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quarta-feira, 10 de novembro de 2021

A volta ao passado, para muitos, é uma questão de sobrevivência - Alexandre Garcia

O líder da revolução sandinista, Daniel Ortega, foi eleito domingo, mais uma vez, presidente da Nicarágua, com 75% dos votos. O segundo em votos teve 14% e é um seu colaborador. Outros quatro candidatos ficaram com menos de 4%. A mulher de Ortega, Rosario, que ele chama de copresidenta, também foi reeleita vice-presidente. Sete candidatos da verdadeira oposição estão presos. A que detinha a preferência popular, Cristina Chamorro, está em prisão domiciliar.

Ela é filha de Violeta Chamorro, que foi presidente na Nicarágua depois de 11 anos do período pós-revolução de Ortega. Ele voltou 14 anos, totalizando 25. E vai para mais cinco, com 76 anos de idade. Pelos últimos três anos, ele fez leis de censura e criminalização da oposição. Milhares de nicaraguenses se exilaram nos Estados Unidos e na Costa Rica. Os três principais partidos de oposição foram extintos. A repressão foi legalizada.

Estamos a menos de um ano de novas eleições. Tal como na Nicarágua de Ortega, nesses últimos anos, a estrutura plantada em tempos de dominação do Estado por partido político trabalha dentro e fora dos Três Poderes para reagir aos novos tempos, tentando evitar que sejam confirmados nas urnas. 
 
A volta ao passado, para muitos, é uma questão de sobrevivência; para outros, manutenção de privilégios; para alguns, vindita da derrota de 2018; outros mais, por ideologia. 
A CPI foi o divã catártico que revelou esse movimento reacionário.
Temos uma amostra no continente latino-americano do padrão desses regimes; no Brasil, tivemos a experiência da corrupção institucionalizada — sem ela, apareceu dinheiro para socorrer estados, municípios e milhões de brasileiros que perderam a renda para a campanha do fecha-tudo.  
 
Como na Nicarágua, tendo eleição futuro como alvo, também há um avanço da censura, da restrição a liberdades fundamentais, com um silêncio cúmplice de quem deveria defender as liberdades.
Na Alemanha, os judeus foram sendo tolhidos de liberdade enquanto pensavam que seria a última vez. A última vez foi quando foram postos em trens para os campos de extermínio. 
E a democracia se esvai quando se repetem, como teste, supressões a direitos fundamentais para calar e impor.
 
Alexandre Garcia, colunista - Correio Braziliense

segunda-feira, 30 de julho de 2018

Terror na Nicarágua



ONG afirma que, ao menos 448 pessoas morreram, cerca de 2,8 mil ficaram feridas e 595 estão desaparecidas desde o início dos protestos no país

Na quinta-feira passada, a Associação Nicaraguense Pró-Direitos Humanos (ANPDH) divulgou relatório preliminar com o número de vítimas resultantes de pouco mais de três meses de uma crise social e política que vem expondo ao mundo a natureza cruel e autoritária do governo do presidente Daniel Ortega, no poder intermitentemente desde a Revolução Sandinista de 1979.

De acordo com a organização não governamental (ONG), ao menos 448 pessoas morreram, cerca de 2,8 mil ficaram feridas e 595 estão desaparecidas desde o início dos protestos, em 18 de abril, inicialmente contra a reforma do sistema previdenciário aprovada dois dias antes, mas que logo se transformaram em um movimento mais amplo contra o governo. O número de vítimas pode ser ainda maior, uma vez que os observadores da ONG não conseguiram confirmar suspeitas de assassinatos em áreas de difícil acesso.
A Organização dos Estados Americanos (OEA) aprovou dura resolução no dia 18 deste mês em que “condena veementemente” a violenta repressão aos protestos praticada pela polícia e por milícias paramilitares a soldo do governo de Daniel Ortega, tal como ocorre na Venezuela sob a ditadura de Nicolás Maduro.

A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) também responsabilizou o governo nicaraguense por ordenar “assassinatos, execuções extrajudiciais, maus-tratos, possíveis atos de tortura e detenções arbitrárias contra a população predominantemente jovem”. Um desses jovens foi a estudante universitária brasileira Raynéia Gabrielle Lima, de 30 anos, morta a tiros na noite da segunda-feira passada em Manágua, capital do país. A informação oficial dá conta de que a brasileira foi morta por um “segurança particular” em local próximo ao Colégio Americano, em um bairro nobre da capital. Entretanto, testemunhas afirmam que Raynéia, que cursava o último ano de medicina na Universidade Americana de Manágua, foi morta por tiros disparados contra seu carro por paramilitares que ocupam a Universidade Nacional Autônoma.

O governo brasileiro, por meio do Ministério das Relações Exteriores, tem sido vigoroso na cobrança das autoridades nicaraguenses para que prestem informações que, de fato, levem ao esclarecimento do brutal assassinato de uma cidadã brasileira. “O governo da Nicarágua diz que foi um guarda de segurança particular (quem matou Raynéia). Mas quem foi? Qual o calibre da arma? Em que circunstâncias a morte ocorreu? Não houve, até agora, um esclarecimento. Nós vamos insistir porque isso nos parece absolutamente inaceitável”, disse o chanceler Aloysio Nunes Ferreira após a cúpula dos Brics, na África do Sul.

Até o momento, o PSOL foi o único partido do chamado campo das esquerdas a condenar, no País, a violência praticada pelo governo da Nicarágua. “Parece claro que Daniel Ortega esteve envolvido em violações de direitos humanos e reprimiu violentamente as manifestações”, disse Juliano Medeiros, presidente do partido.  A escalada de terror não sensibilizou lideranças do PT, o que não chega a surpreender. A senadora Gleisi Hoffmann, presidente do partido, preferiu se calar. Já Mônica Valente, secretária de Relações Internacionais do PT, afirmou durante recente reunião do Foro de São Paulo que, “depois de tantos sucessos, sofremos (a esquerda) uma contraofensiva neoliberal, imperialista, multifacetada, com guerra econômica, midiática, golpes judiciais e parlamentares, como ocorre na Nicarágua hoje e ocorreu na Venezuela”.

Ao Estado, Luciana Santos, presidente do PCdoB, relativizou a repressão do governo Ortega: “Vemos uma tentativa de setores inconformados com a vitória do Ortega de desestabilizar o governo popular e nacional. É um vale-tudo, como aconteceu no Brasil e em vários países da América Latina”.  A crise na Nicarágua poderá ter alguma chance de solução se governo e oposição abrirem diálogo sob mediação de parte independente. No Brasil, serve para separar os democratas dos liberticidas.

Editorial - O Estado de S.Paulo
 

domingo, 22 de julho de 2018

O Lula nicaraguense e o Ortega brasileiro



Os dois tiranetes saíram da Historia para cair na vida

Ambos nascidos em 1945, Lula e Daniel Ortega chegaram à presidência da República fantasiadas de protetores dos injustiçados e pais dos pobres. O comandante da revolução sandinista livraria a Nicarágua dos horrores da ditadura de Anastasio Somoza. O chefão do PT libertaria o Brasil da elite exploradora que saqueava o país desde 1500.

Aos 72 anos, os dois reduziram a frangalhos as fantasias que vestiram no século passado. Tanto Lula quanto Ortega jogaram no lixo promessas, amigos honestos, normas éticas e valores morais, fora o resto. Saíram da História para cair na vida. Serão lembrados em asteriscos de pé de página como mais dois tiranetes destes trêfegos trópicos. Dois vigaristas que se venderam aos ricaços que fingiam odiar.

Lula é um Ortega brasileiro. Ortega é um Lula nicaraguense. A diferença é que um deles está fora da cadeia. Por enquanto.