Encerramento de pool de veículos de comunicação pode sinalizar mudança de rota da mídia tradicional
Foto: Montagem Revista Oeste/Shutterstock
Como em qualquer sociedade capitalista, as companhias privadas competem entre si para ganhar o coração dos consumidores. Nas empresas de comunicação, isso também deveria ocorrer. Certo? Errado. No Brasil, em 8 de junho de 2020, os sites G1 e UOL, além dos jornais O Estado de S. Paulo, Folha de S.Paulo, O Globo e Extra formaram um “consórcio de imprensa”, com o objetivo velado de destruir o que enxergavam ser o Grande Satã do Brasil desde antes da eleição de 2018: o presidente Jair Bolsonaro.
Nas páginas desses veículos, contudo, a justificativa oficial para a parceria era divulgar dados sobre mortes por covid-19, em virtude de um “apagão” no Ministério da Saúde — que durou poucas horas. Ao longo da sua existência, o pool usava informações da pasta, como qualquer empresa de mídia, diferentemente da impressão de “exclusividade” que passava. Mesmo assim, o consórcio permaneceu vivo, publicando notícias praticamente iguais todos os dias e com linha editorial quase idêntica.
Durante a pandemia, era comum ler nesses veículos manchetes seguindo a mesma hierarquia de informação: “Sem máscara, Bolsonaro cumprimenta apoiadores” ou “Bolsonaro promove aglomeração com aliados”. Os textos ficaram ainda mais uniformes ao longo dos cinco meses de existência da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19. A maioria das declarações destacadas vinha de senadores que comandavam a CPI, como Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Omar Aziz (PSD-AM) e Renan Calheiros (MDB-AL).
O mesmo ocorreu com o chamado “Orçamento secreto”, revelado pelo Estadão. Publicado no Diário Oficial da União, o mecanismo nada mais é que as velhas “emendas de relator” (saiba mais neste link) — termo que só começou a ser usado pelos integrantes do pool depois da vitória de Lula. Conforme os veículos do consórcio, esse dispositivo tornou-se moeda de troca da gestão Bolsonaro para comprar o apoio do Parlamento, sobretudo do centrão, e manter a governabilidade.
A imprensa tradicional não poupou nem as boas notícias que vinham da área econômica do governo, liderada por Paulo Guedes. Sempre que uma informação positiva era divulgada, como o aumento do Produto Interno Bruto ou a criação de novos empregos formais, o consórcio ou dava uma nota de rodapé sobre o assunto, ou se apressava em atenuar boas-novas com a adversativa “mas”.
Nesta semana, contudo, o consórcio de imprensa lavrou o próprio atestado de óbito. A parceria dos veículos durou dois anos. “Terminou porque cumpriu com a missão de derrubar o presidente anterior”, constatou o jornalista Alexandre Garcia. Para ele, o consórcio de imprensa levou à mais alta potência a máxima do escritor Millôr Fernandes: “Jornalismo é oposição. O resto é armazém de secos e molhados”.
De acordo com Garcia, a imprensa de hoje afastou-se da verdade e adotou uma posição opinativa. “Aprendi que o jornalista tem de ser escravo dos fatos”, disse. “Não somos donos deles, mas meros intermediários entre o veículo e o público. Infelizmente, as redações estão povoadas de militantes, por culpa da formação universitária defeituosa.”
Possível mudança de rota Com a vitória de Lula, o consórcio começou a dar sinais de uma mudança de rota em sua cruzada contra Bolsonaro, ainda que tímidos, em artigos de opinião e reportagens. Um dos primeiros a fazer esse aceno foi o Estadão. Em 24 de dezembro do ano passado, o jornal publicou um editorial contra as indicações do presidente aos ministérios. [em nossa opinião, já ocorre em parte da mídia ações de correção de rumo; o campeão da manipulação da notícias, supressões 'casuais' de palavras e imagens em uma matéria,é do Grupo Globo.Tentam esconder,mas não conseguem, que a reação do povo aos desmandos daquele grupo jornalístico está levando ao carro chefe do empresa - TV Globo - a uma queda de audiência, especialmente com recordes negativos nas novelas.Talvez seja conveniente à recuperação do grupo, que os 'jornalistas' Bonner e Renata,que apresentam o noticiário noturno que já foi referência em credibilidade e campeão de audiência,sejam demitidos sumariamente da Empresa - seria uma forma de puni-los, até por ousarem inocentar, em rede nacional, um individuo condenado por nove juízes diferentes com confirmação nas três instâncias - declarando que 'o senhor não deve nada à Justiça do Brasil'.
O povo costuma, julgar, condenar e não revisar suas sentenças.]
“É absolutamente decepcionante para o país verificar a atual composição dos ministérios que vai sendo delineada”, afirmou o Estadão. “Todos os postos decisivos estão a cargo do PT ou de gente que, por mais que esteja circunstancialmente em outra legenda, sempre teve e continua tendo a mesma visão do PT.” Adiante, o jornal diz que, “diante das grandes necessidades do país, não deixa de ser frustrante constatar que Lula e seu partido não mudaram ou aprenderam nada”.
Nesta semana, a publicação denunciou o ministro das Comunicações, Juscelino Filho, por ter direcionado R$ 5 milhões das emendas de relator para asfaltar uma estrada de terra que passa em frente a oito fazendas de sua família, em Vitorino Freire (MA). A obra de aproximadamente 20 quilômetros corta propriedades da família e as liga a uma pista de pouso particular e um heliponto. Também O Globo decidiu pronunciar-se sobre atos de Lula. Publicado em 27 de janeiro deste ano, o editorial “Governo tenta reescrever verdade sobre o impeachment” ataca o movimento do Palácio do Planalto de chamar de golpe o processo de destituição da petista. “Até as paredes depredadas do Palácio do Planalto sabem que a ex-presidente Dilma Rousseff foi afastada por um processo de impeachment, movido pelo Congresso Nacional de acordo com todas as regras previstas na Constituição e na legislação, referendadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF)”, informou o jornal. “Apesar disso, o presidente Lula e integrantes de seu governo têm insistido em desafiar a verdade e em se referir ao episódio como um ‘golpe’.”Até a Folha, o jornal mais hostil a Bolsonaro, deu um “puxão de orelha” em Lula, ao manifestar-se contra o “pacote antiterrorismo” do Ministério da Justiça. Em síntese, a pasta quer algumas medidas para inibir manifestações. O ponto destacado pelo jornal como “temerário” é o que se refere à intenção de Dino de emparedar as big techs. “Não se pode usar ataque a Brasília para aprovar leis repressoras às pressas”, advertiu o editorial. “Tratando-se de um presidente que insiste em propagar a tese partidária farsesca segundo a qual houve golpe de Estado no impeachment de Dilma Rousseff, conduzido pelo Legislativo e pelo Judiciário, deveria estar claro o perigo de lidar às pressas com o direito à pluralidade de opiniões”, acrescentou a Folha, ao defender mais debate sobre o texto.
O jornal é ainda o responsável por revelar a ligação da ministra do Turismo, Daniela do Waguinho, com milicianos. Na campanha eleitoral, o então candidato Lula criticava Bolsonaro por supostamente ter relação com milicianos. Em meio ao escândalo de Daniela, Oeste mostrou que, na eleição de 2022, a ministra e seu marido, o prefeito Waguinho, de Belford Roxo (RJ), fecharam a cidade para impedir que adversários fizessem campanha no curral eleitoral do casal.
O jornalista Patrick Santos, ex-diretor de redação da Jovem Pan e autor do livro 45 do Primeiro Tempo, afirma que o jornalismo atual se distanciou de suas raízes e defende uma correção de rota. “Há certezas demais”, afirmou. “Um dos pilares da profissão é perguntar, e isso deixou de ser feito. Ao ler os jornais, enxergo uma visão de mundo única. Sinto falta de debates de ideias. Temos de voltar a fazer esse tipo de jornalismo.” Crítico do consórcio de imprensa, Santos disse que a competição também faz parte da profissão. “É saudável quando se quer ter a melhor reportagem da redação”, disse. “Isso é difícil de ocorrer, quando todos publicam a mesma coisa sobre tudo.”
Imprensa estrangeira
Desde a eleição de Lula, algo começou a mudar também na cobertura dos veículos estrangeiros. O Wall Street Journal (WSJ), por exemplo, tem subido o tom com o STF, classificando-o até como “uma ameaça maior à democracia” que os protestos de 8 de janeiro. Recentemente, o WSJ denunciou o não cumprimento do processo legal com os mais de mil manifestantes presos, por causa dos atos anti-Lula em Brasília.Considerado de esquerda nos EUA, o New York Times, em 22 de janeiro deste ano, publicou um artigo com a seguinte pergunta: Será que Alexandre de Moraes é realmente bom para a democracia? “Moraes já ordenou prisões sem julgamento por ameaças postadas em redes sociais; liderou o voto que sentenciou um deputado federal a quase nove anos de prisão por ameaçar o tribunal; ordenou busca e apreensão contra empresários com poucas evidências de irregularidades; suspendeu um governador eleito; e bloqueou dezenas de contas e milhares de publicações nas redes sociais, praticamente sem transparência ou espaço para recurso”, observou o jornal.
Até mesmo o jornalista Glenn Greenwald, que se tornou ícone da esquerda brasileira em 2019, por causa da “Vaza Jato”, despertou a ira da militância ao criticar Moraes. “Existe agora, ou já existiu, uma democracia moderna em que um único juiz exerce o poder que Alexandre de Moraes possui no Brasil?”, interpelou Greenwald, ao compartilhar um artigo do jornal O Globo. “Não consigo pensar em nenhum exemplo sequer. Uma das maiores ironias da extraordinária popularidade de Moraes entre a mídia corporativa e a esquerda foi que ele serviu como ministro da Justiça e depois foi indicado para o STF por um presidente amplamente considerado não só ilegítimo, mas ‘golpista’.
“Greenwald mostrou que ainda consegue enxergar um pouco a realidade como ela é”, disse o jornalista Fernão Lara Mesquita, ex-diretor do Estadão. “E, por dizer a verdade, foi atacado nas redes sociais pelos que, até pouco tempo atrás, o defendiam. Infelizmente, a ótica da imprensa atual está bastante deformada. Esse consórcio, por exemplo, é esdrúxulo. Sintetiza o grave problema que a mídia enfrenta. Não é à toa que a imprensa vai diminuindo. O jornalismo tem de voltar às suas raízes: perseguir e amar a verdade.”
Leia também “Os vigaristas da adversativa”
Cristyan Costa, colunista - Revista Oeste
Como em qualquer sociedade capitalista, as companhias privadas competem entre si para ganhar o coração dos consumidores. Nas empresas de comunicação, isso também deveria ocorrer. Certo? Errado. No Brasil, em 8 de junho de 2020, os sites G1 e UOL, além dos jornais O Estado de S. Paulo, Folha de S.Paulo, O Globo e Extra formaram um “consórcio de imprensa”, com o objetivo velado de destruir o que enxergavam ser o Grande Satã do Brasil desde antes da eleição de 2018: o presidente Jair Bolsonaro.
Nas páginas desses veículos, contudo, a justificativa oficial para a parceria era divulgar dados sobre mortes por covid-19, em virtude de um “apagão” no Ministério da Saúde — que durou poucas horas. Ao longo da sua existência, o pool usava informações da pasta, como qualquer empresa de mídia, diferentemente da impressão de “exclusividade” que passava. Mesmo assim, o consórcio permaneceu vivo, publicando notícias praticamente iguais todos os dias e com linha editorial quase idêntica.
Durante a pandemia, era comum ler nesses veículos manchetes seguindo a mesma hierarquia de informação: “Sem máscara, Bolsonaro cumprimenta apoiadores” ou “Bolsonaro promove aglomeração com aliados”. Os textos ficaram ainda mais uniformes ao longo dos cinco meses de existência da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19. A maioria das declarações destacadas vinha de senadores que comandavam a CPI, como Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Omar Aziz (PSD-AM) e Renan Calheiros (MDB-AL).
O mesmo ocorreu com o chamado “Orçamento secreto”, revelado pelo Estadão. Publicado no Diário Oficial da União, o mecanismo nada mais é que as velhas “emendas de relator” (saiba mais neste link) — termo que só começou a ser usado pelos integrantes do pool depois da vitória de Lula. Conforme os veículos do consórcio, esse dispositivo tornou-se moeda de troca da gestão Bolsonaro para comprar o apoio do Parlamento, sobretudo do centrão, e manter a governabilidade.
A imprensa tradicional não poupou nem as boas notícias que vinham da área econômica do governo, liderada por Paulo Guedes. Sempre que uma informação positiva era divulgada, como o aumento do Produto Interno Bruto ou a criação de novos empregos formais, o consórcio ou dava uma nota de rodapé sobre o assunto, ou se apressava em atenuar boas-novas com a adversativa “mas”.
Nesta semana, contudo, o consórcio de imprensa lavrou o próprio atestado de óbito. A parceria dos veículos durou dois anos. “Terminou porque cumpriu com a missão de derrubar o presidente anterior”, constatou o jornalista Alexandre Garcia. Para ele, o consórcio de imprensa levou à mais alta potência a máxima do escritor Millôr Fernandes: “Jornalismo é oposição. O resto é armazém de secos e molhados”.
De acordo com Garcia, a imprensa de hoje afastou-se da verdade e adotou uma posição opinativa. “Aprendi que o jornalista tem de ser escravo dos fatos”, disse. “Não somos donos deles, mas meros intermediários entre o veículo e o público. Infelizmente, as redações estão povoadas de militantes, por culpa da formação universitária defeituosa.”
“É absolutamente decepcionante para o país verificar a atual composição dos ministérios que vai sendo delineada”, afirmou o Estadão. “Todos os postos decisivos estão a cargo do PT ou de gente que, por mais que esteja circunstancialmente em outra legenda, sempre teve e continua tendo a mesma visão do PT.” Adiante, o jornal diz que, “diante das grandes necessidades do país, não deixa de ser frustrante constatar que Lula e seu partido não mudaram ou aprenderam nada”.
Até a Folha, o jornal mais hostil a Bolsonaro, deu um “puxão de orelha” em Lula, ao manifestar-se contra o “pacote antiterrorismo” do Ministério da Justiça. Em síntese, a pasta quer algumas medidas para inibir manifestações. O ponto destacado pelo jornal como “temerário” é o que se refere à intenção de Dino de emparedar as big techs. “Não se pode usar ataque a Brasília para aprovar leis repressoras às pressas”, advertiu o editorial. “Tratando-se de um presidente que insiste em propagar a tese partidária farsesca segundo a qual houve golpe de Estado no impeachment de Dilma Rousseff, conduzido pelo Legislativo e pelo Judiciário, deveria estar claro o perigo de lidar às pressas com o direito à pluralidade de opiniões”, acrescentou a Folha, ao defender mais debate sobre o texto.
O jornal é ainda o responsável por revelar a ligação da ministra do Turismo, Daniela do Waguinho, com milicianos. Na campanha eleitoral, o então candidato Lula criticava Bolsonaro por supostamente ter relação com milicianos. Em meio ao escândalo de Daniela, Oeste mostrou que, na eleição de 2022, a ministra e seu marido, o prefeito Waguinho, de Belford Roxo (RJ), fecharam a cidade para impedir que adversários fizessem campanha no curral eleitoral do casal.
O jornalista Patrick Santos, ex-diretor de redação da Jovem Pan e autor do livro 45 do Primeiro Tempo, afirma que o jornalismo atual se distanciou de suas raízes e defende uma correção de rota. “Há certezas demais”, afirmou. “Um dos pilares da profissão é perguntar, e isso deixou de ser feito. Ao ler os jornais, enxergo uma visão de mundo única. Sinto falta de debates de ideias. Temos de voltar a fazer esse tipo de jornalismo.” Crítico do consórcio de imprensa, Santos disse que a competição também faz parte da profissão. “É saudável quando se quer ter a melhor reportagem da redação”, disse. “Isso é difícil de ocorrer, quando todos publicam a mesma coisa sobre tudo.”
Imprensa estrangeiraDesde a eleição de Lula, algo começou a mudar também na cobertura dos veículos estrangeiros. O Wall Street Journal (WSJ), por exemplo, tem subido o tom com o STF, classificando-o até como “uma ameaça maior à democracia” que os protestos de 8 de janeiro. Recentemente, o WSJ denunciou o não cumprimento do processo legal com os mais de mil manifestantes presos, por causa dos atos anti-Lula em Brasília.
Considerado de esquerda nos EUA, o New York Times, em 22 de janeiro deste ano, publicou um artigo com a seguinte pergunta: Será que Alexandre de Moraes é realmente bom para a democracia? “Moraes já ordenou prisões sem julgamento por ameaças postadas em redes sociais; liderou o voto que sentenciou um deputado federal a quase nove anos de prisão por ameaçar o tribunal; ordenou busca e apreensão contra empresários com poucas evidências de irregularidades; suspendeu um governador eleito; e bloqueou dezenas de contas e milhares de publicações nas redes sociais, praticamente sem transparência ou espaço para recurso”, observou o jornal.
Até mesmo o jornalista Glenn Greenwald, que se tornou ícone da esquerda brasileira em 2019, por causa da “Vaza Jato”, despertou a ira da militância ao criticar Moraes. “Existe agora, ou já existiu, uma democracia moderna em que um único juiz exerce o poder que Alexandre de Moraes possui no Brasil?”, interpelou Greenwald, ao compartilhar um artigo do jornal O Globo. “Não consigo pensar em nenhum exemplo sequer. Uma das maiores ironias da extraordinária popularidade de Moraes entre a mídia corporativa e a esquerda foi que ele serviu como ministro da Justiça e depois foi indicado para o STF por um presidente amplamente considerado não só ilegítimo, mas ‘golpista’.
“Greenwald mostrou que ainda consegue enxergar um pouco a realidade como ela é”, disse o jornalista Fernão Lara Mesquita, ex-diretor do Estadão. “E, por dizer a verdade, foi atacado nas redes sociais pelos que, até pouco tempo atrás, o defendiam. Infelizmente, a ótica da imprensa atual está bastante deformada. Esse consórcio, por exemplo, é esdrúxulo. Sintetiza o grave problema que a mídia enfrenta. Não é à toa que a imprensa vai diminuindo. O jornalismo tem de voltar às suas raízes: perseguir e amar a verdade.”
Leia também “Os vigaristas da adversativa”
Cristyan Costa, colunista - Revista Oeste
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