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quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Quem foi Che Guevara?

É hora de tirar a sorridente máscara de Che e revelar a sua verdadeira face.

Por: general Ion Mihai Pacepa:


Hollywood se despede de 2009 com uma fraude monumental: o épico Che, de Steven Soderbergh, com quatro horas de duração, em Castelhano, transformando um assassino marxista sádico num, de acordo com o New York Times, “genuíno revolucionário durante as estações do seu martírio”.  A palavra “estações” faz referência a Cristo nas Estações do Calvário – a Via Crucis.  O protagonista do filme, Benicio del Toro, realmente comparou “o herói revolucionário cubano Ernesto Che Guevara” a Jesus Cristo.
O Che de Soderbergh é uma ficção criada pela comunidade KGB, da qual fez parte o serviço de espionagem romeno ao qual pertenci – o DIE – numa época que me coloca diretamente na trama. O Che real foi um assassino que comandou pelotões de fuzilamento comunistas e fundou o terrível gulag cubano. Foi também um covarde que obrigou os outros a lutar até a morte pela causa comunista e que mandou para o patíbulo centenas de pessoas que se recusaram a fazê-lo, mas que se rendeu sem luta ao exército boliviano embora estivesse armado até os dentes. “Não me matem” implorou Che aos seus captores. “Valho mais vivo do que morto”.  O filme de Soderbergh omite este episódio – o qual demoliria o seu Che.
Eu poderia escrever um livro sobre como o terrorista Che foi transformado num ídolo esquerdista inspirador como um belo príncipe emergindo lindamente de uma repulsiva lagarta – e pode ser que o faça algum dia. Por enquanto, aqui vai um resumo de como a KGB criou o seu Che de ficção.
Na década de 1960, a popularidade do bloco soviético estava em baixa. A brutal repressão soviética ao levante húngaro de 1956 e o seu papel na crise dos mísseis cubanos de 1962 enojaram o mundo, e cada um dos ditadores dos países satélites soviéticos tentou se safar como pôde. Khrushchev substituiu a “imutável” teoria marxista-leninista da revolução proletária mundial pela política de coexistência pacífica e fingiu ser um defensor da paz. Dubcek apostou num “socialismo com face humana” e Gomulka no lema “deixe a Polônia ser a Polônia”. Ceausescu proclamou a sua “independência” de Moscou e se retratou como um “dissidente” dentre os líderes comunistas.
Os irmãos Castro, que temiam qualquer tipo de liberalização, decidiram apenas maquiar, com uma romântica fachada revolucionária, o seu comunismo desastroso que estava matando o país de fome. Escolheram Che como garoto propaganda, já que ele havia sido executado na Bolívia – na época um aliado dos EUA – e assim podia ser retratado como um mártir do imperialismo americano.
A “Operação Che” foi lançada mundialmente pelo livro “Revolution in the Revolution”uma cartilha para insurreição guerrilheira comunista escrita pelo terrorista francês Régis Debray – que elevou Che aos altares. Debray dedicou a sua vida a exportar a revolução estilo cubano por toda a América Latina; em 1967, entretanto, uma unidade das forças especiais bolivianas treinada pelos EUA o capturou, juntamente com todo o bando guerrilheiro de Che.
Che foi sentenciado à morte e executado por terrorismo e assassinato em massa. Debray foi sentenciado a 30 anos de prisão mas foi libertado depois de três anos devido à intervenção do filósofo francês Jean Paul Sartre, um comunista romanticamente envolvido com a KGB, que também era o ideólogo do bando terrorista Baader-Meinhof. Sartre aclamou Che Guevara como “o ser humano mais completo do nosso tempo”. [4] Em 1972, Debray retornou à França, onde trabalhou como conselheiro para a América Latina do presidente François Mitterrand, e dedicou o resto da vida a disseminar o ódio contra os Estados Unidos.

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Em 1970, os irmãos Castro elevaram a santificação de Che a um novo patamar. Alberto Korda, oficial da inteligência cubana trabalhando secretamente como fotógrafo para o jornal cubano Revolución, produziu uma foto romantizada de Che. Aquele Che agora famoso, com longos cabelos ondulados e usando uma boina com estrela, olhando diretamente nos olhos de quem o vê, é o logo de propaganda do filme de Soderbergh.
É de se notar que esta foto de Che foi apresentada ao mundo por um agente da KGB trabalhando secretamente como escritor – I. Lavretsky –, num livro intitulado “Ernesto Che Guevara”, editado pela KGB. A KGB chamou a foto de “Guerrillero Heroico” e a espalhou por toda a América do Sul – área de influência de Cuba. O editor milionário italiano Giangiacomo Feltrinelli, outro comunista romanticamente envolvido com a KGB, inundou o resto do mundo com a imagem de Che impressa em cartazes e camisetas. O próprio Feltrinelli virou terrorista e foi morto em 1972 enquanto plantava uma bomba nos arredores de Milão.
Ouvi o nome de Che pela primeira vez em 1959, da boca do general Aleksandr Sakharovsky, antigo chefe da inteligência soviética e conselheiro para a Romênia, que mais tarde dirigiu a “revolução” dos Castro e foi recompensado com a promoção a chefe da toda-poderosa organização de inteligência estrangeira soviética, posição que manteve por quinze anos. Ele chegou a Bucareste com o seu chefe, Nikita Khrushchev, para conferências sobre Berlim Oriental e sobre a “nossa Gayane cubana”. Gayane era o codinome geral para a operação de sovietização da Europa Oriental.
Na época, a burocracia soviética acreditava que Fidel Castro era apenas mais um aventureiro, e relutava em apoiá-lo. Mas Sakharovsky havia ficado impressionado com a devoção ao comunismo do irmão de Fidel, Raul, e do seu tenente, Ernesto Guevara, e fez deles os principais protagonistas da “nossa Gayane cubana”. Os dois foram levados a Moscou para serem doutrinados e treinados, e ganharam um conselheiro da KGB.
De volta a Sierra Maestra, Che provou ser um verdadeiro assassino sangue frio nos moldes da KGB – responsável pela morte de mais de 20 milhões de pessoas apenas na União Soviética. “Meti uma bala de calibre 32 no lado direito do seu cérebro, que vazou por toda a têmpora” escreveu Che no seu diário, descrevendo a execução de Eutimio Guerra, um “traidor da Revolução”, a quem matou em fevereiro de 1957. Guerra era a sétima pessoa a quem Che matara. “Para enviar homens para o pelotão de fuzilamento não é preciso provas judiciais”, explicou. “Estes procedimentos são detalhes burgueses obsoletos. Isso aqui é uma revolução! E uma revolução deve se tornar uma fria máquina de matar movida por puro ódio.”
No dia 1° de janeiro de 1959, a “Gayane cubana” venceu, e a KGB encarregou Che de limpar Cuba dos “anti-revolucionários”.  Milhares de pessoas foram enviadas para “el paredón”. Javier Arzuaga, capelão da prisão Al Cabaña no início de 1959, escreveu em seu livro “Cuba 1959: La Galeria de la Muerte” ter testemunhado “o criminoso Che” ordenando a execução de cerca de duzentos cubanos inocentes. “Argumentei diversas vezes com Che a favor dos prisioneiros. Lembro-me especialmente de Ariel Lima, um garoto de apenas 16 anos. Che estava obstinado. Fiquei tão traumatizado que em maio de 1959 recebi ordens para deixar a paróquia Casa Blanca, onde ficava La Cabaña … Fui para o México receber tratamento.”
De acordo com Arzuaga, as últimas palavras de Che para ele foram: “Quando tirarmos nossas máscaras, seremos inimigos”. É hora de tirar a sorridente máscara de Che e revelar a sua verdadeira face. O Memorial Cubano no Parque Tamiami, em Miami, contém centenas de cruzes, cada uma com o nome de uma pessoa identificada, vítima do terror comunista de Raul e Che.
Também é tempo de interromper a mentira de trinta anos, reforçada pelo filme de Soderbergh, de que os irmãos Castro e o seu carrasco Che eram nacionalistas independentes. Em 1972, eu estava presente a um discurso de seis horas no qual Fidel pregou a mesma mentira. No dia seguinte, fui a uma pescaria com Raul. Havia outro convidado no barco, um soviético que se apresentou como Nikolay Sergeyevich. O meu colega cubano, Sergio del Valle, sussurrou no meu ouvido “Aquele é o coronel Leonov”. Anteriormente, ele já havia explicado para mim que Leonov era conselheiro da KGB para Raul e Che nas décadas de 1950 e 1960. Lá, naquele barco, para mim ficou claro como nunca que a KGB estava nas rédeas da carruagem revolucionária dos Castro. Dez anos mais tarde, Nikolay Leonov foi recompensado por seu trabalho de manipulação de Raul e Che com a promoção a general e representante chefe de toda a KGB.
Na década de 1970, a KGB era um estado dentro do estado. Hoje, a KGB, renomeada de FSB, é o estado na Rússia, e o Che de Soderbergh é o maná dos céus para os representantes dela na América Latina. Meses atrás, duas marionetes do Kremlin – Hugo Chávez e Evo Morales – expulsaram, no mesmo dia, os embaixadores americanos de seus países. Milhares de pessoas carregando o retrato do Che de Soderbergh tomaram as ruas pedindo a proteção militar russa. Navios de guerra russos estão de volta a Cuba – e, mais recentemente, chegaram à Venezuela – pela primeira vez desde a crise dos mísseis cubanos.
“A fraude trabalha como cocaína” costumava dizer para mim Yury Andropov, o pai da contemporânea era russa da fraude, quando ele era chefe da KGB. Em seguida, explicava: “Se você cheirar uma ou duas vezes, não mudará a sua vida. Mas, se você usá-la dia após dia, ela fará de você um viciado, um homem diferente”. Mao tinha a sua própria frase: “Uma mentira repetida centenas de vezes vira verdade”. O filme de Soderbergh sobre Che prova que ambos estavam certos.
Sobre o autor: O general Ion Mihai Pacepa é o oficial soviético de mais alta patente que recebeu asilo político nos Estados Unidos. No Natal de 1989, Ceausescu e a sua esposa foram executados após um julgamento no qual as acusações eram, quase palavra por palavra, extraídas do seu livro “Red Horizons”, subsequentemente traduzido para 27 idiomas.


 

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