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quarta-feira, 16 de março de 2016

Duas semanas depois de processar o colunista por ‘danos morais”, Mercadante foi anexado ao elenco do Petrolão pela tentativa de silenciar Delcídio, sabotar a Lava Jato e assassinar a verdade

Uma notificação judicial expedida há duas semanas informa que Aloizio Mercadante ajuizou ação indenizatória contra Augusto Nunes, em razão da veiculação de nota no blog do jornalista, intitulada O herói da rendição continua de olho no trono do imperador da economia”, publicada no site de VEJA em 07/11/2014″. O atual ministro da Educação demorou 16 meses para concluir que o texto sobre o então chefe da Casa Civil “maculou a vida pública” do reclamante. Por isso, o patriota amuado pleiteia uma reparação por danos morais, “em valor a ser arbitrado“.

Até o começo da semana, a compensação em pixulecos reivindicada por Mercadante era apenas mais uma evidência de que, no faroeste à brasileira, o vilão passa boa parte do filme disfarçado de xerife, com uma estrelinha vermelha pendurada no peito. (Perdi a conta dos mercadantes que me processaram. Fui invariavelmente absolvido).  Nesta terça-feira, as conversas gravadas em que o ministro procura comprar o silêncio de Delcídio do Amaral, divulgadas pelo site de VEJA, transformaram a ação indenizatória num monumento ao farisaísmo, à sabujice e à pouca vergonha.

A vestal de bordel que se ofende com adjetivos usou a voz esganiçada para tentar obstruir a Justiça, sabotar a Lava Jato e assassinar a verdade. Nas gravações repulsivas, Mercadante faz o que pode para impedir que o ex-líder do governo no Senado prove que Dilma Rousseff e Lula nadaram de braçada no pântano que encobria o maior esquema corrupto da história. Pilhado em flagrante delito, continuou a torturar os fatos: fora apenas uma demonstração de solidariedade ao amigo em apuros, recitou. “Mercadante, amigo?”, ironizou Delcídio. “Só se for amigo da onça”.

O desmentido do pateta de nascença reitera a veracidade de um trecho do post de 2014 incluído no palavrório costurado para justificar as acusações ao colunista: “É considerável o acervo de títulos honoríficos que mereceu, façanhas de chanchada que protagonizou e monumentos ao ridículo que ergueu. Ele foi promovido a Herói da Rendição graças aos incontáveis recuos, mudanças de rumo, retiradas e capitulações que liderou em poucos anos. Em abril de 2010, por exemplo, precisou de poucas horas para revogar o irrevogável e renunciar à renúncia que o afastaria da liderança da bancada do PT no Senado”.

Na ação indenizatória, o ministro que acaba de ser anexado ao elenco da Lava Jato também contesta com especial veemência o parágrafo que encerra o artigo: “Antes que tivesse nascido nas urnas a frente antipetista formada por 51 milhòes de brasileiros, o fecho deste texto repetiria a sugestão de praxe: oremos. O resultado da disputa eleitoral de 2014 informa que rezar já não é a única opção. Melhor demonstrar nas ruas que o país já não é propriedade dos farsantes, gatunos e ineptos que infestam o coração do poder”. 
 
Tomara que o Herói da Rendição não capitule de novo. Tomara que a pendência judicial siga seu curso. Seria uma pena perder a chance de encontrar Aloizio Mercadante numa sala de tribunal e dizer-lhe, olho no olho, que o texto exige um complemento essencial: falta informar que, além daquilo tudo, ele agora faz parte da comissão de frente do bloco do Petrolão. E pode acabar desfilando no pátio da cadeia.


Fonte: Coluna Augusto Nunes


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