VOZES - Gazeta do Povo
Neste ano, o Presidente do Brasil visitou 26 países e ficou 62 dias fora.
No balanço, essa política externa viajante parece ter gerado mais desgaste que ganhos.
Em Buenos Aires, em entrevista à Rádio Mitre, Bolsonaro ironizou as viagens internacionais de Lula, dizendo que quando voltar a ser presidente vai nomeá-lo ministro do Turismo.
O pior é Lula ter que engolir isso, em razão da opção feita por países onde o autoritarismo abafou a democracia e por objetivos no mínimo polêmicos, que não são aprovados pela maioria do público brasileiro e nem sequer são compreendidos pelo seu próprio público.
E sem resultados práticos: o investimento estrangeiro em setores produtivos no Brasil caiu 40% até setembro.
Com dois meses de governo, Lula já criava tensão com o mais tradicional parceiro do Brasil, os Estados Unidos, ao autorizar que dois navios de guerra iranianos – uma fragata e um porta-helicópteros – fossem acolhidos no porto do Rio de Janeiro.
Os americanos, reconhecendo a soberania brasileira, recomendaram que não os acolhesse, pois se trata de navios que facilitam o terrorismo e já tiveram sanções da ONU.
Lula os recebeu às vésperas da visita oficial a Washington.
O Irã é parte do “eixo do mal”, segundo o governo americano.
Lula também defende abertamente os regimes de Cuba, Nicarágua e Venezuela.
Em maio, em Brasília, tentou limpar a imagem de Maduro na reunião de Presidentes Sul-Americanos.
Falou em democracia relativa e até em Maduro defensor dos direitos humanos, irritando profundamente o socialista do Chile, Gabriel Boric.
Um mês antes, havia sugerido que a Ucrânia cedesse a Crimeia para acabar com a guerra.
Por meia dúzia de vezes defendeu uma governança global para cuidar da Amazônia, arrepiando os nacionalistas brasileiros.
E, provocando arrepios também nos que prezam a representação popular, por algumas vezes argumentou que é preciso uma ordem supranacional para cuidar de certos assuntos, principalmente do clima, porque os acordos e tratados têm sido anulados pelos congressos nacionais.
É a ideia da Nova Ordem Mundial.
Depois do ataque terrorista do Hamas, o governo brasileiro mostrou a mesma hesitação que agora demonstra ante as ameaças de Maduro contra a Guiana.
Fica fácil perceber que o presidente não consegue esconder suas simpatias.
E o mundo, principalmente a Europa, percebe que o Brasil tem um presidente que não condena agressores.
E o acordo Mercosul-União Europeia foi pelo ralo.
Aliás, o Mercosul, pelo jeito, vai estagnar.
Lula mandou marqueteiros para impedir a vitória de Milei, coisa que o vencedor não vai esquecer. E não terá amigos do peito no Paraguai, Uruguai e Argentina.
A vizinhança toda certamente esperava uma ação decisiva de Lula para impedir as fanfarronices de Maduro, mas o que se vê é uma reação pastosa, sem assumir a responsabilidade de quem tem crédito com o vizinho belicoso.
Os áulicos anunciaram aos quatro ventos que Lula poderia mediar o conflito Rússia-Ucrânia e encontrar a paz;
- que poderia mediar a liberação dos reféns do Hamas, e resolver a questão Israel-Palestina.
Tudo geograficamente longe dos brasileiros e fácil de esquecer sem cobrar. Restaria a fama de ser o pacificador potencial.
Agora a questão está aqui, ao lado do Brasil, e Lula em vez de ir pessoalmente a São Vicente tentar alguma coisa, manda Celso Amorim, como observador.
O Brasil vai ficar olhando, observando a oportunidade passar. Viajando. Nem a conta das viagens compensou e fica no ar a cobrança da mediação brasileira, na expectativa criada pela propaganda.
Em 2007, o Rei Juan Carlos perguntou a Chavez ¿Por qué no te callas? Quando será que Lula vai perguntar a Maduro ¿Por que no paras?
Conteúdo editado por: Bruna Frascolla Bloise
Alexandre Garcia, colunista - Gazeta do Povo - VOZES