Em 1971, ganhei uma bolsa para estudar nos USA. Foi um seminário sobre desenvolvimento econômico na Harvard University.
Em um encontro com um professor, eu propus uma simples pergunta a ele. Qual o principal fator (citando apenas um), para explicar a diferença do desenvolvimento americano e o brasileiro, ao longo dos 500 anos de descobrimento de ambos os países?
O então o mestre sentenciou sem titubear: a justiça!
Explicou ele em poucas palavras:
“A sociedade só existe e se desenvolve fundamentada em suas leis e em sua igualitária execução. A justiça é o solo onde se edifica uma nação e sua cidadania.
Se pétrea, permitirá o soerguimento de grandes nações. Se pantanosa, nada de grande poderá ser construído.
Passados quase 50 anos deste aprendizado, a explicação continua cristalina e sólida como um diamante. Sem lei e justiça, não haverá uma grande nação.
Do pântano florescerão os "direitos adquiridos", a impunidade para os poderosos. Daí se multiplicarão as ervas daninhas da corrupção, que por sua vez sugarão a seiva vital que deveria alimentar todas as folhas que compõem a sociedade.
Como resultado se abrirá o abismo da desigualdade. Este abismo gerará violência e tensão social.
Neste ambiente de pura selvageria, os mais fortes esmagarão os mais fracos. O resultado final: o pântano se tornará praticamente inabitável. As riquezas fugirão sob as barbas gosmentas da justiça paquiderme, para outras nações.
Os mais capazes renunciarão a cidadania em busca de terras onde a justiça garanta o mínimo desejado: que a lei seja igual para todos.
Este é o fato presente e a verdade inegável do pântano chamado Brasil! Minha geração foi se esgotando na idiota discussão entre esquerda e direita.
E ainda continua imbecilizada na disputa entre "nós e eles", criada pelo inculto Lula e o séquito lulista.
Não enxergaram um palmo na frente do nariz da essência da democracia. Foram comprados com pixulecos, carros, sítios e apartamentos.
Não sei quantos jovens lerão este texto e terão capacidade de interpretar e aprofundar a discussão.
Aos meus quase 70 anos, faço o que está ao meu pequeno alcance.”
Percival Puggina - Transcrito do site