O ex-presidente Lula encontra-se ao pé do patíbulo da
Justiça como réu. Obstruir a “Lava-Jato” teria sido o menor de seus
delitos. Investigado, com provas, testemunhos e evidências de benefícios
ilegais, frutos de corrupção, o líder petista é ainda acusado pelo
Ministério Público Federal de “participar ativamente do esquema
criminoso na Petrobras”.
Sem meias palavras, sem subterfúgios ou
tergiversações, ele foi colocado diretamente no centro da gatunagem que
lesou o País como nunca antes na história. Quatro procuradores da
República subscreveram o relatório em 70 páginas, pontuando em detalhes o
seu envolvimento e a maneira como ele se locupletou da “estrutura
delituosa”. Lula, pelo que dizem os agentes da lei, não apenas tinha
ciência do que acontecia ali. Indicou membros da quadrilha. Loteou
cargos. Incentivou o caixa dois. Deu margem às fraudes e levou
vantagens. Figuras centrais do Petrolão, segundo registra o documento,
orbitavam em torno dele e do Partido dos Trabalhadores.
E mesmo após o
término do seu mandato presidencial elas continuaram a lhe abastecer,
direta ou indiretamente, com repasses financeiros. No todo e em cada
capítulo, o libelo dos procuradores é uma peça acusatória definitiva
sobre a qual não pesam dúvidas de interpretação quanto ao seu objetivo e
teor. Diante da substancial denúncia será difícil para o chefão petista
recorrer à surrada alegação de que nada sabia. À época do Mensalão
funcionou. Dessa vez, não. Aos olhos de seus inquisidores, ele está
longe de ser a “viva alma mais honesta do Brasil”, como declamou aos
quatro ventos inúmeras vezes. Ao contrário: encontra-se mais encalacrado
do que seus asseclas. Um revés e tanto na imagem de impoluto
representante das massas. Lula prevaricou e deixou prevaricar em quase
uma década de poder – e manteve a prática por anos adiante, contando na
soma os mandatos da pupila e seguidora Dilma. Para quem no passado, tal
qual um paladino da moralidade, já insinuou que o Congresso tinha ao
menos 300 picaretas, ele agora desponta no mesmo clube, no abre-alas,
como a mergulhar numa sina inescapável.
Em várias frentes o clã
lulopetista vê chegar a hora da verdade. Sua mulher, Marisa Letícia, e o
filho, Fábio Luis Lula da Silva, foram intimados dias atrás a prestar
esclarecimentos na polícia. Dona Marisa por conta do sítio em Atibaia e
da milionária reforma que, só na cozinha “gourmet”, consumiu R$ 252 mil,
bancados generosamente pela alma caridosa do titular da empreiteira
OAS, Léo Pinheiro. O herdeiro, Lulinha, por sua vez, foi chamado a
explicar a incrível evolução patrimonial que obteve e a relação com os
seus sócios em negócios duvidosos. O capo Lula terá também de driblar as
alegações do procurador-geral Rodrigo Janot, para quem não há nada de
irregular nas intercepções telefônicas de suas conversas que (defende
ele) deveriam ser validadas como prova de ilícitos.
Sem ter para onde
fugir, o ex-presidente apela à tática da vitimização e tenta empurrar a
briga para o terreno político. Se diz perseguido e fez a patacoada de
pedir a intervenção da ONU no seu julgamento. Curiosamente Lula mirou
Sergio Moro, da primeira instância, como algoz e inimigo número um. Está
desesperado para sair de suas garras. Contra ele é que a banca petista
de 20 advogados está reclamando no comitê de direitos humanos das Nações
Unidas. Lula desconsiderou apelações a instâncias superiores internas,
ignorou processos contra ele de diversas outras varas de justiça fora da
alçada de Moro e partiu para um tribunal internacional na tentativa
insana de esculachar a democracia brasileira.
Transformar em chicana a
apuração de seus malfeitos não diminui a gravidade dos erros cometidos. E
diante do mar das irregularidades já levantadas, o que muitos se
perguntam – e rogam a apresentação de uma pronta resposta, em favor do
primado da ordem constitucional – é o que está faltando para que o
chefão Lula vá parar atrás das grades e tenha uma condenação reparatória
expedida? Com a palavra os juízes.
Fonte: Carlos José Marques - Diretor Editorial - Isto É