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domingo, 14 de janeiro de 2024
Ditadura indisfarçável, Parte 3: a perseguição continua - Marcel van Hattem
Gazeta do Povo - VOZES
Membros dos três poderes se reuniram em evento sobre democracia relacionado ao 8 de janeiro.| Foto: Lula Marques/Agência Brasil
Conforme
previa quem tem acompanhado o desenrolar do Estado de exceção que se
instalou no Brasil desde, pelo menos, 2019 com o inquérito das fake news
aberto de ofício no Supremo, o evento “democracia inabalável” tratou de
mais um passo na consolidação de uma ditadura que já é indisfarçável.
Antes de prosseguir, recorro a um perfeito resumo feito por Percival
Puggina da confraternização petista com o Supremo Tribunal Federal e a cúpula do Congresso Nacional na comemoração que fizeram de um ano do trágico 8 de Janeiro:
“A
manifestação de Alexandre de Moraes pode e deve ser entendida como
todas as suas declarações anteriores: é uma declaração de guerra. Ele
simplesmente gastou os adjetivos depreciativos, destilou todo seu ódio,
prometeu todas as penas. Condenou a misericórdia. Parecia um general
instigando suas tropas para um combate sem trégua. Depois dele, Barroso
falou aos ventos pedindo pacificação dos espíritos e uma política sem
ofensas pessoais. As ofensas de Xandão tem objetos multitudinários! A
oligarquia ali presente apoiou Xandão e não apoiou Barroso”.
É fundamental documentarmos ao máximo, para o Brasil e para o mundo, o que se passa na nossa nação e não desistir jamais.
De fato, como havia previsto em artigo publicado na Gazeta
no último sábado, foi “a festa da tirania. […] Em vez de inacabada,
nossa democracia está sendo vilipendiada, abusada. Violentada”.
Chegou a
tal ponto a situação que já não se trata mais de democracia, apesar das
premissas constitucionais.
Como diz Puggina, há hoje uma espécie de
oligarquia no poder que, definitivamente, se beneficia do ocorrido no 8
de Janeiro.
Além
de ter contribuído para que os eventos criminosos ocorressem por meio
de grave omissão e apagão generalizado, vídeos do dia 8 no Planalto
mostraram até mesmo a contribuição do governo para que a baderna
acontecesse.
O então ministro do Gabinete de Segurança Institucional,
quando vieram os vídeos a público, acabou demitido – nem sua amizade com
Lula conseguiu segurá-lo na cadeira. Finalmente, mais de 40 órgãos do
governo haviam alertado para uma possível invasão de prédios públicos
dias antes do ocorrido.
Como eximir Lula e Flávio Dino de
responsabilidade? Impossível!
Não obstante, o teatro montado nesta semana demonstra que a desfaçatez é regra e conta com o apoio doJudiciário.
As histórias de centenas de presos ilegalmente, por perseguição
política e sem qualquer garantia ao devido processo legal, e as
condenações absurdas que estão sendo aplicadas a pessoas contra as quais
não há provas concretas de depredação ou de que estariam efetuando um
golpe de Estado, são claras demonstrações de que vivemos uma ditadura
que já não se pode disfarçar.
Alexandre de Moraes,
em mais uma de suas “declarações de guerra” como afirma Percival
Puggina, não quer paz nem, tampouco, justiça – apesar de ser a primeira
coisa a se esperar de quem é juiz.
Uma das poucas certezas que o evento
de comemoração de um ano do 8 de Janeiro, promovido pelo petismo e pelo
STF, e co-patrocinado pela oligarquia reinante, é que a perseguição
política vai continuar. Pior: deve, inclusive, aumentar.
Cabe
aos democratas dessa nação manterem a guarda alta, pois com ditaduras
não se brinca. Por essa razão é fundamental documentarmos ao máximo,
para o Brasil e para o mundo, o que se passa na nossa nação e não
desistir jamais.
É apenas no vácuo e na inação dos homens bons que os
maus prosperam e vencem.
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