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domingo, 30 de dezembro de 2018

Saída de Alexandre Garcia da Globo tem relação com Bolsonaro

Alexandre Garcia deixará a Globo após apoio público a Jair Bolsonaro

Alexandre Garcia finalizou o seu contrato com a Globo após mais de 30 anos. O anúncio foi feito pelo diretor de jornalismo da emissora, Ali Kamel, conforme informou o RD1, nesta sexta-feira (28). Mas a motivação, diferente do que fora divulgado no comunicado, pode ter relação com a eleição de Jair Bolsonaro (PSL).

BOLSONARO DESCOBRE E MANDA ALEXANDRE GARCIA SAIR DA GLOBO

Segundo a jornalista Cristina Padiglione, o comentarista político quebrou uma das regras internas do canal após a vitória do novo presidente da República. Alexandre Garcia manifestou, publicamente, apoio ao novo governo.  Em comunicado, no entanto, Kamel informou que a decisão de saída da empresa partiu do próprio profissional. “Em decisão muito refletida, depois de quase 31 anos de trabalho aqui na Globo, Alexandre decidiu deixar a emissora para amenizar um pouco o seu ritmo frenético de trabalho. Diante do trabalho exemplar ao longo de todos esses anos, é uma decisão que respeito. Ele deixa um legado de realizações que ajudaram o jornalismo da Globo a construir sua sólida credibilidade junto ao público. O trabalho na Globo foi a sequência de uma vida profissional que poucos podem ostentar”, declarou o executivo.

Apoio ao presidente
Ativo nas redes sociais, Alexandre Garcia sempre compartilha artigos que publica em jornais como colunista. No final de novembro, ele chamou a atenção com uma coluna divulgada no Twitter. Na publicação, o jornalista fala das últimas eleições presidenciais e afirma que a vitória de Jair Bolsonaro “representou a reação da maioria que não quer aquelas ideias que fracassaram no mundo inteiro, que mataram milhões para se impor e ainda assim não se impuseram”. Em resposta, Bolsonaro agradeceu “pela menção e reflexão”.

Antes de ir para a Globo, o apresentador passou pelo “Jornal do Brasil” e pela TV Manchete. Em seguida, durante a época da ditadura militar brasileira, ele afastou-se das redações para atuar como secretário de imprensa do governo João Baptista Figueiredo, o último militar a presidir o país. Garcia entrou para o Grupo Globo no fim dos anos 1980, cobriu a promulgação da Constituição de 1988 e as eleições presidenciais de 1989. Em seguida, se tornou um dos mais reconhecidos comentaristas políticos e passou a fazer parte do rodízio de apresentadores do “Jornal Nacional”.


A Verdade Sufocada
 

terça-feira, 11 de setembro de 2018

O prazo fatal

Transferência de votos do ex-presidente Lula para seu suposto substituto Haddad começa a se concretizar

A relutância de Lula em anunciar seu substituto na urna eletrônica revela uma obstinação que chega às raias do absurdo, prejudicando seu partido em benefício próprio. O ex-presidente joga suas fichas todas na possibilidade de o ministro Celso de Mello dilatar o prazo para a mudança de chapa, determinado pelo Tribunal Superior Eleitoral para encerrar-se hoje.

Como todos os partidos podem fazer esta alteração até o dia 17, Lula e seus advogados têm a esperança de que o Supremo Tribunal Federal (STF) julgue, nesse intervalo, outro recurso, que garante a supremacia do Comitê de Direitos Humanos da ONU sobre a legislação brasileira, reafirmado ontem em nova mensagem a pedido da defesa de Lula.

Essa interpretação não tem sentido nem para a maioria dos ministros do TSE, pois apenas o relator Edson Fachin votou a favor, nem para o comandante do Exército, General Villas Bôas, que deu uma entrevista dizendo que essa é uma tentativa de ingerência nos assuntos internos do país.

Com o resultado da pesquisa do Datafolha divulgado ontem pelo “Jornal Nacional”, houve frustração para a campanha de Jair Bolsonaro, pois ele cresceu apenas dentro da margem de erro depois do atentado que sofreu, e boas notícias para o PT, pois a transferência de votos do ex-presidente Lula para seu suposto substituto Fernando Haddad começa a se concretizar, quase dobrando as intenções de votos nele, mesmo com a demora exagerada do anúncio oficial da substituição, que está custando muito psicologicamente a Lula.

Ele sente que, ao anunciar outro candidato, estará não apenas admitindo que seu prazo expirou, como legitimando a eleição presidencial que o PT acusa de ser uma fraude sem a sua presença. Se o ministro Celso de Mello não prorrogar o prazo, ele terá de enfrentar um dilema que está se tornando crucial para seu destino político: legitimar as eleições e tentar vencê-la, ou levar o PT a abandonar o pleito presidencial, denunciando sua ilegitimidade.
Esta última hipótese, embora remota, é defendida por uma ala mais radical do partido, que considera difícil Haddad vencer Bolsonaro no segundo turno, embora o candidato do PSL tenha o dobro de rejeição que o do PT.

A dificuldade vai ser chegar ao segundo turno, pois Lula tem demonstrado incerteza quanto ao resultado das eleições para o PT sem ele. Ao mesmo tempo, se um político desconhecido como ele conseguir vencer a eleição, o mito que prevalecerá será Lula, e não Bolsonaro.  Entraremos então em um novo governo do PT com um presidente fraco, que deverá sua vitória exclusivamente a Lula, que governará da prisão. E a possibilidade de um indulto ao ex-presidente será o tema prioritário do novo governo.

Ontem o ministro do Supremo Ricardo Lewandowski deu uma decisão monocrática restabelecendo o benefício para condenados à pena restritiva de direito, que é o caso de Lula. Há no Supremo uma ação de inconstitucionalidade da Procuradoria-Geral da República contra o indulto de Natal do presidente Michel Temer, que deveria ser votada pelo plenário.  Mas Lewandowski tomou uma decisão monocrática que reabre a possibilidade de indulto para Lula, caso o futuro novo presidente do STF, ministro Dias Toffoli, não coloque o tema em discussão no plenário.

Pela pesquisa Datafolha, há quatro candidatos empatados em segundo lugar, sendo que a única que caiu foi Marina, de 16% para 11%, e os que cresceram fora da margem de erro foram Haddad, de 4% para 9% e Ciro Gomes, de 10% para 13%. Alckmin ficou mais uma vez parado, crescendo apenas 1 ponto percentual, de 9 para 10.  Esse novo cenário, a ser confrontado hoje por uma pesquisa do Ibope, favorece a candidatura de Haddad, que deve ser anunciado o substituto oficial no fim do prazo fatal, desde que o ministro Celso de Mello não o alargue, como pede a defesa de Lula. 

Se, ao anunciar Haddad na chapa, o PT disser também que, se até o dia 17 houver uma decisão favorável do STF, Lula voltará a ser o candidato do partido, mesmo dentro da prisão, Haddad estará definitivamente enfraquecido A briga pelo segundo lugar para ver quem disputará com Bolsonaro pode ser definida pelo voto útil. Ciro e Haddad disputam a hegemonia do campo da esquerda, o que Lula não concebe, enquanto Alckmin e Marina representam o centro político, o primeiro pela direita, Marina pela esquerda.

Coluna do Merval Pereira - O Globo
 

terça-feira, 21 de novembro de 2017

O problema é a realidade



A lógica mafiosa subverteu a ‘independência harmoniosa’ entre Poderes no Rio, com décadas de interferências indevidas no Executivo, no Legislativo e no TCE

Assistiam ao “Jornal Nacional”, quando a garota de 17 anos perguntou: “Pai, por que quando uma pessoa vai presa vocês não fazem nada, e só quando um deputado é preso é que vocês podem dizer se ele pode ir preso ou não?”  O deputado André Correa (DEM), de 53 anos, contou ter achado a questão “difícil”: “Porque é assim que está na Constituição”.

Ex-presidente do Conselho de Ética da Assembleia, Correa votou na última quinta-feira pela libertação dos deputados Jorge Picciani, Paulo Melo e Edson Albertassi. Como outros, ancorou seu voto na recente interpretação do Supremo sobre a “independência harmoniosa” que rege o princípio constitucional da separação dos Poderes.  É da Casa legislativa — decidiu o STF —, a resolução sobre a prisão ou medida cautelar de parlamentares. Redigida de maneira dúbia sobre sua fronteira de aplicação, será preciso esclarecer se foi específica para o Congresso ou se é extensiva às assembleias e câmaras. [o parágrafo 1º do artigo 27 da Constituição Federal - que vale mais que qualquer interpretação do Supremo (cabe ao STF interpretar o que não está claro, mas, aquele dispositivo constitucional é de clareza solar) não deixa dúvidas que o que vale no artigo 53 da CF para os membros do Congresso Nacional vale também para os deputados estaduais.]

No caso do Rio, porém, a luz do sol expõe um problema que não está na tese, mas na realidade: os processos da Operação Lava-Jato demonstram décadas de interferências indevidas no Executivo, no Legislativo e no Tribunal de Contas em benefício de empresas privadas contratadas para serviços de obras e de transporte.  O que diferencia o Rio no mapa nacional da corrupção é a comprovação da captura e submissão dos Poderes do estado a redes privadas de influência. Empresas conquistaram hegemonia no orçamento público, nos últimos 20 anos, mediante pagamento de propinas — em dinheiro vivo, entregue em carro-forte nos escritórios montados exclusivamente para lavagem do patrimônio de políticos e burocratas de aluguel.

Sobram documentos e testemunhos sobre essa lógica de máfia nas 25 ações penais abertas nos últimos 17 meses — uma a cada três semanas, e 60% delas contra o ex-governador Sérgio Cabral. No repertório de evidências destaca-se a história da tomada do poder no Estado do Rio pelos seis sindicatos empresariais que compõem a Fetranspor.

Administradora de 3,5% da receita dos bilhetes de ônibus e do vale-transporte, coletava dinheiro nas garagens para distribuição de propinas no Executivo e no Legislativo. Havia uma remuneração fixa e um variável (40%) pelos benefícios obtidos em incentivos fiscais, no aumento anual de tarifas e na apropriação do saldo do bilhete único expirado. O suborno incluía a defesa do setor sobre cada vírgula de 50 projetos na Assembleia e, também, nas auditorias do Tribunal de Contas estadual, como mostra a manobra para nomear o deputado Edson Albertassi ao Tribunal de Contas, na vaga do ex-presidente do TCE Jonas Lopes, que virou delator. O governador Luiz Fernando Pezão diz ter sido surpreendido no emparedamento. O procurador-geral do estado, Leonardo Espíndola, insurgiu-se e renunciou. Acabou detonando a prisão dos deputados.

O cartel pagou propinas até maio passado. Dois meses antes, recebeu do prefeito Marcelo Crivella mais isenções fiscais: as empresas deixam de pagar R$ 71,7 milhões neste ano, R$ 75,6 milhões em 2018 e R$ 79,3 em 2019.  Caros, ruins e perigosos, os ônibus simbolizam a captura do Estado por grupos políticos a serviço de interesses privados. No Rio, a lógica mafiosa subverteu a “independência harmoniosa” entre Poderes.

José  Casado - O Globo