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quarta-feira, 25 de janeiro de 2023

O vandalismo e suas misteriosas prevaricações - Percival Puggina

O estresse político brasileiro é um corruptor de consciências. Multidões perdem noções básicas de certo e errado que introduzem o senso moral e que toda criança sob cuidados familiares ouviu dos adultos: “Não faças aos outros o que não gostarias que fizessem contigo”; “Tua liberdade vai até onde começa a liberdade do outro”; “Evita as más companhias”, etc.

Não obstante a obviedade destes marcos morais, milhões de pessoas aceitam o abuso do poder exercido contra quem pensa diferente, aplaudem personagens que não seriam convidados para jantar com a família de quem aplaude. E por aí vai a razão cedendo lugar à paixão.

Álvaro Moreyra, poeta porto-alegrense que foi membro da Academia Brasileira de Letras, escreveu em “Lembranças... as amargas não” que no fim somos “biblioteca de nós mesmos, nosso próprio repertório”. Haveria menos imbecis e menos canalhas se todos estivéssemos atentos a isso.

Como escrevi enquanto os fatos aconteciam, na tarde do domingo dia 8, aquelas aberrações que feriram toda consciência bem formada beneficiavam exclusivamente o governo. 
Agora é possível explicitá-lo claramente pela conduta dos diversos atores. A ingenuidade da imensa maioria dos manifestantes, o desatino de alguns e a infiltração de outros deram suporte ao discurso do golpismo, reforçaram o palavrório de Lula no exterior, criaram a organização que faltava à sanha punitiva do ministro Alexandre de Moraes, fortaleceram a candidatura do omisso senador Rodrigo Pacheco à presidência do Senado e reduziram as bancadas de oposição nas duas casas do Congresso Nacional. Impossível apresentar à nação, ao vivo e a cores, algo com tamanho poder de beneficiar o adversário e causar tanto dano a quem são atribuídas as ações.

É inevitável que essa constatação nos remeta à conhecida frase de Napoleão: “Jamais interrompa seu inimigo quando ele estiver cometendo um erro”.

No calor dos acontecimentos, a base do governo no Senado tratou de pedir uma CPI. Ela foi proposta pela senadora Soraya Thronicke e contou com a habitual dedicação do senador Randolfe Rodrigues, líder do governo no Congresso, que logo garantiu já ter asseguradas as 27 assinaturas necessárias. Horas mais tarde, ainda no dia 9, já eram 31 os senadores signatários do requerimento da recém-batizada CPI do Terrorismo. No dia seguinte, a Revista Exame passou a régua e totalizou 41 apoiadores (mais da metade do plenário da Casa). O número deve ter continuado crescendo porque também os senadores da oposição concordavam com ser um dever do parlamento investigar atos criminosos cometidos contra o Legislativo.

Quando a poeira das investigações começou a baixar, soube-se que o governo não estava entusiasmado com a ideia da CPI. Interrogado sobre esse recuo na entrevista que concedeu à Globo News, Lula falou do que já estava sendo feito pelo governo e foi ajudado pela própria apresentadora (coisas do jornalismo independente) que completou por ele: “Porque a gente sabe como as CPIs começam, mas nunca sabe como terminam”. Isso significa que no pluralismo de uma CPI, a luz pode entrar, também, por outras portas e janelas.[tanto a luz quanto nomes, com provas, de esquerdistas infiltrados.]

O objetivo principal da CPI, além de identificar os responsáveis e os mandantes das condutas criminosas, é saber quais as forças que se conjugaram para que a omissão permitisse os atos de barbárie que horrorizaram o mundo. 
Por que, raios, quando tantos, com tanto poder, estavam sabendo que “algo” grave estava por acontecer, ninguém se mobilizou para impedir? Quantos prevaricaram? Hoje, passadas duas semanas, a oposição quer a CPI e o governo se desinteressou dela. Por quê?

Para essa pergunta, a jornalista da Globo News teve uma resposta que emprestou ao Lula.

Percival Puggina (78), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.

 

segunda-feira, 22 de julho de 2019

FGTS é mais uma tentação para gastar - O Globo - Samy Dana

Se o dinheiro pertence aos trabalhadores, o mais lógico é que possam investir ou gastar como quiserem

[discordamos do acima exposto - o dinheiro pertence ao trabalhador, mas, como uma reserva seja para fazer frente a um desemprego (situação comum nos dias atuais) auxiliar na compra da casa própria, tratar uma doença séria e servir como para a adaptação após se aposentar.
 
Não pode ser liberado para  aquecer a economia - parcialmente, já que a construção civil sofre abalos ao perder uma das suas fontes de recursos, não a mais importante, mas que auxilia - visto que após o aquecimento, que não é auto sustentável, vem a queda da atividade e aquele empregado que gastou o FGTS liberado em compras, muitas vezes desnecessárias, pode ficar desempregado e sem o amparo do FGTS.
 
liberar para saque a cada dois, três anos, ainda que parcialmente, saldo das contas ativas de FGTS não é boa política - até a frequência com que se repete confirma tal entendimento.]


A liberação das contas do FGTS, planejada pelo governo, é uma boa notícia. Se o dinheiro pertence aos trabalhadores, o mais lógico é que possam dispor ou investir os valores como quiserem. Os recursos nas contas vinculadas, que ficam presos na Caixa Econômica Federal, rendem só 3% mais TR ao ano, menos até do que a poupança e pior que a inflação, ou seja, o dinheiro é corroído pelo tempo...
Mas quem recebe uma quantia inesperada, como a liberação do Fundo, também precisa ficar alerta. Um dinheiro nessas condições é um convite aos gastos, seja um celular, aquela jaqueta desejada ou fazer uma viagem, explicam Greg Kaplan, Andreas Fuster e Basit Zafar, três economistas, em artigo publicado pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano). Considere que você ganhou inesperadamente R$ 2 mil. Ou R$ 20 mil. O que faria com o dinheiro? Aplicando essas perguntas a 2.856 consumidores americanos como parte da pesquisa mensal do Fed sobre renda e trabalho, os três autores verificaram como cada um lidaria com essa situação. Foram quatro rodadas de entrevistas, de março de 2016 a março de 2017.

Há décadas os economistas tentam entender as situações que nos levam a consumir mais. A grande maioria dos estudos usa como base o momento da compra, em uma loja, um site ou outra situação. Mas, explica o artigo, também importa como ganhamos o dinheiro gasto. Muitos consumidores tratam de maneira diferente uma quantia que faz parte da renda mensal e um valor recebido de outra fonte, como um prêmio da loteria ou o dinheiro do FGTS.A boa notícia é que nem uma em cada cinco pessoas (19%) pesquisadas pretendia gastar se o valor fosse de US$ 500, mas a média vai subindo conforme aumentam os valores. Se o ganho era de US$ 2.500, os gastadores somavam 27%. E, quando o valor passou para US$ 5 mil, 39%, ou seja, quase quatro a cada dez pessoas, se dispunham a gastar parte do dinheiro.
E quanto? Para quem iria receber US$ 500, era aceitável gastar até US$ 250 em um jantar fora, um celular ou outro mimo. Já quem ganharia US$ 2.500 considerou tudo bem gastar até US$ 1 mil. Os maiores gastadores foram os possíveis ganhadores de US$ 5 mil. Ainda que, proporcionalmente, o gasto fosse menor (30%), eles não viam qualquer problema em torrar até US$ 1.500. As respostas mudaram quando os entrevistadores perguntaram a dois grupos como gastariam o dinheiro sabendo que só seria pago dali a três meses. Desta vez havia apenas duas opções, ganhar US$ 500 ou US$ 5 mil. A proporção de gastos se mantém, mas é bem menor o percentual de pessoas dispostas a gastar. Foi perguntado ainda o que as pessoas fariam se, em vez de ganhar US$ 500 ou US$ 5 mil, pedissem o dinheiro emprestado. Só 8% disseram pretender gastar algum valor.
Os resultados completam alguns estudos recentes. Depois da crise de 2007-2008, por exemplo, o governo dos Estados Unidos pagou um bônus aos americanos para estimular o consumo. Parte das pessoas guardou o dinheiro, mas quem se dispôs a consumir gastou em média 75% do bônus, segundo pesquisa do Departamento do Trabalho. Para nos convencer a gastar, é como se nosso cérebro tentasse nos convencer também de que o dinheiro fará menos falta. Pode parecer a solução para aquele gasto que você vinha adiando, mas que tal, então, como FGTS ou suas economias, esperar três meses antes de usar? Verá que muita coisa não era tão importante assim.
Samy Dana - Jornal O Globo
 
 

quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

Elio Gaspari: Bem-vindo a Brasília, doutor Moro

Em Curitiba o juiz podia ir ao supermercado e sua caneta era uma lâmina, agora puseram-no num outro mundo

No sábado o ministro Sergio Moro foi chamado ao Palácio da Alvorada para uma reunião com o presidente Jair Bolsonaro e três colegas para decidir o que fariam com Cesare Battisti. Ele fora preso na Bolívia e a Polícia Federal havia mandado um avião para trazê-lo de volta. Dias antes, Moro havia oficiado à Casa Civil para que exonerasse a diretora de Proteção Territorial da Funai, Azelene Inácio. O ministro vivia suas primeiras experiências no mundo da fantasia do poder. A cena do sábado era pura ilusão do poder. O governo boliviano já decidira mandar Battisti para a Itália e um avião já saíra de Roma para buscá-lo.
O cumprimento da determinação para que Azelene fosse demitida era de outro tipo, pois deveria tramitar na burocracia do Executivo. Em Curitiba, Moro mandava prender e preso o cidadão seria. Caso o detento quisesse recorrer, a petição seguiria de acordo com o lento ritual do Judiciário. Em Brasília, as coisas são, mas podem não ser. Na segunda-feira, Azelene, como o Alex da Apex, informou que continuava dando expediente e acrescentou que se sentia perseguida, como se estivesse “dentro do governo do PT”. A diretora continuou trabalhando porque a ministra Damares Alves, em cujo latifúndio jogaram a Funai, disse-lhe que reverteria a determinação de Moro.

O ministro da Justiça determinou à Casa Civil que exonerasse a diretora porque o Ministério Público apontou para um conflito de interesse na sua permanência. Passou-se uma semana e nada. Lula entregou-se à Polícia Federal em menos de 48 horas. [Moro ainda está se ajustando a que agora pode até mais do que um juiz, mas, que o poder de um ministro é mais lento e o verbo determinar tem um uso mais limitado - um ministro pode ter até um prestígio político superior a um colega, mas, na hora que um ministro 'determina' que um colega tome alguma providência, o colega não tem obrigação de obedecê-lo;
 
o ministro tratado como 'subalterno' pode ignorar a ordem - só que se o  ministro 'superior' tenha maior poder político, o 'inferior' pode até perder o cargo.
 
Mas, ordem por ordem, são exatamente iguais..
Moro logo se adaptará que o poder  de um  político é mais lento de ser exercido que o poder de um magistrado - apesar da lentidão ser característica comum na Justiça.]
Em Curitiba, o Ministério Público denunciava, o juiz condenava e fim de caso. 
Mas, no   Paraná Moro podia ir em paz a um supermercado. Em Brasília, ele teve a má experiência de ser interpelado por um cidadão que também fazia suas compras. (Registre-se que Moro reagiu com a fleuma que faltou ao ministro Ricardo Lewandowski ao ser ofendido num avião.) [Ministro Moro, em Brasília sempre há o risco de uma autoridade se deparar com um cidadão - ou um 'palhaço' - querendo aparecer. São inconvenientes aos quais uma autoridade está sujeira e tem que aprender a  se esquivar de tais elementos.]
Brasília reserva outras surpresas a Moro. A maior delas certamente virá da imprensa. Na vara federal ele tinha um razoável controle da sua exposição. Tendo feito boa liga com o Ministério Público, os procuradores ajudavam-no a operar a opinião pública. Moro era a imagem do poder nacional, encarnando algo bem-vindo e novo. Suas decisões eram festejadas, mesmo quando absolvia. Podia dizer a um criminalista que advogados “atrapalham” e a conversa morria por lá. Se repetir coisas assim, está frito. Escapou-lhe também o controle da agenda.
O carro da deputada Martha Rocha leva tiros de fuzil e o problema cai sobre sua mesa. Fabrício Queiroz cala e dança e ele não pode fazer suas compras em paz. Isso para não se mencionar o conflito que está em curso no Ceará. Como ministro da Justiça e da Segurança Pública, Moro ganhou uma agenda velha e empoeirada.
Com a ida ao Alvorada para tratar de um assunto que podia ser resolvido por telefone ou pelo WhatsApp, ele entrou nos elencos teatrais da capital.
A cidade lhe reserva outros teatros, mais demorados e muitas vezes penosos. Ele descobrirá isso quando tiver que segurar uma conversa em jantar de embaixada. Habituado ao secular e poderoso simbolismo da toga, estará obrigado a conviver em ocasiões solenes com sexagenários que se enfeitam com faixas acetinadas e circulam pelo evento com o paletó aberto.
Quando Moro aceitou o convite de Bolsonaro para o ministério, disse que estava “cansado de tomar bola nas costas”. Essas boladas podiam vir do Superior Tribunal de Justiça ou do Supremo Tribunal Federal, onde os jogadores são só 44. Pois agora levará caneladas e elas virão de todos os lados.

Elio Gaspari, jornalista - O Globo
 
 

terça-feira, 17 de outubro de 2017

Na carta, presidente cita fatos óbvios, mas ignora baixarias oriundas de autoridades togadas

Temer não está a enxergar discos voadores. O que tem são fatos. Lista alguns e, quero crer, para evitar uma crise institucional, deixa outros de lado

Dois dias antes da votação do relatório de Bonifácio de Andrada (PSDB-MG) na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, o presidente Michel Temer envia uma carta aos deputados da base aliada em que usa, sem receio, no que faz muito bem, a palavra “conspiração”. Já deveria tê-lo feito antes.  E não! Não se trata de nenhuma “teoria conspiratória”. Esta se alimenta da ausência de fatos. A tentativa de derrubar Temer se faz é do excesso deles. Querem ver? A hipótese de que discos voadores existem se assenta, sobretudo, no fato de que se tem certeza de que a Nasa esconde as evidências de que ETs visitam de vez em quando a Terra. Como a Nasa esconde, a gente não sabe. Logo, discos voadores existem.

O presidente não está a enxergar discos voadores. O que tem são fatos. Lista alguns e, quero crer, para evitar uma crise institucional, deixa outros de lado.

Desde que veio a público aquele seu diálogo que não houve com Joesley Batista, ficamos sabendo algumas coisas, que o presidente lembra em sua mensagem aos deputados:
– diálogos desavergonhados de Joesley com seus conspiradores, deixando claro que o objetivo era mesmo derrubar o presidente da República;
– evidências de que a Procuradoria-geral da República participou de toda a armação prévia que resultou na delação, o que, segundo a lei, a torna imprestável — e eventuais provas são nulas;
– provas de que Marcelo Miller, braço direito de Rodrigo Janot, fez dupla militância: atuou como advogado da JBS e como representante da PGR;
– entrevistas evidenciando que o objetivo de Janot era, desde sempre, “pegar” o presidente, a saber: Eduardo Cunha e Ângelo Vilela;
– fala explícita de Joesley, que está em uma das gravações, evidenciando que seria Lúcio Funaro a fazer o trabalho sujo final.

Isso tudo é absolutamente verdadeiro. Nem por isso arrefeceu o ânimo dos que pretendem depor o presidente, capturando, nessa trajetória, outras figuras cujas ambições ou pretensões malparadas se voltam também contra o chefe do Executivo. A figura mais notória, nesse caso, é Rodrigo Maia.
E o presidente poderia ter ido além se quisesse. Qualquer observador isento, que veja a questão com olhos técnicos, sabe que:
– Edson Fachin jamais poderia ter sido o relator do caso JBS; foi escolhido por Rodrigo Janot, com a conivência de Cármen Lúcia; [é público e notório que quando foi indicado para o STF, o atual ministro Edson Fachin visitou os senadores tendo como guia, cicerone, cabo eleitoral e abre portas, o bandido Ricardo Saud, executivo do grupo JBS - CLIQUE no Blog Prontidão Total.

– as ações que chamaram de “operação controlada” são evidências de flagrantes armados, que contaram com a anuência de Fachin;
– o próprio Fachin, até agora, não explicou suas relações com a JBS; as evidências de que existem foram consideradas uma tramoia da Abin, o que é mentira; [veja no 
Blog Prontidão Total 
tudo  sobre o jantar entre Fachin, Joesley e Renan, que varou a madrugada.]  

– a gravação de Joesley com o presidente seria prova ilícita, ainda que trouxesse algo de comprometedor.
um grupo de comunicação age de forma clara, sistemática e organizada para depor o presidente, servindo de porta-voz, ainda hoje, da turma de Janot;
– a divulgação dos vídeos no site de Câmara é obviamente ilegal.

O presidente se absteve de apontar tais fatos. Prefere ficar naqueles que são incontroversos e que não levam a um choque entre entes do Estado, embora o “outro lado”, como se vê, trave uma guerra sem quartel.
Na carta, o presidente lista ainda feitos do governo, que colocaram a economia no rumo do crescimento.
Sim, trata-se de uma conspiração porque cada passo dado que poderia conduzir à deposição do presidente afronta a lei.
Há a hora em que a coisa tem de ser chamada pelo seu nome. E, no caso, uma conspiração tem de ser chamada de conspiração.

 Fonte: Blog do Reinaldo Azevedo

 

LEIA TAMBÉM: Temer envia carta a deputados em que acusa conspiração. E faz elenco de fatos escabrosos

Jamais poderia acreditar que houvesse uma conspiração para me derrubar da Presidência da República. Mas os fatos me convenceram. E são incontestáveis”

quinta-feira, 24 de agosto de 2017

Os militontos petistas também fizeram uma vaquinha para ajudar o Dirceu e enquanto eles juntavam moedas Dirceu recebeu de suborno de quase R$ 30 MI

Amigos cobram R$ 300 em jantar para pagar defesa de Agnelo Queiroz

Ex-governador de Brasília é acusado de desvio de recursos nas obras do Mané Garrincha

Amigos do ex-governador de Brasília Agnelo Queiroz (PT) estão organizando um jantar para arrecadar dinheiro para pagar um advogado de defesa para o político. Agnelo teve os bens bloqueados no processo em que é investigado, junto com outras 20 pessoas por suspeita de envolvimento em desvios de recursos na construção do Estádio Mané Garrincha, em Brasília. O ex-governador está solto desde maio, após ter um habeas corpus aceito pela Justiça. Segundo a investigação, ele teria recebido propina durante a execução da obra do estádio, o mais caro da Copa de 2014, com custo superior a R$ 1,5 bilhão. De acordo com a organização do evento, a lista conta com 200 amigos de Agnelo, que pagarão R$ 300 pelo evento .[entre as proezas de Agnelo,  ele tem um amigo que lhe  vendeu por R$500.000,00, em parcelas mensais, uma mansão com valor de R$ 5.000.000,00]
 Segundo Thamar de Castro, de 54 anos, amiga do ex-governador há 40 anos, o planejamento do jantar surgiu como uma forma de retribuir Agnelo e sua família. — A gente juntou um grupo de amigos para um evento fechado para levantar um dinheiro. Parte do dinheiro arrecadado pagará o jantar e a outra parte irá diretamente para o pagamento do advogado. O Agnelo estará no jantar com a esposa. Será a primeira vez que vamos vê-lo em muito tempo. Ele está com dificuldade de pagar. Eles são uma família muito solidária. São pessoas que, se seu filho adoece e você precisa de ajuda, vão até sua casa durante a noite para ajudar. Vamos retribuir o que eles sempre fizeram a todos nós — contou.

Thamar não revelou o valor que o grupo precisa arrecadar para o pagamento integral da defesa do ex-governador. Ainda segundo ela, um controle dos convidados será feito para evitar que pessoas de fora estejam no evento.  — Tem um controle rigoroso para não acontecer de ter pessoas de fora. Alguns amigos que não estavam na lista e ficaram sabendo ligaram e explicamos que o lugar não comporta todos, mas que poderiam fazer a doação caso desejassem. O dinheiro irá para uma conta em nome do advogado e está tudo dentro da legalidade. É um ato de solidariedade. Ele está sendo acusado e não está condenado. É nosso amigo e estamos ajudando ele.


A amiga do ex-governador disse que Agnelo não ficou surpreso com o ato, mas que aceitou a ajuda. Ainda segundo ela, o grupo chegou a considerar fazer apenas as doações, mas mudou de ideia. — Ele não ficou surpreso porque sabe os amigos que tem. Ele ficou feliz. O dono do restaurante onde faremos o jantar foi uma das pessoas que teve a ideia. O evento é uma forma de mostrar que é preciso ter solidariedade. É muito ruim você deixar de fazer essas coisas. Ele é nosso amigo — falou.

Fonte: O Globo
 

segunda-feira, 5 de junho de 2017

Fachin em jantar com Joesley, o Folgadão, e Renan, que varou a madrugada? Pode isso? Não! -

BLOG DO REINALDO AZEVEDO


Ministro tem de abrir mão da relatoria nesse caso, que nem petrolão é; sua proximidade com pessoas da J&F o desabilitam a ser um árbitro tão generoso, não é mesmo?

O Brasil já vive hoje sob uma virtual ditadura do Ministério Público Federal. Parte considerável de seus integrantes, capitaneados por Rodrigo Janot, resolveu privatizar a democracia. Parlamentar, ministro ou magistrado grampeados que expressarem uma opinião favorável ao projeto que muda a lei que pune abuso de autoridade, por exemplo, podem ser acusados pelo digníssimo Rodrigo Janot de “obstrução da investigação”. E, por favor!, não ousem nem mesmo fazer perguntas a Edson Fachin, o relator do petrolão, que homologou a delação que deu salvo-conduto para um bandido como nunca houve no país

Pois é… Ocorre que terei de fazer as perguntas:
– ministro Edson Fachin, quando apenas candidato ao STF, o senhor esteve num jantar com Joesley Batista, em Brasília, que começou por volta de 21h e só terminou às 6h do dia seguinte?;
a esse jantar, na casa que o empresário mantém na capital, não estava presente o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), que resistia à sua candidatura?;– o senhor, por acaso, não saiu dali, de manhã, e foi direto para o aeroporto?;
– o sr. lembra o que serviram no jantar?;
– e qual foi o cardápio de conversa tão demorada?;
– ao fim do encontro, Renan já estava convencido?

Além do ridículo

Olhem, essa questão está indo além do limite do ridículo. Todo mundo sabe em Brasília que Fachin visitou o gabinete de alguns senadores, quando ainda candidato ao posto, escoltado por ninguém menos do que Ricardo Saud, que vinha a ser justamente o homem da mala da J&F. Era ele que pagava boa parte dos “benefícios” a quase 2 mil políticos, na contabilidade admitida pelo próprio Joesley.

“Está insinuando que Fachin também recebeu propina, Reinaldo?” Eu nunca insinuo nada. Quando quero, afirmo. Não tenho informação de que tenha recebido grana. Mas tenho a clareza de que a proximidade do ministro com um dos comandantes da organização criminosa o torna suspeito para seguir relator desse caso.  Mais do que isso: se Saud o acompanhou, o empresário e lobista o fez na certeza de que sua presença poderia mover a vontade dos senadores. Assim, Fachin foi obviamente beneficiado pela, digamos, inserção que a J&F mantinha no Parlamento. E foi Fachin a dar sinal verde para uma operação do Ministério Público obviamente ilegal? E foi ele a decidir, em última instância, a liberdade, sem amarras de qualquer natureza, a Joesley, o conviva da mais longa das noites?

Informação

Um grupo de deputados decidiu ingressar com um pedido na Comissão de Constituição e Justiça para que o ministro explique as suas relações com Saud. Ora, o que há de estranho nisso, considerando que este também foi um dos beneficiados por Janot e pelo ministro? É preciso, sim, cobrar detalhes dessa relação.

Pois é… Leio no Painel, da Folha, que há quem, no Supremo, considere que isso seria uma forma de intimidar Fachin e poderia caracterizar até um crime: coação! Ah!!! A tese é de tal sorte exótica que deve derivar de algum ministro que não conhece direito a Constituição. Chuto… Roberto Barroso! Como é? Então um parlamentar perdeu a prerrogativa de apresentar petições à CCJ caso estas digam respeito a um ministro do Supremo? Então a imunidade parlamentar já não garantiria nem mais o direito de cobrar explicações?

Bem, considerando que Janot resolveu denunciar Aécio Neves por obstrução da Justiça porque, afinal, ele atuou como senador, não seria de estranhar que alguém levantasse a tese de que um deputado comete um crime quando faz indagações a um ministro do STF. Ademais, Fachin, como sabemos, cobra explicações de todo mundo, certo? Por que não pode dá-las também? E ainda com maior necessidade: afinal, o Judiciário existe para remediar os remédios, não é?

Fachin tem de abrir mão dessa relatoria. Sei lá se um outro seria melhor ou pior para Temer. Pouco importa nesse caso. Não dá é para aceitar o inaceitável. E não é aceitável que ele tenha sido, vamos dizer, acolhido pelo empresário que confessou 245 crimes e depois se mandou para Nova York, deixando atrás de si um país perplexo, mergulhado na certeza e da desesperança.  Estaria forçado a renunciar à relatoria ainda que tivesse tido, no caso, um comportamento exemplar. Mas todos sabemos que isso não é verdade.

O Brasil exige a volta de Joesley. E cobra também que, em alguma medida, ele pague por seus crimes, a exemplo do que aconteceu com todos os outros empresários que fizeram delação — ainda que, também para estes, as respectivas penas tenham sido pornograficamente baixas.  Não é de hoje que o crime compensa em
Banânia. Mas nunca recebeu um prêmio tão alto como nesse caso.


Por: Reinaldo Azevedo