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segunda-feira, 8 de janeiro de 2024

Saidinhas de Natal: devem ser armas do Papai Noel que os bandidos usam para matar - Alexandre Garcia

Gazeta do Povo - VOZES

Benefício a criminosos

O ex-ministro de Lula, que foi ministro das Comunicações, o experiente político carioca Miro Teixeira, disse que os atos de 8 de janeiro de 2023 jamais podem ser chamados de golpismo, pois foi uma balbúrdia, que não tinha a menor condição de golpe. 
Que se Bolsonaro quisesse dar o golpe, daria enquanto era comandante supremo das Forças Armadas, e não depois que estava na Flórida. Ele tem razão.
 
E o ministro da Defesa de Lula, o atual ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, disse mais ou menos a mesma coisa, que não havia condições de golpe.  
Era uma multidão, sem comando, sem liderança, de pessoas idosas, ninguém conduzindo, ninguém portando armas, sem nenhum apoio de forças policiais ou militares. 
E alguns, que até hoje não se sabe quem foram esses, porque os inquéritos até agora não especificaram quem quebrou o quê, e a gente não sabe quem quebrou ou se alguém entrou antes para quebrar.

Democracia para quem?
Foi lançado agora, lá em São Paulo, o livro Diário de Anne Brasil. Meio, assim, repetindo o Diário de Anne Frank, contando de uma jovem que veio do interior do Brasil no início de janeiro e que ficou acampada lá na frente do QG e que participou das manifestações e não invadiu nenhum prédio
E até hoje está com tornozeleira, e foi para prisão, foi posta no ônibus, naquele engodo, passou pelo IML, foi para a Polícia Federal e acabou no presídio. 
Pessoas que não tinham a menor condição de dar golpe de Estado, tomar o poder, destituir o presidente da República. Destituir os chefes de poder. Só para lembrar isso.

Aliás, querem lembrar isso em um museu da democracia. Eu acho que é o reconhecimento de que a democracia já é passada, já vai para o museu. Vai lá, põe a Constituição de 1988 no museu, junto com as múmias, com os quadros maravilhosos do século passado, dos impressionistas etc. Democracia, né? Se fala tanto.

Democracia é lugar em que as pessoas têm tranquilidade, agora mesmo eu vi no Estadão. A revista International Living escolheu os 10 melhores países para quem quiser morar depois de parar de trabalhar. Aposentados. Primeiro Costa Rica. Segundo Portugal, né? Aí eu vejo que França está lá. Está em sétimo, parece. Estados Unidos nem está. E Brasil, claro, não está. Imagina, a pessoa sai para a rua, encontra bandido que foi solto para a saidinha de Natal.

Benefícios aos criminosos
Foi o que aconteceu em Belo Horizonte, lá com o sargento Roger Dias,
de 29 anos, pai de recém nascido. 
Encontrou o cara da saidinha, que já estava armado. Ganhou arma do Papai Noel, né? E deu dois tiros na cabeça do sargento. 
O governador Zema está reclamando que já passou um projeto de lei pela Câmara e o Senado não bota para votar. 
Só que tem que sacudir o mineiro que representa Minas Gerais, que é o presidente do Senado. Que é o Rodrigo Pacheco. A Câmara dos Deputados aprovou por 311 a 98, o fim dessas saidinhas, desses benefícios.
 
 O sujeito que atirou no sargento já tinha 18 crimes na ficha e foi beneficiado. O cúmplice dele, que estava ao lado, já tinha dois homicídios num total de 15 crimes, que está preso também.
Aqui em Brasília o sujeito saiu na saidinha, deu cinco tiros - também ganhou a arma do Papai Noel - na mulher que não foi visitá-lo.
 
Lá no litoral paulista pegaram outro da saidinha que tava com metralhadora, uma submetralhadora - que ganhou do Papai Noel também.  
Quando será que Rodrigo Pacheco vai fazer o Senado votar o que é de interesse da nação brasileira? 
não é o interesse pessoal de cada um, é o interesse do povo, então fica o registro.
 
Falando em crime, né? Que coisa horrorosa! Essa pousada lá em Presidente Figueiredo, no Amazonas.  
Uma moça venezuelana, artista, artista de circo, palhaça de circo, ciclista que vinha percorrendo o país, se hospedou na pousada, estava na rede, e foi morta pelo casal. Primeiro estuprada, violentada, depois morta e enterrada, do lado da pousada, descobriram agora. 
Meu Deus do céu, será que o brasileiro é mesmo aquele cidadão cordato? De bom coração, do nosso sociólogo Gilberto Freyre?

Alexandre Garcia, colunista - Gazeta do Povo - VOZES



segunda-feira, 4 de setembro de 2023

UTILIDADE PÚBLICA - O que a alimentação dos centenários pode nos ensinar sobre viver muito? Veja o que eles comem

O Estado de S. Paulo

Pesquisadores identificaram cinco lugares do mundo onde as pessoas têm expectativas de vida excepcionalmente longas, as chamadas Zonas Azuis, e exploraram os seus hábitos; veja as conclusões

[Comentando: hoje, estamos preocupados com a LONGEVIDADE COM SAÚDE, começamos com CUIDADOS COM O CORAÇÃO e agora passamos a dar dicas de LONGEVIDADE COM SAÚDE;
Já que precisamos estar vivos para  ter saúde, lembramos que bandidos também matam, por isso propomos aumentar a população carcerária do Brasil em mais 400.000 criminosos - incluindo, sem limitar,  políticos corruptos.
Bandido para ser preso é o que não falta.
Não garantimos, mas a dieta do Mediterrâneo é  nossa conhecida de longa data e já conhecemos muitos longevos que a seguem ou seguiam.
BOA LEITURA.]

Não há como garantir que você vai viver até os 100 anos. Mas podemos aprender muito estudando os hábitos alimentares dos centenários do mundo.

Pesquisadores identificaram cinco lugares do mundo onde as pessoas têm expectativas de vida excepcionalmente longas – muitas vezes passando dos 100 anos de idade. Essas áreas, chamadas de “Zonas Azuis”, são a Península de Nicoyan, na Costa Rica, a cidade de Loma Linda, na Califórnia, e as ilhas de Okinawa, no Japão, Sardenha, na Itália, e Icária, na Grécia.

À primeira vista, as dietas, estilos de vida e hábitos das pessoas dessas Zonas Azuis podem parecer bem diferentes uns dos outros.

Muitas das pessoas longevas da Sardenha vivem em terreno montanhoso, onde caçam, pescam e colhem seus próprios alimentos – como leite de cabra, queijo pecorino, cevada e hortaliças
As pessoas longevas de Loma Linda fazem parte de uma comunidade adventista do sétimo dia que evita a cafeína e o álcool e segue uma dieta basicamente vegetariana. 
Já em Icária, o vinho tinto é um alimento essencial e as pessoas comem uma dieta mediterrânea típica, com muitas frutas e vegetais e quantidades modestas de carne e frutos do mar.
 
Os okinawanos historicamente consomem uma dieta baseada em vegetais. Muitas das suas calorias vêm da batata-doce, do tofu e dos vegetais frescos que eles costumam colher de seus próprios jardins. 
Eles também valorizam a carne de porco, que tradicionalmente guardam para ocasiões especiais. 
Enquanto isso, os centenários de Nicoyan tendem a seguir uma dieta tradicional da Mesoamérica, cheia de alimentos vegetais ricos em amido, como milho, feijão e abóbora.

Vários fatores parecem influenciar a expectativa de vida. Algumas pesquisas sugerem que a genética responde por cerca de 25% do tempo de vida da pessoa, com dieta, ambiente, exercícios e outros fatores de estilo de vida compondo o restante. E estudos mostram que, mesmo que você só comece a fazer melhorias na dieta na meia-idade ou depois, ainda pode adicionar uma década ou mais à sua expectativa de vida.

A dieta por si só não é o único fator associado a altas expectativas de vida.  
As pesquisas mostraram que as pessoas que residem em comunidades onde a vida longeva é comum geralmente têm fortes conexões com amigos e familiares, um senso de propósito e uma visão positiva da vida. 
Elas se envolvem em altos níveis de atividade física e passam muito tempo fazendo jardinagem, trabalhando na terra ou socializando com outras pessoas da comunidade, diz Dan Buettner, autor do novo livro The Blue Zones American Kitchen (A Cozinha Americana das Zonas Azuis, em tradução livre).
 
 Vários fatores parecem influenciar a expectativa de vida. Algumas pesquisas sugerem que a genética responde por cerca de 25% do tempo de vida da pessoa, com dieta, ambiente, exercícios e outros fatores de estilo de vida compondo o restante.
Vários fatores parecem influenciar a expectativa de vida. Algumas pesquisas sugerem que a genética responde por cerca de 25% do tempo de vida da pessoa, com dieta, ambiente, exercícios e outros fatores de estilo de vida compondo o restante. Foto: Pixabay

Buettner passou anos explorando, pesquisando e escrevendo sobre as Zonas Azuis. Ele também analisou estudos científicos detalhados sobre suas dietas. E descobriu que, embora seus hábitos alimentares sejam diferentes em muitos aspectos, eles compartilham pelo menos quatro denominadores comuns. Você pode incorporar esses princípios à sua vida fazendo o seguinte:

Coma uma xícara de feijão, ervilha ou lentilha todos os dias

As leguminosas são especialmente populares entre as pessoas que vivem nas Zonas Azuis. A soja é uma parte importante da dieta tradicional em Okinawa, assim como as favas na Sardenha e o feijão preto em Nicoya. As pessoas das Zonas Azuis tendem a comer uma variedade de feijões e outros alimentos vegetais ricos em fibras.

Estudos descobriram que comer muitos alimentos ricos em fibras promove a saciedade e melhora os níveis de colesterol e açúcar no sangue. Também protege contra câncer e diabetes e reduz o risco de morrer de doença cardíaca ou derrame, que são duas das principais causas de morte em todo o mundo.

Um estudo publicado no ano passado na PLOS Medicine descobriu que a pessoa média poderia ganhar anos de vida trocando uma dieta ocidental típica por uma dieta mais saudável – e que os alimentos que produziram os maiores ganhos na expectativa de vida eram feijões, grão-de-bico, lentilhas e outras leguminosas.

“Descubra como incluir uma xícara de feijão em sua dieta todos os dias”, diz Buettner. “Uma única xícara fornece metade de todas as fibras diárias de que você precisa.”

Coma um punhado de nozes diariamente

As nozes são ricas em vitaminas, fibras e minerais. São um alimento básico para muitos habitantes da Zona Azul. As amêndoas, por exemplo, são populares na Icária e na Sardenha, onde são usadas em muitos pratos. Os nicoianos adoram pistache, diz Buettner.

Um estudo no JAMA Internal Medicine que acompanhou 31 mil adventistas do sétimo dia descobriu que aqueles que comiam nozes mais de quatro vezes por semana tinham 51% menos probabilidade de sofrer ataque cardíaco e 48% menos probabilidade de morrer de doença cardíaca do que seus pares que comiam nozes não mais do que uma vez por semana.

Pegue um punhado de amêndoas, nozes, pistaches ou castanhas de caju. 
Para um café da manhã saudável, adicione manteiga de amêndoa a uma tigela de iogurte natural ou aveia. 
Ou polvilhe algumas nozes em cubos em cima de uma salada ou um refogado de legumes para o jantar.

Tome café da manhã como um rei, almoce como um príncipe e jante pouco

As pessoas das Zonas Azuis tendem a comer a maior parte de suas calorias no início do dia, e não mais tarde. Os okinawanos tradicionalmente comem um grande café da manhã e um almoço moderado. “Eles nem jantam”, diz Buettner.

Os adventistas do sétimo dia que ele estudou tomavam um grande café da manhã às 10h e um almoço moderado às 16h. “E depois eles não comem mais nada”, disse ele. Buettner observou uma coisa em todas as Zonas Azuis que estudou: quando as pessoas jantam, normalmente é no final da tarde ou início da noite. “Eles não jantam tarde e não comem muito”, afirmou.

Esse padrão se alinha com nossos relógios inatos de 24 horas, os chamados ritmos circadianos, que fazem com que nosso corpo seja mais eficiente em metabolizar as refeições pela manhã e no início da tarde. Estudos mostram que, quando as pessoas ingerem a maior parte de suas calorias no início do dia, elas perdem mais peso e apresentam maiores melhorias nos níveis de colesterol e açúcar no sangue e outros fatores de risco metabólicos em comparação com pessoas que ingerem a maior parte de suas calorias no final do dia
Elas também queimam mais gordura e sentem menos fome.

Faça refeições com a família

Nas Zonas Azuis, é comum que as famílias comam pelo menos uma refeição diária juntas, normalmente a refeição do meio-dia ou a última refeição do dia. Embora seja compreensivelmente difícil para as famílias que levam vidas ocupadas jantarem juntas todos os dias, vale a pena tentar fazê-lo sempre que possível. “Famílias que comem juntas tendem a comer de forma muito mais nutritiva e mais devagar. Há boas pesquisas mostrando que as crianças têm menos problemas com distúrbios alimentares quando comem socialmente”, diz Buettner.

Pesquisadores descobriram que casais que priorizam as refeições em família relatam níveis mais altos de satisfação conjugal. Os pais e mães que rotineiramente fazem jantares caseiros com seus filhos consomem mais frutas e vegetais e seus filhos são menos propensos a desenvolver obesidade.

Embora você não possa mudar seus genes, fazer algumas mudanças na dieta e no estilo de vida aumentará as chances de você comemorar o 100º aniversário. O segredo da longevidade, como Kama da Nakazato, um centenário de Okinawa, explicou a Buettner, é bem simples: “Coma vegetais, tenha uma perspectiva positiva, seja gentil com as pessoas e sorria”.

TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU

Anahad O’Connor, colunista - O Estado de S. Paulo


sábado, 25 de junho de 2022

O padroeiro dos canalhas - Revista Oeste

Augusto Nunes

Lula confessa ter oferecido a sequestradores companheiros o socorro que negou a presos políticos cubanos 

Luiz Inácio Lula da Silva | Foto: Ronaldo Silva/Futura Press

 Luiz Inácio Lula da Silva | Foto: Ronaldo Silva/Futura Press

O avô de um amigo constrangia a família e assombrava visitantes ao cruzar a sala em silêncio, com passadas rápidas e inteiramente nu. Uma tia do meu pai, feliz com a festa do 100º aniversário, fez a dezenas de convidados já de saída as mesmas perguntas e a mesma oferta que repetira durante a vida inteira a quem aparecia na fazenda Itagaçaba: “Comeu bem? Bebeu bem? Quer pouso?”. Ao lado da aniversariante, a filha Bibi sussurrava a advertência: “Mãe, para com isso. Se alguém aceitar dormir aqui, não tem como acomodar”. Tia Leonor ouvia com atenção o conselho da única figura cujo nome não esquecera, mas retomava o mantra assim que alguém se despedia: “Comeu bem? Bebeu bem? Quer pouso?”. Outra parente octogenária caminhara em sentido oposto: se a filha cujo nome já sumira da memória continuasse puxando conversa na hora do almoço, ela perguntaria à caçula quando é que aquela estranha iria embora para que dividissem a mesa em sossego. Ela só reconhecia a filha caçula e, sabe Deus por quê, Silvio Santos.

Como a dilatação da expectativa de vida é mais veloz que os avanços da geriatria, incontáveis famílias hoje têm de lidar com casos assim. É preciso tratá-los com a amorosa paciência. Os avós da minha geração morriam cedo. Hoje, milhões de crianças crescem com bisavós por perto — e aprendem que podem fazer o que quiserem. Mas só no Brasil existe algo equivalente num partido político: pelo que tem dito e feito, Lula é a bisa do PT. Decide se o partido vai lançar candidato a governador ou contentar-se com a indicação do vice, muda o programa do partido sem consultar ninguém, envereda por assuntos que qualquer candidato com um pingo de juízo evita. Faz o que lhe dá na telha, e agora deu de fazer revelações que um político com um cisco de juízo guardaria em segredo. A última do patriarca destrambelhado consumou-se neste 17 de junho: resolveu gabar-se de ter libertado os arquitetos e os executores do sequestro do empresário Abílio Diniz, ocorrido durante as eleições presidenciais de 1989.

Lula pousou em Havana um dia depois da morte do dissidente Orlando Zapata Tamayo, que não resistira a 85 dias em greve de fome

Lula contou que, em 1998, botou na cabeça que deveria devolver à liberdade os autores do crime. Presos havia dez anos, tinham acabado de entrar em greve de fome. “Esses jovens, tinha argentinos, tinha gente da América Latina, iam entrar em greve seca, que é ficar sem comer e beber”, jurou num palavrório em Maceió. “A morte seria certa. Aí, então, eu fui procurar o ministro da Justiça, chamado Renan Calheiros.” Renan aconselhou-o a tratar diretamente com o presidente da República. Lula disse ter procurado FHC para dar-lhe um conselho: “Fernando, se você soltar os presos, pode entrar para a história como um democrata que evitou que dez jovens que cometeram um erro morressem na cadeia”. Nessa versão, Fernando Henrique concordou em libertar os presos se fosse interrompida a greve de fome. Lula: “Fui na cadeia no dia 31 de dezembro conversar com os meninos e falar: ‘Olha, vocês vão ter de dar a palavra para mim, vocês vão ter de garantir pra mim que vão acabar com a greve de fome agora, e vocês serão soltos’. Eles respeitaram a proposta, pararam a greve de fome e foram soltos. E eu não sei onde eles estão agora”. [OPINIÃO SINCERA... é de se lamentar que o presidente sociólogo tenha libertado os bandidos = se eles tivessem entrado em greve de fome e morrido o mundo seria melhor. 
- e,melhor ainda se o descondenado petista fosse junto com eles - imaginem teríamos nos livrado da maior quadrilha que assaltou o Brasil por 13 anos.]

Nenhum  deles foi solto pelo governo brasileiro. Foram extraditados no ano seguinte, para cumprirem em seus países o que restava da pena de prisão
De todo modo, isso é o que menos importa: Lula sempre mentiu como quem respira. Muito mais chocante foi a obscena exposição do desprezo do ex-presidente pela clemência e pelos direitos humanos. Só um cafajeste de fina estampa pode exigir que companheiros terroristas fossem contemplados com o socorro que, 12 anos depois, negaria a dezenas de cubanos que discordaram publicamente da ditadura comunista. 
Em fevereiro de 2010, numa carta endereçada ao oportunista homiziado no Palácio do Planalto, 42 dissidentes encarcerados na ilha-presídio reiteraram o apelo ao Pai dos Pobres (e Mãe dos Ricos): “Ao sabermos de sua próxima visita a Cuba, solicitamos que, durante as conversações que manterá com representantes do primeiro escalão do governo, fale de nossa situação e advogue a favor de nossa libertação”.

Lula pousou em Havana um dia depois da morte do dissidente Orlando Zapata Tamayo, que não resistira a 85 dias em greve de fome. Nem por isso hesitou em atirar ao lixo o argumento que apresentara a FHC para devolver à liberdade os autores de um dos mais abjetos sequestros registrados no Brasil. “Greve de fome não pode ser utilizada como um pretexto de direitos humanos para libertar pessoas”, recitou o chefão da esquerda de botequim. “Imagine se todos os presos em São Paulo entrassem em greve de fome e pedissem libertação.”

Afrontados pela infame hostilidade do presidente brasileiro, os cubanos acuados endereçaram ao presidente da Costa Rica o mesmo pedido de ajuda que Lula rechaçou. Fiel à biografia admirável, Oscar Arias nem esperara pela chegada do apelo, que Lula confessara não ter lido “por falta de tempo”, para estender a mão às vítimas dos carrascos. Já publicara no jornal espanhol El País um artigo que induzia a uma pedagógica comparação entre dois chefes de governo:

ARIAS: Uma greve de fome de 85 dias não foi suficiente para convencer o governo cubano de que era necessário preservar a vida de uma pessoa, acima de qualquer diferença ideológica. Não foi suficiente para induzir à compaixão um regime que se vangloria da solidariedade que, na prática, só aplica a seus simpatizantes. Nada podemos fazer agora para salvar Orlando Zapata, mas podemos erguer a voz em nome de Guillermo Fariñas Hernández, que há 17 dias está em greve de fome em Santa Clara, reivindicando a libertação de outros presos políticos, especialmente aqueles em precário estado de saúde.

LULA: Temos de respeitar a determinação da Justiça e do governo cubano, de prender as pessoas em função da lei de Cuba, assim como quero que respeitem o Brasil.

ARIAS: Seria perigoso se um Estado de Direito se visse obrigado a libertar todos os presos que decidirem deixar de alimentar-se. Mas esses presos cubanos não são como os outros, nem há em Cuba um Estado de Direito. São presos políticos ou de consciência, que não cometeram nenhum delito além de opor-se a um regime.

Lula: Temos de respeitar a determinação da Justiça e do governo cubanos.

ARIAS: Não existem presos políticos nas democracias. Em nenhum país verdadeiramente livre alguém vai para a prisão por pensar de modo diferente. Cuba pode fazer todos os esforços retóricos para vender a ideia de que é uma democracia especial. Cada preso político nega essa afirmação. Cada preso político é uma prova irrefutável de autoritarismo. Todos foram julgados por um sistema de independência questionável e sofreram punições excessivas sem terem causado danos a qualquer pessoa.

Lula: Cada país tem o direito de decidir o que é melhor para ele.

ARIAS: Sempre lutei para que Cuba faça a transição para a democracia. O governo de Raúl Castro tem outra oportunidade para mostrar que pode aprender a respeitar os direitos humanos, sobretudo os direitos dos opositores. Se o governo cubano libertasse os presos políticos, teria mais autoridade para reclamar respeito a seu sistema político e à sua forma de fazer as coisas.

Lula: Não vou dar palpites nos assuntos de outros países, principalmente um país amigo.

ARIAS: Estou consciente de que, ao fazer estas afirmações, eu me exponho a todo tipo de acusação. O regime cubano me acusará de imiscuir-me em assuntos internos, de violar sua soberania e, quase com certeza, de ser um lacaio do império. Sem dúvida, sou um lacaio do império: do império da razão, da compaixão e da liberdade. Não me calo quando os direitos humanos são desrespeitados. Não posso calar-me se a simples existência de um regime como o de Cuba é uma afronta à democracia. Não me calo quando seres humanos estão com a vida em jogo só por terem contestado uma causa ideológica que prescreveu há anos. Vivi o suficiente para saber que não há nada pior que ter medo de dizer a verdade.

Oscar Arias é um chefe de Estado. Lula é chefe de uma seita com cara de bando. 
Arias conhece a História e tenta moldar um futuro mais luminoso. 
Lula nunca leu um livro, não sabe o que aconteceu e só pensa na próxima eleição. 
Arias é justo e generoso. Lula é mesquinho e oportunista. Arias se guia por princípios e valores. Lula menospreza irrelevâncias como direitos humanos, liberdade ou democracia. 
O artigo do presidente da Costa Rica, um homem digno, honrou o Nobel da Paz que recebeu
A discurseira do presidente brasileiro, um falastrão sem compromisso com valores morais, tornou-o tão candidato ao prêmio quanto Nicolás Maduro. A colisão frontal entre o que Arias escreveu e o que Lula disse escancarou a distância abissal que separa o estadista de um político de esgoto.

Leia também “Uma toga perdida na Amazônia”

Augusto Nunes, colunista - Revista Oeste

 

quarta-feira, 16 de março de 2022

Rússia diz que acordo sobre neutralidade está próximo: Ucrânia desistiria da Otan, mas manteria Forças Armadas - O Globo

Moscou divulga sua versão detalhada sobre o andar das negociações e indica aceitar que vizinho mantenha suas armas. Kiev pede garantias de segurança do Ocidente

Detalhes importantes das condições de um possível acordo de paz que encerre a guerra entre Rússia e Ucrânia vieram a público nesta quarta-feira, quando autoridades russas indicaram estar dispostas a aceitar que a Ucrânia mantenha as próprias Forças Armadas para a autodefesa, contanto que o país se comprometa a desistir da aspiração de se juntar à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

A Rússia está disposta a aceitar que a Ucrânia adote um modelo comparável ao da Áustria e da Suécia, disse o ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov. O país disporia de Forças Armadas para se defender de agressões, mas se declararia neutro em futuros conflitos, comprometendo-se a não se unir a nenhuma aliança militar e não sediar bases militares estrangeiras. — O status neutro agora está sendo seriamente discutido junto, é claro, de garantias de segurança — disse Lavrov à BBC russa nesta quarta. — Agora isso está sob discussão nas negociações… Há formulações absolutamente específicas e, na minha opinião, um acordo sobre elas está próximo.

Lavrov disse que "o clima de diálogo que começou a surgir nos dá esperança de que possamos concordar especificamente sobre esse tópico". — Embora esteja claro que o problema é muito mais amplo, se pudermos proclamar neutralidade e declarar garantias, será um avanço significativo.

As informações mais específicas foram oferecidas por Vladimir Medinsky, o principal negociador da Rússia, que disse à TV estatal russa: — A Ucrânia está oferecendo uma versão austríaca ou sueca de um Estado desmilitarizado neutro, mas ao mesmo tempo um estado com seu próprio Exército e Marinha.

Desde o início da invasão, a Rússia aponta a neutralidade e a desmilitarização da Ucrânia como condições para o fim da guerra. O termo neutralidade é muito abrangente e inclui desde países que não têm Forças Armadas, como a Costa Rica, a outros que têm Exército, como a Áustria e a Suécia. Agora, a Rússia indica estar disposta a aceitar que a Ucrânia mantenha seu Exército, entendendo a neutralidade armada como uma forma de desmilitarização.

Modelo potencial
A Áustria, que a Rússia agora cita como um modelo potencial, tem um compromisso com a neutralidade desde 1955, obrigação que está consagrada em sua Constituição. Segundo ela, a Áustria não pode se unir a uma aliança militar, permitir o estabelecimento de bases estrangeiras ou participar em guerras.

Por outro lado, a Áustria tem Forças Armadas, com 22 mil soldados na ativa e 945 mil na reserva. As principais missões constitucionais delas são proteger as instituições constitucionalmente estabelecidas e as liberdades democráticas da população (o que inclui se defender de ameaças externas), manter a ordem e a segurança dentro do país e prestar assistência em caso de catástrofes naturais e desastres de magnitude excepcional.

Nas décadas desde a assinatura do tratado, a Áustria seguiu uma política de “neutralidade ativa”, principalmente sediando reuniões entre o Leste e o Oeste, como visto recentemente nas discussões que ocorrem em Viena para retomar um acordo nuclear com o Irã. As Forças Armadas austríacas também participaram de operações de manutenção da paz da ONU após uma reforma constitucional em 1997.

Já a Suécia abandonou um período de quase 200 anos de neutralidade militar oficial em 2009, quando assinou tratados de autodefesa mútua com a União Europeia e com países nórdicos. Mesmo assim, o país continuou a se comportar como um país neutro e não alinhado. Após a invasão da Ucrânia, autoridades suecas sinalizaram considerar aderir à Otan, possibilidade descartada por sua premier.

Na terça-feira, os países realizaram mais uma rodada oficial de negociações. Após Lavrov, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que “esta é uma variante que está sendo discutida e que pode realmente ser vista como um compromisso”. Peskov disse que ainda é cedo para prever um acordo entre as partes. — O trabalho é difícil e, na situação atual, o próprio fato de (as negociações) continuarem é provavelmente positivo.

A Ucrânia várias vezes indicou estar disposta a desistir da entrada da Otan, contanto que receba garantias de segurança. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky — que, na terça-feira, deu um dos mais explícitos sinais de que pode desistir da intenção de se unir à aliança —, também disse que as negociações avançam, mas um acordo ainda não é iminente: — As reuniões continuam e, estou informado, as posições durante as negociações já parecem mais realistas. Mas ainda é necessário tempo para que as decisões sejam do interesse da Ucrânia — disse Zelensky.

[comentando: nos parece que  o caminho para uma PAZ DURADOURA começa  com a desistência total da Ucrânia de se associar à Otan.
Com adição de mais algumas condições inegociáveis: renúncia imediata de Volodymyr Zelensky - responsável direto pelas mortes de milhares de ucranianos e russos, ao criar uma guerra para outros países guerrearem; 
 - adoção de uma neutralidade nos moldes da adotada pela Suécia; e
- não adoção dos tais "estados garantidores" = a conduta adotada pelo  ex-comediante Zelensky - arranjar guerras, para outros países combaterem - não recomenda que haja espaço para repetição. O próprio entendimento do Podolyak, negociador-chefe,  deixa claro que para os ucranianos qualquer encrenca em que a Ucrânia se envolva, deve ter apoio compulsório de outros países.] 
 

Estados garantidores
O negociador-chefe ucraniano, Mykhailo Podolyak, disse que um modelo de garantias de segurança juridicamente vinculantes que ofereceriam proteção à Ucrânia por um grupo de aliados no caso de um ataque futuro estava "na mesa de negociações". “O que isso significa? Um acordo rígido com vários Estados garantidores assumindo obrigações legais claras para prevenir ativamente os ataques", disse no Twitter. 

Podolyak evitou comparações com o modelo de outros países. "A Ucrânia está em uma guerra direta com a Rússia. Portanto, o modelo só pode ser 'ucraniano' e apenas com base em garantias sólidas em termos de segurança", afirmou. Ele disse ainda também os signatários deveriam se comprometer com uma intervenção em caso de agressão contra a Ucrânia, em uma crítica à ajuda recebida."Isto significa que os signatários das garantias não podem ficar à margem em caso de ataque contra a Ucrânia como acontece hoje e que participarão ativamente no conflito do lado ucraniano e fornecerão imediatamente as armas necessárias",  disse Podolyak.

Mundo - O Globo
 


quarta-feira, 10 de novembro de 2021

A volta ao passado, para muitos, é uma questão de sobrevivência - Alexandre Garcia

O líder da revolução sandinista, Daniel Ortega, foi eleito domingo, mais uma vez, presidente da Nicarágua, com 75% dos votos. O segundo em votos teve 14% e é um seu colaborador. Outros quatro candidatos ficaram com menos de 4%. A mulher de Ortega, Rosario, que ele chama de copresidenta, também foi reeleita vice-presidente. Sete candidatos da verdadeira oposição estão presos. A que detinha a preferência popular, Cristina Chamorro, está em prisão domiciliar.

Ela é filha de Violeta Chamorro, que foi presidente na Nicarágua depois de 11 anos do período pós-revolução de Ortega. Ele voltou 14 anos, totalizando 25. E vai para mais cinco, com 76 anos de idade. Pelos últimos três anos, ele fez leis de censura e criminalização da oposição. Milhares de nicaraguenses se exilaram nos Estados Unidos e na Costa Rica. Os três principais partidos de oposição foram extintos. A repressão foi legalizada.

Estamos a menos de um ano de novas eleições. Tal como na Nicarágua de Ortega, nesses últimos anos, a estrutura plantada em tempos de dominação do Estado por partido político trabalha dentro e fora dos Três Poderes para reagir aos novos tempos, tentando evitar que sejam confirmados nas urnas. 
 
A volta ao passado, para muitos, é uma questão de sobrevivência; para outros, manutenção de privilégios; para alguns, vindita da derrota de 2018; outros mais, por ideologia. 
A CPI foi o divã catártico que revelou esse movimento reacionário.
Temos uma amostra no continente latino-americano do padrão desses regimes; no Brasil, tivemos a experiência da corrupção institucionalizada — sem ela, apareceu dinheiro para socorrer estados, municípios e milhões de brasileiros que perderam a renda para a campanha do fecha-tudo.  
 
Como na Nicarágua, tendo eleição futuro como alvo, também há um avanço da censura, da restrição a liberdades fundamentais, com um silêncio cúmplice de quem deveria defender as liberdades.
Na Alemanha, os judeus foram sendo tolhidos de liberdade enquanto pensavam que seria a última vez. A última vez foi quando foram postos em trens para os campos de extermínio. 
E a democracia se esvai quando se repetem, como teste, supressões a direitos fundamentais para calar e impor.
 
Alexandre Garcia, colunista - Correio Braziliense

sexta-feira, 30 de julho de 2021

O STF, O EXECUTIVO FEDERAL E A COVID-19 - Percival Puggina

O STF colocou no ar um vídeo com os seguintes dizeres: "Uma mentira repetida mil vezes vira verdade? 
Não. É falso que o Supremo tenha tirado poderes do presidente da República de atuar na pandemia. É verdadeiro que o STF decidiu que União, estados e prefeituras tinham que atuar juntos, com medidas para proteger a população. Não espalhe fake news! Compartilhe as #VerdadesdoSTF".

A esse respeito, a Secretaria de Comunicação do governo divulgou, dia 29, a seguinte nota oficial:

Em relação ao vídeo veiculado em perfil oficial do Supremo Tribunal Federal, observamos o seguinte:

- O Governo Federal agiu e segue agindo, durante toda a pandemia, enviando recursos a estados e municípios, bem como material hospitalar. Mobilizou toda sua estrutura federal, incluindo as aeronaves da FAB, para transportar remédios, oxigênio, materiais diversos e, sobretudo, pacientes.

- O nosso Governo também criou programas para a manutenção de empregos (PRONAMPE), bem como despendeu R$ 320 bilhões para atender os mais necessitados que foram obrigados a ficar em casa, sem meios de sobrevivência, via Auxílio Emergencial.

- Fake news desestimularam o tratamento inicial da doença, desrespeitando, inclusive, parecer do Conselho Federal de Medicina que atribui ao médico a decisão de receitar, com aquiescência do paciente ou familiar, o tratamento off-label (fora da bula).

O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, em abril de 2020, que "não compete ao Poder Executivo afastar, unilateralmente, as decisões dos governos estaduais, distrital e municipais que adotaram importantes medidas restritivas como a imposição de quarentena, suspensão de atividades de ensino, restrições de comércio, atividades culturais e à circulação de pessoas.”

Desta forma, o STF delegou poderes para que Estados e Municípios fechassem o comércio, decretassem lockdown, fechassem igrejas, prendessem homens e mulheres em praças públicas ou praias, realizassem toque de recolher, etc.

O Governo Federal, por duas vezes, foi ao STF para que decretos de governadores, que violavam incisos  do art. 5° da Constituição Federal, que trata das liberdades individuais, fossem declarados inconstitucionais. Lamentavelmente estas ações sequer foram analisadas.

Em nenhum momento este Governo deixou de respeitar o sagrado direito à liberdade de expressão de todos
Cometem atos antidemocráticos exatamente os que querem, pelo uso da força, calar quem se manifesta. [os que usam os direitos que a Democracia propicia para reprimir aos que tentam usar direitos que a mesma Democracia disponibiliza, são os verdadeiros antidemocratas.
Tem ato mais antidemocrático, que usar a Constituição e a Democracia para cercear direitos constitucionais e democráticos dos opositores? = a autoridade 'democrática' interpreta a Carta Magna e os principios democráticos de forma a que sua interpretação criativa permita a prática de arbitrariedades, em flagrante desrespeito aos direitos essenciais.] O Presidente da República sempre defendeu, mesmo sob críticas, que o vírus e o desemprego deveriam ser combatidos de forma simultânea e com a mesma responsabilidade. A fome também mata.

A vacina é uma realidade em nosso Governo. Fora os países produtores da mesma, o Brasil é aquele que mais investe em imunizantes e que mais vacinou sua população. Mais do que nunca, o momento continua sendo o da união de todos no combate ao mal comum: o vírus, que é mortal para muitos.

Comento
O Supremo nunca deixou dúvidas quanto ao fato de que o Poder Executivo, nessa atuação conjunta com estados e municípios, só poderia agir em alinhamento com as políticas regionais e locais
Não era dado à União atuar em divergência com as medidas adotadas pelos entes federados
Nem mesmo podia intrometer-se nas terapias, ou obstar as excessivas intromissões na vida privada e nas liberdades e direitos individuais. 
No que lhe foi dado fazer, a União agiu exuberantemente como registra a nota da SECOM. [por mais que digam o contrário, por mais que patrocinem desmentidos que nada desmentem, a VERDADE permanecerá: os desmandos, a incompetência e a desonestidade da quase totalidade das "autoridades locais", foram praticados no exercício de um mandato que receberam do Supremo Tribunal Federal. Onde houver JUSTIÇA - em maiúsculas -  seja no Brasil, na Costa Rica ou em Haia essa verdade não poderá ser mudada ou ignorada.]

Percival Puggina - Conservadores & Liberais


sábado, 3 de julho de 2021

Precisamos falar sobre a CoronaVac - Revista Oeste

Paula Leal

A vacina recebida pela maioria dos brasileiros enfrenta um surto de perguntas sem resposta

O que esperar de uma cidade que já vacinou mais de 95% da população contra a covid-19? Comércio e escolas abertos, bares e restaurantes funcionando normalmente, gente praticando esportes e andando nas ruas sem máscara. Aquela vida normal que tínhamos até sermos atingidos pela maior e mais devastadora pandemia do século. Em boa parte dos Estados Unidos, Israel e nações do continente europeu, esse é o cenário real desde que o ritmo da vacinação acelerou-se. Mas a pacata Serrana, no interior paulista, mesmo depois de imunizar quase toda a população, continua na mesma. O município segue estritamente as regras do Plano São Paulo estabelecidas pelo governador João Doria (PSDB) e seu conselho de “especialistas em ciência” que formam o Centro de Contingência. Por lá, a vida permanece no “modo pandêmico”: comércio, bares e restaurantes com horários restritos, controle de ocupação, uso de máscara obrigatório até mesmo ao ar livre, nada de eventos, festas, comemorações. A ordem é manter as orientações de quem ainda não recebeu nenhuma dose de vacina.

O estudo clínico, batizado de Projeto S pelo Instituto Butantan, foi estruturado de maneira sigilosa ainda no ano passado e implementado entre fevereiro e abril de 2021. Ao longo de oito semanas, pouco mais de 27 mil moradores foram imunizados com a CoronaVac, a vacina desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac em parceria com o Butantan — o equivalente a 95% da população-alvo da pesquisa e aproximadamente 60% da população total de Serrana, de quase 46 mil habitantes. Os resultados do experimento foram divulgados numa coletiva de imprensa mais de um mês depois do término da vacinação: as mortes por covid-19 caíram 95%, as internações recuaram 86% e os casos sintomáticos foram reduzidos em 80%. Até agora, no entanto, o Butantan não apresentou os dados brutos da pesquisa nem informações sobre faixa etária. A justificativa é que eles serão publicados num artigo científico — futuramente. Segundo especialistas, a prática de não divulgar os detalhes de um estudo científico numa coletiva de imprensa é comum, mas ajuda a engrossar o caldo de desconfiança que ronda a CoronaVac desde a sua origem.

Um festival de erros
Primeiro, o relacionamento do governo paulista com o gigante farmacêutico chinês Sinovac continua um mistério. O contrato firmado envolve cláusulas sigilosas que não podem ser compartilhadas com a comunidade médica. Pela parceria, o governo do Estado diz que pagou R$ 85 milhões em junho do ano passado. Em setembro, foram US$ 90 milhões — o governador João Doria não esclareceu se esse valor se soma ao que foi pago anteriormente. No último dia 23, a presidente do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo solicitou os termos da negociação entre o Butantan e o fabricante. Em relatório elaborado pelo órgão de controle, o instituto é criticado pela falta de transparência no fornecimento de informações ao tribunal.

Depois, a divulgação de dados sobre a vacina foi um show de tropeços. Após três adiamentos, coletivas que forneciam números incompletos e cálculos questionáveis, a população brasileira ficou sabendo que a CoronaVac atingiu 50,38% de eficácia global, no limite exigido para aprovação pela Organização Mundial da Saúde e pela Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa). A demora em divulgar o estudo completo e a frustrante repercussão dos resultados deram a impressão de que o governo do Estado já sabia da baixa eficácia da vacina e represava informações, ou, pior, tentava omitir dados.

Para além de uma vacina que bateu na trave nos critérios da Anvisa, são poucos os países que fazem companhia ao Brasil na escolha da CoronaVac: além da China,  Turquia, Indonésia, Chile e Uruguai apostaram no laboratório Sinovac. No mês passado, a Costa Rica recusou a compra do imunizante chinês sob alegação de que o produto não atingiu os 60% de eficácia mínima exigida pelo Ministério da Saúde local. Por fim, ainda não há notícia de que alguma autoridade científica da comunidade internacional tenha respaldado os estudos do fabricante chinês.

Largada da vacinação no Brasil
Com a autorização do uso emergencial de duas vacinas — a CoronaVac e o imunizante do laboratório anglo-sueco AstraZeneca, em 17 de janeiro, foi dada a largada para a vacinação no país. Pouco mais de cinco meses depois, já foram aplicados mais de 100 milhões de doses de vacinas contra a covid-19. Dos 100 milhões de CoronaVac adquiridos pelo Ministério da Saúde (MS) ao custo unitário de R$ 58,20, 43 milhões já foram aplicados. Valor total da negociação: R$ 5,8 bilhões. Por algumas semanas, a vacina chinesa foi a única opção dos brasileiros, e boa parte dos grupos prioritários recebeu as duas doses do imunizante. Agora, resta saber se quem já gastou sua vez na fila com o produto chinês está realmente imunizado. Como escreveu o jornalista Augusto Nunes, colunista de Oeste, num artigo recente, “ninguém torce tanto pelo sucesso da CoronaVac quanto os que receberam duas doses do maior trunfo eleitoral do governador João Doria.” Só que torcida, em ciência, não funciona. Os fatos são teimosos.

O estudo final sobre a CoronaVac, divulgado em abril deste ano, mostrou que a eficácia da vacina para casos sintomáticos de covid-19 atingiu 50,7%, ante os 50,38% divulgados anteriormente. Os resultados foram enviados à revista científica Lancet para revisão por pares, mas ainda não foram publicados. Entretanto, outra pesquisa realizada pela Vebra Covid-19 (sigla para Vaccine Effectiveness in Brazil against covid-19), grupo que reúne pesquisadores brasileiros e estrangeiros, avaliou o desempenho da vacina em pessoas de 70 anos ou mais vacinadas no Estado de São Paulo. A média de efetividade foi de 42% na totalidade do grupo e de apenas 28% nos idosos acima dos 80 anos. O trabalho envolveu 15,9 mil voluntários e foi o maior já feito nessa faixa etária. Questionado sobre a diferença nos resultados, o Instituto Butantan respondeu a Oeste: “O estudo em questão não fala em eficácia. Com dados secundários, ele mediu a positividade de casos nessa população, sem, no entanto, esclarecer quantos dos infectados evoluem para quadros graves ou óbitos, que é justamente o que a vacina visa a prevenir.”

Independentemente de paixões políticas, o resultado do estudo da Vebra contestado pelo Butantan indica uma realidade que precisa ser encarada pelas autoridades de saúde no país: a CoronaVac tem baixa eficácia e, ao que parece, não tem se mostrado capaz de frear a transmissão da doença.

A realidade em outros países
O dilema de quem confiou em imunizantes chineses não é exclusividade do Brasil. Uma reportagem recente publicada pelo jornal The New York Times mostra que outros países que também compraram vacinas produzidas na China enfrentam novos surtos de contaminação. Na Mongólia, Bahrein, Chile e nas pequenas Ilhas Seychelles, entre 50% e cerca de 70% da população foi totalmente vacinada, ultrapassando inclusive os Estados Unidos, segundo o site Our World in Data. Entretanto, todos eles foram parar na lista dos dez países com os piores surtos de covid-19 registrados na terceira semana de junho, de acordo com levantamento de dados feito pelo jornal norte-americano. Mongólia, Bahrein e Seychelles escolheram majoritariamente a fabricante Sinopharm. Já o Chile aderiu à vacina do laboratório Sinovac Biotech, o mesmo que produz a CoronaVac envasada pelo Butantan.

O caso do país sul-americano é emblemático. Com 54% da população totalmente imunizada e 65% vacinada com a primeira dose (dados do Our World in Data), o Chile segue com medidas rígidas de isolamento. No mês passado, a capital Santiago e outros municípios entraram novamente em lockdown para conter o avanço da contaminação. O confinamento restrito se estendeu até ontem, quinta-feira 1º de julho, quando se iniciou um programa gradual de flexibilização. No Chile, a CoronaVac corresponde a 77% do total das doses aplicadas até agora. Em fevereiro, quando o programa de vacinação começou, foram registrados 515 novos casos por 100 mil habitantes. Em junho, a taxa de novas contaminações atingiu a marca de 922 por 100 mil. A ocupação de leitos de UTI segue acima de 90% no país.

Pessoas ligavam para amigos e parentes para avisar: “É Pfizer, pode vir”

Em nota publicada no site da instituição em 18 de junho, o Butantan nega que o aumento de casos de covid-19 no Chile esteja relacionado à vacinação com a CoronaVac. Segundo Dimas Covas, presidente do instituto, dois relatórios divulgados pelo Ministério da Saúde chileno sobre o desempenho da vacina mostraram alta eficiência. Covas também ressaltou que “os novos casos que têm aparecido no Chile afetam majoritariamente as populações que não receberam a vacina, principalmente os mais jovens”. A nota informa ainda que, apesar do alcance da cobertura vacinal com as duas doses de 50%, “é necessário ter ao menos uma parcela de 70% das pessoas imunizadas para que se tenha um efeito indireto da vacinação”.

No começo, atribuiu-se a culpa ao relaxamento das medidas de proteção, à chegada de novas variantes e ao início do outono. Mas o conjunto de evidências só reforça o fato de que as vacinas chinesas, embora apresentem eficácia na redução de internações e de mortes, não conseguiram reduzir a transmissão do vírus.

A CoronaVac no Brasil
Se os gestores públicos não querem enfrentar o assunto, muitos brasileiros já estão tomando providências por conta própria. Em visita a um posto de saúde na Bela Vista, bairro no centro de São Paulo, no último dia 21 de junho, a reportagem de Oeste conversou com mais de 15 pessoas que aguardavam sua vez na fila para se vacinar com a Pfizer, marca do imunizante oferecido naquele dia. Roberto Andrade, administrador, 56 anos, disse ter ido a três postos de saúde perguntar qual era a vacina disponível. Ao saber tratar-se da AstraZeneca, virou as costas e foi embora. “A CoronaVac também não quero tomar. A taxa de eficácia ficou abaixo das outras duas [Pfizer e AstraZeneca]”, afirmou. “Resolvi esperar para tomar a Pfizer, tenho mais confiança no laboratório.” No fim da fila, por volta das 10h30, Cristian Vieira da Silva, 38, desempregado, disse não se importar de esperar, já que a vacina era a da Pfizer. “Já fui a cinco postos. Não tomo AstraZeneca. Tenho medo porque sou portador de comorbidade. E a CoronaVac é fraca.” Enfileiradas à espera de uma picada, pessoas ligavam para amigos e parentes para avisar: “É Pfizer, pode vir”.

Seis idosos vacinados com duas doses da CoronaVac morreram de covid-19 num asilo em Arapongas

Segundo especialistas, as taxas de eficácia divulgadas pelas desenvolvedoras das vacinas não podem ser comparadas diretamente porque cada estudo tem sua metodologia própria e, principalmente, um período de desenvolvimento do ensaio clínico distinto. Mesmo assim, quem manifesta preferência por determinado imunizante já ganhou o apelido desommelier de vacinas” e, embora a prática seja criticada por atrasar o avanço da vacinação, é bastante comum em vários postos de saúde.

Outra situação frequente nesta fase da pandemia é recorrer a exames sorológicos para saber se o organismo desenvolveu anticorpos contra a covid-19 após duas doses de vacina. “Não existe até agora uma validação de exame contra o Sars-Cov-2 sorológico que possa confirmar que uma pessoa está imunizada”, explica a médica infectologista Patrícia Rady Muller. Entretanto, seja por curiosidade ou recomendação médica, um dos testes mais recorrentes é o de anticorpos neutralizantes, que avalia se houve produção de anticorpos contra a covid-19 no organismo e mostra o porcentual deles com capacidade de neutralizar o vírus. Oeste teve acesso ao exame de anticorpos neutralizantes do oftalmologista Luiz Roberto Colombo Barboza, vacinado com duas doses da CoronaVac. O resultado: reagente 21%. Entre várias observações constantes no laudo laboratorial, uma delas chama atenção: “resultados entre 20% e 30% de inibição são considerados reagentes fracos e devem ser interpretados com cautela”.

“Desde o início, era sabido que a CoronaVac era uma vacina que não tinha grande eficácia, principalmente em idosos”, diz o médico-cirurgião oncológico com pós-doutorado em epidemiologia estatística, Luiz Bevilacqua. “Só que era o que tinha no momento, a gente não pode se arrepender.” Diante da realidade que se impõe, ele defende uma reavaliação no plano de imunização para priorizar a proteção da população de risco com vacinas mais eficazes. Outro fator importante, apontado pela médica infectologista Patrícia Rady Muller, é que a taxa de eficácia de uma vacina interfere em políticas públicas para definir a extensão da cobertura vacinal. “Quanto menor a eficácia, mais pessoas precisamos vacinar para evitar transmissão de uma pessoa a outra.”

Em junho, seis idosos vacinados com duas doses da CoronaVac morreram de covid-19 num asilo em Arapongas, no Paraná, em meio a um surto que atingiu 32 dos 43 residentes do Lar São Vicente de Paulo. Além disso, oito dos 16 funcionários que trabalham na instituição, todos com imunização completa com a vacina chinesa, foram diagnosticados com a covid-19 no mês passado — até o momento, nenhum deles desenvolveu quadro grave da doença. A Revista Oeste questionou o Instituto Butantan a respeito do caso, e obteve, por e-mail, a seguinte resposta: “É prematura e temerária qualquer afirmação sobre hospitalizações ou óbito pela covid-19 de pessoas vacinadas contra a doença, uma vez que cada caso, individualmente, deve passar obrigatoriamente pelo processo de investigação, que não considera apenas a imunização de forma isolada, e sim o conjunto de aspectos clínicos, como comorbidades e outros fatores não relacionados à vacinação”.

De volta ao caso de Serrana, a cidade paulista com 95% dos moradores vacinados com a CoronaVac, os números indicam que o vírus continua se espalhando. “Quem eu conheço, mesmo vacinado, ainda tem medo do vírus”, disse a comerciante Eliana Maria Máximo, dona de uma lanchonete no centro da cidade. A vacinação em massa terminou em 11 de abril. Em maio, registraram-se 333 casos, um aumento de cerca de 42% em relação ao mês anterior (235). Em junho foram 299 casos. O pico de mortes relacionadas à covid-19 ocorreu em março deste ano, quando se verificaram 18 óbitos. Em abril foram oito; em maio, sete; e em junho, seis.

Oeste também solicitou ao Ministério da Saúde informações sobre o número de mortos em razão da covid-19 por faixa etária para cruzar com os dados de pessoas imunizadas com duas doses de vacinas. Em resposta, por e-mail, o MS informou “que ainda é precoce fazer esse tipo de análise e cruzamentos de dados". O pedido foi feito em 19 de abril.

Ao cenário de incertezas, soma-se o fato de que os imunizados com a CoronaVac continuam proibidos de entrar nos Estados Unidos ou cruzar as fronteiras dos principais países da Europa. Isso porque algumas autoridades sanitárias ainda não chancelaram a fabricante Sinovac. A situação não mudou com a inclusão do imunizante chinês na lista dos liberados pela OMS para uso emergencial. Enquanto as principais agências regulatórias do mundo não aprovam o uso da CoronaVac, a vacina segue em aplicação no Brasil com autorização de uso emergencial pela Anvisa. Os imunizantes da AstraZeneca/Oxford e Pfizer já possuem o registro definitivo. O Butantan informou que “está encaminhando as informações ao órgão, dentro do processo de submissão contínua”, mas, segundo a Anvisa, o instituto ainda não fez o requerimento para registro do produto.

Outra questão que intriga é entender por que o Butantan resolveu apostar em outra vacina, a ButanVac, quando já envasa quase 1 milhão de doses da CoronaVac por dia e investiu em nova fábrica para produzir o IFA (insumo farmacêutico ativo) nacional. Por certo, a iniciativa de ter uma vacina desenvolvida no Brasil (sem depender de insumos importados) para ampliar o cardápio vacinal aumenta a segurança. Mas é possível que a pressa em produzir um imunizante em três meses, como prometido pelo Butantan, seja justificada pela preocupação em ter na manga uma alternativa caso a CoronaVac se mostre ineficaz.

A polêmica da terceira dose e a combinação de vacinas
Há meses discute-se a necessidade de uma dose extra da CoronaVac para quem já tomou duas injeções. Alguns fabricantes, como a Pfizer, anunciaram a possibilidade de uma dose anual de reforço. Afinal, é bem provável que a imunização contra a covid-19 repita o esquema vacinal contra a gripe. O que incomoda é a falta de clareza e transparência no caso da CoronaVac. Ainda em abril, o diretor médico de pesquisa clínica do Instituto Butantan, Ricardo Palacios, confirmou que havia estudos sobre uma eventual terceira dose. “Existem grandes preocupações sobre como melhorar a duração da resposta imune, e uma das alternativas que têm sido consideradas é uma dose de reforço, seja com a própria CoronaVac, seja com outros imunizantes." No mês passado, Dimas Covas disse, primeiro, que não havia motivo para preocupação. “A vacina é eficiente e, neste momento, não existe necessidade de se preocupar com uma terceira dose, como foi propalado recentemente.” No dia seguinte, voltou atrás e admitiu que a entidade trabalha com a possibilidade de um reforço vacinal para ser aplicado anualmente em todas as faixas populacionais.

Em entrevista a Oeste no ano passado, quando as vacinas ainda eram uma promessa no meio científico, o médico pediatra e toxicologista Anthony Wong, falecido em janeiro de 2021, explicou que a tecnologia do vírus inativo utilizada na produção da vacina chinesa requer três ou até mesmo quatro doses para produzir efeito. Segundo  Wong, a oferta de apenas duas injeções teria relação com o encurtamento das etapas de estudo da CoronaVac. “Eles não completaram a fase 2”, disse. “Então, não sabem se será necessária ou não uma terceira dose. E garanto que precisa. Não existe uma única vacina de vírus inativo que não exija três doses. A única explicação para oferecer apenas duas doses é a pressa.” O diretor do Centro Chinês para Controle e Prevenção de Doenças (CDC), Gao Fu, chegou a admitir que as vacinas chinesas contra a covid-19 têm baixa eficácia e que o governo chinês estuda misturar diferentes vacinas de modo a aumentar a proteção. Já o diretor do laboratório Sinovac, Ying Weidong, afirmou que uma terceira dose da vacina depois de três ou seis meses poderia multiplicar por dez a resposta de anticorpos em uma semana e por vinte em 15 dias, mas os resultados ainda precisam de mais estudos.

Outros países estão alerta. O governo do Chile avalia a aplicação de uma terceira dose da CoronaVac. Bahrein e os Emirados Árabes Unidos já anunciaram que vão oferecer uma dose de reforço. Na Turquia, a revacinação da população inicia-se em julho. No Brasil, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou que o governo federal ainda analisa a necessidade de nova vacinação contra a covid-19 no ano que vem — ou se bastará apenas uma dose de reforço para a população brasileira.

Mais uma possibilidade na mesa é a mistura de imunizantes. Nesta semana, o Rio de Janeiro foi a primeira cidade brasileira a oficialmente autorizar a combinação de vacinas para grávidas. Segundo a prefeitura, gestantes e mulheres que acabaram de ter filhos e tomaram a primeira dose da AstraZeneca estão autorizadas a receber a segunda aplicação da Pfizer. Na Coreia do Sul, a decisão de adotar o “mix” de vacinas deu-se em razão dos atrasos no envio das doses pelo consórcio global Covax Facility. Medidas semelhantes já foram adotadas por países como Dinamarca, Canadá, Finlândia, França, Alemanha, Noruega, Espanha e Suécia.

A vacinação em massa tem se mostrado a melhor saída para emergir da pandemia. Mas, se no início da campanha de imunização a melhor vacina era aquela que chegava logo ao braço, agora os números mostram que a disparidade de resultados em razão do uso de diferentes fórmulas no mundo tem consequências. Enquanto alguns países já deram adeus às máscaras e estão livres de restrições, outras nações, com os mesmos índices de vacinação, amargam medidas de isolamento e enfrentam novos surtos de contaminação. O Brasil dispõe hoje de quatro vacinas em aplicação: AstraZeneca/Oxford, CoronaVac, Pfizer e Janssen — o que minimiza os riscos de depender de um único produto. Mesmo assim, cerca de 34% da população já vacinada recebeu a CoronaVac e quer respostas. Detalhe: esse porcentual é formado em sua maioria por idosos, que têm mais risco de desenvolver formas graves da doença, e por profissionais da saúde, altamente expostos à carga viral.

Essa é mais uma discussão para a ciência. “Na medicina, somos treinados. Se o tratamento B é melhor que o A, tenho que oferecer o B, porque senão corro o risco de fazer um tratamento inadequado”, afirma o médico Luiz Bevilacqua. “Antes não tinha vacina, agora tem. Por que insistir em algo menos eficaz?” Empurrar o problema para a frente só vai arrastar ainda mais os efeitos da pandemia, que já ceifou tantas vidas, sobrecarregou o sistema de saúde e devastou a economia. Se perdermos a capacidade de questionar fatos sob risco de ser tachados de partidários, negacionistas e antivacina, então estaremos todos correndo risco. Não há vacina para a dúvida. Por isso, precisamos falar sobre a CoronaVac.

Com reportagem de Artur Piva

Leia também "Crachá de cobaia"

Revista Oeste 

sexta-feira, 19 de março de 2021

Finlândia é o 'país mais feliz do mundo' pelo 4º ano consecutivo

Com uma nota de 7,84 sobre 10, o país lidera a última edição do "World Happiness Report"

A Finlândia foi eleita nesta sexta-feira (19), pelo quarto ano consecutivo, o "país mais feliz do mundo", à frente da Dinamarca, Suíça e Islândia, num ranking mundial de bem-estar que foi afetado de diferentes formas pela pandemia de coronavírus.

Com uma nota de 7,84 sobre 10, o país lidera a última edição do "World Happiness Report". A Alemanha ocupa a 13ª colação, o Canadá 14ª, o Reino Unido 17ªº, os Estados Unidos 19ª e a Espanha 27ª.

A Europa monopoliza nove dos dez primeiros lugares. Entre as grandes potências, o Brasil está em 35º lugar, Japão em 56º, Rússia em 76º e China em 84º, segundo o ranking.

A Costa Rica é o primeiro país latino-americano desta lista, em 16º lugar, seguida do Uruguai (31º), Brasil (35º), México (36º), Panamá (41º) e Chile (43º), em uma lista de 149 nações que leva em consideração os dados dos últimos três anos. O 149º país, ou seja, o mais infeliz de acordo com esta lista, é o Afeganistão, com nota de 2,52, acompanhado nas últimas colocações por vários países africanos - Zimbábue, Ruanda, Botswana e Lesoto.

Correio Braziliense

 

segunda-feira, 2 de novembro de 2020

Aborto - Livro critica ativismo judicial

Luciano Trigo

Livro critica o ativismo judicial na questão do aborto

Desde março de 2017, está em análise no Supremo Tribunal Federal a “Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 442”, na qual o PSOL pede, na prática, a descriminalização do aborto provocado pela gestante ou realizado com sua autorização. O PSOL argumenta que a criminalização do aborto “é um caso de uso do poder coercitivo do Estado para impedir o pluralismo razoável”, pois torna a gravidez um dever, sendo que, em caso de descriminalização, “nenhuma mulher será obrigada a realizá-lo contra sua vontade”.[o Estado não pode permitir que mães irresponsáveis, criminosas, movidas por interesses diabólicos, assassinem impunemente seus filhos no momento em que mais precisam do amparo, proteção e cuidados que só podem ser prestados pela 'assassina'.

Mais uma vez um partideco sem votos e sem programa, ansioso por governar pendurado na Justiça, tenta chamar  atenção.

Lembramos que este partido teve como um dos seus assessores um terrorista italiano especializado em queimar pessoas vivas - Achiles Lollo, o incendiário].

O jurista, professor de Direito e delegado aposentado Eduardo Cabete, autor ou coautor de mais de 50 livros na área jurídica, se debruçou sobre o tema e chegou à conclusão de que, tal como foi feita, acolhida e encaminhada, a demanda do PSOL é não apenas inconstitucional, mas um atentado à democracia, à divisão dos Poderes e ao próprio Estado de Direito. Este é o tema do recém-lançado livro “Judicialização do aborto – O Direito em caminhos tortos”. Nesta entrevista, Cabete apresenta seus argumentos e critica o ativismo judicial que vem sendo consagrado no Brasil, na discussão do tema.

Você escreve que a ADPF 442, proposta pelo PSOL e aceita pelo STF, é um atentado ao Estado democrático de direito. De que trata exatamente essa ADPF, e o que há de irregular ou ilegal nela?

EDUARDO CABETE: A ADPF 442 proposta pelo PSOL e aceita pelo STF constitui um atentado ao Estado Democrático de Direito porque é uma tentativa de burla do devido processo legislativo e da tripartição de poderes. O PSOL é um partido “nanico” quanto à representatividade popular. 
Há tempos tenta obter êxito na liberação do aborto pelas vias políticas adequadas no regime democrático de divisão de funções entre Legislativo, Executivo e judiciário. Nunca foi capaz de ter sucesso. Escolhe então a via de instrumentalização do STF para obter aquilo que, pelas vias legais e constitucionais ordinárias e corretas, não conseguiu. Tendo em vista que mais de 60% ou mesmo 80% da população brasileira, variando em pesquisas, é contrária ao aborto, não caberia ao STF sequer receber essa ação em estrito cumprimento e respeito à tripartição de poderes, à soberania popular e, consequentemente, à legalidade e constitucionalidade.

- Existe alguma possibilidade de liberação ou flexibilização do aborto no Brasil? Por quê? O que seria necessário para isso acontecer?

CABETE: A princípio pode-se dizer que seria, ao menos em tese, possível flexibilizar a legislação brasileira ou até liberar o aborto por uma descriminalização da conduta. Seria possível descriminalizar o autoaborto, o aborto consentido (art.124 do Código Penal) e o aborto provocado por terceiro com o consentimento da gestante (art.126 do CP). 
Por obviedade, não seria possível sequer cogitar de descriminalização do aborto provocado por terceiro sem o consentimento da gestante (art.125 do CP), o que constituiria não só uma violência contra o nascituro, mas contra a própria mulher. Mas qual seria então o caminho legalmente aceitável para a liberação do aborto no Brasil, nos casos acima? Seria o cumprimento do devido processo legislativo, e não o uso de subterfúgios e invasões de esferas, com violação da divisão de poderes. [o ministro Barroso, faz algum tempo tentou usar um habeas corpus para liberar o aborto - óbvio que a ideia não colou.]Em suma, se um dia a população brasileira elegesse seus representantes políticos do Legislativo federal com a tendência de abolir os crimes de aborto acima mencionados, isso seria, ao menos a princípio, possível.

Entretanto, na realidade, há óbices de natureza jurídica para sequer cogitar essa liberação. 
Acontece que o Brasil é submetido a todo um sistema que é absolutamente incompatível com a tolerância ao abortamento
Em rápida síntese, a Constituição tutela o “direito à vida”, sem permitir “discriminações de nenhuma natureza”, o que é claramente impeditivo de graduações ou classificações para estabelecer qual vida é mais ou menos humana, qual vida é descartável. Além disso, o conhecido tratado sobre direitos humanos do Pacto de São José da Costa Rica determina, com evidência semântica, a proteção da vida humana “desde a sua concepção”. Há também tratado a respeito dos direitos humanos das crianças e adolescentes, que prima pela proteção integral, “antes” e após o nascimento. Tal normativa internacional é ratificada formalmente pelo Brasil com força de norma supralegal. Na legislação ordinária, o aborto é considerado crime, de modo que a vida intrauterina é um bem jurídico-penal. Na área cível, os direitos do nascituro são garantidos pelo Código Civil. A pretensão de liberação do aborto, ainda que por via legislativa escorreita e não por meios evasivos, seria, portanto, inviável, diante de todo um sistema jurídico que norteia o tratamento do nascituro, por normas constitucionais, convencionais e ordinárias.

- O STF instalou um procedimento de audiências públicas prévias ao efetivo julgamento do caso. Qual a importância dessas audiências? A população brasileira está ciente do processo que está em curso?

CABETE: A instalação de audiências públicas é um mecanismo interessante de participação popular direta na discussão de temas a serem julgados pela Corte Suprema. Essas audiências em si nada têm de criticáveis. O problema está no fato de que a Corte instalou essas audiências e permitiu que entidades que praticam abortos ou fornecem meios para a prática de abortos no Brasil ou, no mínimo, fazem anúncios de meios abortivos no Brasil, diante da legislação em vigor – atuassem como “Amicus Curiae”, o que é um disparate e revela uma enorme parcialidade, dando a impressão de que, infelizmente, as audiências públicas não foram realizadas para aclarar os argumentos diante da Corte, mas tão somente para dar uma aparência de imparcialidade e de disposição de ouvir argumentos conflitantes.

Quanto à ciência da população brasileira sobre o caso, pode-se dizer que com os atuais meios de comunicação, inclusive internet, há ao menos um conhecimento superficial da questão. O problema é que a própria iniciativa da ação se dá, obviamente, por uma militância específica, minoritária, mas muito barulhenta. A grande maioria da população brasileira, que não comunga dessa visão liberatória do aborto, acaba alijada da discussão porque não é engajada em movimentos ou ativismos. Isso se tornou muito visível nas próprias audiências públicas, nas quais entidades pró-aborto superaram numericamente as entidades e indivíduos contrários. Isso é paradoxal, pois o número de brasileiros contrários ao aborto é extremamente superior aos favoráveis, e tais pessoas estão sub-representadas nessa discussão. São uma maioria calada, oculta e até mesmo constrangida ou oprimida por uma “espiral de silêncio” ou um “efeito silenciador do discurso”.

- Em que medida esse caso reflete o estado das relações entre os poderes no Brasil? A que você atribui essa relação tumultuada? De quem é a culpa? E qual deve ser o papel do Legislativo nessa questão, daqui pra frente?

CABETE: Este caso é certamente um dos vários exemplos de conflitos desnecessários entre os poderes. 
O STF já criou crime por analogia, sem legislação adequada, no caso da homotransfobia e aplicação, por força jurisprudencial, da Lei de Racismo. Isso é algo inédito em um Estado Democrático de Direito que respeite o Princípio da Legalidade Estrita. Criar crimes por analogia, permitir analogias prejudiciais ao indivíduo na seara penal, é coisa que somente se vê em regimes totalitários, sendo exemplo histórico a aceitação dessa espécie de procedimento pela “Doutrina Penal Nazista” entre os anos de 1933 e 1945, assim como na legislação do regime comunista soviético. 
Isso com uma diferença importante: na Alemanha e na União Soviética não foi o Judiciário que se arvorou em legislador por conta própria, mas o regime é que lhe propiciou essa atividade atípica. Ali não havia uma invasão pelo Judiciário de atribuições de outros poderes, mas toda uma conjuntura social, política e da dogmática jurídica que atribuía essa possibilidade esdrúxula aos juízes.

O Legislativo deve, pelos meios adequados legalmente, saber impor limites, freios aos eventuais abusos do Judiciário, inclusive por meio do chamado recurso ao “backlash”, reeditando, se necessário, eventual legislação indevidamente alterada pelo Judiciário. Isso nada mais é do que impor a prática do regime de “freios e contrapesos” natural à tripartição dos poderes idealizada por Montesquieu há muito tempo e ainda de extrema utilidade para evitar abusos de qualquer dos poderes estatais, os quais se limitam entre si.

Há, enfim, uma atividade inadequada do STF, mas seria também inadequado ou até mesmo injusto apontá-lo como “culpado” desse estado de coisas, ao menos de forma isolada e não devidamente qualificada. Acontece que a judicialização da política tem sido uma tendência de forte corrente de pensamento, inclusive na área jurídica, o que certamente influencia os ministros da Suprema Corte, mergulhados num caldo cultural equivocado. Nessa situação pode ser que o STF, por meio de seus componentes, nem sequer tenha consciência do mal que produz à democracia, à legalidade, à constitucionalidade e à própria legitimação dos poderes, inclusive do próprio Judiciário.

Como esse episódio se relaciona com o fenômeno do “ativismo judicial”?

CABETE: É exatamente essa Judicialização da política que retrata uma face típica do chamado “ativismo judicial”. O “ativismo judicial” é um verdadeiro oximoro ou uma expressão autofágica. Afinal, o “ativista” deve necessariamente ser engajado em alguma “causa”, comprometido não somente em sua consciência, mas em atos exteriores de militância. Ora, isso é absolutamente incompatível com a necessária imparcialidade do julgador! Por isso a expressão “ativismo judicial” é contraditória, formada por palavras inconciliáveis. Como pode analisar e decidir de forma imparcial quem milita na causa a ser julgada?

Vemos hoje Ministros do STF se manifestando previamente em redes sociais e meios de comunicação de massa, externando sua posição política, ética, filosófica e jurídica a respeito de temas em julgamento naquela Corte. Mais que isso, se associando a movimentos de militância, por exemplo, pela legalização do aborto e fazendo palestras pelo país afora, com frases de efeito vazias e prenhes de ideologia como “as mulheres não são úteros a serviço da sociedade”, de maneira que não se vislumbra sequer um esforço para ao menos “parecer” imparcial, quanto mais para sê-lo efetivamente. A sobriedade e o caráter reservado, tão caros à figura de um magistrado, parecem ter se esvanecido na atualidade, de modo que se pode afirmar que o Judiciário como instituição se encontra em uma verdadeira crise de identidade que se pode classificar até mesmo como patológica.

O combate ao ativismo judicial, após sua infiltração nos meios culturais, sociais, políticos e jurídicos de forma extremada, não só no Brasil, mas no mundo, é algo bastante complexo. Assim como essa doutrina se foi desenvolvendo e penetrando o meio jurídico aos poucos e em diversos flancos, não é possível enfrentá-la e a ela se opor de forma simples. Não há caminho curto, nem fórmula mágica.  A demonstração de insatisfação popular é importante, mas não suficiente. Também é insuficiente a reação de políticos ou ocupantes de cargos públicos no executivo. Nada disso basta.

É uma ilusão pensar que a mera ocupação de cargos políticos por pessoas que compreendam o mal do ativismo judicial exacerbado poderá por cobro a esse problema. Na verdade, esse é um erro fatal, de quem não compreende minimamente a gravidade, a complexidade e dimensão do problema. Esse erro é comum não somente quanto ao ativismo judicial, mas em relação a muitos outros temas como os caminhos da educação, o enfrentamento da opressão e das insanidades do “politicamente correto” etc. Há necessidade de uma profunda revisão dessa doutrina de forma crítica em várias frentes: cultural, social, política e jurídica. Sem uma mudança das mentalidades e da aceitação acrítica do ativismo, sem a percepção real da sociedade e também dos intelectuais quanto a essa influência deletéria do ativismo, será impossível reverter o quadro atual.

Cabe ao intelectual denunciar as mazelas desse ativismo, mas também apontar os argumentos racionais, legais, lógicos e práticos que demonstram suas consequências deletérias. Trata-se de um trabalho de convencimento, de criação de uma massa cultural que não admita mais essas espécies de abusos que desvirtuam o regime democrático. Muitas vezes a atuação de uma pessoa – um popular, um intelectual, um jurista, um jornalista etc pode parecer e mesmo ser praticamente inócua. Entretanto, há que ofertar nosso testemunho histórico de não aceitação passiva desse fenômeno, entre outros vários. Há que, dentro de nossos estreitos limites, poder afirmar que, ao menos, diante dessas situações absurdas, não nos quedamos calados, intimidados ou simplesmente acomodados.

- A defesa do aborto não estaria garantida pela liberdade de expressão? Qual deve ser a fronteira para isso?

CABETE: Não resta a menor dúvida de que a defesa da descriminalização do aborto está garantida pela liberdade de pensamento e expressão. 
Não se pode impedir a discussão deste ou de qualquer outro assunto, por mais polêmico que seja. Deixo isso bem claro e evidenciado em meu livro. 
O que não é possível é admitir como “Amicus Curiae” (literalmente “amigo da Corte”) alguém ou alguma entidade que, na vigência da legislação atual – inobstante o intento de que seja alterada no futuro – simplesmente comete crimes e contravenções, inclusive em território nacional. O que não é admissível é que julgadores atuem de forma claramente parcial e até mesmo se envolvam na defesa de uma das teses a serem discutidas numa ação. Isso, aliás, é motivo de impedimento para que o julgador atue em determinado caso, senão de suspeição.
O limite da discussão está exatamente nisso. Discutir a questão, pensar e expressar suas opiniões não é algo passível de limitação de qualquer natureza. Não é possível, porém, praticar condutas que configuram ilícito penal e pretender que isso seja englobado pela liberdade de expressão. Pugnar a descriminalização de uma conduta é muito diverso de cometer ou colaborar para o crime que é ainda previsto na legislação.
Aceitar quem comete o crime na vigência da lei a ser discutida como alguém a opinar sobre a questão é algo incompreensível. Defender a liberação do aborto é totalmente diferente de praticar atos abortivos ou fornecer meios a terceiros para que o pratiquem na vigência do nosso Código Penal. Além disso, quem pode defender a descriminalização do aborto ou mesmo a continuidade de sua criminalização são as pessoas comuns, nunca os magistrados encarregados de proferir o julgamento da questão! Esses são limites lógicos, éticos e jurídicos que não podem ser ultrapassados. Somente uma sociedade doente e/ou inepta é incapaz de perceber essas mínimas condições para que qualquer questão possa ser debatida e decidida com justiça.

Luciano Trigo, escritor -Gazeta do Povo - Vozes