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domingo, 29 de novembro de 2015

O PT contaminado



A única bancada que fechou questão pelo voto secreto foi a do PT, para esconder a posição sobre Delcídio 

Foi o maior rompimento de barragem de lama na Nova República. As palavras turvas que jorraram da boca do líder do governo Dilma no Senado inundaram o Congresso e o país, mas, especialmente, o PT e suas bases, soterrando esperanças e convicções. O partido está mais dividido que nunca. Quantos anos serão necessários para recuperar a bacia das almas desse acidente ou crime? Onde a lama vai parar? Boias de contenção me parecem em vão.

Os bons petistas, idealistas, não sabem mais em quem acreditar. Eles se contorcem para ficar à margem, para não ser atingidos e contaminados pelos rejeitos tóxicos da bandidagem institucionalizada. O protagonista desse último filme B pertence à “cúpula da turma do Lula”. Lula foi cabo eleitoral de Delcídio do “Amoral”, ops, Amaral. Lula saiu em carro aberto em Mato Grosso do Sul, pediu o voto dos companheiros para o governador, suou a camisa. 

Mais um traidor, ex-presidente? Ou, como o senhor disse, “um idiota” que fez “uma trapalhada”, uma “coisa de imbecil”? Será que, como os já condenados – o ideólogo Zé Dirceu e o tesoureiro João Vaccari Neto –, Delcídio figurará como guerreiro do PT na história revisitada do partido? Ou será sumariamente expulso, como querem os camaradas linha-dura? A expulsão de Delcídio impedirá que a lama tinja de laranja o lago do Palácio do Planalto? [conforme decisão comunicada em nota oficial do presidente do PT, Delcídio não terá o apoio do partido; afinal, ele cometeu o pior dos erros: roubou em proveito próprio - para ser herói tem que repassar o produto do furto para os cofres do PT.]
 
Um guerreiro, quase um terrorista suicida, que não hesitou em tentar calar a todo custo, pelo suborno e pelo tráfico de influência, um delator preso. Com o nobre objetivo de livrar sua cara, a cara do partido e a cara da presidente na compra da refinaria de Pasadena nos Estados Unidos em 2006, Delcídio planejou fugas mirabolantes do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró pelo Paraguai com destino à Espanha. Delcídio se gabou de pressionar juízes do STF. Delcídio prometeu melar a Lava Jato, anular sentenças.

Ah, mas, segundo o PT, Delcídio “agia por conta própria” e não “a mando do partido”, embora fosse o principal articulador de Dilma na mais alta casa de nosso Parlamento. Delcídio não merece compaixão nem solidariedade – ou merece? Nem o PT se decide.  Na sessão no Senado, a maioria dos senadores do PT quis a volta do obscurantismo e apoiou o voto secreto para que eleitores não soubessem sua posição sobre a prisão de Delcídio. A única bancada que fechou questão a favor do voto secreto foi a do PT. E, mesmo assim, não conseguiu a fidelidade de todos os seus. 

Também entre os poucos que votaram a favor de soltar Delcídio, o PT foi maioria: nove dos 13. Tudo acompanhado ao vivo pelas redes sociais e pela TV Senado. Era um velório, no qual foi enfim desafiada a expressão dúbia “imunidade parlamentar” – usada no Brasil para garantir impunidade para crimes comuns, e não para proteger o direito constitucional do legislador. 

Ganhou a compostura. Ganharam as instituições. Mas, para os senadores, foi “um dia trágico”. De nervos expostos, de vísceras reviradas. E de clara divisão no PT e no PMDB. O presidente do Senado, Renan Calheiros, o grande aliado de Dilma e representante do vice Michel Temer, perdeu em tudo o que votou. Falou indignado contra “o Poder (Judiciário) que prendeu um senador em exercício de mandato sem culpa formada”. O Supremo respondeu, pela emocionada ministra Cármen Lúcia: “Criminosos não passarão sobre juízes”.


No fim, restou a Renan submeter-se ao plenário e atacar o PT por negar qualquer solidariedade a Delcídio. A nota do PT sobre esse episódio, além de intempestiva, é oportunista e covarde”, disse Renan. Para onde foi o código de ética entre mafiosos? O senador Delcídio está preso. Por crime inafiançável, flagrante e permanente. Não era um dos “nossos”?

Para variar, Dilma não sabe o que faz. Uma hora, a presidente se rende à ala de Rui Falcão e apoia a nota. Outra hora, Dilma se rende a assessores que recomendam cautela. Não vamos abandonar nem isolar nosso querido Delcídio. E se ele também se torna delator premiado? Que “solidariedade” ele mostrará ao PT se for jogado às traças? Nenhuma.

Calou fundo no coração de muitos petistas o que o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, ex-ministro da Educação, disse na véspera do rompimento da barragem de Delcídio. Uma fala cândida e premonitória. “Quando você tem um sonho de transformar a sociedade em favor da igualdade e você se desvia para se apropriar de recursos ou para beneficiar quem quer que seja, você está cometendo dois crimes: o primeiro é colocar a mão em recurso público, o segundo, você está matando um projeto político (...) Não tenho nada contra quem quer ganhar dinheiro, mas não venha para a política (...Se vier,) garanta que você não vai matar o sonho das outras pessoas. O sonho de Haddad virou pesadelo. O prefeito de São Paulo não está sozinho. Tem uma multidão com ele.

Fonte: Coluna de Ruth de Aquino

 

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

O país muda

A tentativa do senador Renan Calheiros de manter o voto secreto na decisão do Senado sobre a prisão do senador Delcídio Amaral foi atropelada pela pressão da sociedade, que passou o dia nas redes sociais demonstrando que o país está mudando, e que seria inaceitável pelos cidadãos que os senadores, a pretexto de defenderem a imunidade parlamentar, votassem secretamente pela liberdade do companheiro.

Seria a reconfirmação dramática do que descreveu a ministra Carmem Lucia do Supremo Tribunal Federal no seu voto pela prisão do senador: "Primeiro, se acreditou que a esperança venceu o medo. No mensalão, se viu que o cinismo venceu o medo. E, agora, que o escárnio venceu o cinismo".

Ao emitir uma nota oficial alegando que o PT não deve solidariedade ao senador Delcídio Amaral, líder do governo, pois sua prisão não se deve “à sua atividade partidária, seja como parlamentar ou como simples filiado”, o presidente do PT produziu uma formidável confissão de culpa, admitindo que os demais petistas presos e defendidos pelo partido, com os tesoureiros Delúbio Soares e João Vaccari Neto e o ex-ministro José Dirceu, saudado em convenções partidárias como “guerreiro do povo brasileiro”, estavam atuando em missões partidárias tanto no mensalão quanto no petrolão. [o ato falho do presidente da organização criminosa mais conhecida como PT, deixa claro que se Delcídio tivesse furtado e contribuído com o produto dos furtos, de forma generosa, para os cofres do PT, seu ato seria considerado atividade partidária e teria todas as honras.

Mas, Delcídio roubou em proveito próprio, não contribuiu com o PT, e isto é delito imperdoável.]

 Nada que o senso comum já não tivesse detectado, mas o ato falho de Falcão deve ser saudado como a evidência de que é difícil manter por tanto tempo uma versão fantasiosa que vem sendo desmontada passo a passo pela Operação Lava-Jato.  O decano do STF, ministro Celso de Mello, foi contundente como sempre em seu voto no caso que, segundo ele, “revela fato gravíssimo: a captura do Estado e de instituições governamentais por organizações criminosas. É preciso esmagar, é preciso destruir com todo o peso da lei - respeitada a garantia constitucional - esses agentes criminosos."

É o que se revela no dia a dia da Operação Lava-Jato, uma operação criminosa que tomou conta do Estado brasileiro, levando ao paroxismo a utilização da coisa pública por um grupo político que domina o poder por 13 anos e se acostumou a “fazer o diabo” para se manter nele.  A gravação da tentativa de suborno do ex-gerente Nestor Cerveró para que sua delação premiada não acontecesse, ou, no mínimo, não incriminasse o senador petista Delcídio Amaral ou o banqueiro André Esteves é uma revelação do baixo mundo em que se transformaram as ações políticas e econômicas sob o governo petista.

Não havia limites para as ousadias criminosas, nem barreiras para tentativas de interferir até mesmo no STF. Não é à toa que os presidentes da Câmara, Eduardo Cunha, ou do Senado, Renan Calheiros, acreditam que é possível ao Palácio do Planalto intervir no Ministério Público, na Polícia Federal ou no Judiciário para proteger seus apaniguados e perseguir seus adversários.

Instalou-se no país um tal clima de atuação criminosa em todos os níveis dos negócios públicos, em benefício de setores e personagens próximos do governo petista, que a eles tudo parecia possível, até mesmo uma fuga mirabolante ou, como revelam os diálogos, a tentativa de anular os processos da Operação Lava-Jato e, em conseqüência, todas as delações premiadas.

Como se fosse possível apagar da mente dos cidadãos todos os delitos já relatados, muitos deles já condenados em primeira instância pelo juiz Sérgio Moro. A decisão de ontem do Senado é histórica não por que pela primeira vez um Senador da República pode ser preso, mas por que os senadores parecem ter acordado para os clamores da opinião pública.

Mesmo que Renan Calheiros fale uma coisa num momento, como se tivesse entendido a mudança do país, e aja de maneira oposta em outra ocasião, tentando encaminhar a votação secreta quase que numa confissão de blindagem em causa própria, já não há ambiente para aceitar tamanha desfaçatez. A prisão de Delcídio Amaral pode, afinal, desatar o nó das investigações sobre os políticos envolvidos na Operação Lava-Jato.


Fonte: O Globo - Merval Pereira

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Renan chama PT de covarde por abandonar Delcídio; senadores avaliam que prisão de Delcídio vai inviabilizar governo Dilma. Inviabilizar o que já não existe?

Para o oposicionista Ronaldo Caiado, caso arrasta Planalto diretamente para a Lava Jato: 'Acabou o governo'

Autores de mandado de segurança no Supremo Tribunal Federal para garantir que o Senado promovesse uma votação aberta sobre a prisão do senador Delcídio do Amaral (PT-MS), os oposicionistas Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Ronaldo Caiado (DEM-GO) avaliaram que o governo Dilma Rousseff não conseguirá mais se reequilibrar diante do agravamento da crise política. "A agenda proposta pelo governo ao Legislativo está em risco. Não tem mais ambiente nem clima para votação de tema importante no Senado e nem na Câmara, pelos notórios acontecimentos do que ocorre lá", disse Randolfe, em referência ao processo contra o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que tem apoio do governo. "A denúncia é de uma gravidade absurda, lamentável e me assustei com isso porque não é o perfil de quem nós conhecemos. Em especial vindo do senador Delcídio, nos surpreendeu. Mas diante de fatos não cabe a nós relações pessoais e corporativismos."

O senador Ronaldo Caiado foi ainda mais contundente. Para ele, a prisão de Delcídio arrastou o governo Dilma Rousseff para a Lava Jato. "Acho que acabou o governo Dilma. Não existe mais o governo do PT. Como eles vão aprovar um ajuste fiscal? Que condição de credibilidade terão eles para apresentaram aqui, com tantas denúncias chegando no líder do governo, que fez parte da articulação de todos esses projetos. Depois da nota do PT dizendo que não terá solidariedade com ele, como se ele tivesse caído de paraquedas na liderança", disse Caiado. Acho que teríamos de colocar os cargos à disposição e convocar novas eleições. Todos nós, Senado, Câmara e Presidência da República.

O democrata sugeriu que Delcídio estivesse agindo em defesa de outros investigados ao tentar negociar o silêncio do delator e ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, já condenado na Lava Jato. "Não acho que está reunião do senador Delcídio tenha sido para tratar exclusivamente de assunto pessoal dele, porque outros já foram citados e nem todos foram buscar uma situação para que o cidadão que fez a delação tivesse uma fuga ou a manutenção de sua família com uma mesada. Isso tem uma finalidade maior. Acredito que isso virá à tona."

Constrangido, o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), tentou justificar a posição da bancada petista, que defendeu a votação secreta e, em seguida, votou em peso pela libertação de Delcídio. "As denúncias são graves e contundentes, mas entendemos que nesse momento era a preservação da independência e da autonomia entre os três poderes. Discutimos a autonomia e a inviolabilidade do mandato parlamentar, não a decisão do Supremo do ponto de vista do mérito. Não queremos questionar a interpretação do Supremo, mas achamos que há pelo menos dúvida no que diz respeito ao fato de ter havido um flagrante ou não", disse. [o líder do PT tenta usar, com adaptações, a velha tese da governabilidade para justificar o apoio do partido que ainda lidera (cuidado senador, exercer posição de destaque na organização criminosa PT e permanecer fora da cadeia são coisas incompatíveis) ao voto secreto (caminho que se usado libertaria Delcídio ontem mesmo) quando diz ser necessária optar pelo voto secreto para manter a independência e autonomia entre os três poderes.
Paciência senador, deixe de ser tão cara de pau e tenha em conta que um país que precisa apoiar criminosos para provar que seus Poderes são autonomos e independentes tem que fechar para balanço e limpeza geral.]
 
Costa também procurou uma maneira de isolar os atos de Delcídio e a repercussão negativa que gerou ao governo Dilma em meio à crise política e econômica: "Nada do que consta como denúncias tem qualquer coisa a ver com o governo. O governo em nenhum momento patrocinou qualquer coisa pudesse significar uma ilegalidade. Nem o governo nem nós aqui respaldamos o que está dito nestas denúncias. Nem o governo, nem o partido, nem a bancada patrocinou qualquer ato errado de quem quer que seja".


Fonte: Revista VEJA