Apenas em Cuba,
Venezuela e na Coreia do Norte Lula será um visitante dispensado de responder
perguntas que não quer ouvir.
Não é possível
olhar para o PSDB e achar que ali está o Batman do Coringa petista. O PSDB é
apenas o maior partido fora do governo.
Existem diferentes tipos de prisão. O ex-presidente brasileiro está enquadrado num deles. É uma prisão diferente, restritiva de várias liberdades, que ele mesmo se impôs como decorrência do estrago causado pela ambição à sua imagem. A lista das coisas que nosso ex-presidente está impedido de fazer é significativa para alguém como ele.
Primeiro, não pode mais
virar mundo fazendo rentáveis palestras sobre as supostas maravilhas que seu
partido e seu governo teriam realizado no Brasil. Não há maravilhas a
mostrar. Como até os feitos do governo
foram malfeitos, o país anda para trás mais rapidamente do que avançou. O
exterior, bem antes do público interno, percebeu que caíra na conversa fiada do
parlapatão de Garanhuns. As agências de avaliação de risco estão lá fora e
sinalizaram ao mundo, passo a passo, as sucessivas explosões da
bolha publicitária petista. Apenas em
Cuba, Venezuela e na Coreia do Norte Lula será um visitante dispensado de
responder perguntas que não quer ouvir. Acabaram-se, se de fato as fez, as
palestras mais bem pagas do mundo. A fonte secou. Tony Blair, Nicholas Sarkozy e Kofi Annan já não lhe telefonam.
Periodicamente,
dentro de uma garagem qualquer, Lula entra num automóvel blindado, com vidros escurecidos além do
limite legal, e desembarca noutra garagem qualquer, longe
dos olhos dos brasileiros de bem. Há bom tempo vive oculto do grande
público, com hábitos furtivos, evitando ser detectado pela imprensa. Suas
últimas fotos mostram um homem com ar assustado e abatido.
Lula
tem um sítio que não pode mais frequentar, onde há pedalinhos que seus netos
não podem usar, uma adega inacessível e uma esplêndida cozinha que traz
saudades à sua esposa. Ele tem
três andares do mais apurado requinte num apartamento com frente para o mar na
praia de Guarujá. Mas não pode nem pensar em chegar
perto do prédio. Que dizer-se da praia!
Claro, há o apartamento de São Bernardo do Campo, que ele pode chamar de minha
casa, minha vida. É seu refúgio protetor. Até prova
em contrário. E é, também, sua prisão domiciliar, onde, diariamente, o ex-presidente acorda e olha o relógio
para saber se já são mais de seis.
Inédito: vácuo no governo e na oposição
Em outro artigo, que será publicado na edição de Zero Hora deste próximo final de semana, escrevi sobre a anomia que acometeu o Brasil neste inicio de século, relegando a nação a uma condição selvagem em pleno ambiente urbano. Tal condição se caracteriza pela insegurança, pelo medo, pela decadência do respeito à lei e aos poderes constituídos, e pela quase inutilidade do setor público, incapaz de dar solução adequada às mais rudimentares de suas atribuições. Na política, repete-se como axioma que ela não convive com vácuos.
Em tese, todo vazio é rapidamente
preenchido. Pois a anomia se instalou no Brasil muito gradualmente já no
segundo mandato de Lula, quando o
presidente, para efeitos públicos, assumiu-se como mito. E mitos não governam.
Mitos são taumaturgos, anunciam quimeras. Governar é para os mortais. Depois, quando Dilma foi eleita e reeleita, o vazio do poder
instalou-se de vez. A presidente da República é aquilo que a ciência
define como perfeito e impossível - o
vácuo absoluto, a total ausência de conteúdo. Quando se instala algo assim
no espaço intergaláctico, forma-se o fenômeno conhecido como buraco negro,
capaz de devorar galáxias inteiras. No
Brasil, não. Fica vazio e pronto.
Não bastasse uma governança politicamente oca, verdadeiro
infortúnio, produziu-se entre nós, simetricamente, um outro vazio tão ou mais surpreendente
na oposição política. O tucanato, apresentado pelo petismo como seu
arqui-inimigo, não corresponde à ideia comum que se tenha de um partido de
oposição. Não é possível olhar para o
PSDB e achar que ali está o Batman do Coringa petista. O PSDB é apenas o
maior partido fora do governo. Não é sensato tomar como conduta de partido de
oposição aquilo que, na ordem dos fatos, são apenas manifestações desconexas de
divergência em relação ao governo.
Temos, portanto, dois fenômenos que, em tese, não poderiam existir. E que talvez
só possam ocorrer exatamente por serem simétricos e equivalentes. Dois vácuos
políticos aguardando provimento, no governo e na oposição. Não será difícil
encontrar na situação descrita uma das causas determinantes da crise multiforme
que, como nação, estamos enfrentando.
No
dia 13 ocorrerá no Brasil a maior manifestação popular de nossa história. É diante desse cenário que ela vai
acontecer. O povo irá às ruas não para substituir-se às instituições, mas para
sacudi-las de sua letargia. Irá às ruas por uma questão de saneamento moral
básico, de honra nacional, para recuperar valores que foram pisoteados pelos
cavaleiros do Átila de Guarujá. Ainda assim continuaremos precisando de algo
tão parecido quanto possível com um governo e uma oposição.
http://www.puggina.org/
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