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sábado, 1 de julho de 2023

Estados Unidos, Israel, Brasil - Alon Feuerwerker

Análise Política 
 
A Suprema Corte norte-americana vem escalando decisões contrárias à orientação do governo Joe Biden. 
Os temas vão das cotas raciais ao perdão de dívidas estudantis. 
Em Israel, segue firme a sublevação oposicionista contra a tentativa do governo Benjamin Netanyahu de, segundo alguns, reduzir a judicialização da política ou, segundo outros, limitar a independência do Judiciário.

No Brasil, o mais recente movimento de protagonismo judicial foi nesta semana retirarem os direitos eleitorais de um ex-presidente da República. O leitor atento notará que o traço comum é a flutuação das opiniões conforme as conveniências políticas.

Nos EUA, a Suprema Corte ostenta uma sólida maioria conservadora, consolidada pelo então presidente Donald Trump. O feito está entre os principais legados dele. Naturalmente, enfrenta a resistência, ou até a fúria, do progressismo, revolta que emergiu mais claramente meses atrás a partir de uma decisão sobre o aborto legal.

Ali a esquerda reclama de um fato: a vontade popular expressa nas urnas ser revertida por um colegiado que não expressa mais a correlação de forças na sociedade. Um atentado à democracia, dizem. Biden nega, mas entre os democratas (do Partido Democrata) corre solta a tese de ampliar o número de juízes da Suprema Corte e aproveitar a atual maioria do partido no Senado para esculpir uma corte mais ao paladar progressista.

O leitor atento notará que a eventual manobra espelharia, com precisão, as acusações dos estadunidenses contra quem rotulam de “autocratas” mundo afora, líderes políticos que procuram moldar as instituições, em particular o Judiciário, conforme as próprias conveniências.

Em Israel, a coalizão de centro-esquerda que se opõe a Netanyahu vem tendo grande dificuldade de chegar ao poder pelas urnas. Um governo liberal-progressista nascido da penúltima eleição foi bem breve. A principal aposta da oposição têm sido os múltiplos processos contra o primeiro-ministro por corrupção. Daí a ênfase na luta em torno da, segundo essa oposição, independência do Judiciário.

Aqui o leitor brasileiro
, mesmo o não tão atento assim, certamente sentirá alguma semelhança com cenários locais de anos atrás. Dificuldades eleitorais levam a oposição a depositar em acusações de corrupção, manifestações de rua e movimentos judiciais a esperança de remover um líder político duro de derrubar na urna.

Na década passada, depois de perder quatro eleições consecutivas, a oposição brasileira cansou-se e aproveitou as circunstâncias, sempre elas, para depor a presidente da República. Em paralelo, processos judiciais heterodoxos removeram da corrida presidencial um ex-presidente muito popular, que, além do mais, foi mantido preso durante a campanha eleitoral por um único voto de diferença no Supremo Tribunal Federal (6 a 5).

Mas nem tudo ali saiu conforme o plano, pois quem preparou o bolo no impeachment de Dilma Rousseff não comeu o bolo na eleição. Deu zebra.

Quatro anos depois, os múltiplos erros políticos de Jair Bolsonaro e a competente campanha de reabilitação política de Luiz Inácio Lula da Silva somaram-se para reverter a situação. O petista, reabilitado, conseguiu o feito inédito de derrotar na urna um presidente na cadeira. [será que Bolsonaro foi derrotado ou apenas declararam o petista eleito??? É apenas uma pergunta - não é narrativa, versão ou notícia.]

E a musculosa Justiça entra em campo novamente, com sinal trocado. Os papéis invertem-se. Os antes garantistas viram punitivistas, e os antes entusiastas do ativismo judicial levantam-se em defesa do que chamam de “devido processo legal”.

Há certamente exceções nessa dança, e entre elas destacam-se os que antes defendiam a perseguição implacável a Lula, sem medo de quebrar os ovos para fazer a omelete, e agora defendem o mesmo em relação a Bolsonaro. Uma coerência rara, que é preciso registrar.[cabe registrar nossa concordância - vale alguma coisa o que pensamos ou não? - com as decisões da Suprema Corte americana; chega de cotas para isso ou aquilo, o que tem que prevalecer é o mérito.
No Brasil, tem umas vinte categorias de pessoas que tem prioridade estabelecidas por cotas ou outras formas sobre a maioria - o pior é que na maior parte das vezes o que invoca a proteção das cotas (e quase sempre consegue) apenas diz que é - não precisa provar. 
Não somos xenófobos, apenas temos a opinião de que no Brasil, nossa Pátria, os que aqui nascem,  devem ter prioridade sobre  os nascidos em outros países e que vem buscar no Brasil o que não encontram no seu.
Agora mesmo, enquanto milhões de brasileiros dormem nas ruas, ao relento, passando fome e outras necessidades - em São Paulo, estrangeiros que aqui chegam, são acolhidos pelo governo de forma extremamente generosa - ontem mesmo, foi levado um grupo  para se abrigar em dependências de uma colônia de férias no interior paulista.
É justo, é cristão, que deem prioridade a estrangeiros em detrimento do direito dos que aqui nasceram?
Não somos contra acolher estrangeiros, mas que priorizem os brasileiros - seja no acolhimento, no emprego e qualquer outra área; temos nove milhões de desempregados, é justo, é patriótico que os estrangeiros tomem vagas de trabalho que poderiam ser dadas aos brasileiros?]
Alon Feuerwerker, jornalista e analista politico 
 

 

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2023

O navio fantasma - Percival Puggina

Passei quatro anos apontando a coesão da velha imprensa na oposição ao governo Bolsonaro
Durante todo o período, de modo ininterrupto, essa mídia, o STF e o TSE protagonizaram a oposição. 
Sempre vi nisso um descomunal favorecimento a quem chegasse contra o governo na eleição presidencial. 
Em 15 de abril de 2021, por 8 votos a 3, o Supremo proporcionou a zebra e – surpresa! – em outubro, deu Lula.
 
Transcorrido apenas um mês de governo, o que assistimos é um cavalo-de-pau e a volta ao passado.  
Quem falar pelo governo – seja Lula, qualquer de seus ministros ou parlamentar, personagens do segundo escalão ou dirigentes do partido gasta mais tempo atacando o governo que saiu do que promovendo o governo que entrou. 
No petismo isso é genético. Por definição, seu adversário não presta, tem que ser permanentemente atacado e ter sua reputação assassinada a sangue frio. Contudo, sublinhe-se a bem da inverdade: o PT é contra discurso de ódio e seus sucessos são vitórias do amor... Lula, Lula! De algum lugar Deus está te vendo.
 
Quando falam sobre temas de gestão, trabalhos de casa, tarefas a cumprir, daquilo, enfim, para o que são pagos, a situação fica ainda pior. As manifestações soam como estertores do passado: controle social da mídia, desarmamento, favorecimento do aborto, revogação da Lei do Teto de Gastos e ruptura com princípios básicos da estabilidade monetária, volta dos lesivos e escandalosos empréstimos internacionais pelo BNDES. Chegou? Não, tem mais.  
Fim da autonomia do Banco Central, guerra às privatizações, revogação dos preceitos da Lei das Estatais que impedem seu aproveitamento para fins políticos e partidários (o que barrou a corrupção e representou o retorno à lucratividade dessas instituições). 
E por aí vai o navio fantasma que, como um zumbi, emergiu de funduras abissais e estacionou, tenebroso, na Praça dos Três Poderes.
 
A mídia, mesmo a ativista, não está tão comprometida com a sandice como para passar recibo a esse futuro totalmente comprometido com o pretérito.  Pudera! 
Mesmo quem viaja nas cabines de luxo sabe que vai beber água salgada se o navio bater num iceberg ou nos rochedos de um arquipélago tropical. Então, em meio à intensa replicação das narrativas, começam as críticas feitas como se quem critica não tivesse qualquer responsabilidade com a escolha do comandante Lula para jogar o Brasil contra os rochedos, como o comandante Schettino fez com o navio de cruzeiro Costa Concórdia.

Percival Puggina (78), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.


terça-feira, 22 de dezembro de 2020

O tombo de Davi Alcolumbre - O Globo

Bernardo Mello Franco

Davi Alcolumbre planejou um dezembro glorioso. O presidente do Senado esperava garantir a permanência no cargo e emplacar o irmão como prefeito de Macapá. Em duas semanas, tudo foi por água abaixo. No dia 6, o Supremo Tribunal Federal surpreendeu e vetou a reeleição dos chefes da Câmara e do Senado. A jogada estava ensaiada, mas a Corte voltou atrás e desistiu de atropelar a Constituição. [NORMAL; a derrocada do senador Alcolumbre era esperada e inevitável - dono de uma carreira política medíocre, recebeu um bafejo da sorte, vacilou = tentou manter a carreira se valendo de um resultado que só seria alcançado atropelando a Constituição = e acabou. Ainda terá um resto de mandato a cumprir e voltará a disputar o cargo de vereador em seu estado. 
O mesmo vale para seu irmão - acabou sua carreira política com menor projeção do que a alcançada pelo mano.]

No dia 20, veio a segunda derrota: Josiel Alcolumbre perdeu a eleição na capital do Amapá. Ele liderava as pesquisas desde o início da campanha, mas foi ultrapassado na reta final pelo azarão Dr. Furlan.

O presidente do Senado se empenhou nas duas disputas. Para conquistar a simpatia do Supremo, engavetou pedidos de impeachment e barrou a chamada CPI da Lava-Toga. Para eleger o irmão, montou uma coligação de 12 partidos, apoiada pelas máquinas do estado e da prefeitura. A chapa parecia invencível até o apagão que atingiu o Amapá em novembro.

Numa entrevista desastrada, Davi disse que o maior prejudicado com a falta de luz foi Josiel, “que ia ganhar a eleição no primeiro turno”. A declaração revoltou amapaenses que passaram 22 dias às escuras. Na véspera das urnas, Jair Bolsonaro ainda tentou retribuir a blindagem do senador ao primeiro-filho. Em vídeo, ele pediu votos para Josiel “do fundo do coração”. Tarde demais: a zebra já estava no pasto em Macapá.

Em dois anos na cadeira, o presidente do Senado nunca deixou de agir como um político do baixo clero. Sem luz própria, ele se equilibrou graças à distribuição de cargos e favores. Quando os bolsonaristas ameaçavam fechar o Congresso, fez cara de paisagem e aproveitou para arrancar mais verbas para aliados. Após se recuperar do tombo, Davi poderá ser recompensado com uma vaga de ministro. Nesse caso, Josiel também ganhará um consolo: ele é o primeiro suplente do irmão no Senado.  

[o cargo de ministro de Estado deve ser ocupado por pessoas de notória competência e comprometimento com os interesses do Brasil. Não dispõe o atual e ex-futuro presidente do Senado Federal dos dois requisitos.  Alguns tentam vincular nomeações a interesses políticos - investir por razões políticas no senador Alcolumbre é perder tempo.]

Bernardo Mello Franco, colunista - O Globo

 

 

domingo, 3 de fevereiro de 2019

O cavalo do cão

“A eleição de Alcolumbre fortaleceu o DEM e o chefe da Casa Civil, Onix Lorenzoni, que passaram a controlar o Senado. Ou seja, o presidente Jair Bolsonaro foi o grande vitorioso”

As duas sessões para eleição do novo presidente do Senado revelaram os lados da moeda do novo ciclo legislativo que se abre: na sexta-feira, a tumultuada condução dada pelo senador Davi Alcolumbre (DEM-RJ) subverteu as regras do jogo para escolha dos presidentes dos Poderes, com a adoção do voto aberto; ontem, a Casa voltou à calma, sob a presidência do velho senador José Maranhão (MDB-PB), que restabeleceu o voto secreto, seguindo determinação do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli. Essa contradição entre o “novo” e o “velho” pautará as relações na Casa durante a legislatura. Mesmo assim, Alcolumbre foi eleito no primeiro turno, com 42 votos, depois que Renan Calheiros (MDB-AL), ao perder o favoritismo, renunciou. Não deu zebra na eleição; para usar uma expressão do grande derrotado, deu cavalo do cão.

O que houve foi uma rebelião. O Senado havia aprovado o voto aberto para eleição, por 50 votos a favor contra dois, decisão que indicava os rumos das coisas, mas contrariava o regimento da Casa e a liminar de 9 de janeiro do próprio Toffoli, que determinava a realização de votação secreta para a eleição.

MATÉRIA COMPLETA, clique aqui