Não se pode subestimar nada mas, nesses dois anos formou-se uma casta que, por razões diversas, tem tirado vasto proveito da covid
Nada como uma boa cepa nova, sobretudo se ela vem de algum fundão perdido deste mundo, para encher de esperanças, mais uma vez, todos os que criaram nestes dois últimos anos um estado de dependência em relação à covid. Uma parte da sociedade, de fato, não sabe mais viver sem o vírus. Quem está nela inventou um universo particular, o “novo normal”, viciou-se em seu estilo e agora não quer voltar à vida de antes. A epidemia está cedendo? Então é preciso que ela volte com tudo.
Essa variante sul-africana, a “ômicron” que está triunfando nas manchetes, no horário nobre e nos comissariados de médicos-burocratas que se encantaram com a tarefa de dar ordens a todos, é um clássico. Até agora, a nova cepa revelou-se de baixo impacto; espalha-se muito rapidamente, mas agride pouco o organismo. Ou seja: o sujeito pega a covid, mas não vai para a UTI. Na verdade, até agora, não está indo nem para o pronto-socorro.
É o caso,
agora, da tal variante sul-africana. A médica que a descobriu (e revelou
o que havia descoberto, ao contrário da China, que descobriu o vírus
original e chamou a polícia para esconder a sua existência) garantiu,
várias vezes, que essa cepa causa muito pouca consequência; se espalha
com mais rapidez, mas não leva os infectados à UTI, ou nem ao hospital.
Pura perda de tempo por parte da boa doutora. O complexo mundial
pró-Covid declarou, imediatamente, estado de emergência urgentíssima,
com fim do mundo a curto prazo.
É fato inegável que o Brasil já teve 22 milhões de infeccionados pela covid, e mais de 600.000 pessoas morreram em consequência da epidemia. Está igualmente fora de discussão a necessidade de dar todo o combate à essa praga – como, por exemplo, mantendo o avanço da vacinação, área em que o Brasil obteve um notável sucesso com a aplicação, até agora, de mais de 300 milhões de doses. Não se pode, em suma, subestimar nada.
É mais do que compreensível que todo mundo, nesse bonde, esteja torcendo pela nova cepa.
J. R. Guzzo, colunista - O Estado de S. Paulo
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