Gazeta do Povo
Um blog de um liberal sem medo de polêmica ou da patrulha da esquerda “politicamente correta”.
Não sou daqueles que consideram a ajuda ocidental a Zelensky na guerra contra a Ucrânia um equívoco. Sim, o teatro liderado pelo ator que virou presidente me incomoda pelo excesso de holofotes. Sim, consigo enxergar o jogo globalista nisso tudo. Mas não, Putin não é a melhor alternativa, tampouco uma espécie de salvador dos valores cristãos. É um tirano psicopata que invadiu uma nação que, ainda com defeitos, pretende ser livre. Ficar indiferente nesse conflito conflagrado pelo regime russo é um erro, portanto.
Joe Biden é um presidente muito ruim, não resta dúvidas. Mas, gostemos ou não, ele é o líder do mundo livre, do Ocidente. Durante a Guerra Fria, Jimmy Carter já foi esse líder, e era péssimo também. Mas nem por isso ficaríamos indiferentes em relação aos soviéticos.
Toda essa longa introdução é só para atestar que vejo vantagem na ajuda americana ao presidente Zelensky. Daí a aplaudir a visita de Biden ao país como algo histórico e corajoso vai uma longa distância, que separa os analistas dos militantes democratas. A mídia mainstream, um braço do Partido Democrata, vem tratando a ida de Biden como um ato histórico digno de JFK em Berlim ou Churchill na Segunda Guerra. Menos...
O governo americano, ainda por cima, chegou a comunicar os russos da ida de Biden, para não produzir qualquer incidente entre os dois países. Imagine um ataque russo alvejar o presidente dos Estados Unidos! Seria a Terceira Guerra Mundial para valer, e ninguém quer isso.
Logo, Biden fez de tudo para realizar uma viagem tranquila e segura, além de tardia. Ver heroísmo e excesso de coragem nisso é simplesmente absurdo.
No fundo, o presidente amarga taxas baixas de aprovação, ainda perto de 40%. A inflação segue elevada, a economia patina, a gestão é medíocre. A ida de Biden a Kiev neste momento mira basicamente o mercado político interno. Até porque aos olhos de Putin vai soar como provocação, e em algum momento o Ocidente terá de oferecer algo ao ditador russo para encerrar o conflito.
Biden não é o novo Winston Churchill, e a narrativa midiática que tenta produzir tal efeito é patética. Não obstante, a Ucrânia merece o apoio americano, mesmo com seus vários defeitos. E claro: todo escrutínio sobre o destino dos bilhões emprestados é necessário, pois sabemos se tratar de um país com muita corrupção e com elos suspeitos com a própria família Biden.
Rodrigo Constantino, colunista - Gazeta do Povo - VOZES
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