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segunda-feira, 8 de abril de 2019

A Tigrada

 A Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados, presume-se por sua importância, reúne parlamentares com formação jurídica ou, na falta destes, os de maior preparo intelectual. A CCJ é formada por 65 membros e há 38 parlamentares que são advogados.

Não se esperaria de um órgão com tais quadros e responsabilidades a conduta observada na sessão a que compareceu o ministro Paulo Guedes para falar e responder questionamentos sobre a reforma da Previdência. O ambiente que a oposição articulou fez lembrar aquele em que os petistas costumam se dar bem e o interesse público, mal: algazarra, gritaria, cartazes, interrupções histéricas ao convidado. O objetivo é alcançado quando o caldo engrossa e a sessão precisa ser encerrada. Vi muito disso desde as assembleias estudantis secundaristas dos anos 60. O mesmo som, vindo da mesma banda. É a censura da divergência através da falta de educação e do berreiro.

Aquele grupo de parlamentares que derrubou a sessão da CCJ especializou-se, ao longo dos anos, em causar dano ao país. Seus melhores resultados (maiores danos com maior proveito próprio) são obtidos no exercício do poder. Por isso, é na busca dessa plena “eficiência”, que só pode ser alcançada na volta ao poder, que se centra sua ação oposicionista.  A audácia verbal usada contra o ministro procede da mesma ausência de remorso que lhes permite exibirem-se aos olhos da sociedade como defensores dos pobres e oprimidos após haverem deixado uma herança de 13 milhões de desempregados, proporcionado enriquecimento ilícito à sua parceria, quebrado fundos de pensão, jogado a Petrobras no descrédito e ensejado aos bancos recordes de lucratividade com a economia estagnada e recessão. Veem-se como profetas perante multidão de idiotizados.

Os críticos habituais do governo, com o discernimento turbado pelo antagonismo, trataram de fazer o ministro corresponsável pelo alarido. Imaginavam que Sua Excelência deveria engolir, com benignidade, doses crescentes de grosseria
Por que o faria? Para não desagradar os opositores sistemáticos? 

Para ser simpático ao Zeca Dirceu? Para dar razão à irracionalidade? 
Para se fingir desmemoriado e cego ante a incoerência dos que o atacavam? O ministro disse o que os governistas deveriam ter dito e o governo só “perdeu” votos que nunca teve.

Querem inculpar a base do governo por sua passividade? Façam-no, mas não esperem que o ministro aja como tchutchuca ante a tigrada que se escuda no mandato para atacá-lo. A reforma da Previdência não é apenas necessária. Ela é urgentíssima. Combatê-la não protege os mais pobres, antes, deixa-os ainda mais ao desabrigo porque é dispensado demonstrar quem são as principais vítimas das grandes crises econômicas. Falam por mim os sem teto que se espalham pelas marquises e soleiras de nossas cidades. Falam por mim os que saíram das estatísticas do desemprego simplesmente porque desistiram de conseguir um. Falam por mim os chefes de família que afundaram em depressão, alcoolismo, ou drogadição.

A biografia do grupo político que hoje faz oposição no Brasil é nacionalmente conhecida e responde por suas derrotas eleitorais em outubro do ano passado. Após apadrinharem os mais desonestos empresários do país, discursam como se fossem pais dos pobres (certamente por havê-los produzido em proporções demográficas). E empurram o país para o abismo do desastre fiscal, olhos postos nos proventos políticos que ele lhes proporcionará.

Percival Puggina (74), membro da Academia Rio-Grandense de Letras

quinta-feira, 28 de abril de 2016

Só restou a truculência

A presidente Dilma Rousseff sofreu mais uma significativa derrota na tramitação do processo de impeachment no Congresso. A comissão do Senado que avalia o caso escolheu como relator o tucano Antonio Anastasia (MG), ligado ao presidente do PSDB, Aécio Neves. Os governistas tentaram de todas as formas impedir que Anastasia fosse eleito, mas o colegiado foi implacável: seu nome foi avalizado com apenas 5 votos contrários entre os 21 membros titulares, placar que reitera a galopante desvantagem de Dilma na luta contra o impeachment.

Essa desvantagem tende a crescer, porque o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), em quem o Palácio do Planalto depositava a esperança de manipular o processo em seu favor, demonstrou indisposição para interferir nas escolhas da comissão e no prazo para a conclusão dos trabalhos, que a maioria oposicionista pretende encurtar. Os seguidos reveses de Dilma e do PT no campo institucional na Câmara, no Senado e no Supremo Tribunal Federal, que avalizou todo o processo de impeachment até aqui – certamente explicam o destempero do chefão petista Luiz Inácio Lula da Silva, que chamou sua tropa para ir às ruas e desestabilizar um eventual governo de Michel Temer.

Sem argumentos legais ou políticos para derrubar o impeachment, já que o afastamento de Dilma é consenso entre os brasileiros e segue estritamente a previsão constitucional, Lula deixou de lado o pouco que lhe restava de responsabilidade e partiu para o ataque frontal às instituições.  Em encontro da Aliança Progressista, que reúne partidos de esquerda de várias partes do mundo, Lula disse que Dilma é vítima de “uma aliança oportunista entre a grande imprensa, os partidos de oposição e uma verdadeira quadrilha legislativa, que implantou a agenda do caos”. Essa fraseque estava num discurso escrito, ou seja, não foi dita de forma impensada resume o atentado que Lula da Silva e seus comparsas estão dispostos a cometer contra a democracia no Brasil.
Incapaz de reunir os votos necessários para impedir o impeachment, nem mesmo depois de tentar comprar deputados num quarto de hotel em Brasília, Lula agora desqualifica o mesmo Congresso que lhe foi tão útil nesses anos todos – e que, acima de qualquer consideração sobre sua qualidade, foi eleito pelo voto direto e, portanto, é legítima representação popular.  No discurso, Lula disse também que o impeachment é uma “farsa” que “envergonha o Brasil aos olhos do mundo”, como se a grande vergonha brasileira não fosse a devastadora corrupção capitaneada pelo PT e seus acólitos, que gangrenou as estruturas do Estado, arruinou a Petrobrás e rebaixou a política nacional a um ordinário balcão de negócios.

O que se vê é Lula fazendo o possível para ampliar essa vergonha, lançando no exterior sua campanha para desacreditar as instituições democráticas. Àqueles dirigentes partidários estrangeiros, o chefão petista disse que “em todo o mundo há vozes responsáveis alertando para os riscos de um golpe de Estado no Brasil” e pediu aos colegas que “levem a seus países a mensagem de que a sociedade brasileira vai resistir ao golpe do impeachment”.

O problema, para Lula, é que sua voz já não tem o vigor dos tempos em que se julgava um grande líder mundial. A campanha movida por ele e por Dilma para sensibilizar governos e entidades mundo afora contra o tal “golpe” tem sido um completo fracasso. Nem mesmo a União das Nações Sul-Americanas (Unasul), bloco de inspiração bolivariana, conseguiu aprovar alguma moção de repúdio ao impeachment.
Mas Lula não parece se importar com o vexame. [Lula veio do esgoto; pessoas do seu nível não se importam com vexame, sequer sabem o que é.] “As ameaças à democracia no Brasil e na América Latina dizem respeito a toda a comunidade mundial. Dizem respeito à luta entre civilização e barbárie”, disse o líder da tigrada. Ele tem razão: hoje, mais do que nunca, é preciso defender a civilização, calçada no respeito às leis, contra a barbárie, representada pela truculência daqueles que, por não terem mais um pingo de dignidade, não sabem perder.


 Fonte: O Estado de São Paulo
 

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Péssimo para a democracia



A pesquisa do Ibope que mostra o aumento da rejeição a todos os principais líderes políticos, revelada com exclusividade por José Roberto de Toledo em sua coluna no Estadão, é uma notícia muito ruim para todos os nomes citados e péssima para a democracia no país. A desconfiança dos brasileiros em relação aos políticos em geral – plenamente justificada pela miséria moral que predomina nesse ambiente – pode contaminar e expor a graves riscos o sistema democrático tão duramente reconquistado há três décadas, na medida em que se aprofunda o sentimento de orfandade dos brasileiros em relação a sua representação política.

O dado individualmente mais significativo da pesquisa revela que desde maio do ano passado aumentou substancialmente, de 33% para 55%, o número de pessoas que dizem que não votariam de jeito nenhum em Lula para presidente da República. É uma progressão que traduz claramente a decepção dos brasileiros com o populismo lulopetista, a partir de dois fenômenos principais facilmente identificáveis: primeiro, a crise econômica agravada pela incompetência da gestão de Dilma Rousseff com o consequente malogro da insustentável política de amplo incentivo ao consumismo, em prejuízo dos investimentos em bens sociais. Depois, a gota d’água: as mentiras escandalosamente usadas pelo marketing eleitoral petista para garantir a reeleição da presidente no ano passado.

Lula já deve se ter dado conta de que o brasileiro não é idiota e não está mais disposto a se deixar enganar por suas promessas de promover felicidade por decreto, ilusão pela qual a própria Dilma Rousseff se deixou conduzir no embalo da incompetência de seu indisfarçável autoritarismo intervencionista. Mas a enorme queda de popularidade de Lula e de Dilma está ligada a causas que, nesses 12 anos do nefasto governo petista, acabaram contaminando todo o sistema político com a generalização e a intensificação do fisiologismo enquistado na gestão da coisa pública. 

A máquina do poder e seu sistema de sustentação política apodreceram moralmente por obra e graça de Lula e da voracidade de sua tigrada, provocando a desmoralização da chamada classe política, inclusive a oposição, que sempre esteve longe de se comportar com a coragem e a lucidez necessárias para representar quase a metade dos brasileiros, de acordo com o resultado das últimas eleições. O sintoma mais evidente da desmoralização dos políticos é o fato de que a insatisfação e a revolta dos brasileiros com a incompetência e os desmandos do governo passaram a ser diretamente manifestadas, nas ruas, com o apoio de organizações não partidárias espontaneamente geradas pela conjuntura adversa.

De acordo com o Ibope, cresceu menos, mas também aumentou, em alguns casos muito significativamente, o número dos brasileiros que não votariam em Aécio Neves, de 42% para 47%; em Marina Silva, de 31% para 50%; em José Serra, de 47% para 54%. Sem dado comparativo, estão também em níveis altos as rejeições a Geraldo Alckmin e Ciro Gomes, empatados em 52%. Fica claro, portanto, que as principais lideranças que se apresentaram como alternativa ao lulopetismo nos três últimos pleitos presidenciais estão longe de empolgar o eleitor, prova de que não foram capazes de demonstrar, em mais de uma década, que estão preparadas para fazer melhor ou corrigir os muitos equívocos de Lula & Cia. Não são suficientemente dignos, enfim, da confiança dos brasileiros e, na melhor das hipóteses, à falta de novas opções, só podem ser considerados menos piores do que os petistas.

Esse quadro de desesperança – causa e efeito do grave impasse político que paralisa o país representa séria ameaça à estabilidade do sistema democrático porque oferece oportunidade vide a eleição de Collor em 1989 – para o surgimento e a ascensão de figuras dispostas a prometer o que for necessário para chegar ao poder.
 
Como reação à farsa comandada por Lula, já se verifica na composição do Congresso Nacional eleito um ano atrás o fortalecimento de bancadas suprapartidárias conservadoras ou corporativas dispostas a promover retrocessos em conquistas importantes da sociedade moderna. É mais um malefício a ser debitado à irresponsabilidade do lulopetismo.

Fonte: Editorial – O Estado de São Paulo