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sexta-feira, 2 de novembro de 2018

Dinheiro sujo

O cidadão vai economizar bilhões com o fim da "comunicação social transparente"



Publicado na edição impressa de VEJA

A certa altura em uma entrevista já como o próximo presidente do Brasil, no último domingo, Jair Bolsonaro disse que seu governo, entre diversas outras coisas, vai “diminuir” as verbas que o Erário paga hoje a uma certa rede de televisão e a um certo jornal diário para publicarem anúncios de propaganda oficial. Há pelo menos um erro sério nessa promessa: o verbo “diminuir”. A única palavra correta no caso, já que ele tocou no assunto das relações entre imprensa e governo, é “acabar”. Para os dois, a televisão e o jornal? Sim, para os dois — e para todos os outros veículos de comunicação do Brasil, sem nenhuma exceção. Por que contentar-se em roubar menos da população que paga por tudo isso, se há a oportunidade de não roubar nada? É a coisa mais fácil do mundo. Não existe nenhuma lei que obrigue o governo a jogar dinheiro fora com a imprensa. Não é preciso pedir licença ao STF ou ao Congresso, por mais que ambos acabem passando mal com isso. Também não há que pedir autorização da ONU, como o PT poderia exigir. Basta decidir que a partir de 1º de janeiro de 2019 o Tesouro Nacional não pagará mais nem um tostão para publicar anúncios na mídia deste país.

O fato é que não poderia haver momento melhor para começar a limpeza dessa usina de lixo que se chama “área de comunicação social do governo”. A maioria dos jornalistas brasileiros, com a concordância de seus empregadores, está combatendo há meses numa guerra sem quartel contra os perigos de ditadura que, segundo eles, apareceram no Brasil com o novo presidente. Então: propaganda para as massas, elites e tudo o que vem no meio das duas é uma das armas mais perversas das tiranias em todo o mundo e em todas as épocas. Que tal ficarmos livres dessa — pelo menos dessa? Bolsonaro, ao acabar com tamanha lavagem cerebral, estaria fazendo um gesto de paz para acalmar um pouco os comunicadores. “Estão vendo?”, poderia perguntar. “Vou abrir mão dos bilhões que tenho para comprar a aprovação da opinião pública”. Os jornalistas e seus patrões, por seu lado, não poderiam reclamar por estar perdendo essa dinheirama — fica ruim, de fato, falar mal da ditadura porque o ditador parou de lhes pagar. Além do mais, por que não reclamam de nada hoje? Já recebem dinheiro sujo. Não ficará limpo com o fascismo que anunciam.

O fato, para não ficar enganando o leitor com complexidades que não existem, é que, de todos os 1.001 pés-de-ca­bra à disposição do governo para roubar dinheiro do contribuinte, a propaganda oficial é um dos mais hipócritas. Não tem nada de pública — ao contrário, é puro negócio privado, bom só para quem manda no governo, os donos e empregados dos órgãos de imprensa e todos os intermediários que se movem entre uns e outros. Não tem a menor utilidade para o cidadão. Também não há ninguém pedindo “comunicação”. Você já viu alguma multidão sair à rua exigindo “publicidade já?”. Não existe em democracia alguma do planeta; ninguém jamais ouviu falar em “Inglaterra para Todos”, ou “Acelera, Holanda”. Em compensação, é oxigênio puro para ditaduras e governos de países subdesenvolvidos pelo mundo afora. Fala-se, é claro, na necessidade de publicar editais, leis, nomeações e outros atos do governo. Parem de fingir.

Tudo isso pode ser escrito no Diário Oficial, que já é do poder público e tem de ser divulgado de qualquer jeito. Quem estiver interessado que compreou que se paguem os trocados que a mídia privada cobra por esse tipo de anúncio. Mas não é disso que estamos falando, não é mesmo? O que interessa é o dinheiro grosso que os governos pagam para dizer como são bons para você. Bolsonaro fala em “critérios técnicos” para distribuir a publicidade em seu governo. Que piada. Não há aí nada de critério nem de “técnico” — é puro desvio de dinheiro público para bolso privado.

Esqueçam as “campanhas de vacinação” que a mídia divulga em seu noticiário normal, ou “a obrigação de prestar contas ao público”. Quem está interessado, ou acredita, nisso? E os “pequenos veículos”, ou grandes, que morreriam sem a propaganda oficial? Problema deles — que arrumem leitores e anúncios privados para ganhar sua vida. A verdade é uma só: o cidadão vai economizar bilhões com o fim da “comunicação social transparente”, sem contar o que deixará de ser gasto com os milhares de funcionários empregados nesse falso serviço. Um governo que tem cerca de 800.000 servidores na ativa tem também a obrigação de tirar dali os que são realmente necessários para o trabalho de comunicação que realmente deve ser feito. O resto é safadeza.


J R Guzzo - Fatos - Veja


quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Dilma 2, a recaída

Todo mundo dizia que a desaceleração chinesa terminaria por derrubar o preço dos principais produtos de exportação

O governo Dilma 2 está cada vez mais parecido com o Dilma 1. Começou propondo uma guinada de política econômica, até deu início prático ao novo modelo comandado pelo ministro Joaquim Levy, mas tem tido sucessivas recaídas no modo Guido Mantega.

As últimas semanas mostraram três tipos de recaída: o recurso ao marketing; o improviso na gestão; e colocar a culpa de tudo em alguém lá fora, no momento, os chineses.

Uma quarta característica do Dilma 1, o otimismo, não pode ser praticada neste momento por razões óbvias. A situação econômica é muito pior e vem piorando. Não há cegueira que esconda isso. Mesmo assim, a presidente saiu para um tipo de otimismo invertido.

Ok, a crise é maior do que ela dizia ser. Também mais longa, de modo que não poderia prometer para o próximo ano “uma situação maravilhosa”. O que estaria abaixo de “maravilhosa”? Se for, digamos, “muito bonita”, também não dá para prometer. Sequer uma “bonitinha”. Simplesmente boa? Também não cabe.

Não tem como escapar de um ano difícil, mas, mesmo admitindo a qualificação, a presidente ressalva, de novo: não teremos “dificuldades imensas, como muitos pintam”.
Se não são imensas, seriam apenas grandes? E por aí vai. A técnica é fugir das palavras que descrevem a realidade: recessão e desemprego, com inflação e juros altos.

Esqueçam as maravilhosas e as imensas. O Brasil está em recessão, ficando mais pobre neste ano e um pouco mais em 2016. O desemprego é de 8,5%, com tendência de alta. A inflação, hoje na casa dos 9% ao ano, subtrai renda das famílias, que estão mais endividadas.

Fazer o quê? Aqui entra uma legítima argumentação Dilma/Mantega: é a economia internacional, no caso, a crise da China.  A China, nossa principal parceira comercial, entrou em desaceleração, oficialmente, digamos, em 2012. O país, que crescia a 9,5% ao ano, caiu para a faixa dos 7% — e o novo governo anunciou que esse era o “novo normal”, em um momento de mudança no modelo econômico.

Todo mundo sabia e dizia que a desaceleração chinesa terminaria por derrubar o preço dos principais produtos brasileiros de exportação, minério de ferro e soja. Em resumo, todo mundo sabia que a era CCC China, commodities e crédito/consumo — chegara ao fim não apenas para o Brasil, mas todos os emergentes.

Só agora, pelo menos três anos depois, a presidente Dilma percebeu isso? Duas questões: ela de fato não sabia ou sabia e tratou de esconder isso dos brasileiros? O que seria pior? A política de ajuste e reformas ortodoxas introduzida com a colocação de Levy no Ministério da Fazenda era uma confissão tácita de erro. Isso não foi admitido — ao contrário, era uma “continuidade” — mas, de umas semanas para cá, parece que a presidente começa a se arrepender.

Chamou os marqueteiros, o pessoal que não resolve nada, mas cria a tal agenda positiva. Por exemplo: cortar dez ministérios.
Quais? Ainda não se sabe, a estudar.
Economia de gasto? Alguns milhões.

Medida imediata? Colocar à venda uns prédios que estavam fechados há tempos, incluindo uma cobertura na Barra. Se vender tudo, dá uns 90 milhões de reais. Para se ter uma ideia: na preparação do Orçamento de 2016 parece que estão faltando R$ 90 bilhões para fechar as contas. Outra dos marqueteiros: inundar a mídia de propaganda oficial, mostrando um país, aqui sim, maravilhoso.

No recurso ao improviso (ou trapalhadas), o governo conseguiu arrumar R$ 15 bilhões para pagar a primeira parcela do 13º dos aposentados do INSS. Não faz duas semanas, o ministro Levy havia dito que não tinha o dinheiro, que só pagaria em novembro. Pegou mal, Lula reclamou, a presidente mandou pagar tudo agora. Se tem o dinheiro para isso, então o ministro Levy mentiu. Como ele é de uma franqueza até rude, pode-se entender o seguinte: não há dinheiro se a meta de fazer economia for a sério. Nesse caso, o aparecimento súbito dos R$ 15 bilhões indica que se caminha na direção contrária, de déficit.

Reparem: o governo arrumou um gasto imediato de R$ 15 bilhões e colocou um anúncio de venda de imóveis que podem dar uns R$ 90 milhões. Isso é um típico ajuste fiscal à Mantega.

DESTRUIÇÃO DAS FEDERAIS
A coluna da semana passada, sobre a longa greve das universidades federais, trouxe manifestações de professores inconformados com a situação. Como Rodrigo Paiva, da UFF, que contou: dos 70 professores do Departamento de Física, apenas três aderiram à greve. Os demais 67 não conseguem dar aulas porque a direção da universidade não faz as matrículas.

Outra: a UFF tem 3.100 professores. A greve foi decidida em assembleia com pouco mais de cem docentes.

Na Federal do Rio Grande do Sul, foi feita uma votação eletrônica, da qual participaram 1.247 professores. Greve rejeitada por uma maioria de 54,5%.

Fonte: Carlos Alberto Sardenberg, jornalista -
www.sardenberg.com.br

sexta-feira, 20 de março de 2015

Agonizando em praça pública



Thomas Traumann deve rodar
As últimas 24 horas demonstraram com rigor a crise profunda em que o governo Dilma está mergulhado, agregando uma série de problemas criados por seu próprio entorno aos que já estão sobre a mesa desde a reeleição. Dois fatos especialmente aumentaram a pressão sobre o governo: um documento atribuído à Secretaria de Comunicação (Secom) com sugestões absurdas da tática a ser usada para tentar reverter a popularidade negativa do governo; e a crise criada por um comentário do ministro Cid Gomes, repetindo como farsa uma frase de Lula em 1989 sobre a quantidade de picaretas e achacadores que o Congresso abriga.

Não bastassem os problemas que o governo tem que enfrentar sem apoio da base aliada, que continua dividida entre seus próprios interesses e a tentativa de fazer populismo num momento de grave crise econômica, vem o ministro Cid Gomes levar para dentro do Palácio do Planalto uma crise política que seria dispensável nesse momento.  Lula já dissera, quando terminou seu mandato de deputado constituinte, que havia 300 picaretas no Congresso. Essa sua frase não foi obstáculo a que, anos mais tarde, fizesse acordos políticos com a maioria desses picaretas, e mais alguns que surgiram pelo caminho.

Já Cid Gomes, depois de ter dito coisa similar, saiu ontem do Congresso debaixo de críticas contundentes, que recebiam aplausos dos “achacadores” de plantão. Para o ex-governador do Ceará, há no Congresso entre 300 e 400 deputados que vivem do quanto pior, melhor. Seriam os “achacadores” do governo, que, disse ele na fala em que supostamente pediria desculpas, deveriam “largar o osso”.

Sua maneira arrogante de se dirigir ao Congresso, até mesmo apontando o dedo para o presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha, dizendo que preferia ser chamado de mal educado a ser acusado de achacador como Cunha o fora pelo Ministério Público, só fez piorar a situação, embora possa ter tido sucesso em setores do Palácio do Planalto que pensam como ele e não podem explicitar esse sentimento.

Não está aqui em questão se o ministro da Educação tem ou não razão, ou se ele é a pessoa mais adequada para fazer essa acusação. Cid Gomes simplesmente atravessou a calçada para escorregar em uma casca de banana, e o pedido de demissão é uma consequência lógica da pressão do PMDB, mas o que importa é que governo vai agonizando em praça pública.

Só um governo destrambelhado, sem comando e sem rumo como esse, não resolve esse problema com a demissão do ministro no momento exato em que a frase foi divulgada, não importa se o conteúdo é verdadeiro ou não. E também só em um governo que está em seus estertores acontece o vazamento de um documento como o da Secom. E só num governo incompetente alguém coloca no papel propostas tão absurdamente ilegais como se fossem naturais. Como, por exemplo, reconhecer que há uma simbiose entre o aparato oficial de comunicação do governo e os do PT, além de elementos externos, como os chamados “blogueiros sujos”, classificados de “soldados” de fora do governo, pagos para fazer uma “guerrilha” de informação:
“As responsabilidades da comunicação oficial do governo federal e as do PT/Instituto Lula/bancada/blogueiros são distintas. As ações das páginas do governo e das forças políticas que apóiam Dilma precisam ser muito melhor coordenadas e com missões claras. É natural que o governo (este ou qualquer outro) tenha uma comunicação mais conservadora, centrada na divulgação de conteúdos e dados oficiais. A guerrilha política precisa ter munição vinda de dentro do governo, mas ser disparada por soldados fora dele.”

Diz também o documento atribuído à Secom e não desautorizado, que “a publicidade oficial em 2015 deve ser focada em São Paulo, reforçando as parcerias com a Prefeitura. Não há como recuperar a imagem do governo Dilma em São Paulo sem ajudar a levantar a popularidade do Haddad. Há uma relação direta entre um e outro.”

Não é com propaganda que os governos, o de Dilma e o do prefeito Fernando Haddad, recuperarão a popularidade perdida devido à incompetência no trato das questões do dia a dia do cidadão-eleitor. Só fatos, decisões concretas, reconhecimento de erros, farão com que seja possível pensar em uma recuperação de imagem. E assim mesmo sem garantia de sucesso.
A proposta só demonstra claramente como o governo Dilma se confunde com o PT e não tem uma visão global, nem dos problemas nem das soluções.
Um governo para todos, balela da propaganda oficial.

Por: Merval Pereira – O Globo