J. R. Guzzo
Depois de um ano de governo Lula-STF, muita gente tem a impressão de que o Brasil está chegando ao fim da linha. Mas o retrato de hoje pode não mostrar a realidade de amanhã
Foto: Shutterstock
“A única diferença entre mim e um louco”, costumava dizer o pintor Salvador Dalí a respeito de si próprio, “é que eu não sou um louco”.
Talvez seja o caso de dizer alguma coisa parecida a respeito da desordem em que Lula, o STF e as neuroses da esquerda meteram o Brasil após seu primeiro ano de volta ao governo — o que leva muita gente boa a flertar, de tempos em tempos, com a depressão. “A única diferença entre o Brasil e a Venezuela de hoje”, também se poderia observar, “é que o Brasil não é a Venezuela”. A obra de destruição que eles vêm fazendo contra a sociedade brasileira leva, constantemente, a essa espécie de comparação.
Mas será mesmo assim, no mundo das realidades?
Não está claro. Em primeiro lugar, não se sabe se é isso mesmo o que o consórcio Lula-STF quer.
Seu empenho, na maior parte do tempo, é ficar no governo, seja lá o tipo de governo que for — e continuar vivendo de um Erário que arrancou dos brasileiros, no ano passado, R$ 3 trilhões em impostos.
Mais ainda, não se sabe se conseguiriam.
Transformar um país em Venezuela é uma coisa — se esse país é a Venezuela. É outra coisa, muito mais complicada, se o país é o Brasil.
O que o consórcio realmente gosta, em matéria de Venezuela, é a ditadura — o resto é a ver, incluindo-se neste resto toda a embromação sobre socialismo, comunismo, “igualdade” e outras fumaças.
Na verdade, não é nem mesmo a ditadura, e sim as vantagens materiais que ela oferece. Um regime sem lei como o que está sendo imposto hoje ao Brasil permite, por exemplo, a atuação de um Dias Toffoli no STF — e um Dias Toffoli no STF quer dizer, em moeda sonante, que aqueles R$ 10 bilhões que a sua empresa tinha a obrigação de pagar ao Tesouro Nacional para se livrar de cinco ações penais por corrupção ativa não precisam mais ser pagos.
Pode significar, também, a anulação das provas físicas do pagamento de propinas por parte de outra empresa, como a confissão de culpa dos acusados e a devolução de dinheiro roubado.
Um negócio desses, para ficar por aqui, não tem preço — ainda mais quando se considera que uma advogada do escritório que livrou a empresa de pagar os 10 bi é a mulher do próprio Toffoli.
Quando a ordem jurídica não existe mais, dá para fazer esse tipo de coisa o tempo todo — e, aí, quem precisa de Venezuela? O socialismo, e a Venezuela, a gente vê depois.
O STF pode “empurrar a história”, como diz o ministro Luís Barroso, ou deixar um preso morrer na cadeia por falta de tratamento médico adequado, como fez o ministro Alexandre de Moraes.
O presidente da República pode continuar dizendo que o problema mais sério do Brasil é cuidar dos “indígenas”, dos “quilombolas” e das “mulheres” — ou desfilar pelo mundo torrando fortunas e falando bobagem. Podem estar acontecendo, enfim, essas coisas todas que fazem tanta gente dizer: “Isso aqui virou uma Venezuela”.
Mas o fato é que falta muito chão para se chegar lá; um ano de governo, em todo caso, não parece suficiente para o tamanho da obra.
O consórcio Lula-STF, sem dúvida, está tendo muito sucesso para impedir que a economia cresça de verdade, como não tem crescido há 30 anos. Mantém a maior parte da população brasileira na sua situação de apartheid social permanente.
Acima de tudo, garante o conforto das castas que só prosperam com o subdesenvolvimento.
Mas a sua capacidade instalada para promover o atraso tem limites.
A um certo ponto, e o Brasil chegou a este ponto, o governo não consegue mais destruir o sistema produtivo, nem os mecanismos que o fazem funcionar.
O PIB brasileiro, hoje, chegou aos US$ 2 trilhões; já poderia ter chegado ao dobro, ou sabe-se lá quanto, mas o fato concreto é que os 2 tri estão aí, e isso é simplesmente 20 vezes mais que o PIB atual da Venezuela.
Não deveriam ter deixado que a coisa
chegasse a esse tamanho. Tinham de ter começado a cuidar do “socialismo”
uns 50 anos atrás, ou mais; agora é tarde para colocar a pasta de dente
de volta no dentifrício, como diria a “Economista do Ano” Dilma
Rousseff.
Alexandre de Moraes pode muito, é claro, mas é duvidoso que
consiga fazer US$ 2 trilhões virarem vapor.
Também não vai acabar,
abrindo um inquérito policial, com o maior avanço que a economia
brasileira teve em sua história contemporânea.
Foi a revolução agrícola
que transformou o Brasil num dos dois ou três maiores produtores de
alimentos do mundo.
É o que faz Mato Grosso, sozinho, produzir mais soja
que a Argentina. Foi o que levou as reservas em moeda forte chegarem
aos US$ 350 bilhões — o que garante uma independência que o país jamais
teve antes. É o contrário da Venezuela.
É o contrário do Terceiro Mundo,
ou do “Sul Global”.
É o contrário de Lula e do STF.
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Foto: Shuttesrtock
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J. R. Guzzo, colunista - Revista Oeste
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