Blog Prontidão Total NO TWITTER

Blog Prontidão Total NO  TWITTER
SIGA-NOS NO TWITTER
Mostrando postagens com marcador Carlos José Marques. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Carlos José Marques. Mostrar todas as postagens

sábado, 19 de novembro de 2016

O Caldo entornou - O Rio de Janeiro sente as chagas deixadas pela corrupção endêmica e pela irresponsabilidade administrativa sem limites.

O Rio de Janeiro sente as chagas deixadas pela corrupção endêmica e pela irresponsabilidade administrativa sem limites. 

Gestores se lambuzaram na fartura de recursos do pré-sal, nas concessões irrestritas lançadas de maneira inconsequente na era Lula/Dilma, nos aportes da Copa do Mundo, da Olimpíada, no dinheiro que jorrava sem controle. E fizeram a festa. Quebraram o Estado. Saquearam o cofre. Mandaram às favas qualquer compromisso fiscal. Deixaram de lado o planejamento, a preocupação com provisão para eventuais apertos de caixa. 

Gastaram descontroladamente e desviaram mais ainda. O cenário mudou. A crise econômica, a crise do petróleo, a crise da instabilidade, a crise-mãe de todas as crises com o impeachment tomaram conta. E eles não estavam preparados. Não reservaram sequer um minuto de preocupação com o avanço do risco. Era tudo uma grande farra. A conta veio. 

Pesada. Implacável. Deprimente decadência do poder público enxerga-se naquelas paragens, causando estupor no Brasil e no Mundo. Vivem-se dias de caos por ali com arruaceiros organizando rebeliões. Quebra-quebras e confrontos são constantes. Inclusive deserções das forças convocadas a marchar pela ordem. A Cidade Maravilhosa agora é símbolo de uma tragédia prenunciada nas falcatruas, conchavos e fisiologismo de homens públicos que não deram o menor respeito ao voto recebido nas urnas. Dois ex-governadores presos em menos de 24 horas. O atual, Pezão, sitiado, jogando a toalha, perdendo por completo o controle da máquina, à mercê de baderneiros que tentam impor a ideia do quanto pior, melhor. O pacote de austeridade, com restrições agudas, recaiu sobre os servidores e a reação foi grande. Faz sentido. Em um governo marcado por distorções absurdas, privilégios ao Legislativo e ao Executivo são mantidos enquanto trabalhadores têm de pagar o pato. Mordomias de transporte, de subvenção de combustível e até para a compra de mil selos per capita aos parlamentares fluminenses persistem enquanto hospitais, escolas e salários ficam à míngua.

Há uma desfaçatez tremenda de políticos que não cessa nem mesmo com a evidente saturação da sociedade sobre o seu comportamento. A turma de parlamentares federais que faz agora de tudo para barrar as medidas anticorrupção e que tenta anistiar o caixa dois [lembrando que é mera manobra dissuasiva a ideia de anistiar o caixa dois, que apesar de repugnante não é crime e qualquer lei que venha a tipificar aquela prática  como crime só será válida a partir do dia de sua promulgação.]  também se encontra nessa categoria deplorável de figuras que usam e abusam do cargo para advogar em causa própria. Só isso explica a forma como essa gente atua para travestir de corretas suas más intenções. A defesa do foro privilegiado e de todos os privilégios, a delinquente atuação para limitar o arco de investigações da Lava-Jato, a protelação imoral do projeto que estabelece um teto de gastos (em respeito aos recursos dos brasileiros pagadores de impostos e cumpridores do dever) são manobras de quem não está nem aí com o futuro e a estabilidade da Nação. 

E o povo, carente de líderes diligentes do patrimônio, entra em parafuso. Loucos extremistas, agindo como “Black blocs” que a tudo querem destruir, se aproveitam do momento para por em anarquia o ambiente. Ditam o ritmo de aberrações durante os protestos. Aconteceu em Brasília tal qual no Rio. Invadiram o Congresso. Promoveram a bagunça. Violentaram o poder constituído e vandalizaram instalações, fazendo da Câmara o seu picadeiro de pilhérias. Fascistas ensandecidos pregaram a volta dos militares. Enalteceram a ignóbil ditadura dos anos de chumbo. Precisam receber repúdio e punição exemplares pelo desrespeito e por suas práticas deletérias. Erraram e continuam a errar muitos. 

Principalmente as autoridades que deixaram o País alcançar tamanho estágio de convulsões. Não é possível crer em solução adequada sem a investigação a fundo pela banca da justiça sobre os responsáveis por tamanho estrago. Doa a quem doer, facínoras de qualquer escalão precisam ir parar atrás das grades. Somente após a limpeza ética será possível experimentar um sopro de modernidade nas relações políticas, com boas consequências no campo econômico e social. Sem camaradagens ou proteção à camarilha.  

No tribunal do povo a resposta já vem sendo dada como foi possível notar via enxurrada dos votos em branco, nulos e das abstenções nas eleições municipais – algo passível de acontecer novamente mais adiante nas disputas majoritárias. O fato insofismável é que a democracia clama por respeito aos cidadãos. E os políticos precisam logo acordar para isso ou serão implacavelmente condenados.

Fonte: Editorial - Isto É - Carlos José Marques


 

sábado, 13 de agosto de 2016

A punição de Lula

O ex-presidente Lula encontra-se ao pé do patíbulo da Justiça como réu. Obstruir a “Lava-Jato” teria sido o menor de seus delitos. Investigado, com provas, testemunhos e evidências de benefícios ilegais, frutos de corrupção, o líder petista é ainda acusado pelo Ministério Público Federal de “participar ativamente do esquema criminoso na Petrobras”. 

Sem meias palavras, sem subterfúgios ou tergiversações, ele foi colocado diretamente no centro da gatunagem que lesou o País como nunca antes na história. Quatro procuradores da República subscreveram o relatório em 70 páginas, pontuando em detalhes o seu envolvimento e a maneira como ele se locupletou da “estrutura delituosa”. Lula, pelo que dizem os agentes da lei, não apenas tinha ciência do que acontecia ali. Indicou membros da quadrilha. Loteou cargos. Incentivou o caixa dois. Deu margem às fraudes e levou vantagens. Figuras centrais do Petrolão, segundo registra o documento, orbitavam em torno dele e do Partido dos Trabalhadores. 

E mesmo após o término do seu mandato presidencial elas continuaram a lhe abastecer, direta ou indiretamente, com repasses financeiros. No todo e em cada capítulo, o libelo dos procuradores é uma peça acusatória definitiva sobre a qual não pesam dúvidas de interpretação quanto ao seu objetivo e teor. Diante da substancial denúncia será difícil para o chefão petista recorrer à surrada alegação de que nada sabia. À época do Mensalão funcionou. Dessa vez, não. Aos olhos de seus inquisidores, ele está longe de ser a “viva alma mais honesta do Brasil”, como declamou aos quatro ventos inúmeras vezes. Ao contrário: encontra-se mais encalacrado do que seus asseclas. Um revés e tanto na imagem de impoluto representante das massas. Lula prevaricou e deixou prevaricar em quase uma década de poder – e manteve a prática por anos adiante, contando na soma os mandatos da pupila e seguidora Dilma. Para quem no passado, tal qual um paladino da moralidade, já insinuou que o Congresso tinha ao menos 300 picaretas, ele agora desponta no mesmo clube, no abre-alas, como a mergulhar numa sina inescapável. 

Em várias frentes o clã lulopetista vê chegar a hora da verdade. Sua mulher, Marisa Letícia, e o filho, Fábio Luis Lula da Silva, foram intimados dias atrás a prestar esclarecimentos na polícia. Dona Marisa por conta do sítio em Atibaia e da milionária reforma que, só na cozinha “gourmet”, consumiu R$ 252 mil, bancados generosamente pela alma caridosa do titular da empreiteira OAS, Léo Pinheiro. O herdeiro, Lulinha, por sua vez, foi chamado a explicar a incrível evolução patrimonial que obteve e a relação com os seus sócios em negócios duvidosos. O capo Lula terá também de driblar as alegações do procurador-geral Rodrigo Janot, para quem não há nada de irregular nas intercepções telefônicas de suas conversas que (defende ele) deveriam ser validadas como prova de ilícitos. 

Sem ter para onde fugir, o ex-presidente apela à tática da vitimização e tenta empurrar a briga para o terreno político. Se diz perseguido e fez a patacoada de pedir a intervenção da ONU no seu julgamento. Curiosamente Lula mirou Sergio Moro, da primeira instância, como algoz e inimigo número um. Está desesperado para sair de suas garras. Contra ele é que a banca petista de 20 advogados está reclamando no comitê de direitos humanos das Nações Unidas. Lula desconsiderou apelações a instâncias superiores internas, ignorou processos contra ele de diversas outras varas de justiça fora da alçada de Moro e partiu para um tribunal internacional na tentativa insana de esculachar a democracia brasileira. 

Transformar em chicana a apuração de seus malfeitos não diminui a gravidade dos erros cometidos. E diante do mar das irregularidades já levantadas, o que muitos se perguntam – e rogam a apresentação de uma pronta resposta, em favor do primado da ordem constitucional é o que está faltando para que o chefão Lula vá parar atrás das grades e tenha uma condenação reparatória expedida? Com a palavra os juízes.

Fonte: Carlos José Marques - Diretor Editorial - Isto É
 

sábado, 23 de julho de 2016

A volta da governabilidade

Vencidos os primeiros dois meses desde a troca de guarda no Planalto, está evidente para todo mundo que o País finalmente voltou a ter governo. E com ações concretas dirigidas aos interesses da Nação. Não meramente eleitoreiras, de autopreservação, como ocorria até recentemente com a presidente afastada Dilma. A diferença entre o cenário caótico dos tempos de Dilma e o que se experimenta agora é abissal. Aquela sensação tenebrosa de ausência de direção e de confiança nas deliberações do Executivo vai aos poucos se dissipando, ficando para trás como lembrança de um pesadelo que ninguém quer vivenciar de novo.

Temer e o seu “dream team” da economia estão injetando otimismo, abrindo espaço a soluções criativas para os inúmeros problemas que herdaram. O sopro de credibilidade é fruto da percepção de que o atual comando está efetivamente compromissado com resultados. A proposta de renegociação da dívida dos estados, o projeto que dá maior transparência às agências reguladoras, a nova lei das estatais, o incremento das parcerias público/privadas – com a abertura, inclusive, do controle de subsidiárias dos Correios – são apenas algumas das medidas positivas em andamento que revestem de ânimo essa nova fase de gestão do Estado.

Sem contar no balaio as sonhadas reformas estruturais, entre as quais a da Previdência, que devem finalmente entrar em pauta. Dilma atravessou quase dois mandatos implodindo com os fundamentos da economia, legando a maior recessão de todos os tempos, abrindo espaço e fazendo vista grossa a uma corrupção monumental. Havia largado a administração pública à própria sorte. Não arbitrava nada. Não planejava. Tocava os estouros de caixa com pedaladas criminosas, sem critério, e lances de populismo escrachado e irresponsável que só agravavam o quadro.

De uns tempos para cá, a então mandatária não fazia outra coisa que não campanha em interesse próprio, montando verdadeiros comícios no Palácio e estimulando a anarquia sindical que lhe dava apoio em troca de generosas subvenções. A caricatura de uma chefe de estado perdida em propostas inexequíveis é reforçada pelos movimentos de Dilma longe do poder: ela fala em realização de eleições gerais antecipadas, promete manter a equipe econômica de Michel Temer, diz que vai colocar o Congresso no prumo.

Delira, divaga e exibe em praça pública sua inapetência notória para o cargo que um dia ocupou. Nas rodas de conversa de variados segmentos da sociedade a impressão que hoje prevalece, referendada inclusive em pesquisas de opinião, é a de que seu eventual retorno representaria um desastre de proporções inimagináveis, quebraria a economia de vez e mergulharia o País nas trevas da ruptura social. Boa parte da população sente calafrios diante da mera hipótese de repetição do ambiente de desmandos petistas.

No contrafluxo, o mercado vive dias de crescente tranquilidade com as ideias e decisões de Temer. Aposta todas as fichas na sua permanência. Reconhece nele a habilidade política para negociar temas áridos e para conquistar apoio do Congresso a iniciativas antes abandonadas. São duas visões bem distintas sobre os estilos de gestão em jogo, que devem pesar na hora da votação do impeachment. A irredutível Dilma faz pouco caso das demandas parlamentares e do necessário entendimento com senadores e deputados.

É o retrato da empáfia, da teimosia e da convicção irrevogável de que só ela governa. Foi assim nos idos do seu (des)governo e por incrível que pareça será, na sua visão, a fórmula a ser repetida na cada vez mais remota alternativa de seu retorno. Sem base de sustentação, nem apoio popular, Dilma parece sonhar com a consagração de um poder autocrático, fora de qualquer contexto e sintonia com as atuais necessidades do Brasil. Entre Dilma e Temer, nem os partidários dela, se tiverem algum juízo e compromisso com os votos que receberam, devem cometer a sandice de apoiar essa senhora.

 Fonte: Editorial - Isto É - Carlos José Marques


domingo, 26 de junho de 2016

As margens estreitas do Rio em crise

O Rio pede socorro. Vivendo um colapso financeiro sem precedentes decretou estado de calamidade pública às vésperas da Olimpíada. Foi a alternativa que restou para angariar dinheiro extra da União. Recebeu assim quase R$ 3 bilhões em aporte destinado a despesas emergenciais. É um pingo d’água para saciar a sede de recursos. A decretação de “calamidade” pegou o mundo de surpresa. Literalmente. Todos já estavam com os olhos voltados para lá diante da iminência dos Jogos. Ninguém esperava tamanha penúria. Só mesmo os cidadãos que já sofriam ali os reflexos desse quadro de escassez. A medida extrema de calamidade normalmente só é aplicada em casos de desastres naturais de grandes proporções, geralmente imprevisíveis. Na visão de especialistas, não cabia tal classificação e, por isso mesmo, o decreto carregaria um vício de inconstitucionalidade. 

Foi usado, acreditam, para driblar a Lei de Responsabilidade Fiscal que não permite transferências de verbas para estados inadimplentes. A hecatombe orçamentária da Cidade Maravilhosa vinha sendo construída há algum tempo – daí a contestação. Ela alcançou as raias do insustentável. Hospitais e escolas foram parando ou simplesmente fecharam as portas. Salários entraram em modo de atraso constante. No quesito segurança, todo trabalho de UPPs e rastreamento de quadrilhas do tráfico havia voltado à estaca zero. O drama culminou com a invasão de bandidos armados a uma unidade de saúde para liberar o chefe de uma facção. Com mortes e terror generalizado o episódio retratou a extensão da crise e do descontrole do Estado para zelar por direitos elementares de sua população. O pedido de basta e os protestos estavam estampados pelas ruas e esquinas. A carência de serviços fundamentais em contrapartida aos tributos cobrados virou uma balança de pesos desproporcionais. Não tinha como a situação não desaguar numa pororoca de insolvência. 

As margens apertadas de manobra dão conta da velocidade com que avançaram as dificuldades do Rio. Hoje há um notório inchamento da estrutura e de funcionários. Quadro que foi se agravando com o passar dos anos. Como se chegou até aqui? A unanimidade dos críticos apontam o festival de isenções fiscais, que contemplou até boates e cabeleireiros, como parte do problema. Teria colaborado também o mergulho abissal do preço do petróleo, que afetou significativamente as receitas com royalties. E como cereja do bolo, o demasiado aumento da folha de pagamentos, que subiu ao ritmo de 7% anuais, acima da inflação. No cenário em vigor, as generosas aposentadorias e o calote de dívidas com prestadores de serviço evidenciam a urgente necessidade de reformas administrativas. 

É o único caminho para frear o processo em curso. Algo que já devia ter acontecido. Para o bem geral da Nação, e existe consenso nesse sentido, o Rio vai precisar de ajuda para sair do buraco. O Governo Federal se prestou a dar uma mão. O presidente Michel Temer, diante da perspectiva de humilhação global do País, apontou que esse é um caso especial. Em questão de horas despachou a proposta de liberação de verba. A ajuda excepcional também foi complementada por uma espécie de moratória branda de suas dívidas até o final do ano – medida que contemplou a totalidade de estados da Federação. Temporariamente veio um alívio. Faltam ainda mudanças estruturais para que a sede olímpica brasileira não seja apenas uma paisagem de cartões postais, com muitos podres escondidos por trás do marketing.

 Fonte: Editorial - Isto É - Carlos José Marques


sexta-feira, 6 de maio de 2016

O mito desmorona



Engolfado pela maré de más notícias, Lula percebe que não consegue convencer a Justiça com os mesmos dribles verbais que costuma aplicar no campo político
Ao longo de 13 anos de julgo petista no País, o ex-presidente Lula tratou de enriquecer a sua biografia com uma profusão garbosa de feitos e pitadas de marketing que o converteram em líder impoluto das massas. Surfou a onda do crescimento econômico fácil gerado na estabilidade do real. Embalou o sonho da ascensão de classes. Vendeu o projeto aspiracional de um capitalismo moderno. “Era o cara!”, como dele falou, em um misto de admiração e deboche, o americano Barack Obama. Lula conseguiu tudo e foi também bastante eficaz na determinação de se manter na sela do privilégio. De onde nunca apeou. Mesmo com o passar da faixa, levou junto consigo as facilidades do poder e a ingerência nos seus bastidores para fazer valer interesses inconfessáveis. Perceba-se o alcance da responsabilidade do ex-presidente.

Foi ele quem, na solidão do comando, na ansiedade das madrugadas insones, teve de escolher os bafejados pela regalia. Não houve regra, critério, coisa alguma, a não ser a opção soberana do petista em traçar os domínios da partilha de benesses. Quem não se condói de tamanho voluntarismo não possui sensibilidade. Mal desconfiaram dele, por tempos a fio, seguidores e espectadores da cruzada de oferendas. E agora, como que por um ato final, abre-se a cortina do espetáculo. Lula foi desmascarado por ninguém menos que o Procurador Geral da República. Rodrigo Janot, que ali chegou pelas mãos de seu denunciado, fez desmoronar o mito. Nas palavras solenes do emissário da justiça, baseadas em uma avalanche de provas, delações e evidências, “a organização criminosa jamais poderia ter funcionado sem que o ex-presidente Lula dela participasse”.

Pronto. Ficou afinal delimitado o método de atuação e o responsável. Sacramentou-se nos autos processuais aquilo que todo mundo sabia. Ou, no mínimo, desconfiava. Lula alcançou, por mérito e reconhecimento, o olimpo da bandidagem como uma espécie de “capo” da quadrilha que mais fraudou os cofres públicos. Nunca foi de seu assecla, José Dirceu, como se quis acreditar, o posto de chefe do bando. Durante o escândalo do “Mensalão”, Lula protegeu-se alegando estar coberto pelo manto da mais profunda ignorância. Nada sabia e qualquer acusação o indignava. Os inquisidores deixaram passar. A sociedade aquiesceu. O Brasil vivia a opulência do desenvolvimento sem limites.

Do Mensalão para cá muita coisa mudou. O custo dos desmandos estourou. Ficou evidente. Ninguém mais aceita fechar os olhos a tantos delitos ou relevar a contribuição hierárquica de malfeitores e beneficiários, por mais destacado que seja o papel de cada um deles na República – de empresários a senadores, deputados, tesoureiros, marqueteiros, membros do executivo, muitos já foram parar atrás das grades, numa faxina moral sem precedentes na história nacional. Lula, por sua vez, está a um passo de virar réu e de ser enquadrado na Lei da Ficha Limpa. A denúncia, caso aceita no STF, enterrará de vez as suas pretensões ao Planalto.

Algo impensável para quem de lá saiu, como diz, “nos braços do povo”. Não é, de todo modo, o único dissabor que ele enfrenta. Existem inúmeros processos a pesar sobre sua cabeça. Em seis outras frentes de investigação, o idealizador do PT experimenta a ameaça de derrocada e do apagar do brilho de sua estrela, com riscos reais e crescentes de terminar os dias na cadeia.  Janot o acusa de obstrução da justiça, por tentativa de sabotagem na delação do executivo Nestor Cerveró. Há um pedido de prisão encaminhado à PF. Por todos os lados, rastros indisfarçáveis de vantagens percebidas no sítio, no triplex, nos quase R$ 30 milhões em palestras, fecham o cerco de suspeitas a sua pessoa. E no inquérito-mãe da Lava-Jato, Lula ainda desponta ao lado de 69 denunciados, perfilando na fileira da frente com Eduardo Cunha e Renan Calheiros.

Em muitos momentos dessa escalada, o ex-presidente agiu com uma truculência digna de nota – registrada em áudios para o estupor da plateia. Portou-se como um senhor do engenho, típico da era colonial nas suas paragens, que nada deve de explicações aos serviçais. Distribuiu palavrões. Arrotou valentia. Trovejou imprecações. Mirou autoridades de várias esferas com uma incontinência verbal que, em qualquer país do mundo, seria tratada como desacato. Houve uma circunstância especialmente sublime na cantilena de desaforos, quando ele tachou de “acovardados” a Suprema Corte, o STJ e o Parlamento. Aos poucos veio perdendo o “aplomb”. Notou que de nada lhe valia o papel de vítima.

Os inquéritos avançavam. De uns dias para cá, dizem os interlocutores, Lula tem andado cabisbaixo. Soturno. Não subiu em palanques nas manifestações do Dia do Trabalho. Tem evitado exposições no mesmo ritmo de outrora.  Quem sabe até tenha caído em si sobre a gravidade das acusações que lhe pesam. De uma maneira ou de outra, a autoconfiança foi sendo minada desde a primeira batida policial em sua residência, quando ele foi levado coercitivamente para prestar depoimento. Engolfado pela maré de más notícias, Lula está percebendo, a duras penas, que não consegue convencer a justiça com os mesmos dribles verbais que costuma aplicar em sua defesa no campo político. Para ele e para os demais, nas barras dos tribunais, são as evidências que contam.

E é assim que o Brasil vai assistindo a uma verdadeira ópera-bufa de cenários cambiantes. Com Lula, Dilma, Cunha e Renan estrelando. Cada um deles repleto de denúncias por crimes variados, muito embora neguem até o fim culpa ou participação. É preciso um basta! Não existem mais dúvidas sobre a necessidade de o Brasil ser passado a limpo. Já se vão 10 anos desde as primeiras apurações – uma década inteira! – com o Mensalão. E desde ali as coisas pioraram, com práticas criminosas ainda mais sofisticadas. Ficou provado e registrado que o esquema de pagamento a parlamentares funcionou como uma mera extensão do gigantesco propinoduto montado para saquear a Petrobras e outras estatais, cujo intuito maior era o desvio de caudalosos recursos para os fundos partidários do PT e de siglas aliadas. Nas conclusões da PGR, só Lula, com seu espectro de influência sobre os demais políticos e controle da máquina, poderia estar à frente de uma engrenagem tão verticalizada. De mito a menestrel de maracutaias foi um pulo sem escalas.

Fonte: Revista Isto É – Editorial - Carlos José Marques, diretor editorial


sábado, 30 de abril de 2016

"AS SABOTAGENS DELES DE CADA DIA"

Gatos pingados de manifestantes, concentrados em pontos estratégicos de avenidas e rodovias do País, tocaram fogo em pneus, pararam o trânsito, promoveram a baderna. A intenção era essa mesma. Bagunçar a rotina! Criar tumulto. À revelia da lei. 

Como que autorizados por uma força maior, os ditos movimentos sociais de viés radical querem entornar o caldo. A senha foi dada por ninguém menos que o líder petista Lula que, nos últimos dias, em várias ocasiões, tem dito publicamente: “agora é guerra”. Entenda-se a dimensão do que ele pretende. Na semana passada, em encontro com sindicalistas, Lula lançou a ordem que espera ver obedecida tanto pela cúpula partidária como pelos seus seguidores insanos: “Vamos infernizar o governo Temer! Não se deve colaborar de maneira nenhuma”. A agremiação dos trabalhadores vai financiando a militância para a tática de terror. Dilma, a mandatária às vésperas de ser afastada do Planalto, também leva ao pé da letra as determinações do chefe.  

Orientou assessores e ministros subordinados para a sabotagem: limpem tudo, eliminem dados, soneguem informações ao pessoal do Temer. Dilma está com raiva. Semanas atrás insinuou que as ruas não vão ter paz. Seu ministro Cardozo falou em risco de “convulsão social”. Como podem autoridades da República assumir a ideia do quanto pior, melhor? Não eram eles que reclamavam disso? O plano de boicotar o País é desprezível. Dilma dá guarida aos agitadores. Mais uma vez, nesses momentos derradeiros de poder, a presidente abriu as portas do seu gabinete para que ali se refestelassem os dirigentes da CUT, do MST, do MTST e quetais. Estavam lá os “cabeças” das organizações. Gente como Stédile, a cujo “exército” Lula prometeu recorrer na eventualidade de deposição da presidente. Guilherme Boulos, dos sem-teto, Vagner Freitas, da central de trabalhadores, e Aristides Santos que no Planalto, ao lado de Dilma, já pregou a invasão de propriedades privadas, de gabinetes, fazendas e casas dos brasileiros – completavam a tropa. 

A eles a presidente prometeu cargos, liberou terras, pediu que reclamassem do “golpe”, evocou cumplicidade enquanto deixava no ar a impressão de que simpatizava com a tese de eleições antecipadas. Eis a nova jabuticaba que o pessoal petista deseja plantar para convulsionar ainda mais o ambiente de transição política. Na prática, sabem os defensores da invencionice, não há a menor chance de ela vingar. Uma PEC para alterar a Constituição é inaceitável no que se refere a cláusulas pétreas. De mais a mais, o que anima especialmente Dilma é a possibilidade de arrastar indefinidamente os debates nesse sentido no parlamento, deixando para trás as investigações sobre seus crimes de responsabilidade. Que são muitos, diga-se de passagem. O verdadeiro golpe vai assim se cristalizando. Dilma manobra informações. Tenta esconder do mundo que cometeu, de fato e caso pensado, atentados à Carta Magna e transita com a versão de que é vítima de injustiças para manipular a opinião pública – e, quem sabe, alguns senadores dispostos à barganha pela causa. 

No plano das ilações e incongruências, a presidente extrapola. Inicialmente falou que o futuro ocupante do Planalto iria acabar com os programas sociais. De uns dias para cá, depois que soube das intenções do vice para a área, reclamou que ele não pode se “apropriar” desses programas. E determinou que fossem feitos aumentos irresponsáveis e antecipados nos valores concedidos, mesmo sabendo que não há recursos para tanto. Quer deixar mais problemas e abacaxis no caminho do seu substituto. 

Não importando o custo da traquinagem para o País. Ofender instituições, deslegitimar o processo democrático, espalhar inverdades por onde anda e agir sem medir consequências têm cada vez mais maculado a respeitabilidade que resta da presidente Dilma. [algum dia Dilma teve respeitabilidade?] Adepta do vale-tudo, ela chegou a pedir ao Mercosul que considerasse a expulsão do Brasil do bloco. Quando confrontada com seu desastroso legado, tergiversa. Os mais de dez milhões de desempregados, registrados pelo próprio IBGE, viram somente 2,6 milhões nas suas contas tortas. A crise é culpa de fatores alheios, do fim do superciclo das commodities, dos subprimes. Nunca das barbeiragens praticadas nos dois mandatos. As “pautas-bomba” surgiram pelas mãos dos congressistas. Foram eles quem - nas palavras dela em entrevista a jornalistas estrangeiros no recente tour aos EUA - “permitiram a aceitação de medidas populistas que inviabilizaram a rigidez fiscal, a responsabilidade fiscal, a robustez fiscal do País”. 

Acredite se quiser. Dilma, que nas eleições recentes fez o diabo, difamou adversários e mentiu descaradamente sobre promessas, parece gostar do esporte de distorcer a realidade. “Não hostilizamos quem pensa diferente de nós”, bradou em um dos inúmeros discursos. A quem ela tenta enganar quando na prática faz o que nega? A mandatária fala em golpe mas viaja em avião oficial, com aparato de Estado, deixa o suposto “golpista” em seu lugar e passeia de bicicleta nos bucólicos trajetos da Esplanada, como se nada estivesse acontecendo. A presidente virou um poço de contradições. Ao lado de Lula, à frente do bloco de sabotadores, ambos tentam embaralhar a cena e acusar os opositores daquilo que eles mesmos são responsáveis. Na semana passada, Lula chegou ao cúmulo de declarar que “há uma quadrilha tentando implantar a agenda do caos”.  

Referia-se ao Congresso, sem um pingo de autocrítica quanto aos próprios atos. Com o afastamento de Dilma, que provavelmente ocorre nos próximos dias, o PT de Lula & Cia. se transfere para o lugar de onde age com melhor desenvoltura: a oposição. É lá que os partidários de praticar a arte de jogar contra. Pelo mero prazer de melar as boas iniciativas. Foram historicamente contra a Constituinte, contra o Plano Real, contra a Lei de Responsabilidade Fiscal e contra os programas de alimentação, educação e transporte dos tucanos – que, mais tarde, redundaram no Bolsa Família. O que parece exclusivamente importar na cartilha petista é a demonização do êxito do Brasil. 

Fonte: Carlos José Marques, diretor editorial - Isto É
 
 

sexta-feira, 1 de abril de 2016

Dilma trasnforma Planalto em casa de tolerância

Hora da xepa no Planalto!

A presidente Dilma transformou o Palácio do Planalto numa casa de tolerância. Fatiou seu governo, fez liquidação de cargos, queima total das verbas (já à míngua) e um escambo descarado, à plena luz do dia, com parlamentares de partidos nanicos, arrivistas da pior espécie. Ali, quem topar ficar com ela nesse abraço de afogados – e lhe dar o apoio necessário para que siga com uma gestão absolutamente temerária, sem a menor viabilidade - leva o que quiser. 

Paga-se bem! Com o dinheiro alheio. Serão quase 600 vagas na esfera pública e R$ 50 bilhões concedidos em emendas parlamentares. Perto de R$ 9 bilhões já liberados através do PACo para projetos eleitoreiros. Recurso suado de cada um dos brasileiros que recolhe impostos e não imagina o destino perverso que está sendo dado a sua contribuição. Eis aí o verdadeiro golpe em curso, praticado por ninguém menos que a chefe de Estado em pessoa! A banca do Tesouro vai quebrar para garantir a farra. E vem depois ela dizer que precisa, mais do que nunca, da CPMF para sanear as contas que dilapida sem dó nem piedade na busca de aliados para seus mirabolantes projetos pessoais! 

Com que autoridade a presidente imagina conduzir a Nação daqui por diante?  O que acontece por esses dias na sede do poder é de uma vergonha inominável. Dilma Rousseff perdeu o senso de respeito pelo cargo que ocupa. No balcão de negociatas armado no Planalto, chegou a hora da xepa! Um feirão para entregar a direção do País a preço de banana! A mandatária já havia transferido informalmente suas funções ao padrinho investigado Lula. Agora repassa o Brasil inteiro à raia miúda das legendas de aluguel. 

Sem qualquer critério técnico, sem exigência de qualificações. Não é isso que esta em jogo! Não interessa se o futuro ocupante do ministério da saúde ou o dos transportes saiba alguma coisa sobre o tema ou tenha a mais vaga ideia de como resolver os problemas da pasta regateada. Para ganhar a boquinha vale tão somente a disposição de votar a favor da mandatária ou de não votar pelo seu impeachment. Já imaginou a qualidade da equipe que pode sair dessa barganha? E o tipo de governo que tal grupo será capaz de fazer mais adiante? Loteiam o nosso futuro. A pajelança imunda terá troco! Certamente os eleitores não vão perdoar a baixaria que está sendo engendrada em seu nome. 

Cada político que entrar no balaio de oportunistas do baixo clero receberá a resposta nas urnas como ocorreu, décadas atrás, com os simpatizantes do deposto Collor, banidos da cena política como malditos. Dilma por sua vez, como última alternativa, rende-se de maneira deprimente a tropa de fisiológicos que, provavelmente, vai traí-la logo adiante. Sem programa de governo, sem base de sustentação política no Congresso para aprovar nada, sem um mínimo de noção de responsabilidade pela coisa pública, ela parte para o desespero. Perde-se em desvarios e se apega unicamente a vontade insana de se manter no posto, como um esconderijo de onde se sente blindada contra as investigações que avançam sobre seus crimes de responsabilidade.

No atual estágio da crise fica claro a todos que a gestão Dilma está ingovernável. Ela não reúne mais qualquer condição política, econômica e nem mesmo moral – dada a série de crimes que lhe são imputados – para continuar no cargo e deve ser destituída o quanto antes, sob risco de arruinar o que sobrou do País. Pesquisa Ibope divulgada na semana passada é reveladora do desejo majoritário da sociedade: 82% dos entrevistados reprovam o governo Dilma. Dos quais 70% o consideram ruim ou péssimo. Não seria preciso mais nada para acender na mente dos senhores parlamentares que se dão ao respeito a lembrança sobre quem os colocou ali e de como eles deveriam agir em obediência aos votos que receberam. 

A presidente, que gosta de invocar o argumento da legitimidade, esqueceu-se que a tal legitimidade não era um cheque em branco em nome do qual ela poderia fazer o que bem quisesse sem prestar contas. Dilma continua a agir assim. Dá para enxergar o desmando em cada ação recente dela. Nos derradeiros momentos, o seu bunker foi transformado em palanque de campanha de incitações irresponsáveis, enquanto ela se converteu numa panfletária com estridentes gritos de guerra, falando em golpes – porque não tem mais nada a dizer -, com ataques descabidos às instituições. Pode Dilma espernear o quanto quiser. 

Até entrar em modo de negação da realidade. Mas os desvios cometidos em seu mandato, tipificados claramente na letra da lei, não devem ser relegados. Há materialidade para o embasamento jurídico do impeachment e, em nome do interesse geral dos brasileiros e da estabilidade da democracia, é forçoso cumprir o que rege a Constituição nesses casos. Nenhuma motivação política, de interesses escusos, pode se interpor a tal processo. Dilma maquiou contas por causa das eleições. Tomou dinheiro público ilegalmente. Surrupiou a esperança do povo. Abriu as portas à corrupção. Avançou em atos contra a justiça. Fez “o diabo”! E tem que sair por seus delitos. 

Por:  Carlos José Marques, diretor editorial - Revista Isto É
 

domingo, 13 de março de 2016

"O escárnio do PT ao Brasil"


Brasileiros, é chegada a hora! Roubaram nosso País como nunca antes na história. As provas estão diante dos seus olhos. O desencanto, a crise política, econômica e moral que hoje vivemos são frutos de uma bandalheira desmedida. Da enganação de promessas populistas vendidas por aqueles que enriqueceram às custas da esperança de todos. Uma manada de larápios petistas, quadrilheiros da pior espécie, tentou se locupletar no poder. Estão mancomunados para driblar as investigações de seus crimes e seguir com os desmandos. 
 
Juntos e de caso pensado, esses bandidos muitos dos quais já presos e outros a caminho assaltaram e destruíram boa parte do Estado em 13 anos de controle da máquina. Temos o dever de evitar que eles acabem com tudo. De barrar as articulações de rapinagem que vêm levando à ruína nacional. Nas ruas, democraticamente, mostrando o repúdio da sociedade a esse estado de coisas. O PT e seus líderes, movidos por uma soberba e descaso sem tamanho pela justiça, zombam do clamor por mudanças. 
 
A presidente Dilma, que se apequenou com a avalanche de denúncias envolvendo também o seu nome, correu a apoiar o mentor Lula e a se dizer indignada – por ele ter de prestar contas por malfeitos. Numa demonstração de vassalagem do Governo, se opôs as instituições legais para bradar a favor do padrinho encrencado. Juntos, da sacada do prédio de Lula (imóvel também relacionado no rol das investigações por favorecimento), os dois, sorridentes, punhos erguidos em clima de campanha, deslumbraram-se com a veneração de parcos militantes, enquanto a esmagadora massa de brasileiros segue perplexa à espera de explicações. 
 
Lula – em mais uma demonstração de escárnio – prefere a fanfarra de discursos políticos a respostas pragmáticas contra as suspeitas que lhe pesam. “Enfiem no cu todo o processo”, disse, no mais flagrante desrespeito aos agentes da lei, em diálogo direto com a presidente Dilma. Um ato patético de quem parece se sentir acima do bem e do mal, com tudo dominado. Sob Lula recaem acusações que, na conta de qualquer cidadão comum, já teriam redundado em cadeia. A dele foi pedida. Em outra instância, de maneira contundente, o Ministério Público apontou em relatório: “há evidências de que o ex-presidente Lula recebeu valores oriundos do esquema Petrobras”. 
 
E mais: ele foi denunciado por lavagem de dinheiro e falsidade ideológica. Há provas de que dinheiro de empreiteiras serviu para beneficiá-lo direta ou indiretamente, em acordos ilícitos. O antes fervoroso defensor da ética soube se lambuzar nos mais deploráveis esquemas. E enquanto experimenta os prazeres do enriquecimento pessoal, ganhos da ordem de R$ 50 milhões no seu Instituto, além de presentes e reformas generosas, posa de vítima das elites! Lula é a nova elite! Fato cristalino como água. 
 
Para ele, Dilma e apaniguados, a versão de que são perseguidos serve melhor que os fatos. Mas o discurso não para de pé. No limiar do absurdo passaram a arquitetar a portas fechadas um jeito de driblar o cerco policial com um estratagema nada republicano: colocar o ex-presidente na bancada ministerial, como titular da Casa Civil, para blindá-lo com foro privilegiado. Seria praticamente a confissão de culpa, uma esbórnia que, caso levada adiante, sacramenta o suicídio político de ambos. Como justificar moralmente tamanha desfaçatez? O mais grave é que a hipótese está sendo considerada pela própria presidente! [acontece que Lula envolveu em sua quadrilha toda a família - tornou esposa e filhos todos criminosos, por cúmplices e beneficiários de seus atos criminosos - e a estes não se estende o foro privilegiado.
Assim, o poderoso chefão, poderia até por algum tempo desfrutar das benesses de ser amigo da maioria das excelências supremas, mas, seus filhos e esposa seriam presos e sujeitos aos rigores das cadeias comuns.
Sem esquecer que seria uma confissão de culpa por parte do 'filho do Brasil' e da conivência da 'mulher sapiens'.
 
Ela dá assim o tom de desespero que tomou conta dessa turma diante da inescapável percepção de falência da era petista. Sua gestão desmorona. Dilmaque teria recebido doações ilegais em campanha, segundo inúmeros depoimentos, e interferido nas operações da Lava Jato não reúne hoje qualquer condição, nem legitimidade, para seguir na presidência. Com uma rejeição recorde, quase absoluta (como nunca antes se viu!), a mandatária não governa mais. Nem se preocupa com isso. Só com a própria sobrevivência e daqueles poucos aliados que a acompanham, reclamando dos dissabores com a polícia. Fim melancólico! Muitos diriam, grotesco. 
 
Aos eleitores resta perceber que o que está em jogo não é mais uma mera questão ideológica, político-partidária. É a evocação de um basta definitivo aos delitos, a impunidade e aos privilégios indecentes daqueles que fizeram da corrupção generalizada seu projeto de poder, como vem sendo diuturnamente comprovado nos autos dos juízes. Nenhuma matilha de criminosos pode se achar no direito de ditar os rumos da Nação. E o engajamento contra tanto descalabro é fator decisivo para o resgate da dignidade e do caráter de um povo abatido, que sonha ver renascer o orgulho de ser brasileiro. 
 
Fonte: Carlos José Marques, diretor editorial Isto É
 
 

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

As desventuras do Goebbels brasileiro



Editorial: As desventuras do Goebbels brasileiro
O marqueteiro João Santana atuou nos últimos anos como um ministro da propaganda dos governos petistas de Dilma e Lula. Foi ele quem na ultima eleição presidencial em 2014 conseguiu com enganosas peças de campanha ludibriar a opinião pública. Vendeu promessas de um futuro dourado.


GOEBELLS E JOÃO SANTANA

Escamoteou as falcatruas e deslizes grosseiros do Governo. Apelou para táticas de terror contra os adversários de Dilma. Construiu enfim o clima de guerra eleitoral maculando impiedosamente a reputação daqueles que se interpunham ao projeto de perpetuação no poder do Partido dos Trabalhadores. Foi uma espécie de Joseph Goebbels, o dirigente das comunicações de Hitler que ajudou a difundir a ideologia nazista e seus falsos anseios de prosperidade para a Alemanha. Aqui no Brasil Santana fez o diabo, como pediram seus chefes! E saiu regiamente pago pela tarefa.

Somente na disputa de 2014 embolsou extraordinários R$ 88,9 milhões e conseguiu recolocar sua pupila no Planalto para um segundo mandato. Desde então Santana foi tratado como o principal estrategista, o “cérebro” por trás da imagem de Dilma e conselheiro-mor do restrito círculo de confiança da presidente. Santana e sua mulher, Mônica Moura, foram parar atrás das grades, acusados de receberem irregularmente cerca de US$ 7,5 milhões em contas no exterior. A polícia suspeita que o dinheiro tenha saído diretamente do caixa da Petrobras, numa triangulação que pode confirmar as graves irregularidades no financiamento da campanha presidencial de Dilma.

Em sua defesa o casal admitiu o crime de caixa dois, mas tentou desvincular tal receita dos trabalhos de marketing executados aqui para o Partido. Documentos da força-tarefa da Lava-Jato mostram, no entanto, que ao menos nove depósitos do operador de propinas da Petrobrás, Zwi Skornicki, foram feitos na conta do marqueteiro. Três desses repasses – cada um da ordem de US$ 500 mil – teriam sido realizados entre julho e novembro de 2014, em plena disputa presidencial. Procuradores da justiça dizem que nunca haviam conseguido provas tão contundentes quanto às dessa fase das investigações.

Anotações dos envolvidos que falam em liberar dinheiro para “Feira” (codinome do baiano João Santana, dada a sua origem na cidade de Feira de Santana) e que “a conta na Suíça pode chegar a ela” (numa referência direta a presidente), engrossam o caldo de documentos que pode levar a cassação do mandato.

O juiz Sergio Moro já havia encaminhado ao Tribunal Superior Eleitoral um relatório demonstrando o uso de dinheiro desviado da Petrobras para financiar as campanhas petistas. As criminosas movimentações financeiras de Santana entram nesse contexto como mais um elo da cadeia. Com ele, a Operação Lava Jato sobe em definitivo a rampa do Planalto, apontando o uso de recursos ilícitos para a eleição de Dilma. Mais grave: coloca o TSE na incômoda situação de ter, à revelia, servido de “lavanderia” a recursos superfaturados do petrolão - cujas sobras iam diretamente para o pagamento de gastos “legais” de campanha como a do marqueteiro. Inúmeros governadores e prefeitos já perderam seus mandatos por bem menos. Ignorar as evidências de abuso de poder econômico justamente na campanha presidencial de 2014 – e deixar de punir exemplarmente os beneficiários -, pode arranhar de maneira irreparável a credibilidade do Tribunal.

O marqueteiro e sua mulher, Mônica Moura, repetiram agora os mesmos métodos do antecessor Duda Mendonça, que admitiu ter recebido via caixa dois, também em conta no exterior, o pagamento pelos serviços prestados na primeira eleição do ex-presidente Lula. A crônica e sistemática propensão a práticas criminosas por parte desses senhores, ao longo dos anos de gestão petista, só pode ser explicada por uma forte sensação de impunidade que se alastra no Partido. O sorriso escrachado da senhora Mônica, ao ser presa, como a zombar de todos os brasileiros, é o retrato perfeito desse sentimento. Nem Goebbels faria melhor! A sociedade só espera que nunca mais o Brasil seja saqueado pelo Partido dos Trabalhadores, como acontece há mais de uma década, quando tesoureiros, marqueteiros, presidentes da sigla e candidatos eleitos transformaram a agremiação num bando de larápios sedentos por destruir o estado, as estatais e a dignidade da Nação.  

Fonte: Isto É - Carlos José Marques, diretor editorial