Este espaço é primeiramente dedicado à DEUS, à PÁTRIA, à FAMÍLIA e à LIBERDADE. Vamos contar VERDADES e impedir que a esquerda, pela repetição exaustiva de uma mentira, transforme mentiras em VERDADES. Escrevemos para dois leitores: “Ninguém” e “Todo Mundo” * BRASIL Acima de todos! DEUS Acima de tudo!
Apenas 13 dos 26 hospitais permanecem parcialmente funcionais e 90% dos menores de 2 anos enfrentam "pobreza alimentar grave", diz ONU
Saib Abu Muhadi, de 11 anos, teve a perna amputada após ataques israelenses ao campo de refugiados de Nasirat, em Gaza. 13/11/2023 (Doaa Albaz/Anadolu/Getty Images)
Leia mais em: https://veja.abril.com.br/mundo/sem-anestesia-mais-de-10-criancas-perdem-as-pernas-todos-os-dias-em-gaza/
A organização não governamentalSave the Children revelou neste domingo, 7, que mais de 10 crianças são amputadas diariamente emGaza, sendo a maioria dos casos sem uso de anestesia.
Em comunicado, o diretor da instituição para Palestina, Jason Lee, disse que “o sofrimento das crianças neste conflito é inimaginável e ainda mais porque é desnecessário e completamente evitável”, alegando que esses procedimentos médicos infantis ocorrem desde o início da guerra Israel-Hamas, em 7 de outubro, em meio à grave crise humanitária.
“Já vi médicos e enfermeiras completamente sobrecarregados quando crianças chegam com ferimentos de explosão. O impacto de ver crianças com tantas dores e não ter equipamentos, medicamentos para tratá-las ou aliviar a dor é demais até mesmo para profissionais experientes”, escreveu. “Mesmo numa zona de guerra, as imagens e os sons de uma criança mutilada por bombas não podem ser conciliados e muito menos compreendidos dentro dos limites da humanidade”.
O comunicado cita dados do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), de 19 de dezembro, que apontavam que mais de 1.000 crianças tiveram uma ou ambas as pernas amputadas pelos constantes e intensos ataques contra Gaza.
Sobrecarregado, o sistema de saúde da principal cidade da Faixa sofre com a escassez de material médico, incluindo anestésicos e antibióticos, e de enfermeiros, mostram informações da Organização Mundial de Saúde (OMS), também citados no relatório da Save the Children.
Violações do Direito Humanitário Internacional Ao longo da nota, Lee instou a comunidade internacional a “defender as suas responsabilidades sob o Direito Humanitário Internacional e prevenir os crimes mais graves”, de forma a evitar que a história julgue a todos por inação. Ele também ressalta a importância de um cessar-fogo definitivo para interromper a “matança e a mutilação de civis” e permitir a entrada de “ajuda humanitária desesperadamente necessária”, destacando a vulnerabilidade daqueles que ainda não deixaram a infância.
“As crianças pequenas apanhadas em explosões são particularmente vulneráveis a ferimentos graves que podem mudar a sua vida. Eles têm pescoço e torso mais fracos, portanto, é necessária menos força para causar uma lesão cerebral”, advertiu. “Seus crânios ainda não estão totalmente formados e seus músculos subdesenvolvidos oferecem menos proteção, então é mais provável que uma explosão destrua órgãos em seu abdômen, mesmo quando não há danos visíveis. “
“Este sofrimento, o assassinato e a mutilação de crianças, são condenados como uma grave violação contra as crianças e os seus perpetradores devem ser responsabilizados”, bradou.
Situação dos hospitais em Gaza Apenas 13 dos 26 hospitais de Gaza permanecem parcialmente funcionais, mas o atendimento aos feridos é flutuante, a depender do acesso diário a combustíveis e materiais médicos básicos. Ao sul, nove centros de saúde operam com o triplo da sua capacidade, enquanto somente 30% dos médicos ainda trabalham, de acordo com a OMS.
Segundo o Ministério da Saúde palestino, ao menos 22.835 palestinos foram mortos e 58.416 ficaram feridos desde o dia 7 de outubro. As crianças, que somadas às mulheres compõem maioria das vítimas, são alvo de uma tripla ameaça: ataques violentos, subnutrição e doenças. A agência da ONU indica que os casos de diarreia entre menores de 5 anos aumentaram 2.000% em comparação com antes da guerra.
Além disso, 90% dos menores de 2 anos enfrentam “pobreza alimentar grave”, superando a estimativa de 80% de duas semanas antes. Na última sexta-feira, o subsecretário-Geral para Assuntos Humanitários e coordenador de Ajuda de Emergência, Martin Griffiths, alertou que a crise de saúde pública se agravará com o desenrolar da guerra, uma vez que esgotos transbordam e doenças infecciosas tomam conta dos abrigos na região.
'Todo
ser humano tem o direito de ser sepultado', diz pai de menino de 10
anos cujo corpo ficou quatro dias na casa vazia da família até ser
enterrado no quintal de um prédio vizinho; Mais de 22 mil palestinos
foram mortos por ataques israelenses desde outubro, de acordo com o
Ministério da Saúde do enclave
Durante quatro dias, o corpo de Kareem Sabawi, de 10 anos,ficou enrolado em um cobertor num apartamento frio e vazio na Faixa de Gaza. Nesse período, e em meio ao intenso conflito
no enclave, sua família se abrigou nas proximidades.
Kareem morreu,
contam seus pais, em um bombardeio israelense, e nos dias que se
seguiram era especialmente perigoso sair às ruas. Sem conseguir oferecer
um enterro digno ao filho, eles sepultaram o corpo do menino debaixo de
um pé de goiabeira, no prédio vizinho. Morrer dignamente em Gaza havia se tornado um privilégio.
Quando Kareem morreu, a família ligou para o Crescente Vermelho da Palestina em busca de ajuda. Mas a invasão terrestre de Israel
no norte da Faixa de Gaza acabara de começar.
As ruas estavam
bloqueadas por tanques e esvaziadas pelos tiros, impedindo os
socorristas de ajudar famílias como a de Kareem a cuidar dos muitos
mortos pelos bombardeios aéreos.
Todos os dias, o pai do menino, Hazem
Sabawi, sofria um duplo tormento: a imensa dor da perda e a incapacidade
de proporcionar ao filho a dignidade de um enterro adequado. — Depois do quarto dia, disse que ou eu seria enterrado com ele, ou não
o enterraria mais de jeito nenhum — disse ele, antes de detalhar como
acabou decidindo colocar o corpo de Kareem debaixo de uma goiabeira,
atrás do prédio de um vizinho. — Todo ser humano tem o direito de ser
sepultado.
Não tem sido assim em Gaza. Já se passaram treze semanas desde que a guerra começou, após o ataque a Israel pelo Hamas, que matou cerca de 1,2 mil pessoas,
segundo autoridades israelenses. Desde então, os que vivem no enclave
têm sido forçados a enterrar seus mortos às pressas, sem cerimônia ou
extrema-unção, para não arriscarem o mesmo destino dos entes queridos.
Ao todo,mais de 22 mil palestinos foram mortos por Israel desde 7 de outubro, de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas.
O conflito transformou Gaza em um “cemitério para milhares de crianças”,
de acordo com as Nações Unidas. Mohammad Abu Moussa, radiologista do
Hospital al-Nasr, no sul de Gaza, disse que “a situação chegou ao ponto
em que dizemos que sortudos são aqueles que têm alguém para (e os
conseguem) enterrar quando morrem”.
Tradicionalmente, os palestinos honram seus mortos com cortejos
fúnebres públicos de luto. Tendas são erguidas nas ruas por três dias
para receber os que desejam prestar condolências. Mas o que a guerra
enterrou foram os costumes. Muitos mortos são agora deixados em valas
comuns, nos pátios de hospitais ou, como Kareem, em jardins de quintal,
muitas vezes sem lápides, com nomes rabiscados em mortalhas brancas ou
em sacos para cadáveres. As orações — quando feitas — são realizadas
rapidamente, em hospitais ou fora dos necrotérios.
Hospitais de Gaza estão sobrecarregados, e médicos falam em 'situação catastrófica'
(...)
Serviços não tinham capacidade para atender população de 2,3 milhões de habitantes
Nebal Farsakh, porta-voz do Crescente Vermelho Palestino, disse que a
violência impossibilita as equipes de resgate de chegarem aos locais dos
ataques para recuperar os corpos. Algumas famílias ficam trancadas
dentro de suas casas durante dias com os cadáveres de seus entes
queridos, disse ela. Autoridades de saúde de Gaza estimam que cerca de 7
mil pessoas seguem desaparecidas no enclave, a maioria presumivelmente
morta devido à enorme destruição causada pelos ataques israelenses. Em
algumas residências, as pessoas pintaram com spray os nomes daqueles que
estariam enterrados sob os escombros.
Corpos inchados e em decomposição Quase dois milhões de civis foram deslocados e fizeram perigosas caminhadas a pé até o sul da Faixa de Gaza — encontrando pelo caminho forças israelenses com armas apontadas em sua direção.
Dezenas de corpos, inchados e em decomposição, foram vistos pelos palestinos.
Eles contaram ao New York Times que os soldados israelenses não lhes permitiriam sequer cobrir, muito menos enterrar, os mortos. Os militares disseram que agiram desta forma “por razões operacionais”, e também para determinar se entre os mortos estava algum refém israelense sequestrado pelo Hamas.
No caso de Kareem, Sabawi conta que enterrá-lo era o mínimo que podia
fazer por um filho que fora "incapaz de proteger".
Ele e sua esposa
disseram que um ataque aéreo israelense ocorreu perto de sua casa no
início de novembro, quando a família preparava o almoço com a pouca
farinha e alimentos que tinham.
Sabawi foi atirado ao ar. Quando caiu no
chão, a porta da cozinha tombou sobre ele. Ao se levantar, percebeu que
a cabeça de Kareem estava sangrando.
Sabawi conta que o pegou no colo, apesar de seu braço estar ferido, e a
família correu para o apartamento de um vizinho. Kareem ainda
respirava. Seu pai, em pânico, administrava a reanimação cardiopulmonar.
Mas era tarde demais. Os vizinhos acolheram a família e trouxeram um
cobertor para envolver o corpo do menino. Ele esperou quatro dias,
temendo que eles pudessem ser mortos por um ataque aéreo ou por um
soldado israelense se saíssem para enterrá-lo.
Quando decidiu voltar à casa, Sabawi e um vizinho fizeram a proclamação
da fé muçulmana antes de sair com o corpo do filho do apartamento. No
jardim atrás do edifício, cavaram rapidamente uma cova rasa e nela
depositaram Kareem, cobrindo-o com terra. Voltaram correndo para dentro.
No dia seguinte, voltou correndo para colocar mais terra sobre a
sepultura. Na goiabeira, pendurou uma lápide improvisada e colocou um
tijolo no topo. E contou que, sempre que havia oportunidade, descia para
colocar mais terra, esperando que o local “virasse uma cova de
verdade”.
‘Não sei o que aconteceu com o corpo’ Ahmed Alhattab, pai de quatro filhos, disse que um foguete atingiu seu prédio na noite de 7 de novembro na cidade de Gaza.
Lá dentro estavam 32 familiares, 19 deles crianças.
A mídia palestina noticiou o ataque à época, estimando o número inicial de mortos em 10.
Alhattab e três de seus filhos escaparam dos escombros, mas um deles, Yahya, de 7 anos, teve uma fratura no crânio e estava sangrando, relembrou. O pai carregou o menino ferido até encontrar uma ambulância.
Na manhã seguinte, disse, voltou com vizinhos e parentes, e eles
desenterraram com as mãos quatro familiares mortos.
Entre eles, seu
sobrinho, com apenas 32 dias de vida.
Eles os enterraram em uma única
cova em um cemitério particular que pertencia a outra família.
Era muito
perigoso tentar chegar aos cemitérios públicos — alguns deles
destruídos de qualquer forma pelas forças israelenses.
O restante de sua
família, 24 parentes, permaneceu sob os escombros.
No mesmo período, disseram a ele ser improvável que seu filho
sobrevivesse. Enquanto os parentes se preparavam para fugir, contou, ele
tomou a dolorosa decisão de deixar Yahya para trás e levar seus outros
filhos para o sul, onde esperava que estivessem mais seguros. Quatro
dias depois, ele ouviu de um amigo que o menino havia morrido no
hospital, onde foi enterrado, ao lado de outros pacientes.— O enterro foi temporário. Não sei o que aconteceu com o corpo dele — disse Alhattab.
‘Ele queria enterrá-los’ Quando Fatima Alrayess, de 35 anos e que vive na Áustria, falou pela última vez com os dois irmãos mais novos, no dia 8 de novembro, eles disseram a ela que voltariam à casa da família. Muhammad, 31, e Muayid, 25, contaram que uma equipe da Defesa Civil estava a caminho do edifício de sete andares, que tinha sido derrubado por um ataque aéreo israelense três dias antes.
Eles relataram que o ataque vitimou oito membros da família, incluindo seus pais.— Ele queria enterrá-los — disse ela sobre Muayid.
Mas um cerco israelense a Gaza desde os primeiros dias da guerra levou à
escassez de combustível, entre outros bens essenciais, dificultando o
trabalho das equipes da Defesa.
Naquele dia, elas recuperaram os corpos
da mãe, do pai e de um sobrinho de 12 anos antes que escurecesse, soube
Alrayess depois pelos irmãos. No dia seguinte, os corpos foram
enterrados num cemitério.
Os irmãos encontraram os socorristas na
esperança de recuperar mais corpos. Duas irmãs ainda estavam
desaparecidas.
Quando as equipes de resgate começaram a vasculhar os escombros, outro
ataque aéreo israelense ocorreu, matando Muayid e Muhammad, bem como
vários socorristas, conta Alrayess. As consequências imediatas do ataque
foram captadas em vídeo por um fotógrafo local. Ele lamentou que os
irmãos tivessem seguido seus pais na morte. — Meus pais foram enterrados à tarde — disse Alrayess. — Muayid e Muhammad foram enterrados naquela noite no mesmo cemitério.
Cinco membros da família permanecem sob os escombros.
Que
não se pode esperar de Lula apreço à verdade e raciocínio lógico é coisa
sabida.
Faltam-lhe sapatos para seguir esse caminho.
A exemplo de todo
radical, o que ele entende por lógica é um pensamento custodiado pelo
interesse político. Se necessário, deixa de lado os fatos e a verdade
adaptando-os às próprias conveniências.
Por isso, conforme o público que
tenha diante de si, Lula adota com naturalidade discursos divergentes
ou mesmo contraditórios.
Ao receber os brasileiros que quiseram sair de Gaza, ele disse:
“Eu já vi
muita violência, mas eu nunca vi uma violência tão brutal, tão desumana,
contra inocentes. Se o Hamas fez o que fez, Israel comete o mesmo
terrorismo. Crianças e mulheres não estão em guerra. Completa destruição
de tudo com uma simples bomba, sem ninguém assumir responsabilidade.
Que vocês tenham algum dia a liberdade de reconstruir seu país, como os
judeus tiveram”.
Logo depois,
afirmou nunca ter sabido de uma guerra em que crianças fossem as
“vítimas preferenciais”. Tal afirmação constitui falsa denúncia! “Sem
apresentar provas”, como dizem a Globo, a CNN e tantos outros veículos
de igual calibre quando contrariados, pretende atribuir um
ânimo infanticida à reação de Israel ao ataque do Hamas. A leviana
acusação serve tão bem aos atuais interesses políticos do grupo
terrorista que poderia ter sido proferida em árabe.
Na frase
acima transcrita, Lula faz uma cortesia adicional ao Hamas, colocando o
ato terrorista inicial do conflito no condicional: “se o Hamas fez o que
fez” ...
Esperteza demais é burrice e se revela quando ele alerta para o
fato de que “crianças e mulheres não estão em guerra”, como se alguém
não soubesse que a guerra começou exatamente porque o Hamas a iniciou
atacando jovens civis numa festa rave e chacinando crianças, mulheres e
homens em assentamentos civis nas proximidades de Gaza. Note-se: foram
os alvos não apenas preferenciais, mas as exclusivas vítimas daquelas
ações.
Já afirmei
antes, repito: o Hamas colocou em risco a população civil palestina ao
se valer dela como escudo humano.
O Hamas sequestrou centenas de judeus e
já havia sequestrado a inteira população de Gaza. Age como o criminoso
que se protege covardemente com o corpo da vítima que capturou,
instalando-se em prédios habitados pela população civil, escolas e
hospitais, servindo-se até de ambulâncias para se evadir entre feridos
da área de conflito!
O que nunca se viu, Lula, é um país em guerra
ocultar suas instalações militares, seus arsenais e suas tropas em meio à
população civil que lhe caberia proteger.
Lula pode
querer arrastar o Brasil ao esgoto da geopolítica mundial. Mas a pátria –
a pátria de Bonifácio, Pedro II, Isabel, Caxias, Rio Branco, Mauá,
Silveira Martins, Nabuco, Ruy e tantos outros que a história crítica
esquerdista trata de esconder – não irá!
Esse governo, ao mesmo tempo que constrange, torna a virtude da esperança absolutamente indispensável.
Percival Puggina (78) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org),
colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas
contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A
Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+. Membro da Academia
Rio-Grandense de Letras.
Fúria e ressentimentos são continuamente atiçados e se espalham pelo mundo. A solução só virá quando se abrir uma brecha no império do rancor
DO LADO DE CÁ - Violência: soldado de Israel usa a força para reprimir manifestante palestino na Cisjordânia (Jaafar Ashtiyeh/AFP)
As guerras são a mais extrema expressão da barbárie e desgraçadamente não faltam exemplos de horrores e mortandade ao longo da história.
Mas poucas vezes a violência sem limites escalou de maneira tão vertiginosa quanto a que se observa no duelo atual entre a força militar de Israel e os militantes do Hamas, que acaba de completar um mês.
A trágica contabilidade de mortos partiu do altíssimo patamar de 1 400 pessoas massacradas no dia 7 de outubro, quando o grupo palestino cruzou os limites da Faixa de Gaza em um devastador ataque-surpresa.
A resposta israelense foi deslanchar uma ofensiva para aniquilar o inimigo que, na conta do Ministério da Saúde da superpovoada Gaza, já matou mais de 10 000 pessoas, quase metade delas crianças.
Os sangrentos trinta dias de confronto desembocaram em uma agressividade de proporção inédita no campo de batalha da opinião pública, com o disparo maciço nas redes sociais de cenas de execuções, bombardeios de escolas, colapso de hospitais e bebês sem vida.
O mundo se repartiu entre contra e a favor, sufocando o meio-termo e abrindo espaço para o mais virulento preconceito. “A mente está cheia até a borda com nossa própria dor e não sobra espaço nem para reconhecer a dor dos outros”, escreveu o historiador e filósofo israelense Yuval Harari. Pairando sobre tudo, o ódio, sentimento que cega e escraviza, vai cumprindo seu papel de aprofundar as históricas desavenças entre árabes e judeus, fazendo delas uma questão pessoal, de indivíduo contra indivíduo, com ecos em toda parte e sem solução à vista.
Nos últimos dias, tanques e tropas cercaram a cidade de Gaza, a maior do enclave, e iniciaram a incursão pela rede de túneis controlada pelo Hamas. “Estamos em uma nova etapa da guerra”, declarou o porta-voz do Exército Daniel Hagari, ao mesmo tempo em que o secretário-geral da ONU, António Guterres, subia o tom, afirmando que Gaza está se tornando “um cemitério de crianças”. Discute-se a implantação de “pequenas pausas humanitárias” nos combates — as forças israelenses deram quatro horas para moradores da Cidade de Gaza deixarem o local —, e as listas para a saída de estrangeiros e feridos graves pelo Egito são divulgadas a conta-gotas (34 brasileiros estão na fila).
Não se sabe o que será de Gaza após a ofensiva militar. Negociações estão em curso para que a mais moderada Autoridade Palestina, que administra a Cisjordânia, assuma o território, mas ela terá que conviver com a presença israelense— o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu antecipou que o país “será responsável pela segurança por um período indefinido”.A marcha da insensatez se acelerou com a declaração de Amihai Eliyahu, ministro do Patrimônio — cargo criado para acomodar a extrema direita religiosa que faz parte do governo —, de que o uso de bombas nucleares em Gaza “seria uma opção”. Foi afastado e desautorizado, mas o estrago estava feito.
Nada do que se discute agora sinaliza um caminho para a paz — pelo contrário, são ações que, como já aconteceu outras vezes, cristalizam raiva e ressentimentos que se espalham pelo planeta.
Os casos de antissemitismo e de islamofobia mais do que triplicaram na Europa e nos Estados Unidos no último mês. No estado de Illinois, o menino de origem palestina Wadea Al Fayun, 6 anos, foi esfaqueado pelo dono do apartamento onde ele morava com a família, um septuagenário que, segundo sua mulher, “escuta talk shows conservadores no rádio” e andava obcecado pelo conflito no Oriente Médio.
Em Lyon, na França, uma mulher judia foi ferida a facadas por um homem que bateu à sua porta e, para não deixar dúvida quanto à motivação do crime, pichou uma suástica na entrada da casa.
Estrelas de Davi apareceram pintadas na fachada de prédios habitados por judeus em Paris.
No longínquo Daguestão, país muçulmano às margens do Mar Cáspio, uma turba invadiu o saguão de um aeroporto pretendendo linchar passageiros que desembarcavam de Tel Aviv. “No mundo conectado em que vivemos, quem já têm inclinação para a violência reforça sua visão. As pessoas estão buscando motivos para confirmar seus preconceitos”, diz Wendy Via, cofundadora do Global Project Against Hate and Extremism.
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As expressões de ódio despertadas pelo conflito entre árabes e judeus derramaram-se, com força nunca vista, pelas universidades americanas, um terreno minado pela polarização política e pelo racha talhado pela cultura woke, que leva às últimas consequências o conceito do politicamente correto. Em Harvard, trinta organizações estudantis não só condenaram Israel como abraçaram o execrável slogan “Do rio ao mar, a Palestina será livre” — à primeira vista inocente, mas que embute a sumária destruição total do Estado judeu (por repetir o desatino, Rashida Tlaib, única deputada de origem palestina dos Estados Unidos, recebeu um raríssimo voto de censura da Câmara).
Em Cornell, outra instituição de elite, um aluno disparou nas redes sociais ameaças de morte a estudantes judeus. Tulane, em Nova Orleans, foi palco de agressões generalizadas entre apoiadores dos dois lados quando um manifestante tentou incendiar uma bandeira de Israel. Em Stanford, na Califórnia, a polícia investiga como crime de ódio a morte de um judeu nas proximidades de um ato pró-Palestina. “O discurso, no meio universitário, repisa que os dois povos não podem viver naquela região porque um lado representa o domínio imperialista e o outro rejeita a civilização ocidental. É a islamofobia batendo boca com o antissemitismo”, resume Michel Gherman, professor de história da UFRJ nascido em Israel e tachado de antissemita em um debate na PUC carioca.
O antissemitismo observado nos dias de hoje é uma chaga que teve origem no fim do século XIX, concentrado principalmente na Europa.
As aceleradas mudanças políticas e econômicas da época, um processo repleto de conflitos que iriam descambar em duas guerras mundiais, desagradaram a nacionalistas que, em busca de um bode expiatório, atribuíram os problemas surgidos à minoria religiosa que controlava parte das instituições financeiras — início de uma perseguição movida pela intolerância que culminou no Holocausto e nos 6 milhões de mortos pelas atrocidades nazistas.
A fogueira da islamofobia se acenderia meio século depois,quando árabes começaram a migrar para países europeus em busca de vida melhor. Ela explodiria neste século, em que as imensas levas de imigrantes ilegais, associadas à violência latente nas periferias pobres das grandes cidades, desencadearam um turbilhão antimuçulmano. “O antissemitismo e a islamofobia têm a mesma raiz ideológica e é justamente isso que impede que as duas vítimas se reconheçam em pé de igualdade e possam dialogar”, ressalta Arlene Clemesha, professora de história árabe da USP.
O clima de animosidade entre árabes e judeus se fez presente já na origem dos dois povos: como era comum na convivência das tribos naquela época, as escrituras relatam choques entre os descendentes dos dois filhos de Abraão — Ismael, que viria a formar a nação árabe, e Isaac, tronco do judaísmo.“Os dois povos semitas entraram em conflito por terras já em XVII a.C.”, relata o teólogo Jacir de Freitas, autor de A História de Israel e as Pesquisas Mais Recentes. Apesar dessas diferenças, árabes e judeus repartiram o que é hoje a Palestina com relativa civilidade durante milênios.
O conflito do qual a guerra atual é a mais recente e mais mortífera consequênciatem como ponto de partida as movimentações que resultaram na proposta, apresentada pela ONU em 1947, de divisão da Palestina para a formação do Estado de Israel.
Nacionalistas palestinos e sionistas se mobilizaram contra e a favor da partilha, a Liga Árabe tomou partido e os tiros começaram a ser disparados.
Três guerras entre israelenses e alianças militares árabes, inúmeros e horripilantes atentados terroristas e seguidas revoltas sufocadas a bala e bombas depois, judeus e palestinos vivem no mesmo espaço, mas separados por uma montanha de fúria e desconfiança. “O ódio não é a causa dos acontecimentos históricos, mas sim seu subproduto. Frequentemente políticos e ideólogos incitam esse sentimento para ganhar poder e influência”, ensina Norman Naimark, professor de história da Universidade de Stanford.
Sentimento inerente à condição humana, o ódio se situa entre a raiva e o nojo, duas das seis emoções básicas universais descritas pelo psicólogo americano Paul Ekman. Ambas têm lá sua justificativa: enquanto a raiva pressupõe ação diante de algo percebido como errado ou injusto, o nojo serve para evitar contato com perigos e ameaças — na evolução, manteve humanos longe de comidas venenosas ou estragadas. “Mas a combinação é destrutiva”, explica Robert Sternberg, professor de psicologia da Universidade Cornell. “Seu estímulo provém de narrativas falsas, que convencem as pessoas de que o outro está roubando seus recursos e seu destino.” O psicólogo social Aharon Levy completa: “Em uma situação de ódio entre grupos, cada lado acredita que está moralmente correto, ao passo que o inimigo é imoral e não pode mudar”.
A dinâmica do ódio já serviu de base para episódios estarrecedores de massacres de populações. Em 1995, 8 000 muçulmanos foram brutalmente assassinados por forças sérvias em Srebrenica, na Bósnia e Herzegovina. Um ano antes, os hútus executaram 800 000 tútsis, só por serem tútsis, em Ruanda.
No mais impactante ato de terrorismo jamais visto, dois aviões lotados derrubaram as torres gêmeas do World Trade Center, em plena Nova York, matando cerca de 3 000 pessoas, todas civis.
Individualmente, o escritor indo-britânico Salman Rushdie passou anos escondido, com a cabeça posta a prêmio por citar o profeta Maomé no romance Os Versos Satânicos.
Voltou a circular e em 2022, mais de três décadas depois, um fanático o esfaqueou.
Sobreviveu, mas perdeu a visão de um olho e teve o fígado perfurado.
Por outro lado, conflitos que pareciam impossíveis de ser contornados deixaram de existir: franceses se reconciliaram com ingleses após séculos de enfrentamentos, japoneses fizeram as pazes com americanos, depois da II Guerra, alemães assumiram a responsabilidade e se penitenciaram pelos crimes nazistas. No sofrido Oriente Médio, resta torcer para que uma brecha se abra e a voz da razão possa um dia ser ouvida.
Publicado em VEJA, edição nº 2867, de 10 de novembro de 2023
O Dr. Francisco Cardoso observou, em suas redes sociais, a notável coincidência: em pleno dia das bruxas, a socióloga da Saúde anunciou a obrigatoriedade das “vacinas” de covid para as crianças.
A essa altura do campeonato, não adianta mais tentar convencer ninguém, racionalmente, de que as terapias gênicas experimentais jamais deveriam ter sido sequer ofertadas a crianças saudáveis, quanto mais ser tornada obrigatória.
Injetar tais substâncias perigosas em bebês de seis meses deveria ser considerado crime, isso sim.
Muita tinta correu já à época. Um destaque inesquecível é o do jornalista Guilherme Fiuza,que deu voz às famílias que perderam seus entes queridos após a inoculação das terríveis substâncias, e lutavam para que isso fosse reconhecido.
Fez isto com seu espaço de colunista, que permite aos jornais e emissoras se resguardarem, dizendo que aquela é apenas a opinião do colunista e não representa o jornal.
E o resguardo era mesmo necessário, porque durante a pandemia o Ocidente experimentou uma propaganda orquestrada.
As medidas sanitárias variavam só em matéria de rigidez, tendo porém uma diretriz única; os líderes, desde o prefeito de Salvador até o primeiro ministro do Reino Unido, implementaram lockdowns de quinze dias que foram sendo prorrogados aos poucos.
Deparamo-nos com um rol de blasfêmias a serem punidas com cancelamento ou com medidas judiciais criativas.
Nesse rol, naturalmente, estava qualquer coisa que fomentasse a “hesitação vacinal”. Depois vimos esse rol se estender para as urnas eletrônicas, deter-se nelas. Agora deu uma sossegada em cima da suposta vacina.
A esta altura do campeonato, só resta perguntar por que as pessoas ainda caem no conto da vacina de covid, e por que o governo Lula teve coragem de torná-la obrigatória.
As duas respostas eu creio que sejam fáceis de dar.
Primeira: as pessoas não vão querer crer que vivemos num mundo muito perigoso, cheio de assassinos engravatados (posso dizer que esta Gazeta me proporcionou, num podcast ao lado do Dr. Francisco, a oportunidade de concluir que sim, vivemos num mundo muito perigoso, onde um médico à frente da pediatria paulista – obviamente não o Dr. Francisco – assumia com desfaçatez a possibilidade de a sua política levar os jovens a infartarem pelo Brasil sem ter uma ambulância do SUS por perto).
Segunda: a Big Pharma já fez uns contratos segundo os quais quem paga pelos estragos da “vacina” é só o Estado.
A direita brasileira sabe difusamente de onde vem isso: do capitalismo lacrador sediado nos EUA. Existe, porém, uma cortina de fumaça que não deixa enxergar a realidade com mais precisão.
A direita brasileira simpatiza com Trump e acha que, se ele fosse o presidente dos EUA, nada disso aconteceria – mas esquece que o próprio Trump denunciava o Deep State (as agências burocráticas e de inteligência que controlam os EUA a despeito do governo), e que ele ficou de mãos atadas durante a pandemia.
A famigerada teoria da “cereja do bolo” de Olavo de Carvalho não vale só para o Brasil não, vale para os EUA também.
Com a diferença que aqui nós temos de lidar com um Deep State estrangeiro; lá é problema nacional.
Outras relações espúrias que vieram à tona na pandemia foram entre a Big Pharma e burocracia(vide as pesquisas chinesas de ganho de função serem bancadas pelos EUA), bem como entre a Big Tech e o FBI (com os Twitter Files).
Já que a direita brasileira toma qualquer crítica à direita, aos EUA e a Israel como ofensa pessoal (mas não críticas ao Brasil), vou deixar um questionário para que o leitor mais exaltado pense um pouquinho antes de xingar na caixa de comentários:
1) Lula e Nísia Trindade implementarão a “vacina” obrigatória para covid porque: ( ) O PT acredita na Ciência e jamais trairia os seus ideais revolucionários.
( ) O PT é um partido de vendidos, e a Big Pharma compra.
2) O país que coagiu seus cidadãos a tomarem a “vacina” logo no começo para vender os dados à Pfizer foi:
( ) A China comunista, aquele país inescrupuloso que vende órgãos!
( ) Israel.
3) Entre os países que não deixaram as crianças (e nenhum cidadão) serem submetidas à terapia gênica estão:
( ) A Grã-Bretanha, os Estados Unidos, a Alemanha: em suma, os lugares civilizados deste planeta, que respeitam a liberdade.
( ) Rússia, China, Irã, Venezuela, Cuba.
4) Com esta coluna, Bruna está querendo:
( ) Promover a esquerda!!! Gazeta, demita-a AGORA!!!!
( ) Botar um pouco de juízo na cabeça desse pessoal afobado, que adere às coisas por impulso e sem pensar, pois o mundo é bem mais perigoso do que eles imaginam. Não há um "lado bom" nessa história.
O episódio
aconteceu numa aula do Colégio Anchieta, um dos mais bem conceituados de
Porto Alegre.
Certo professor de História colocou na pauta o conflito
entre Israel e o Hamas, negando o emprego da palavra terrorista para
designar a atividade desta organização. Gravado por uma das alunas, o
vídeo (imagem estática), com áudio e legendas da conversa ocorrida pode
ser assistido aqui.
Tudo que o
professor fala é muito típico. Ele provoca o assunto definindo o Hamas
como grupo político hegemônico representante da população palestina.
Cria uma equivalência: os mísseis disparados por Israel equivaleriam às
monstruosidades que caracterizaram o ataque do Hamas aos kibutzes
vizinhos a Gaza, bem como à festa rave nas proximidades de Re’im.
Note-se que os terroristas do Hamas fazem vítimas entre não combatentes,
seviciando, matando e incendiando-as, olho no olho de suas vítimas;
Israel faz vítimas civis como consequência de bombardeios avisados, aos
locais usados pelo Hamas, não obstante, o professor descreve isso como
Israel “entrar numa área e matar crianças palestinas”.
A estética da guerra é sempre tenebrosa, mas há um abismo ético entre as duas situações!
A dialética
do professor, idêntica à da esquerda mundial, pinça o que lhe parece
mais conveniente. Não menciona os cerca de três mil mísseis disparados
pelo Hamas no início de sua operação cujo objetivo é destruir o vizinho.
Imagine o estrago que essa chuvarada de mísseis produziria caindo sobre
alvos aleatórios em zonas urbanas se Israel não contasse com a proteção
antimíssil proporcionada pelo “domo de ferro”.
No momento em
que começou a ser confrontado pelos alunos que lhe descrevem os
horrores praticados pelo Hamas, o professor muda rapidamente de posição.
Israel deixa de ser o causador guerra, mas diz que essa história não
começou agora.
Afirma que há dois lados e que ele, professor, não tem
lado. “Tu tá tomando um lado, cara; eu não tô tomando lado nenhum”.E
passa a acusar seus alunos de “terem lado”, informados por fontes“a
serviço de Israel e dos Estados Unidos”.
Qual a lição inesperada que o caso proporciona?
Um professor
militante, portador desse kit ideológico que infesta a cadeia produtiva
da Educação em nosso país, tem problemas para sustentar sua opinião num
debate com adolescentes bem formados e informados no ambiente familiar.
Desconheço os protagonistas do fato. Contudo, sublinho no exemplo
proporcionado pelas “meninas” e pelos “caras” (para dizer como o
professor), a lição de que não se deve aceitar passivamente tudo que é
narrado ou analisado pelos donos do toco de giz. Senhores pais, cuidem
de seus filhos!
A atitude
exemplar dos estudantes, contrapondo-se e não comprando opinião por
conteúdo didático, gravando conversas desse tipo de aula, inibiria
significativamente uma das principais armas de outra guerra – a guerra
que a esquerda promove contra a Civilização Ocidental dentro das nossas
salas de aula.
É triste, mas
verdadeiro.Profissão tão nobre paga, com a própria imagem, as
consequências do uso abusivo que tantos fazem de seus kits ideológicos
para seduzir corações e mentes infantis e juvenis.
Percival Puggina (78) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org,
colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas
contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A
Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+. Membro da Academia
Rio-Grandense de Letras.
Em vez de português, matemática ou ciências, escolas passaram a concentrar-se em assuntos como ideologia de gênero, LGBT, reforma agrária e outras causas defendidas por professores de esquerda
Foto: Montagem Revista Oeste/Shutterstock
Uma mulher com a barriga de fora, calça preta, top
azul-claro e o rosto oculto por uma cabeça de cavalo de pelúcia surge no
palco improvisado. Ela envolve com as mãos as grades do portão antes de
pular nos ombros de um homem sem camisa que está agachado no chão. E
então começa a cavalgá-lo.
Em seguida, pula, dança, salta de um lado
para o outro, agacha-se, levanta, rebola e se aproxima do público como
se fosse efetivamente um animal e quisesse cheirá-lo.
De repente, entram
em cena três homens fantasiados de bailarina, com collants coloridos e
saias de tule preto.
Eles sacodem o corpo e executam passos de dança
desajeitados.
Tudo tem a marca da improvisação e do desleixo. A plateia,
formada majoritariamente por crianças, muitas aparentando 5 anos de
idade, grita, ri e requebra. O picadeiro é uma escola municipal do Rio
de Janeiro.
A trilha sonora consegue piorar a cena esdrúxula:o funk Cavalo no Cio, cuja letra é reproduzida abaixo:
“Olha os cavalo (sic) voltando
Olha os cavalo (sic) no cio, ó
Vem mulher, vem galopando, que o cavalo tá chamando
Olha os cavalo (sic) voltando
Olha os cavalo (sic) no cio, ó
Cavalo taradão
Vem mulher, vem galopando, que o cavalo tá gostando
Vem mulher, vem galopando, que o cavalo tá gostando
Cavalo ficou danado, galopa de frente, galopa de lado
Cavalo ficou danado, galopa de frente, galopa de lado
Ela vai pra frente, ela toma, ela toma
Ela vai pra trás, ela toma, ela toma
Ela vai pra frente, ela toma, ela toma
Ela vai pra trás, ela toma, ela toma
Galopa, galopa, galopa, galopa, depois senta e rebola
Olha os cavalo (sic) no cio
Galopa, galopa, galopa, galopa, depois senta e rebola
Olha os cavalo (sic) no cio
Vem de quatro pro negão que o cavalo tá doidão”
(Detalhe: essa versão, cantada na escola, é ligeiramente mais suave que a letra original)
🚨AGORA:
Apresentação de "Cavalo Tarado" para crianças dentro de uma escola
municipal na Cidade de Deus leva prefeitura do Rio a abrir sindicância. pic.twitter.com/WXY5ljXyTrpublicidade
O
vídeo da apresentação denominada “Cavalo Tarado” viralizou nas redes
sociais na última semana e pousou em veículos da imprensa. A repercussão
negativa induziu o prefeito Eduardo Paes a declarar-se “indignado”. A
Secretaria Municipal de Cultura garantiu que “repudiou veementemente o
teor da apresentação do grupo”, contemplada com R$ 50 mil
num edital de 2022 para ser encenada nas escolas municipais. Segundo a
secretaria, o projeto foi selecionado por uma “comissão independente,
ligada à sociedade civil”. Foram afastados os diretores de quatro
colégios em que a companhia Suave se apresentou.
“Entre os 3 e
os 8 anos, a criança forma sua personalidade”, observa a advogada Ana
Paula Pur, especializada em direito educacional. “As músicas que a
criança escuta nessa fase da vida, os filmes a que assiste, os livros
que lê ou ouve estabelecem as bases que ela levará para a vida inteira.
Portanto, escutar uma música de péssima qualidade, como um funk, não
pode ser encarado como ‘só uma musiquinha que a criança nem tem idade
para compreender direito a letra’. Você está forjando um ser humano.”
Uma
providencial conjugação de acasos fez com que o vídeo fosse filmado por
alguém, caísse nas redes e se transformasse em assunto nacional. Mas
essa é apenas a ponta do iceberg.
Dezenas de eventos semelhantes ocorrem
rotineiramente em instituições de ensino espalhadas pelo país e nenhum
consegue espaço no noticiário jornalístico. [confiram assistindo aos 'macaquitos' - dedos no ânus. SESC]das escolas, são cada vez
mais comuns espetáculos, palestras e mesas-redondas dominados por
temáticas muito apreciadas pela chamada esquerda.
Com crescente
frequência, as salas de aula se concentram em assuntos como ideologia de
gênero, LGBT, reforma agrária etc., em detrimento do português, da
matemática ou das ciências.
Em 2021, apenas quatro em cada dez
crianças do 2º ano do ensino fundamental estavam alfabetizadas no
Brasil. E só 5% dos estudantes que concluíram o ensino médio tinham o
conhecimento adequado em matemática. No ranking das 57 nações analisadas
pelo PIRLS (sigla em inglês para Estudo Internacional de Leitura), o
país está na 52ª posição em habilidade de leitura.
De norte a sul
A
Graded School, localizada em São Paulo, está a mais de 400 quilômetros
de distância do Centro Integrado de Educação Pública Luiz Carlos
Prestes, onde o cavalo tarado se apresentou. Enquanto os alunos da
escola carioca não precisam pagar pelas aulas, os da Graded desembolsam
mais de R$ 10 mil por mês. Apesar das diferenças, há semelhanças entre
as duas instituições de ensino.
Há poucos dias, um vídeo mostrou
que os pais dos alunos matriculados na Graded precisam responder a um
questionário informando se estão “trabalhando a temática LGBT e de
gênero com os filhos de 3 anos de idade”.
A gravação também exibe
professores homens vestidos de princesas na festa de Halloween da escola
e inclui um e-mail enviado aos pais pela direção do colégio.
Segundo a
mensagem, meninos e meninas podem usar vestidos. Por fim, aparecem
adesivos distribuídos por uma professora a alunos de 10 anos, com frases
como “Ninguém sabe, eu sou gay” e “Satã me ama”.
Num
comunicado aos pais, a Graded pediu desculpas “pelo incidente dos
adesivos do satã” e garantiu que está tomando “as medidas corretivas
contra a professora que os distribuiu”. Oeste procurou a escola para
tratar do conteúdo do vídeo. Um funcionário chamado Fábio, que se
identificou como “um dos responsáveis pela comunicação da escola”,
recusou-se a revelar o sobrenome e desligou o telefone assim que ouviu a
pergunta.
Na
mesma semana em que ocorreram os casos do cavalo tarado e da Graded, um
vídeo gravado numa creche municipal do Rio mostrou a diretora da
instituição, Fernanda Alvarenga, “ensinando” passinhos de funk a crianças de 2 a 4 anos.A letra da música é explicitamente pornográfica:
“Desce, sobe, toma
rajadão. A segunda maravilha acabou de terminar. Agora ela tá solteira e
ninguém vai segurar. Vai bate, vai bate com a bunda no calcanhar”.
Fernanda costumava compartilhar tais momentos em suas redes sociais e já
havia sido denunciada por diversas mães. A prefeitura do Rio, contudo,
só afastou a diretora do cargo depois que o vídeo chegou à imprensa.
“Fico indignado quando vejo algo assim”, jurou Renan Ferreirinha,
secretário municipal de Educação.“O projeto para a educação do Rio é
claro. Não vamos mais tolerar episódios como esse.” A prefeitura abriu
uma sindicância para apurar o caso.
Depois do caso do
“cavalo tarado”, surgem mais denúncias. Diretora da Creche Municipal
Luiza Barros de Sá Freire, na Zona Norte do Rio, dança com alunos de 3
anos porno-funk com letra“Bola aê, brisa aê que hoje a noite é de
prazer“. Fernanda Alvarenga se entitula nas redes como… pic.twitter.com/Wazo6tnLL0— Carlos Jordy (@carlosjordy) August 31, 2023
“As
escolas e o poder público se limitam a buscar soluções pontuais, como o
afastamento de uma professora ou um diretor”, critica Flávio Gordon,
doutor em antropologia social e colunista de Oeste. “O funk de mais
baixo nível virou patrimônio cultural. O prefeito Eduardo Paes, que é
politicamente alinhado aos que promovem essas bandeiras, agora se diz
escandalizado, como no caso do cavalo tarado. No Rio, até mesmo na
classe média alta, as mães e os pais dançam esse tipo de música.
Infelizmente ela foi naturalizada, toca em festas de crianças e nas
escolas. É estranho que o Paes tenha se indignado com isso só agora. Ele
não sabe o que acontece na cidade que governa?”
Fundadora do
movimento Mães Direitas, Bianca Waisberg recebe denúncias semelhantes
vindas de todos os Estados do país. Numa delas, a mãe de uma criança de
12 anos estava incomodada com o livro escolhido para ser lido em sala de
aula. Selecionado entre as obras indicadas pelo Programa Nacional do
Livro Didático (PNLD), Beco do Pânico conta a história de Caíque. Num
capítulo, o menino, então com 6 anos, chega em casa feliz por ter dado
seu primeiro beijo na boca. A mãe ri do filho “tão apaixonado e tão
pequeno” e pergunta o nome da menina. “É o Ricardo”, responde o garoto.
O grupo das Mães Direitas que atua na Região Sul
enviou a Bianca um vídeo que registra comemorações do Dia do Estudante.
Para celebrar a data, professores e coordenadores de uma escola de Santa
Catarina vestiram shorts, miniblusa e peruca colorida para uma
apresentação no mínimo bizarra. “Em vez de aula, os alunos estão
aprendendo isso”, lamenta Bianca.
Alvos preferidos A ode a temas LGBT é relativamente recente, mas o ataque ao agronegócio pelos professores e livros didáticos vem acontecendo há muitos anos. Indignados com o massacre, mães que são produtoras rurais fundaram durante a pandemia o movimento De Olho no Material Escolar. Um passeio organizado pela prefeitura de Contagem (MG) prova que ainda há muito a ser feito. Em vez de mostrar como funciona o setor responsável por manter a economia brasileira com boa saúde, a prefeita Marília Campos, do PT, preferiu reunir os alunos de escolas públicas do município numa visita ao acampamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). View this post on Instagram
As
chamadas pautas woke não são exclusividade das escolas brasileiras. Em
Hull, no norte da Inglaterra, os pais de uma menina de 4 anos decidiram
tirá-la da pré-escola depois de ela ter tido acesso ao livro Grandad’s Pride.
Em uma das ilustrações, homens vestidos com trajes fetichistas se
beijam na boca enquanto desfilam numa parada gay. Em outra imagem, um
homem trans (mulher biológica) ostenta orgulhoso a cirurgia deixada pela
mastectomia. A instituição de ensino rotulou os pais de
“preconceituosos”. “Estamos testemunhando uma revisão geral da
educação”, afirma Brendan O’Neill, editor de política da revista digital
inglesa Spiked. “A ciência, a biologia, a própria verdade, para não
mencionar todos aqueles ‘homens europeus brancos mortos e suas ideias
arcaicas’, estão sendo marginalizados pelo impulso autoritário de
remodelar os jovens à imagem dessa nova ideologia.”
(...)
O Brasil está formando uma
geração de crianças traídas pelas preferências ideológicas dos
professores. Jovens que nada sabem de sumidades como Machado de Assis,
Nelson Rodrigues ou Manuel Bandeira, e são incapazes de usar o plural,
sairão por aí com um boné do MST na cabeça, prontos para requebrar até o
chão ao som de recomendações como “Vem de quatro pro negão que o cavalo
tá doidão”. Qualquer semelhança com a realidade atual não é mera
coincidência.
Uma das minhas irmãs chamou-me a atenção para o problema do
desaparecimento de pessoas no mundo e, em especial, no Brasil.
Considerei fantasiosos os dados mencionados por ela, achei que seria uma
empreitada difícil buscá-los, mas as informações, quando as procurei,
saltavam das páginas de busca. Cerca de 1,2 milhão de pessoas desaparece
por ano no mundo, sendo mais ou menos 80 mil no Brasil!Os dados são
aproximados porque estima-se uma elevada subnotificação.
Um terço
dos casos correspondem a crianças e adolescentescom idades entre 0 e 17
anos, dos quais 15% a 20% não são encontrados.
A parte mais
perturbadora dessas histórias vem com a informação de que os
desaparecimentos se devem a causas que incluem adoção ilegal,
prostituição infantil, sequestro para venda de órgãos e, claro, tráfico
de pessoas como atividade criminosa a serviço dessas demandas em outros
segmentos da mais hedionda bandidagem. Não se desconsidere, também,
conflitos familiares e uso de substâncias ilícitas.
Alguns
avanços ocorreram na direção de uma política nacional de busca de
pessoas desaparecidas, que inclui um cadastro nacional ainda não em
operação. Outros, com resultados positivos, foram no sentido da
orientação da sociedade sobre como agir nesses casos, incluindo a
importância da imediata notificação da autoridade policial e, destas,
aos órgãos nacionais.
Em São Paulo foi criada, em 1995, a ONG Mães da Sé(12 mil mães já passaram pela organização). Seu trabalho de divulgação
inclui um aplicativo de reconhecimento facial que ajuda a identificar se
alguém submetido à busca pelo aplicativo pode ser uma pessoa
desaparecida.
Certamente
muitos leitores destas linhas já assistiram filmes cujas histórias rodam
em torno de tais tragédias pessoais e familiares. Impossível, porém,
penetrar no sofrimento de uma criança ou adolescente que caiu em mãos de
criminosos ou de quem vê extraviar-se um ente querido sem saber porquê,
para quem ou para quê.
Escrevo
essas linhas porque nada do que li em sites de busca menciona uma
atividade policial que vá além da procura pelos desaparecidos.
Qual a
razão? Em grande proporção, esses eventos que se sucedem em ritmo
crescente ano após ano são atribuídos a organizações que precisam de
especialíssima e urgentíssima persecução criminal.
É o tipo de
bandido que, como ser humano e cidadão, quero ver na cadeia!
Imagino
ações e varreduras tão amplas e minuciosas em busca dos elos dessa
desalmada criminalidadequanto as aplicadas, por exemplo, a quem rezava e
cantava à frente dos quartéis.
Sim, sim, eu gostaria que desabasse
sobre comerciantes de seres humanos o braço do poder de Estado
implacável e pesado como esse!
Percival Puggina (78) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org,
colunista de dezenas de jornais e sites no país.. Autor de Crônicas
contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A
Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+. Membro da Academia
Rio-Grandense de Letras.