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quinta-feira, 9 de fevereiro de 2023

O fim do consórcio de imprensa - Revista Oeste

Cristyan Costa

Encerramento de pool de veículos de comunicação pode sinalizar mudança de rota da mídia tradicional

 Foto: Montagem Revista Oeste/Shutterstock

  Foto: Montagem Revista Oeste/Shutterstock

Como em qualquer sociedade capitalista, as companhias privadas competem entre si para ganhar o coração dos consumidores. Nas empresas de comunicação, isso também deveria ocorrer. Certo? Errado. No Brasil, em 8 de junho de 2020, os sites G1 e UOL, além dos jornais O Estado de S. Paulo, Folha de S.Paulo, O Globo e Extra formaram um “consórcio de imprensa”, com o objetivo velado de destruir o que enxergavam ser o Grande Satã do Brasil desde antes da eleição de 2018: o presidente Jair Bolsonaro.

Nas páginas desses veículos, contudo, a justificativa oficial para a parceria era divulgar dados sobre mortes por covid-19, em virtude de um “apagão” no Ministério da Saúde — que durou poucas horas. Ao longo da sua existência, o pool usava informações da pasta, como qualquer empresa de mídia, diferentemente da impressão de “exclusividade” que passava. Mesmo assim, o consórcio permaneceu vivo, publicando notícias praticamente iguais todos os dias e com linha editorial quase idêntica.

Durante a pandemia, era comum ler nesses veículos manchetes seguindo a mesma hierarquia de informação: “Sem máscara, Bolsonaro cumprimenta apoiadores” ou “Bolsonaro promove aglomeração com aliados”. Os textos ficaram ainda mais uniformes ao longo dos cinco meses de existência da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19. A maioria das declarações destacadas vinha de senadores que comandavam a CPI, como Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Omar Aziz (PSD-AM) e Renan Calheiros (MDB-AL).

O mesmo ocorreu com o chamado “Orçamento secreto”, revelado pelo Estadão. Publicado no Diário Oficial da União, o mecanismo nada mais é que as velhas “emendas de relator” (saiba mais neste link) — termo que só começou a ser usado pelos integrantes do pool depois da vitória de Lula. Conforme os veículos do consórcio, esse dispositivo tornou-se moeda de troca da gestão Bolsonaro para comprar o apoio do Parlamento, sobretudo do centrão, e manter a governabilidade.

A imprensa tradicional não poupou nem as boas notícias que vinham da área econômica do governo, liderada por Paulo Guedes. Sempre que uma informação positiva era divulgada, como o aumento do Produto Interno Bruto ou a criação de novos empregos formais, o consórcio ou dava uma nota de rodapé sobre o assunto, ou se apressava em atenuar boas-novas com a adversativa “mas”.

Nesta semana, contudo, o consórcio de imprensa lavrou o próprio atestado de óbito. A parceria dos veículos durou dois anos. “Terminou porque cumpriu com a missão de derrubar o presidente anterior”, constatou o jornalista Alexandre Garcia. Para ele, o consórcio de imprensa levou à mais alta potência a máxima do escritor Millôr Fernandes: “Jornalismo é oposição. O resto é armazém de secos e molhados”.

De acordo com Garcia, a imprensa de hoje afastou-se da verdade e adotou uma posição opinativa. “Aprendi que o jornalista tem de ser escravo dos fatos”, disse. “Não somos donos deles, mas meros intermediários entre o veículo e o público. Infelizmente, as redações estão povoadas de militantes, por culpa da formação universitária defeituosa.”

Possível mudança de rota
 Com a vitória de Lula, o consórcio começou a dar sinais de uma mudança de rota em sua cruzada contra Bolsonaro, ainda que tímidos, em artigos de opinião e reportagens. Um dos primeiros a fazer esse aceno foi o Estadão. Em 24 de dezembro do ano passado, o jornal publicou um editorial contra as indicações do presidente aos ministérios. [em nossa opinião, já ocorre em parte da mídia ações de correção de rumo; o campeão da manipulação da notícias, supressões 'casuais' de palavras e imagens em uma matéria,é do Grupo Globo.Tentam esconder,mas não conseguem, que a reação do povo aos desmandos daquele grupo jornalístico está levando ao carro chefe do empresa - TV Globo - a uma queda de audiência, especialmente com recordes negativos nas novelas.
Talvez seja conveniente à recuperação do grupo, que os 'jornalistas' Bonner e Renata,que apresentam o noticiário noturno que já foi referência em credibilidade e campeão de audiência,sejam demitidos sumariamente da Empresa - seria uma forma de puni-los, até por ousarem inocentar,  em rede nacional, um individuo condenado por nove juízes diferentes com confirmação nas três instâncias - declarando que 'o senhor não deve nada à Justiça do Brasil'.
O povo costuma, julgar, condenar e não revisar suas sentenças.]

“É absolutamente decepcionante para o país verificar a atual composição dos ministérios que vai sendo delineada”, afirmou o Estadão. “Todos os postos decisivos estão a cargo do PT ou de gente que, por mais que esteja circunstancialmente em outra legenda, sempre teve e continua tendo a mesma visão do PT.” Adiante, o jornal diz que, “diante das grandes necessidades do país, não deixa de ser frustrante constatar que Lula e seu partido não mudaram ou aprenderam nada”.

Nesta semana, a publicação denunciou o ministro das Comunicações, Juscelino Filho, por ter direcionado R$ 5 milhões das emendas de relator para asfaltar uma estrada de terra que passa em frente a oito fazendas de sua família, em Vitorino Freire (MA). A obra de aproximadamente 20 quilômetros corta propriedades da família e as liga a uma pista de pouso particular e um heliponto.  
Também O Globo decidiu pronunciar-se sobre atos de Lula. Publicado em 27 de janeiro deste ano, o editorial “Governo tenta reescrever verdade sobre o impeachment” ataca o movimento do Palácio do Planalto de chamar de golpe o processo de destituição da petista. “Até as paredes depredadas do Palácio do Planalto sabem que a ex-presidente Dilma Rousseff foi afastada por um processo de impeachment, movido pelo Congresso Nacional de acordo com todas as regras previstas na Constituição e na legislação, referendadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF)”, informou o jornal. “Apesar disso, o presidente Lula e integrantes de seu governo têm insistido em desafiar a verdade e em se referir ao episódio como um ‘golpe’.”

Até a Folha, o jornal mais hostil a Bolsonaro, deu um “puxão de orelha” em Lula, ao manifestar-se contra o “pacote antiterrorismo” do Ministério da Justiça. Em síntese, a pasta quer algumas medidas para inibir manifestações. O ponto destacado pelo jornal como “temerário” é o que se refere à intenção de Dino de emparedar as big techs.  “Não se pode usar ataque a Brasília para aprovar leis repressoras às pressas”, advertiu o editorial. “Tratando-se de um presidente que insiste em propagar a tese partidária farsesca segundo a qual houve golpe de Estado no impeachment de Dilma Rousseff, conduzido pelo Legislativo e pelo Judiciário, deveria estar claro o perigo de lidar às pressas com o direito à pluralidade de opiniões”, acrescentou a Folha, ao defender mais debate sobre o texto.

O jornal é ainda o responsável por revelar a ligação da ministra do Turismo, Daniela do Waguinho, com milicianos. Na campanha eleitoral, o então candidato Lula criticava Bolsonaro por supostamente ter relação com milicianos. Em meio ao escândalo de Daniela, Oeste mostrou que, na eleição de 2022, a ministra e seu marido, o prefeito Waguinho, de Belford Roxo (RJ), fecharam a cidade para impedir que adversários fizessem campanha no curral eleitoral do casal.

O jornalista Patrick Santos, ex-diretor de redação da Jovem Pan e autor do livro 45 do Primeiro Tempo, afirma que o jornalismo atual se distanciou de suas raízes e defende uma correção de rota. “Há certezas demais”, afirmou. “Um dos pilares da profissão é perguntar, e isso deixou de ser feito. Ao ler os jornais, enxergo uma visão de mundo única. Sinto falta de debates de ideias. Temos de voltar a fazer esse tipo de jornalismo.” Crítico do consórcio de imprensa, Santos disse que a competição também faz parte da profissão. “É saudável quando se quer ter a melhor reportagem da redação”, disse. “Isso é difícil de ocorrer, quando todos publicam a mesma coisa sobre tudo.”

Imprensa estrangeira
Desde a eleição de Lula, algo começou a mudar também na cobertura dos veículos estrangeiros. O Wall Street Journal (WSJ), por exemplo, tem subido o tom com o STF, classificando-o até como “uma ameaça maior à democracia” que os protestos de 8 de janeiro. Recentemente, o WSJ denunciou o não cumprimento do processo legal com os mais de mil manifestantes presos, por causa dos atos anti-Lula em Brasília.

Considerado de esquerda nos EUA, o New York Times, em 22 de janeiro deste ano, publicou um artigo com a seguinte pergunta: Será que Alexandre de Moraes é realmente bom para a democracia? “Moraes já ordenou prisões sem julgamento por ameaças postadas em redes sociais; liderou o voto que sentenciou um deputado federal a quase nove anos de prisão por ameaçar o tribunal; ordenou busca e apreensão contra empresários com poucas evidências de irregularidades; suspendeu um governador eleito; e bloqueou dezenas de contas e milhares de publicações nas redes sociais, praticamente sem transparência ou espaço para recurso”, observou o jornal.

Até mesmo o jornalista Glenn Greenwald, que se tornou ícone da esquerda brasileira em 2019, por causa da “Vaza Jato”, despertou a ira da militância ao criticar Moraes. “Existe agora, ou já existiu, uma democracia moderna em que um único juiz exerce o poder que Alexandre de Moraes possui no Brasil?”, interpelou Greenwald, ao compartilhar um artigo do jornal O Globo. “Não consigo pensar em nenhum exemplo sequer. Uma das maiores ironias da extraordinária popularidade de Moraes entre a mídia corporativa e a esquerda foi que ele serviu como ministro da Justiça e depois foi indicado para o STF por um presidente amplamente considerado não só ilegítimo, mas ‘golpista’.

“Greenwald mostrou que ainda consegue enxergar um pouco a realidade como ela é”, disse o jornalista Fernão Lara Mesquita, ex-diretor do Estadão. “E, por dizer a verdade, foi atacado nas redes sociais pelos que, até pouco tempo atrás, o defendiam. Infelizmente, a ótica da imprensa atual está bastante deformada. Esse consórcio, por exemplo, é esdrúxulo. Sintetiza o grave problema que a mídia enfrenta. Não é à toa que a imprensa vai diminuindo. O jornalismo tem de voltar às suas raízes: perseguir e amar a verdade.”

Leia também “Os vigaristas da adversativa”

 Cristyan Costa, colunista - Revista Oeste


domingo, 11 de setembro de 2022

Sem margem de erro - Revista Oeste

Redação

Em manifestações pacíficas e portentosas, multidões de brasileiros celebram o Bicentenário da Independência, apoiam a reeleição de Bolsonaro e exigem respeito às normas impostas pela Constituição 

As comemorações do Bicentenário da Independência na quarta-feira, 7 de Setembro, deixaram claro que é impossível falsificar no Brasil ao menos uma coisa: o povo nas ruas. Multidões jamais vistas cobriram o país de verde e amarelo em uma grande festa cívica, democrática e, sobretudo, pacífica. Foi também o dia em que a esquerda e o consórcio de imprensa entraram em pane.

Manifestações que ocorreram no Dia da Independência do Brasil (7/9/22) em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Brasília | Foto: Montagem Revista Oeste/Reprodução

 Manifestações que ocorreram no Dia da Independência do Brasil (7/9/22) em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Brasília | Foto: Montagem Revista Oeste/Reprodução 

Duas conclusões podem ser extraídas do 7 de Setembro. A primeira é que as multidões, que incluíram famílias e crianças, não têm nenhum parentesco com ajuntamentos de golpistas, como fantasiou durante meses a velha mídia. Segunda conclusão: ficou muito complicada para os institutos de pesquisa a fabricação de mais porcentagens assegurando a eleição de Lula em outubro.

A menos de um mês das eleições, milhares de pessoas foram às ruas em dezenas de cidades, com destaque para São Paulo, Brasília e Rio de Janeiro. Quem não saiu de casa por causa da chuva exibiu a bandeira do Brasil nas janelas. No Centro-Oeste, houve passeio de tratores do agronegócio.

Tradicional palco de manifestações históricas, a Avenida Paulista teve 13 carros de som espalhados por toda sua extensão. Os nomes mais lembrados foram o de Lula e o do ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito perpétuo de caçada aos conservadores no STF e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Mesmo com o tempo nublado, garoa e momentos de chuva forte, pais, mães, avós e crianças compareceram em peso. Embora grande parte das fotografias publicadas pela imprensa focalize cartazes pedindo o golpe militar ou o fechamento do STF, a verdade é que a palavra de ordem que mais ecoou foi outra: liberdade.

“Estou aqui para que o povo brasileiro tenha mais liberdade”, disse Fernando Ataide, 73 anos. “Olhando para trás me sinto envergonhado de tanta roubalheira que houve neste país.”

O clima de tensão e perigo inventado pelo noticiário não existiu. No evento realizado no coração de São Paulo, não aconteceu sequer uma briga ou ato de desrespeito ao próximo. Até para atravessar a multidão que se amontoava todos pediam licença e esperavam a vez.

“Milhões de brasileiros estão defendendo a liberdade”, observou o médico Roberto Zeballos, trajando verde e amarelo. “Na rua, não existe o controle das redes sociais nem a censura. Há o poder da escolha, a liberdade de ir e vir, para sonhar e encontrar soluções. Não ficamos presos a regras ditatoriais.”

Outras palavras de ordem exigiam o fim da impunidade e eleições limpas. “Uma pessoa não pode ser ‘descondenada’ para poder concorrer à Presidência da República”, indignou-se o segurança Sérgio Henrique Gonçalves da Silva. Com 44 anos, ele trouxe o filho David, 5 anos, e a irmã Maria Marlene Farinilque, 53 anos, para participarem do ato. “O STF solta bandido e prende deputado, não consigo entender isso.”

A oposição grita
A reação dos adversários de Bolsonaro foi imediata. Antes mesmo do encerramento dos atos, partidos lançaram uma ofensiva no TSE. União Brasil, PT e Rede bateram à porta da Corte, acusando o presidente de ter feito comício em eventos que receberam recursos públicos.

Essa também foi a tônica dos protestos estridentes dos analistas na mídia, que não disfarçam suas preferências políticas. Alguns defenderam abertamente a impugnação da candidatura de Jair de Bolsonaro. “O presidente pode ter cometido crimes em série no 7 de Setembro, e Lula vai acionar TSE”, publicou a Folha, às 21 horas do dia 7.

O pano de fundo da gritaria, contudo, esbarra num ponto incontestável. O presidente separou sua agenda de chefe de Estado do roteiro de candidato. Isso ocorreu em Brasília e no Rio, as duas cidades que tiveram apresentações de aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB), dos blindados do Exército e o show dos paraquedistas cortando os céus com a bandeira brasileira. 
As imagens da Esplanada dos Ministérios tomada em toda a sua extensão e da orla de Copacabana lotada rodaram o mundo.

Em Brasília, Bolsonaro acompanhou a parada militar, como todos os antecessores sempre fizeram, e desfilou no Rolls-Royce usando a faixa presidencial. Depois, subiu num palanque montado nas proximidades da mesma avenida e falou o que quis — como candidato.

Após desfile, Bolsonaro exalta Pátria cristã e luta do bem contra o mal
Jair e Michele Bolsonaro desfilam em um Rolls-Royce, 
no Dia da Independência | Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

Ao lado da primeira-dama, Michelle, Jair Bolsonaro puxou com a multidão o coro “imbrochável” e disse que “homens solteiros deveriam procurar uma mulher, uma princesa para se casar”. Beijou Michelle, que aderiu à brincadeira. A fala incendiou os plantonistas nas redações do consórcio. O presidente voltou a ser acusado de machismo e misoginia, a bola da vez das manchetes histéricas. Em editorial, O Estado de S. Paulo afirmou que o presidente apelou para obscenidades. “Eis o nível daquele que diz defender a família brasileira. Entende-se bem por que é tão alta sua taxa de rejeição entre as mulheres. Jair Bolsonaro simplesmente provoca asco”, diz o artigo.[se o discurso de Bolsonar foi obscfeno, que dizer da matéria de uma jornalista de O Globo - um tratado sobre desempenho sexual.]

A Folha de S.Paulo publicou uma reportagem afirmando que “na idade de Bolsonaro, 67 anos, o índice de indivíduos do gênero masculino com disfunção erétil é próximo a 70%”. [nada impede que o 'capitão do povo' esteja nos 30%]

O número de manifestantes presente nos atos também foi motivo de controvérsia. Em Brasília ninguém foi capaz de dizer que havia menos de 1 milhão de pessoas no gigantesco vão que abrange a Esplanada dos Ministérios e a Praça dos Três Poderes. Em São Paulo, contudo, o jornal Folha de S.Paulo chegou ao ponto de cravar um número exato: 50.443 pessoas nem uma a mais ou a menos.

Foto: Reprodução/Instagram

Ao ver a multidão nas ruas, uma colunista afirmou, com voz embargada, que aquele era um dia triste, porque Bolsonaro colocou milhões de pessoas nas ruas. “Isso foi bom para ele, mas foi péssimo para o Brasil.” Num tuíte, outro jornalista afirmou que “o clima de violência política recomendava que eleitores de outros candidatos evitassem a orla de Copacabana”. Um terceira acusou “os discursos do presidente” de roubarem “a possibilidade dos brasileiros de comemorarem a Independência do Brasil”.

A verdade é que nunca se viram multidões semelhantes, simultaneamente, em tantas cidades brasileiras. “O sentimento é de patriotismo. Esse vai ser o combustível da reeleição, disse Fabio Wajngarten, coordenador de comunicação da campanha de Bolsonaro. “Multidão nas ruas de verde e amarelo”, comemorou Fábio Faria, ministro das Comunicações. “Nunca ninguém viu tanta gente. O presidente faz um discurso propositivo. O que sobra para a mídia? Falar que essa quantidade de gente de graça nas ruas é um ‘abuso’.”

Flávio Bolsonaro, filho do presidente, usou suas redes sociais para agradecer aos apoiadores do pai. “Um milhão de pessoas? Mar de gente em Brasília? Obrigado a cada brasileiro que compareceu à Esplanada dos Ministérios. Provamos, mais uma vez, que é possível fazer manifestação pacífica, visando a um único objetivo: a liberdade de nossa nação.”

“Falo palavrão, mas não sou ladrão”
De Brasília, Bolsonaro seguiu para o Rio de Janeiro, onde pilotou uma moto até a orla de Copacabana. Ali, havia gente de todo tipo: homens, mulheres, idosos, crianças, adultos, negros, brancos, ricos e pobres. A quantidade de gente fez com que os manifestantes ocupassem também as ruas paralelas e perpendiculares à Avenida Atlântica.

“O que faltava para nós? Faltava acordar da letargia, da mentira, das palavras bonitas e de muita enganação”, discursou Bolsonaro. “Não sou educado, falo palavrões, mas não sou ladrão. Nosso governo respeita a Carta da democracia, que é a nossa Constituição. O outro lado que assina cartinhas não respeita a nossa Constituição.”

Na contramão do que apareceu na maioria dos jornais, sites e emissoras de televisão, o espírito dominante neste 7 de Setembro foi menos de protesto e mais de exaltação da liberdade

Esse trecho da fala também despertou a ira dos articulistas na velha mídia. Como o presidente ousou atacar a tal “carta pela democracia”? Ele se referia ao texto lido na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP) [a cartinha.] em agosto. O ato teve a participação de sindicalistas, do Movimento Sem Terra (MST), dos sem-teto, da juventude grisalha dos centros acadêmicos e de dezenas de “intelectuais progressistas”.

Na contramão do que apareceu na maioria dos jornais, sites e emissoras de televisão, o espírito dominante neste 7 de Setembro foi menos de protesto e mais de exaltação da liberdade e do orgulho de ser brasileiro. Mais uma vez, repetiu-se o que tem ocorrido em todos os eventos promovidos por aliados do presidente Jair Bolsonaro.​​ Nem uma única vidraça foi depredada. Não houve registros de quebra-quebra. Ninguém queimou pneus. Ninguém viu black blocs empunhando coquetéis Molotov. Na dispersão da Avenida Paulista, ouviu-se várias vezes o Hino Nacional.

No dia seguinte, os jornais acusaram o presidente de ter “capturado” o 7 de Setembro — assim como fez com a camisa da Seleção e as cores da bandeira nacional —, transformando a data numa “arma contra a democracia”. A alucinação foi compartilhada por ministros do STF e pela linha de frente do consórcio da imprensa. O povo avisou nas ruas que pensa de maneira bem diferente.


*Com reportagens de Artur Piva, Cristyan Costa, Iara Lemos, Rute Moraes e Silvio Navarro

Leia também “Pior que eleições é não realizar eleições”

Redação - Revista Oeste


segunda-feira, 25 de julho de 2022

Guia da Verdade Eleitoral - Guilherme Fiuza

Revista Oeste

Foto: Montagem Revista Oeste/Shutterstock
Foto: Montagem Revista Oeste/Shutterstock

Como ninguém pensou nisso antes? Um grande filtro contra as impurezas proferidas por aí — que vai te salvar de falar as coisas erradas, te ajudando a só falar as coisas certas. 
Decidimos então não mencionar aqui o tipo de coisa que não se deve falar — a julgar pelas primeiras medidas de depuração já tomadas —, contribuindo assim com a limpeza da atmosfera eleitoral.

Preferimos elaborar uma lista positiva, das coisas que com certeza você poderá falar despreocupadamente sem que o TSE, as plataformas digitais, os checadores, os verificadores, os carimbadores e os fiscais do consórcio de imprensa caiam em cima de você. Anote a seguir as verdades que você poderá dizer a partir de agora:

  1. Lula não sabia.
  2. As urnas eletrônicas do Brasil, do Butão e de Bangladesh são a vanguarda da transparência e da segurança eleitoral.
  3. Renan Calheiros deu um show de ética e ciência na CPI da Covid. Força, Renan.
  4. A Lava Jato foi uma conspiração das elites contra o PT. Como disse com propriedade um famoso advogado, se o crime já foi cometido mesmo, não faz sentido punir.
  5. Luís Roberto Barroso, Alexandre de Moraes e Luiz Edson Fachin são obcecados pelo equilíbrio entre os Poderes.
  6. O TSE mandou apagar os arquivos com os dados das eleições de 2018, porque o passado passou e pra frente é que se anda. O fato de que o sistema eleitoral brasileiro foi violado naquelas eleições não muda nada, porque, conforme o princípio acima enunciado, se o crime já foi cometido mesmo, por que perder tempo com ele?
  7. O sistema eleitoral brasileiro é inexpugnável.
  8. Lula tem 1 milhão de amigos — todos com mania de emprestar tudo para ele.
  9. Muita gente nas ruas de verde e amarelo é ato antidemocrático.
  10. Quebrar tudo alegando defesa de minorias é ato democrático.
  11. Bolsonaro mandou incendiar a Amazônia.
  12. Quem fez a Reforma da Previdência foi o Rodrigo Maia.
  13. Filme simulando o assassinato do presidente é arte. Pedir voto auditável é onda de ódio.
  14. Triplex é um apartamento de três andares e Atibaia é um lugar aprazível.
  15. Os pedalinhos de Atibaia são testemunha de momentos inesquecíveis.
  16. Vaccari, Delúbio, Valério, Silvinho, Duque, Cerveró, Dirceu, Bumlai, Odebrecht, Pinheiro e grande elenco são personagens marcantes da história brasileira.
  17. Gilmar Mendes chorando numa sessão do STF enquanto elogiava o advogado de Lula é uma das cenas mais comoventes da televisão brasileira.
  18. Tudo que a Anitta disser é verdade e não precisa de checagem, porque afinal de contas ela é a Anitta.
  19. Governadores aumentando impostos é responsabilidade fiscal. Governo federal cortando impostos é ameaça ao teto fiscal.
  20. Se após este resumo você ainda tiver dúvidas sobre o que pode falar, não se precipite. Antes de abrir a boca por aí, peça ao Randolfe para perguntar lá no Supremo se isso pode.

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Guilherme Fiuza, colunista - Revista Oeste