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domingo, 20 de maio de 2018

Moradores e comerciantes denunciam taxas do tráfico na Rocinha



A narcomilícia da Rocinha: Moradores e comerciantes denunciam taxas do tráfico

Extorsões já rendem mais de R$ 1 milhão por mês

Não bastam as 54 mortes em confrontos com a polícia contabilizadas pelo estado desde setembro do ano passado, quando explodiu uma guerra entre facções pelo controle da Rocinha. O sofrimento da comunidade é ampliado por meio de constantes ameaças, que castigam o bolso de quem vive ali. Moradores e comerciantes denunciam que estão sendo obrigados a financiar uma corrida de bandidos por mais armas e munição: o tráfico passou a imitar a milícia, e, a cada semana, cobra taxas de segurança, além de faturar em cima do transporte alternativo e da venda de botijões de gás, água e outros produtos

Muitos reclamam que o “imposto do terror” vem aumentando, e a estimativa é que ele já renda pelo menos R$ 1,3 milhão por mês ao bando que hoje domina a favela. Com o anonimato preservado, pessoas que vivem e trabalham na Rocinha afirmam que, muitas vezes, a cobrança das taxas ilegais é feita por integrantes da principal associação de moradores do morro. A entidade, no entanto, nega a acusação e afirma que nada pode falar sobre algo que desconhece. Já os delegados Antônio Ricardo Lima Nunes, respectivamente ex-titular e atual responsável pela delegacia da área, a 11ª DP, dizem que a comunidade pode estar sob o jugo do que chamam de narcomilícia. 

Além de sofrerem com os tiroteios e as extorsões, moradores e comerciantes acompanham o crescimento da desordem. Sem freio do poder público, construções irregulares se multiplicam. No alto da localidade conhecida como Dionéia, pouco acima da sede da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da favela, novas casas são vistas em meio à mata. Na parte mais baixa do morro, a falta de controle urbano é percebida junto ao asfalto da Autoestrada Lagoa-Barra, da entrada da estação do metrô e sob a passarela próxima ao Túnel Zuzu Angel. Camelôs se espalham e oferecem todos os tipos de produtos; mesas e cadeiras são distribuídas para receberem consumidores de sanduíches, petiscos e bebidas.


Na tarde da última quinta-feira, quem fez a festa foi o caminhão do Rei do Um Real, que estacionou perto da passarela. Uma fila logo se formou: era gente interessada em comprar bandejas de iogurte, pacotes de biscoito ou garrafas de refrigerante pelo preço que o dono do negócio que leva no nome. Porém há produtos mais “caros”: dois copos de requeijão custam R$ 5, e três dúzias de ovos saem por R$ 10.

A fila é controlada, homens que trabalham com o caminhão dividem a clientela em grupos, que, em intervalos de alguns minutos, são autorizados a irem para um trecho da calçada onde os produtos ficam expostos em caixas de papelão. Havia alguns PMs por perto, mas eles se limitavam a observar o intenso vaivém; não abordavam os vendedores para checar a procedência das mercadorias.  — Cada canto da comunidade é uma mina de ouro. Os bandidos deixam os camelôs se instalarem, desde que paguem taxas. As vendas do comércio regular caíram por causa dos tiroteios, mesmo assim, temos de aguentar a concorrência desleal e pagar uma taxa que chega a R$ 300 por mês. Passam recolhendo. No dia marcado, tenho que entregar o dinheiro. Estou adiando o pagamento de tributos para manter meu negócio, mas está difícil — conta um lojista que trabalha há décadas na Rocinha. — Antes, cada um contribuía como podia. Geralmente, o pessoal dava cestas básicas; às vezes, tínhamos de colaborar com carne e cerveja para festas. Hoje, damos tudo isso e ainda pagamos o imposto do terror.

‘IMPOSTO’ SOBE APÓS A GUERRA
A situação piorou quando um bando invadiu a Rocinha a mando, segundo a polícia, de Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem. Mesmo preso em Rondônia, ele teria determinado a expulsão de seu antigo braço-direito, Rogério Avelino da Silva, o Rogério 157, que resistiu à investida e mudou de facção. Ele também foi capturado, em dezembro do ano passado, mas seus aliados estariam dominando a favela.

O último levantamento das atividades econômicas na Rocinha, feito em 2007, apontou que a comunidade tinha cerca de 2.500 estabelecimentos comerciais. Isso significa que a taxa de R$ 300 imposta pelo tráfico pode corresponder a uma arrecadação mensal em torno de R$ 750 mil. Muitos não pagam o imposto do terror por mês. Antes de setembro de 2017, a cobrança dos mototaxistas era diária (R$ 4), mas passou a ser de R$ 75 semanais.

 Pela comunidade, circulam mais de mil, incluindo os que pegam passageiros em pontos (Via Ápia, Largo das Flores, Largo do Boiadeiro, Cidade Nova, Rua Nova, Laboriaux e Rua Um) e os rotativos. Isso garante pelo menos R$ 300 mil mensais só em “pedágio”.
— Dependendo do ponto, o recolhimento da taxa é feito num dia diferente — conta Z., na profissão há 19 anos. Os que têm sua própria moto e clientes fixos, conseguem sobreviver com as corridas (cada uma custa R$ 3). Os que precisam pagar R$ 150 de aluguel da moto, além dos R$ 75, estão passando dificuldades.

Segundo motoristas, mais de 150 vans entre as legalizadas que ligam São Conrado ao Jardim de Alah, as que passam pela Rocinha em direção a Rio das Pedras e as que trafegam pela comunidade Vila Canoas — também têm que pagar o “pedágio”. O proprietário de um veículo legalizado diz que, há alguns meses, não era obrigado a pagar taxa, mas precisava, ocasionalmente, fazer “serviços gratuitos” para bandidos. Ele conta que, inicialmente, passou a ter que contribuir com R$ 165 por semana e R$ 10 por dia trabalhado. — Este mês, aumentaram para R$ 285 por semana e R$ 20 por dia. Estou desesperado — afirma ele., que mora na Rocinha com a mulher e os filhos.

Há menos de um ano, motoristas de carros particulares, alguns deles da Baixada, estimulados pelo mercado criado pelos aplicativos de transportes, passaram a fazer ponto na Rocinha. Costumam estacionar na Via Ápia para aguardar passageiros. Quando não encontram espaço, ficam na Estrada da Gávea, próximo ao Clube Emoções, esperando uma vaga no ponto.  — Estão cobrando R$ 135 por semana da gente. É muito — reclama um motorista.

PROJETOS MUNICIPAIS
A Prefeitura do Rio informa que vem desenvolvendo, desde o ano passado, uma série de ações na Rocinha com investimentos que ultrapassam R$ 8 milhões. Entre os trabalhos concluídos na região, segundo a assessoria de imprensa do prefeito, há obras de contenção de encostas no valor de R$ 4 milhões e reformas de quatro unidades de ensino concluídas em abril ao custo de R$ 3 milhões, além de outras intervenções, como tapa-buracos, integração tarifária entre vans e o metrô, identificação de casas sem janelas e obras de requalificação das fachadas de 150 casas.

O Globo
 
 

 



Vida sem direitos em Gaza é de terríveis privações




Israel e Egito exercem pressão sobre o território para atingir o Hamas


O que posso escrever sobre Gaza é daquilo que conheço de perto. E o que conheço de perto é a vida de famílias comuns tentando sobreviver em condições terríveis de subsistência, privadas de direitos básicos fundamentais como o de ir e vir, e acesso a nutrição, saúde e segurança. Famílias com a de Ayman e Heba, que celebraram o casamento em seu restaurante israelense favorito “com a melhor cerveja” e, como todos os pais, ainda sonham — uma década depois do bloqueio a Gaza e três guerras mais tarde — em dar às três filhas futuro feliz e próspero.

Ayman e Heba trabalham dia a dia, ele para a ONU e ela vendendo bordados de porta em porta, para que as meninas cresçam saudáveis, tenham boa educação e desfrutem das mesmas oportunidades que outras crianças e jovens têm além das fronteiras controladas de Gaza — embora saibam que isso é impossível.  Gaza tem 41km de comprimento extensão menor do que a orla do Rio, da Marina da Glória ao Recreio e 10km de largura, a distância entre Ipanema e Santa Teresa. Neste território delimitado pelo Mar Mediterrâneo, Israel e Egito vivem quase dois milhões de palestinos, uma das maiores densidades populacionais do mundo. [o absurdo da divisão do território palestino, em 1948 com o apoio da ONU - e a conivência pró Israel de um brasileiro que por infelicidade presidia as Nações Unidas na ocasião - é fácil de se constatar.
Vejamos: quando da partilha,  55% do território palestino foi tomado pela ONU e passado para Israel destinado a 600.000 judeus;  0s 45% que restaram foi destinado aos verdadeiros donos, os palestinos, 1.300.000 pessoas.
Mesmo com divisão tão injusta, Israel não se satisfez e tomou pela força das armas territórios dos países vizinhos, implantou colônias  em território alheio - sendo sempre os palestinos, de forma única e exclusiva, os prejudicados.]

Originalmente ocupada pelo Egito, Gaza foi tomada por Israel na Guerra dos Seis Dias, em 1967. Em 2005, Israel retirou tropas e sete mil colonos do território, mas mantém o controle de tudo o que entra e sai, como material de construção, alimentos, remédios, equipamentos de saúde e famílias, como a de Ayman, que há anos tenta, sem sucesso, migrar para um lugar seguro e com melhores condições de vida.

Israel exige permissão especial a palestinos na travessia de Erez de onde podem ir para Jordânia — desde 1997, mas as restrições aumentaram quando o Hamas assumiu Gaza. Menos de 240 palestinos deixaram Gaza via Israel no primeiro semestre de 2017, ultimo dado disponível. Nestas duas décadas, o PIB per capita de Gaza caiu à metade, para US$ 1,8 mil, entre os mais baixos do mundo. A pobreza atinge 40%, segundo o Banco Mundial, apesar da ajuda da ONU a 80% das famílias.

A ONU também administra escolas, onde e quando é possível estudar. Todo dia, as meninas faziam a lição de casa sob a luz de velas porque a única usina elétrica de Gaza foi parcialmente destruída na guerra e só havia eletricidade duas horas ao dia, se tanto. No mar, há um campo de gás que, segundo a ONU, poderia fornecer energia suficiente, mas o mar de Gaza é também controlado por Israel.

Em um passeio à praia, Ayman me falava da indústria pesqueira, capaz de prover proteína (e emprego) suficiente, segundo a ONU, não fossem as restrições à pesca, limitada a uma distância de 4,8 km da costa. O limite foi ampliado em 2012, após cessar-fogo do Hamas, até que os foguetes voltaram a ser lançados contra Israel. Navios israelenses, que observávamos no mar verde transparente, não raro abrem fogo contra barcos de pesca que excedem o limite. Do céu, éramos vigiados por um zepelim. A zona de segurança da fronteira significa que as terras mais férteis de Gaza não podem mais ser cultivadas e metade da população precisa de ajuda em alimentos. Não importa quanto se dediquem aos estudos, as filhas de Ayman e Heba dificilmente mudarão isso — o desemprego entre jovens é de 66%.

Além de Israel, o Egito mantém fechada a fronteira sul. Entre outros motivos, teme se tornar refúgio para radicais do Hamas, alinhado à Irmandade Muçulmana, cujo líder, Mohamed Mursi. foi eleito, deposto e preso pela junta militar que assumiu o país, assim como seus apoiadores. No poder, o general Abdel Fattah el-Sisi limitou ainda mais a passagem pelo posto de Rafah e lançou uma ofensiva contra os túneis de contrabando da fronteira. Os EUA, que destinam US$ 1,3 bilhão anual para o Egito mesmo valor destinado ao Iraque e terceira maior fatia do orçamento americano para ajuda em segurança, depois de Afeganistão (US$ 5 bi) e de Israel (US$ 3,2 bi) — pressionam o Egito a manter o bloqueio a Gaza.

É uma situação constrangedora para egípcios que se opõem à cooperação com Israel e EUA, por entender que o bloqueio, embora defendido como meio de sufocar o Hamas, pune largamente palestinos comuns e inocentes. O bloqueio foi mantido mesmo após o Hamas entrar em acordo de reconciliação com o Fatah e entregar o controle administrativo de Gaza à Autoridade Nacional Palestina, em outubro. Estima-se em 15 mil homens a força armada do Hamas. Isso significa que há 1.885.000 civis desarmados em Gaza, pessoas como eu e você.

Quando Ayman consegue um extra, compra água de caminhão-pipa, diesel para o gerador e uns minutos de internet — única janela para um mundo que suas filhas desconhecem além das fronteiras de Gaza e a que provavelmente nunca terão acesso, se não virtual.

Adriana Carranca - O Globo


 

Opção 'B' do PT = Jaques Vagner = Porto Sul, minado pela l corrupção internacional

Um porto minado pela corrupção

Obra de complexo portuário em Ilhéus, iniciada por Jaques Wagner, agora é contestada pela mais alta corte inglesa, que quer saber como, em um único dia, o petista conseguiu reverter uma proibição do Ibama. Há fortes indícios de pagamento de propina.

O ex-governador da Bahia Jaques Wagner (PT), quem diria, foi parar na mais alta corte comercial da Inglaterra, a Queen’s Bench Division Commercial Court. É mais um capítulo da polêmica obra do Porto Sul, um complexo formado por porto e ferrovia, que está sendo construído em Ilhéus (BA), iniciado por Wagner e que prossegue no atual governo do também petista Rui Costa. A obra vem sendo contestada por ambientalistas, pois desmatará 500 hectares de Mata Atlântica. Na corte inglesa, discute-se como, em um único dia, reverteu-se um parecer do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) que reprovava o empreendimento. 


Existem veementes indícios de pagamento de propina tendo como endereço os aveludados bolsos do petista. O início da história do Porto Sul remete a 2007, quando o bilionário indiano Pramod Argawal resolveu desenvolver o projeto Pedra de Ferro, ou Porto Sul, para extrair minério de ferro no município de Caetité e levá-lo até Ilhéus, pela estrada de ferro. O objetivo da empresa privada seria alcançado com a ajuda de recursos públicos. O então governador da Bahia, Jaques Wagner, conseguiu que a obra fosse incluída no Plano de Aceleração e Crescimento (PAC).

Cheiro de propinoduto

Mas só os recursos públicos não eram suficientes. Era preciso vencer a burocracia que emperrava os planos do magnata indiano. Um deles era a recusa do Ibama em emitir a licença de instalação do porto. É aí que a resistência do Ibama é resolvida por um passe de mágica. No início do dia 19 de setembro de 2014, técnicos do Ibama negaram a autorização da licença de instalação da obra. No final desse mesmo dia, o consórcio conseguiu permissão dada de forma misteriosa pelo presidente do órgão na época, Volney Zanardi Junior. Para o diretor da SOS Mata Atlântica, Mário Mantovani, Jaques Wagner agiu no episódio como um verdadeiro coronel no Sul da Bahia, para conseguir autorização para a obra. “Ele reclamava tanto de Antônio Carlos Magalhães que agiu de forma semelhante”, comparou, referindo-se ao ex-senador e coronel baiano, falecido em 2007.

Exatamente pelas suspeitas em torno da reviravolta no Ibama é que esse episódio foi parar na Corte inglesa. Sócia do indiano no Porto Sul, a Eurasian Natural Resources Corporation (ENRC) cogitava comprar a totalidade do empreendimento. Uma última parcela, de US$ 220 milhões, seria paga somente se Pramod Argawal conseguisse a licença do Ibama. Ele conseguiu, mas não evitou que o caso fosse parar na Justiça inglesa.


No dia 20 de fevereiro, na Queen’s Bench Division Commercial Court, os advogados da ENRC alegaram que não pagaram a parcela porque descobriram que a licença de instalação do Porto Sul foi conseguida com pagamento de propina. E um dos beneficiados seria Jaques Wagner. Um fato que corrobora a suspeita é o número de contatos telefônicos entre o indiano e o ex-governador. Segundo os advogados, foram feitas quatro ligações para o telefone de Wagner às vésperas da saída da licença. Wagner defende-se das acusações. Nega qualquer vantagem pessoal. Em nota enviada por sua assessoria, ele afirma que “tanto o porto como a ferrovia são essenciais para o desenvolvimento da Bahia, do Nordeste e do Brasil”. Na próxima terça-feira 22, representantes do Ibama terão reunião em Ilhéus com o Ministério Público Federal e integrantes da sociedade civil para tratar do caso. Este é mais um enredo obscuro que envolve o petista. Ele chegou a ser cotado para substituir Lula na disputa pela Presidência, mas até o PT já abandonou o barco do ex-governador. Antes solução, Jaques Wagner virou um porto de problemas.

IstoÉ