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terça-feira, 6 de setembro de 2022

“Sr. Gorbachev, derrube este muro!” - Revista Oeste

Ana Paula Henkel

A liberdade sempre vencerá com base no mérito. Mas ela não pode vencer se ninguém estiver fazendo nada

Mikhail Gorbachev morreu na última terça-feira, aos 91 anos, em um hospital de Moscou. Como o último líder da União Soviética, Gorbachev ficou conhecido por aumentar a diplomacia com líderes ocidentais, principalmente com o 40º presidente norte-americano, Ronald Reagan, e por inaugurar uma série de reformas políticas que precederam a total dissolução da União Soviética, em 1991.

Ronald Reagan e Mikhail Gorbachev, 1986 | Foto: Reagan White House Photographs/Shutterstock
Ronald Reagan e Mikhail Gorbachev, 1986 | Foto: Reagan White House Photographs/Shutterstock

Um dos eventos mais notáveis ​​que levaram ao colapso da União Soviética foi a destruição do Muro de Berlim, em novembro de 1989, que dividia o enclave democrático da Alemanha Ocidental e da Alemanha Oriental desde 1961. Berlim Oriental era controlada pelos soviéticos.

Com a morte de Gorbachev, nesta semana ressurgiu nas redes sociais e TVs o famoso discurso de Reagan Tear down this wall”, proferido na Berlim Ocidental perto do Portão de Brandemburgo, em 12 de junho de 1987. Pouco mais de dois anos no mandato de Gorbachev como secretário-geral do Partido Comunista Soviético, Reagan elogiou as tentativas de reformas do líder soviético como “compreendendo a importância da liberdade”, mas antes instou-o a derrubar o muro que mantinha a liberdade fora da vida de muitos alemães. Reagan era um capitalista ávido e defensor da liberdade. Um presidente determinado a anular a corrida armamentista nuclear dos Estados Unidos com o “império do mal” da União Soviética, expressão que o presidente usou em um discurso em 1983. Gorbachev era um jovem comunista comprometido com o regime e que havia subido na hierarquia política para liderar a URSS, mas pressionado publicamente por reformas.

No discurso “Tear down this wall”, facilmente encontrado no YouTube e incrivelmente inspirador, Reagan diz: “Acreditamos que liberdade e segurança andam juntas, que o avanço da liberdade humana só pode fortalecer a causa da paz mundial. Há um sinal que os soviéticos podem dar que seria inconfundível, que faria avançar dramaticamente a causa da liberdade e da paz. Secretário-geral Gorbachev, se você busca a paz, se você busca prosperidade para a União Soviética e a Europa Oriental, se você busca a liberalização: venha aqui para este portão”. E, então, Reagan profere as históricas palavras: “Sr. Gorbachev, abra este portão! Sr. Gorbachev, derrube este muro!”.

O apelo do presidente Ronald Reagan em 1987 ao líder soviético Mikhail Gorbachev para derrubar o Muro de Berlim é considerado um momento decisivo de sua presidência — e é simplesmente incrível como esse discurso permanece atual, vivo e pertinente até hoje, sempre vale a pena assistir a ele. 
Um dos pontos mais interessantes é que, de acordo com o redator de discursos de Reagan na época, Peter Robinson, essas palavras poderosas quase não foram ditas.

Um trecho do discurso — que inclui a lendária frase “Sr. Gorbachev, derrube este muro!” — foi quase cortado depois que os conselheiros do Departamento de Estado e do Conselho de Segurança Nacional acharam que a passagem poderia ser provocativa demais, relata Robinson. Um assessor direto da Casa Branca chegou a afirmar que o trecho não era nada “presidenciável”. Mas depois que o Muro de Berlim caiu — em 9 de novembro de 1989 — as palavras de Reagan, proferidas menos de dois anos antes, definiram um ponto de virada nas relações EUA–União Soviética. O que antes era considerado audacioso se tornou auspicioso.

Peter Robinson, que hoje faz parte do Hoover Institution, um think tank conservador de políticas públicas liberais e uma instituição de pesquisa dentro da Universidade de Stanford, diz que “o discurso se tornou retroativamente profético” e que, “depois que o muro caiu, parecia ter resumido e até previsto a fase final da Guerra Fria”. Quando o muro caiu, Robinson já havia deixado a Casa Branca e era estudante de pós-graduação na Stanford Graduate School of Business, mas recorda: “Lembro-me de dirigir da escola de negócios até a casa que estava alugando com três outros amigos e estava com o rádio do carro ligado. Voltei para casa, liguei a TV e ela ficou ligada por horas! Estava maravilhado. Na verdade, nunca esperei que o muro fosse cair tão rápido”.

Símbolo da liberdade

Já escrevi alguns artigos aqui em Oeste sobre passagens históricas de vários discursos daquele que, para mim, foi um dos maiores presidentes norte-americanos e uma das figuras políticas mais importantes para a humanidade. Hoje, no entanto, gostaria de trazer alguns fatos por trás do discurso que se tornou um símbolo eterno pela liberdade, até para que sirva de inspiração para todos nós, vivendo tempos assustadoramente sombrios em 2022.

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Portão de Brandemburgo, em Berlim, 1981 | Foto: Wikimedia Commons

A inspiração não vinha e, bastante desanimado, já que a falta de vida e a de esperança eram sentimentos avassaladores ali olhando para uma “preta e branca” Alemanha Oriental, Robinson esperava que seu próximo encontro com um diplomata norte-americano de alto escalão lhe fornecesse o material necessário para o discurso. Mas isso também foi inútil, disse Robinson: “Ele estava cheio de ideias sobre o que Reagan NÃO deveria dizer, incluindo — sob nenhuma circunstância — qualquer alarde ou menção sobre o Muro de Berlim. “Eles já se acostumaram”, disse o diplomata.

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O otimismo é uma força, não uma fraqueza. Enquanto algumas pessoas retratam o otimismo como ingênuo ou fora de contato com a realidade, Ronald Reagan entendeu seu poder

Robinson escreveu as observações sobre essa experiência no discurso de Reagan, mas sabia que enfrentaria resistência dentro da própria Casa Branca. Ele e dois de seus redatores-chefes queriam primeiro a opinião de Reagan para finalizá-lo e, com um pouco de discrição, levaram um rascunho para o presidente no final de uma semana especialmente ocupada antes que qualquer outra pessoa pudesse vê-lo. Na segunda-feira, quando a equipe se reuniu com Reagan, um dos editores perguntou se ele tinha alguma opinião sobre o discurso e apenas comentou que era um bom rascunho. Robinson então interveio e disse ao presidente que as pessoas em Berlim Oriental poderiam ouvi-lo falar; que, dependendo das condições climáticas, ele poderia ser ouvido até em Moscou pelo rádio. Robinson perguntou se havia algo que Reagan queria transmitir às pessoas que ouviriam do outro lado, e o presidente disse: “Bem, há aquela passagem sobre derrubar o muro. É isso o que eu quero dizer a eles. Esse muro tem que cair”.

Embora Robinson reconheça que ele é creditado por escrever o discurso, ele defende que o discurso é de Reagan. Ele relata que tudo o que ele fez foi tentar refletir as políticas e as posições de Reagan e de que apenas Reagan poderia ter dito aquelas palavras, porque era o que ele realmente acreditava: “Ronald Reagan podia imaginar um mundo diferente. Ele podia imaginar um mundo pós-soviético. Ele podia ver um mundo sem o Muro de Berlim. Se você o colocar em posição de fazer um discurso em frente ao Muro de Berlim, ele sentirá um certo senso de dever de dizer a verdade como ele a vê. O discurso pertence a Ronald Reagan”. A bordo do Air Force One, a caminho da Alemanha, alguns assessores ainda tentaram fazer com que Reagan desistisse do trecho que pleiteava a derrubada do muro. Reagan, lembra Robinson, foi enfático e disse que era preciso coragem de dizer o que precisava ser dito.

E, vejam vocês, queridos amigos… 35 anos depois, ainda podemos usar essa premissa como máxima inspiração.

Enquanto alguns creditam ao discurso de Reagan a derrubada do Muro de Berlim, o desmantelamento do muro — e do que ele significava —, o evento pode ser atribuído mais diretamente a uma série de situações que foram desencadeadas inadvertidamente pelas reformas de Gorbachev através da Perestroika e da Glasnost: medidas econômicas e políticas que tinham como objetivos modernizar o mercado econômico soviético e possibilitar a abertura política. Uma onda de revoluções políticas anticomunistas nos países do Leste Europeu seguiu as reformas, enquanto o muro caiu após protestos maciços dentro da Alemanha Oriental. O discurso de Reagan alcançou uma notoriedade generalizada somente depois que o muro caiu, já que inicialmente foi recebido com críticas, especialmente na União Soviética, onde a agência de notícias estatal TASS o chamou de “um discurso abertamente provocativo e belicista.”

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Fred Ryan, presidente da Fundação Presidencial Ronald Reagan, disse em um comunicado nesta semana que a fundação estava de luto pela perda de um homem que já foi um adversário político de Ronald Reagan, mas que acabou se tornando um amigo: “O presidente Reagan era um anticomunista dedicado que nunca teve medo de dizer o que precisava ser dito ou fazer o que precisava ser feito para trazer liberdade às pessoas que viviam sob regimes repressivos. Contra todas as probabilidades, ‘Ron e Mikhail’, como eles eventualmente passaram a se chamar, encontraram uma maneira de tornar o planeta mais seguro juntos”, continuou ele. “Como o presidente Reagan escreveu em seu diário pessoal sobre a correspondência inicial dos dois, isso mostrou o que se tornaria a base não apenas de um melhor relacionamento entre nossos países, mas de uma amizade entre dois homens. Nossos pensamentos e orações vão para a família Gorbachev e o povo da Rússia durante este período difícil.

Leia também “Acredite na velha imprensa, se puder”

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Quem foi Che Guevara?

É hora de tirar a sorridente máscara de Che e revelar a sua verdadeira face.

Por: general Ion Mihai Pacepa:


Hollywood se despede de 2009 com uma fraude monumental: o épico Che, de Steven Soderbergh, com quatro horas de duração, em Castelhano, transformando um assassino marxista sádico num, de acordo com o New York Times, “genuíno revolucionário durante as estações do seu martírio”.  A palavra “estações” faz referência a Cristo nas Estações do Calvário – a Via Crucis.  O protagonista do filme, Benicio del Toro, realmente comparou “o herói revolucionário cubano Ernesto Che Guevara” a Jesus Cristo.
O Che de Soderbergh é uma ficção criada pela comunidade KGB, da qual fez parte o serviço de espionagem romeno ao qual pertenci – o DIE – numa época que me coloca diretamente na trama. O Che real foi um assassino que comandou pelotões de fuzilamento comunistas e fundou o terrível gulag cubano. Foi também um covarde que obrigou os outros a lutar até a morte pela causa comunista e que mandou para o patíbulo centenas de pessoas que se recusaram a fazê-lo, mas que se rendeu sem luta ao exército boliviano embora estivesse armado até os dentes. “Não me matem” implorou Che aos seus captores. “Valho mais vivo do que morto”.  O filme de Soderbergh omite este episódio – o qual demoliria o seu Che.
Eu poderia escrever um livro sobre como o terrorista Che foi transformado num ídolo esquerdista inspirador como um belo príncipe emergindo lindamente de uma repulsiva lagarta – e pode ser que o faça algum dia. Por enquanto, aqui vai um resumo de como a KGB criou o seu Che de ficção.
Na década de 1960, a popularidade do bloco soviético estava em baixa. A brutal repressão soviética ao levante húngaro de 1956 e o seu papel na crise dos mísseis cubanos de 1962 enojaram o mundo, e cada um dos ditadores dos países satélites soviéticos tentou se safar como pôde. Khrushchev substituiu a “imutável” teoria marxista-leninista da revolução proletária mundial pela política de coexistência pacífica e fingiu ser um defensor da paz. Dubcek apostou num “socialismo com face humana” e Gomulka no lema “deixe a Polônia ser a Polônia”. Ceausescu proclamou a sua “independência” de Moscou e se retratou como um “dissidente” dentre os líderes comunistas.
Os irmãos Castro, que temiam qualquer tipo de liberalização, decidiram apenas maquiar, com uma romântica fachada revolucionária, o seu comunismo desastroso que estava matando o país de fome. Escolheram Che como garoto propaganda, já que ele havia sido executado na Bolívia – na época um aliado dos EUA – e assim podia ser retratado como um mártir do imperialismo americano.
A “Operação Che” foi lançada mundialmente pelo livro “Revolution in the Revolution”uma cartilha para insurreição guerrilheira comunista escrita pelo terrorista francês Régis Debray – que elevou Che aos altares. Debray dedicou a sua vida a exportar a revolução estilo cubano por toda a América Latina; em 1967, entretanto, uma unidade das forças especiais bolivianas treinada pelos EUA o capturou, juntamente com todo o bando guerrilheiro de Che.
Che foi sentenciado à morte e executado por terrorismo e assassinato em massa. Debray foi sentenciado a 30 anos de prisão mas foi libertado depois de três anos devido à intervenção do filósofo francês Jean Paul Sartre, um comunista romanticamente envolvido com a KGB, que também era o ideólogo do bando terrorista Baader-Meinhof. Sartre aclamou Che Guevara como “o ser humano mais completo do nosso tempo”. [4] Em 1972, Debray retornou à França, onde trabalhou como conselheiro para a América Latina do presidente François Mitterrand, e dedicou o resto da vida a disseminar o ódio contra os Estados Unidos.

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