por fãs, mas por quase 10 milhões de desempregados. Dilma e Lula falam de respeito, de postura republicana e de Estado de Direito, mas os dois desdizem o que querem fazer os tolos acreditar. Dilma insiste em mentir e Lula, mais agudo, há tempos não se preocupa se a fala de hoje contradiz a de ontem. Empreiteiros, hoje amigos do peito que prestam favores, eram vilões a serem combatidos. Políticos agora parceiros, do naipe de Fernando Collor de Mello, Paulo Maluf e Renan Calheiros, eram o mal em si. O poder econômico, materialização da ganância e da exploração dos pobres, tornou-se o principal aliado. É dele que emanam os milhões que sustentam o PT e o poder, o Instituto Lula, as palestras, os filhos e o que mais a Lava-Jato encontrar.

Ainda assim, Lula berra. Diz que foi sequestrado pela Polícia Federal, que se sentiu aprisionado. Elogia a educação dos agentes que o buscaram em sua casa, mas volta a espumar ao exigir respeito. Teve e merece tê-lo, assim como qualquer um.  Mas Lula quer muito mais. Quer regalias. Sua história seria “suficiente para não ser tratado como pessoa comum”, prerrogativa que Lula, quando presidente, ofereceu ao ex José Sarney, enrolado em diversas ilicitudes. Cabe lembrar que Lula acarinhou o então senador 22 anos depois de garantir à nação que Sarney era “impostor” e “ladrão”.

Nada de novo. Lula sempre foi, é e será assim mesmo. Age só de acordo com sua conveniência pessoal. Distribui perdão e culpa ao valete que o serve no momento. Usa, abusa e descarta.  Sexta-feira, oito e meia da noite. Sem a baixaria da guerra de torcidas organizadas que, estimuladas pela eterna pregação petista do “nós x eles”, durante o dia encenaram mais um espetáculo de intolerância de uns e burrice de muitos, aplausos e buzinas se fizeram ouvir em diversas capitais em apoio à Lava-Jato.

Prova inequívoca de que não adianta tergiversar. A Lava-Jato chegou à Lava-Lula, Lava-Dilma, Lava-PT, Lava-Aliados. E, ainda que as pessoas que insistem em não se enquadrar entre as comuns tentem, não há caminho de volta que impeça o país de lavar a sua alma.

Por: Mary Zaidan jornalista. E-mail: zaidanmary@gmail.com Twitter: @maryzaidan