Este espaço é primeiramente dedicado à DEUS, à PÁTRIA, à FAMÍLIA e à LIBERDADE. Vamos contar VERDADES e impedir que a esquerda, pela repetição exaustiva de uma mentira, transforme mentiras em VERDADES. Escrevemos para dois leitores: “Ninguém” e “Todo Mundo” * BRASIL Acima de todos! DEUS Acima de tudo!
quinta-feira, 18 de agosto de 2022
Saúde Pública no DF - Ibaneis conseguiu piorar o impiorável; não satisfeito destruiu a Saúde Pública do DF
Atentem para o detalhe 'ponto que merece', ou seja, com pessoas morrendo na fila do CRAS, outras esperando por cirurgias que nunca acontecem - sempre são adiadas - acontecem, hospitais com filas quilométricas, UPAs recusando pacientes por falta de condições de atender, são 'inaugurados' - constam como inaugurados na publicidade do governador - mas que não atendem por falta de funcionários, equipamentos e insumos.
quarta-feira, 12 de janeiro de 2022
Membro do TCU que busque pilates fora do expediente [quem fiscaliza o fiscalizador?]
Alexandre Garcia
[a academia de ginástica tem que ficar fora do TCU e fora do orçamento daquela Corte e aulas do esporte fora da jornada de trabalho.]
sexta-feira, 10 de setembro de 2021
O recado das ruas exige liberdade - Revista Oeste
Um mar verde e amarelo
Com aproximadamente 250 metros de extensão, o túnel que liga as estações Paulista e Consolação do metrô de São Paulo pode ser percorrido em menos de dez minutos aos fins de semana, feriados e fora do horários de pico. Contudo, os usuários da Linha Amarela que estiveram na Estação Paulista no último 7 de Setembro, às 12h10, levaram 30 minutos para completar o trajeto, devido à multidão que tomou conta das plataformas, dos corredores e das escadas que levam à superfície.
Ao sair da Estação Consolação, na altura do Conjunto Nacional, uma romaria vestindo camisas verdes e amarelas caminhava em direção ao Museu de Arte Moderna de São Paulo (Masp), distante três quadras dali, onde estaria estacionado o carro de som — um dos seis presentes ao evento — no qual o presidente Jair Bolsonaro discursaria.
Eram velhos, crianças, jovens, adultos, negros, brancos, pardos, homens, mulheres, ricos, pobres. Entre as principais palavras de ordem: “voto auditável já”, “não ao passaporte da vacina”, “abaixo a ditadura da toga”, “em defesa da Constituição” e “o Brasil apoia o presidente Jair Bolsonaro”. Embora diversos, a maioria dos estandartes se alinhava na defesa de um único símbolo: a liberdade.
O evento atingiu seu clímax com a chegada do presidente, que, num carro de som, perdeu a chance de ampliar a simpatia do povo por sua figura ao fazer um discurso típico de Jair Bolsonaro. Trechos: “Quero dizer àqueles que querem me tornar inelegível em Brasília que só Deus me tira de lá”…., “Ou esse ministro se enquadra, ou pede para sair”….. “Digo a vocês que qualquer decisão do ministro Alexandre de Moraes esse presidente não mais cumprirá”…
Imagens das manifestações de 7 de Setembro:
Parlamentares têm um instinto de sobrevivência bem mais agudo: todos enxergaram perfeitamente o povo ignorado pela miopia do jornalismo engajado
Por que o presidente não cai
Em outubro de 2015, quando o país entrou em parafuso conduzido por Dilma Rousseff, a revista Veja estampou em sua capa três pontos que, somados, implodiriam o mandato de um presidente em qualquer regime democrático:
A economia vive um bom momento? Não. Mas é inegável que o país demonstrou enorme resiliência ante a pandemia e as medidas austeras de isolamento impostas por governos estaduais e municipais. O mérito se deve à potência do agronegócio e à capacidade de se reinventar do brasileiro que não ficou em casa.
O terceiro e talvez mais instável ponto, sobre a sustentação parlamentar do governo, foi respondido pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), a quem cabe despachar um processo de impeachment contra Bolsonaro. [despachar para apreciação do pedido.] Até o oposicionista mais ferrenho hoje não apostaria nisso depois de ouvir o breve pronunciamento lido na quarta-feira dia 8. Os principais pontos:
1) Esperei até agora para me pronunciar porque não queria ser contaminado pelo calor de um ambiente já por demais aquecido;
2) Quero aqui enaltecer a todos os brasileiros que foram às ruas de modo pacífico; e
3) A Câmara dos Deputados apresenta-se hoje como um motor de pacificação.
A fala elaborada com a ajuda de um marqueteiro é de fácil leitura política: o Congresso Nacional não pretende entrar no ringue nem contra Bolsonaro e muito menos contra o Supremo Tribunal Federal (STF), onde metade dos parlamentares na ativa enfrenta inquéritos por causa do foro privilegiado.
Também cabe aqui uma análise sobre o perfil de quem comanda o Legislativo brasileiro: sua cúpula é formada por congressistas com a estatura de vereadores dos rincões do Brasil. Arthur Lira não foge à regra: assumiu o posto de líder do já famoso “baixo clero” ou “centrão” depois que Eduardo Cunha foi preso. Há quase três décadas na política, age como o vereador de Maceió eleito em 1992. É o “Severino Cavalcanti que deu certo”, como se referem a ele nos corredores de Brasília.
(......)O dia seguinte
No dia seguinte à manifestação, caminhoneiros bloquearam diversas rodovias do país. Queriam a destituição de ministros do STF e um encontro com Rodrigo Pacheco, presidente do Senado, que se recusou a recebê-los. Diante das nuvens escuras no horizonte, Jair Bolsonaro publicou uma “Declaração à Nação”.
Num trecho, afirmou nunca ter tido a intenção de agredir quaisquer dos Poderes — “a harmonia entre eles não é vontade minha, mas determinação constitucional que todos, sem exceção, devem respeitar”. Em outro, afirmou que suas palavras, “por vezes contundentes”, decorreram do calor do momento. Depois, que a democracia era o Executivo, o Legislativo e o Judiciário trabalhando juntos em favor do povo e todos respeitando a Constituição. O meio de campo entre Bolsonaro e Alexandre de Moraes, soube-se mais tarde, foi costurado pelo ex-presidente Michel Temer.
Pela primeira vez em quase três anos de mandato, Bolsonaro agiu com a serenidade recomendável a um presidente da República. Acertou? Não se preocupem: isso também está sendo criticado pelos que tudo criticam.
quinta-feira, 20 de maio de 2021
Desempregados - O Estado de S. Paulo
J.R.Guzzo
Não são os radicais do ‘distanciamento social’ ou a ‘turma do home office’ que estão perdendo postos de trabalho; quem está sofrendo é a massa pela qual ninguém jamais se interessa
É a multidão, imensamente maior que as classes intelectuais, artísticas e financeiramente bem resolvidas, que mora longe, trabalha pesado e chacoalha todos os dias na trinca ônibus-metrô-trem de subúrbio. É esse mundo de gente, mais uma vez, que está de fato sofrendo com o pretenso “problema para todos” – no caso, a calamidade social de primeiríssima classe criada com a covid e com as providências que foram adotadas pelo poder público para gerir a epidemia. Não é “problema para todos”. É problema para eles.
Tome-se, para ficar só num dos grandes desastres da covid, e talvez o maior de todos: o desemprego. Já são mais de 14 milhões de brasileiros que estão tendo suas vidas destruídas pela eliminação da produção e do trabalho nas atividades que exerciam – seja com carteira assinada, seja por conta própria, seja no oceano de empreendimentos que foram e estão indo para o diabo porque o governador, o prefeito e os seus médicos querem fechar tudo. Enquanto os “cientistas” e as autoridades locais estão dizendo “fique em casa”, e socando fiscal e polícia em cima do povo, a sociedade se arruína – e essa ruína cai direto em cima dos que têm menos.
quarta-feira, 21 de abril de 2021
A quarentena dos desvalidos - Revista Oeste
Os governantes fingem ignorar a existência de um Brasil maior e mais populoso que o conhecido pelos loucos por lockdowns
Claro que o conselho de sábios tratou do assunto. Mas a reação de Doria ao ouvir a expressão “transporte público” lembrou a do avô surpreendido pelo neto que, no meio do jantar da família, resolve contar aos berros um segredo do clã transmitido aos sussurros por sete gerações. Num longo circunlóquio, o governador ressaltou que tal problema não é uma exclusividade paulistana. Outras capitais são assoladas com superlotações do gênero. Tampouco se trata de uma complicação restrita ao Brasil: Londres, Paris, Nova York — mesmo metrópoles mais avançadas ainda não descobriram como adaptar a mobilidade urbana a estes tempos estranhos. Já avisando que a entrevista chegara ao fim, Doria disse que o governo estadual recomendou mais de uma vez o uso de horários alternativos inviáveis e reiterou que os passageiros devem lavar as mãos com álcool em gel, além de proteger o rosto com máscara.
Previsivelmente, os fechadores compulsivos de bares, restaurantes, templos, museus, cinemas, teatros, shopping centers, prateleiras de supermercados, salões de cabeleireiros, barbearias, escolas, fábricas, lojas e outras vítimas da epidemia de autoritarismo fecharam os olhos à dramática piora da paisagem formada pelas favelas brasileiras, onde sobrevive uma imensidão de gente que ajuda a transformar o transporte público no maior e mais alarmante foco de disseminação do coronavírus do Brasil.
O palavrório das entrevistas coletivas não incluiu sequer um asterisco sobre os brasileiros amontoados em barracos. Também não foi nem será dedicada uma mísera vírgula à pesquisa feita entre 9 e 11 de fevereiro pelo Instituto Data Favela, em parceria com a Locomotiva – Pesquisa e Estratégia e com a Central Única das Favelas (Cufa).
Leia também a matéria de capa desta edição, “A aglomeração dos invisíveis”
Augusto Nunes, jornalista - Coluna na Revista Oeste
sábado, 6 de fevereiro de 2021
O triunfo da mentira - O Estado de S. Paulo
A covid-19 foi a descoberta para os políticos brasileiros, que viram na epidemia uma belíssima oportunidade para tirar proveito pessoal
A covid-19 foi sem dúvida a descoberta do ano para os políticos brasileiros. Desde o primeiro caso de infecção, boa parte dos nossos homens públicos viram na epidemia uma belíssima oportunidade para tirar proveito pessoal e “assumir posições” - calculadas para dar mais gás (ou o que eles acham que é mais gás) para as suas carreiras. Vivem falando que agem de acordo com a “ciência”. Mentira. Eles não sabem rigorosamente nada de ciência, mas acreditam saber tudo sobre os truques mais eficazes para utilizar em seu benefício uma tragédia – e o pânico trazido por ela. O governador João Doria foi um dos primeiros a ver o potencial desta mina. Dez meses depois, continua achando que ainda há muita coisa a tirar daí.
No dia 13 de novembro, duas semanas antes do segundo turno das eleições municipais, o governador disse o seguinte, em praça pública: “Vim aqui para desmentir mais uma fake news”, disse Doria, àquela altura convencido de que manter em grau mais moderado seu sistema de repressão ao vírus, como vem ocorrendo nos últimos meses, era a postura mais rentável para dar votos ao seu candidato Bruno Covas. “Depois das eleições nós não vamos endurecer as medidas de combate à pandemia. A pandemia está sob controle.” Afirmou, também, que as previsões de endurecimento eram “um golpezinho” de campanha eleitoral.
As urnas mal tinham sido fechadas quando o governador, que então já não precisava mais dos votos, mandou fazer exatamente o contrário do que havia acabado de prometer: depois de uma campanha eleitoral vivida dentro da “fase verde” das restrições, Doria votou a impor as exigências da “fase amarela”, mais extensas e rigorosas. Qual foi, nessa história, a notícia falsa: o anúncio do endurecimento que viria depois da eleição, ou o desmentido formal do governador?
A covid-19, ao ser utilizada como ferramenta política, transformou-se no triunfo da mentira. Essa malversação dos fatos, feita de forma sistemática e maciça, leva aos disparates que se repetem diariamente à vista de todos. Há a vacina “boa” (a estadual) e a vacina ruim (a federal), com o pormenor de que nenhuma das duas existe. Há a aglomeração “ruim”, quando é feita pelos adversários políticos, e a aglomeração “boa”, quando é feita nas sedes de partidos para comemorar as vitórias do segundo turno. Há os chiliques constantes das autoridades diante de “ameaças ao distanciamento social”, e a sua mais absoluta indiferença com os ônibus, trens e metrô que viajam lotados todos os dias.
A Prefeitura de São Paulo é patentemente inepta para cuidar de tarefas elementares e essenciais, que o homem sabe executar há 5.000 anos, como manter os bueiros da cidade razoavelmente limpos – a causa direta das enchentes a qualquer chuva mais forte. É inepta para cortar árvores que ameaçam cair sobre a rua e matar gente, como acaba de acontecer na Vila Mariana – apesar de todos os pedidos de providências por parte dos moradores. É inepta para consertar os buracos de rua. Mas o prefeito e o governador são craques em usar máscaras pretas fashion, brincar de “cientista” e propor a “igualdade social”. É onde São Paulo veio parar.
JR Guzzo, jornalista - O Estado de S.Paulo - 02 dezembro 2020
quinta-feira, 24 de dezembro de 2020
Perseguição a idosos - Doria e Covas retiram gratuidade para idosos entre 60 e 65 anos em ônibus, trens e metrô
Bruno Ribeiro, O Estado de S. Paulo
Benefício segue válido apenas para quem tem mais de 65 anos; governos dizem que medida "acompanha a revisão gradual das políticas voltadas a esta população"
[Em plena pandemia , enquanto o Governar Federal tenta aprovar algum tipo de auxílio que aumente a renda das pessoas, Bruno Covas e João Doria, prefeito e governador de S. Paulo (Doria especialista em vacina chinesa e o outro na compra de urnas funerárias e criação de engarrafamentos) retiram direito adquirido por idosos desde 2013.]
As gestões Bruno Covas (PSDB) e João Doria (PSDB) decidiram retirar o direito de idosos acima de 60 anos de viajar gratuitamente em ônibus, trens e metrô na capital, além dos ônibus intermunicipais da Grande São Paulo, em uma ação conjunta para reduzir os custos do transporte. A mudança deve ocorrer a partir do dia 1.º de janeiro.
No caso da Prefeitura, Covas conseguiu aprovação da Câmara Municipal para retirar benefício na terça-feira (22) e, já nesta quarta (23), sancionou o texto. No caso do governo do Estado, Doria editou, nesta quarta-feira, no Diário Oficial, um decreto que suspendeu a regulamentação da lei estadual que estabelecia o benefício
Idosos acima de 65 anos não pagam passagem por causa do Estatuto do Idoso, uma lei federal. O direito também está garantido na Constituição. Em São Paulo, esse limite havia baixado para 60 anos em 2013, durante as gestões Fernando Haddad (PT) e Geraldo Alckmin (PSDB), em uma medida adotada em meio aos protestos contra o aumento da tarifa ocorridos naquele ano.
A Câmara Municipal da capital vem realizando sessões de votações matinais em que a base governista tem feito uma série de manobras para aprovar projetos sem passar por discussões. Nesta votação específica, a revogação da lei que garantia a gratuidade estava em uma manobra conhecida como “jabuti” (quando uma artigo de uma lei que trata de um tema traz uma mudança em outra lei, que trata de outro tema diferente). O projeto que estabeleceu a mudança, originalmente, tratava de mudanças na estrutura de fiscalização das subprefeituras.
Ao reduzir o total de idosos com direito a passagens gratuitas, a Prefeitura reduziria a necessidade de subsídios ao sistema de transporte. O projeto de lei do Orçamento da capital, em votação nesta quarta-feira, prevê uma redução de 7,4% nos gastos da Secretaria Municipal de Mobilidade e Transportes, de R$ 3,4 bilhões para R$ 3,2 bilhões.
Para o geógrafo Rafael Calábria, coordenador do Programa de Mobilidade do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), o argumento de eventual economia de recursos com a retirada do benefício não se justifica. “A remuneração dos novos contratos de ônibus já não paga mais as empresas por passageiro, então não importa para o governo se o passageiro é gratuito ou não”, diz. A remuneração é pelos custos de operação. “Além disso, é um ataque aos direitos às pessoas, feito na surdina”.
Prefeitura e governo do Estado enviaram uma nota conjunta sobre o tema: "A mudança na gratuidade acompanha a revisão gradual das políticas voltadas a esta população, a exemplo da ampliação da aposentadoria compulsória no serviço público, que passou de 70 para 75 anos, a instituição no Estatuto do Idoso de uma categoria especial de idosos, acima de 80 anos, e a recente Reforma Previdenciária, que além de ampliar o tempo de contribuição fixou idade mínima de 65 anos para aposentadoria para homens e 62 anos para mulheres", diz o texto.
Política - O Estado de S. Paulo
quinta-feira, 19 de março de 2020
Se tivéssemos dinheiro - Carlos Alberto Sardenberg
Coluna publicada em O Globo - Economia 19 de março de 2020
Vamos imaginar que as contas públicas no Brasil estivessem no azul. O
governo federal e os estaduais com superávit, caixa elevado e fundos
instituídos para situações ações anticíclicas – ou seja, governos com
dinheiro para gastar em caso de uma crise, uma recessão global ou uma
emergência como o coronavírus. Seria muito mais fácil, não é mesmo? A
questão seria apenas escolher onde gastar e quais programas implementar.
A situação real é o contrário disso. Como há uma dívida pública
enorme e como todas as instâncias de governo operam no vermelho,
passamos a ter dois problemas: primeiro, onde encontrar o dinheiro para
gastar na crise; e, depois, onde gastar – mas gastar com parcimônia e
extremo cuidado porque não vai ter para todos.
Dizem alguns: mas a opção liberal/ortodoxa não seria a de não gastar nada, em nome do ajuste fiscal?
Burrice. Essa opção nunca significou que o governo não deve gastar. E
sim que deve gastar em saúde, educação e segurança, de um modo que leve
a uma redistribuição de renda e redução de desigualdades. Ou ainda:
cobrar mais impostos dos mais ricos e gastar com os mais pobres.
O desajuste fiscal brasileiro não decorre essencialmente do excesso de gasto público. Decorre de gasto ruim.
Se o governo não gastasse quase 80% da despesa com previdência e
pessoal, já teria sobrado mais dinheiro para a saúde. Tem mais: a
previdência brasileira é injusta e desigual. Tem a turma que se aposenta [atualizando: aposentava.] aos 50 anos, com valores no teto (e no extra-teto no caso de
funcionários públicos) e a imensa maioria que se aposenta aos 65 anos
com vencimentos em torno do salário mínimo. E mesmo dentro do setor
público há desigualdade: um funcionário do Judiciário, onde estão os
maiores salários do país, se aposenta em condição muito melhor do que,
por exemplo, bom exemplo, um enfermeiro de posto de saúde. [A repetição constante da mesma explicação nos torna chatos;
mas, temos que nos repetir, já que sempre a causa da recorrência se repete.
Os super salários podem até existir no Poder Judiciário, muito provavelmente há muitos casos, mas estão entre os membros daquele Poder e acompanhados, pari passu, pelos membros do Ministério Público Federal.
Os funcionários do Judiciário, os 'barnabés', são regidos por legislação específica e comum aos servidores dos demais Poderes. MEMBRO é outra coisa, outra casta.]
É evidente que a correção desse rumo não se faz de uma hora para outra, muito menos no meio de uma calamidade mundial. Mas também é um baita erro dizer que, como se vai gastar mesmo, então
esqueçamos isso de ajuste fiscal ou teto de gastos. É esse tipo de
cabeça que nos trouxe ao ponto em que estamos hoje.
Assim, de modo muito simples: o governo, em todos os níveis, tem que
caçar centavos para gastar no combate à epidemia e no combate à recessão
que se avizinha. Por isso, o decreto de calamidade pública faz todo o
sentido e está previsto na legislação. Há momentos em que se pode
suspender a meta fiscal – mas, notem, suspender por tempo determinado,
não a abandonar. E o gasto tem que ser muito bem focado, porque o dinheiro é curto e vai gerar déficit, que terá de ser pago mais à frente.
O gasto principal, claro, é saúde: cuidar dos doentes e tentar
controlar a epidemia. Cabe perfeitamente aqui – e é mesmo necessário –
dar remuneração extra aos profissionais do setor que, no geral, são mal
remunerados. E depois, gastar com as pessoas em situação mais difícil, aquelas,
por exemplo, que não estão no Bolsa Família, mas também não estão no
INSS, não tem seguro desemprego e não têm carteira assinada.
Finalmente, setores econômicos cuja queda pode gerar muito desemprego. Não há nenhuma dúvida quanto a esse roteiro no mundo todo. Os governos estão fazendo coisa parecida. A diferença está na eficiência e no tempo dos programas
governamentais. A Coreia do Sul, por exemplo, foi rápida e eficaz. Já o
governo italiano bobeou, assim como o da França. Ainda no começo deste
mês, o presidente Macron dizia algo assim: tomem cuidado, mas não deixem
de sair, de comer nos seus lugares preferidos…. Agora, quarentena
total. Quanto mais se atrasa, mais radical é preciso ser.
Trump também tentou levar na surdina. Assustou-se com os estudos
médicos mostrando o tamanho da catástrofe. Diz agora que se trata da
maior ameaça deste a Segunda Guerra. O governo brasileiro também se atrasou, por culpa do presidente
Bolsonaro. Presidente que ainda ontem, estando de máscara na entrevista,
disse que poderia pegar um metrô ou uma barcaça lotada para ficar ao
lado do povo. Isso quando todas as autoridades sanitárias dizem o
contrário – que é preciso esvaziar as ruas e ficar em casa. Ainda bem que governadores estaduais têm se mostrado mais conscientes do tamanho da crise.
Carlos Alberto Sardenberg, jornalista
Vamos imaginar que as contas públicas no Brasil estivessem no azul. O governo federal e os estaduais com superávit, caixa elevado e fundos instituídos para situações ações anticíclicas – ou seja, governos com dinheiro para gastar em caso de uma crise, uma recessão global ou uma emergência como o coronavírus. Seria muito mais fácil, não é mesmo? A questão seria apenas escolher onde gastar e quais programas implementar.
A situação real é o contrário disso. Como há uma dívida pública enorme e como todas as instâncias de governo operam no vermelho, passamos a ter dois problemas: primeiro, onde encontrar o dinheiro para gastar na crise; e, depois, onde gastar – mas gastar com parcimônia e extremo cuidado porque não vai ter para todos.
Dizem alguns: mas a opção liberal/ortodoxa não seria a de não gastar nada, em nome do ajuste fiscal?
Burrice. Essa opção nunca significou que o governo não deve gastar. E sim que deve gastar em saúde, educação e segurança, de um modo que leve a uma redistribuição de renda e redução de desigualdades. Ou ainda: cobrar mais impostos dos mais ricos e gastar com os mais pobres.
O desajuste fiscal brasileiro não decorre essencialmente do excesso de gasto público. Decorre de gasto ruim.
Se o governo não gastasse quase 80% da despesa com previdência e pessoal, já teria sobrado mais dinheiro para a saúde. Tem mais: a previdência brasileira é injusta e desigual. Tem a turma que se aposenta [atualizando: aposentava.] aos 50 anos, com valores no teto (e no extra-teto no caso de funcionários públicos) e a imensa maioria que se aposenta aos 65 anos com vencimentos em torno do salário mínimo. E mesmo dentro do setor público há desigualdade: um funcionário do Judiciário, onde estão os maiores salários do país, se aposenta em condição muito melhor do que, por exemplo, bom exemplo, um enfermeiro de posto de saúde. [A repetição constante da mesma explicação nos torna chatos;
mas, temos que nos repetir, já que sempre a causa da recorrência se repete.
Os super salários podem até existir no Poder Judiciário, muito provavelmente há muitos casos, mas estão entre os membros daquele Poder e acompanhados, pari passu, pelos membros do Ministério Público Federal.
Os funcionários do Judiciário, os 'barnabés', são regidos por legislação específica e comum aos servidores dos demais Poderes. MEMBRO é outra coisa, outra casta.]
É evidente que a correção desse rumo não se faz de uma hora para outra, muito menos no meio de uma calamidade mundial. Mas também é um baita erro dizer que, como se vai gastar mesmo, então esqueçamos isso de ajuste fiscal ou teto de gastos. É esse tipo de cabeça que nos trouxe ao ponto em que estamos hoje.
Assim, de modo muito simples: o governo, em todos os níveis, tem que caçar centavos para gastar no combate à epidemia e no combate à recessão que se avizinha. Por isso, o decreto de calamidade pública faz todo o sentido e está previsto na legislação. Há momentos em que se pode suspender a meta fiscal – mas, notem, suspender por tempo determinado, não a abandonar. E o gasto tem que ser muito bem focado, porque o dinheiro é curto e vai gerar déficit, que terá de ser pago mais à frente.
O gasto principal, claro, é saúde: cuidar dos doentes e tentar controlar a epidemia. Cabe perfeitamente aqui – e é mesmo necessário – dar remuneração extra aos profissionais do setor que, no geral, são mal remunerados. E depois, gastar com as pessoas em situação mais difícil, aquelas, por exemplo, que não estão no Bolsa Família, mas também não estão no INSS, não tem seguro desemprego e não têm carteira assinada.
Finalmente, setores econômicos cuja queda pode gerar muito desemprego. Não há nenhuma dúvida quanto a esse roteiro no mundo todo. Os governos estão fazendo coisa parecida. A diferença está na eficiência e no tempo dos programas governamentais. A Coreia do Sul, por exemplo, foi rápida e eficaz. Já o governo italiano bobeou, assim como o da França. Ainda no começo deste mês, o presidente Macron dizia algo assim: tomem cuidado, mas não deixem de sair, de comer nos seus lugares preferidos…. Agora, quarentena total. Quanto mais se atrasa, mais radical é preciso ser.
Trump também tentou levar na surdina. Assustou-se com os estudos médicos mostrando o tamanho da catástrofe. Diz agora que se trata da maior ameaça deste a Segunda Guerra. O governo brasileiro também se atrasou, por culpa do presidente Bolsonaro. Presidente que ainda ontem, estando de máscara na entrevista, disse que poderia pegar um metrô ou uma barcaça lotada para ficar ao lado do povo. Isso quando todas as autoridades sanitárias dizem o contrário – que é preciso esvaziar as ruas e ficar em casa. Ainda bem que governadores estaduais têm se mostrado mais conscientes do tamanho da crise.
Carlos Alberto Sardenberg, jornalista