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quinta-feira, 2 de dezembro de 2021

ISSO É COISA QUE SE FAÇA, DR. ANDRÉ MENDONÇA? - Percival Puggina

Nos Estados Unidos, a sabatina de um ministro da Suprema Corte pode durar meses. Leva o tempo necessário para que o indicado tenha vasculhados o intelecto e a vida privada. 
Pente fino e scanner são passados nas travessuras infantis e nos hábitos adultos, diurnos e noturnos. Atravessam-se portas fechadas, rompem-se envelopes lacrados. 
Alguns candidatos desistem para evitar escândalos. 
Aqui no Brasil, porém, tudo se decide numa sabatina de poucas horas, porque não é ela que importa. Aqui importam mais as semanas de sabatinas auriculares, ao pé do ouvido, nas  “visitas de cortesia” aos gabinetes dos senadores.[o ministro Fachin, quando candidato, realizou algumas visitas de cortesia aos gabinetes dos senadores, acompanhado por Ricardo Saud,  um dos chefões da JBS e delator no Friboi/GATE - o açougue dos irmãos Batista. Clique aqui e confira.]

As tentativas feitas por  André Mendonça para botar a bola no gol e sentar na cadeira vaga existente no STF encontraram a meta guardada pelo corpulento e magoado senador Alcolumbre, aborrecido com a investigação aberta pelo indicado nos negócios do narcotráfico em área de sua senatorial proteção.

Isso é coisa que se faça, Dr. André Mendonça? Em certos estados do Brasil, as cercanias de um senador são território fora da lei, cujo braço não chega lá. Ao menos, assim pensa Davi Alcolumbre e assim muitos de seus pares querem que a banda continue a tocar. [o Brasil das PESSOAS DE BEM, espera que as rachadinhas do Alcolumbre não sejam esquecidas; tudo tem que ser investigado - seja o narcotráfico em área de proteção senatorial, as rachadinhas, o que quer que seja.]

O risco que agora o candidato Mendonça enfrenta, segundo a coluna de Lauro Jardim, é a pressão de Alcolumbre para que os senadores adiram a um particular “fique em casa”, ou esvaziem o plenário, evitando a instalação dos trabalhos.

Alguém poderá dizer, com razão, que tal conduta beira o gangsterismo político. Sim, mas isso não chega a ser uma grande novidade, não é mesmo? Pode ser objeto de uma notinha jornalística, mas jamais de uma opinião que venha acompanhada de um adjetivo, ou de um advérbio que possam expressar algo que mereça ser chamado de “opinião”.

O Senado está assim e o jornalismo brasileiro vai junto.

Por tudo isso, embora André Mendonça não fosse o nome de minha preferência, estou torcendo por ele. Não tenho qualquer afinidade com os senadores que o rejeitam, nem com o jornalistas que ironizam sua condição de evangélico. [André Mendonça teve o nome aprovado, será empossado com as Bênçãos de DEUS, ministro do STF - o presidente Bolsonaro ganha mais uma. ESPERAMOS QUE AS RACHADINHAS do senador Davi Alcolumbre sejam investigadas e TODOS os culpados severamente punidos, valendo o mesmo para todos os envolvidos no narcotráfico, ainda que estejam na área que o ilustre articulista classifica "área de sua senatorial proteção."]

Percival Puggina (76), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.

 

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