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segunda-feira, 3 de junho de 2019

“Já era mas continua sendo” e outras notas de Carlos Brickmann

É desejável que os presidentes dos três Poderes tenham relacionamento harmonioso. Mas confraternizar ultrapassa os limites




O problema do noticiário político do Brasil é um só: os analistas, tanto da Universidade como da imprensa, insistem em levar as notícias a sério. Não dá. É como criticar uma piada porque peixe não fala. Na piada, fala, sim.
Neste momento, Bolsonaro e o presidente do Supremo, Dias Toffoli, estão em lua de mel. Toffoli participou do pacto de Bolsonaro com Rodrigo Maia “para destravar o Brasil”. Maia, que é do ramo, sabe que esse tal pacto não é para levar a sério. Mas Toffoli está animado. Depois do café da manhã com Bolsonaro e Maia, ficou novamente ao lado do presidente, que recebia deputadas e senadoras. Ouviu impassível quando Bolsonaro, depois de elogiá-lo (“uma pessoa excepcional”), disse: “É muito bom termos a Justiça ao nosso lado”. E completou fazendo com as mãos uma imitação de coração.

Tudo muito bom, tudo muito bem, mas acontece que, mais cedo ou mais tarde, alguma medida de Bolsonaro “para destravar o Brasil irá chegar ao Supremo. Como Toffoli poderá participar do julgamento, ele que é “a Justiça ao lado” de Bolsonaro? E, caso se declare impedido, tudo o que o presidente fez para atraí-lo não terá tido nenhum resultado. Muito esforço para nada.  É desejável, inclusive nos temos da Constituição, que os presidentes dos três Poderes tenham relacionamento harmonioso. Mas confraternizar ultrapassa os limites do relacionamento desejável. Pode caber ao Supremo o julgamento de Flávio, o filho 01. Amizade, vá lá. Amizade colorida, não dá.

Não é, mas continua sendo
Outra novela curiosa é o tal fim do Centrão. Depois que o Centrão foi até alvo de manifestantes que apoiam o Governo, ninguém mais é do bloco. Os principais dirigentes do partido, inclusive o presidente ACM Neto, sustentam que Centrão era o grupo de políticos que girava em torno de Eduardo Cunha. Rodrigo Maia? Imagine! A eleição de Rodrigo Maia eliminou os últimos vestígios do Centrão. Aliás, o PR também não é Centrão. Mudou de nome e hoje é PL. O cacique é o mesmo, Valdemar Costa Neto. Mas são personagens diferentes. O Valdemar do PR talvez fosse Centrão, o do PL não é. Simples.

O morto-vivo
Aliás, o extinto Centrão, embora já não exista mais, continua operando como se existisse. Coisas de nossa estranha vida política, se levada a sério.

Bico longo, penas coloridas
O governador de São Paulo, João Dória Jr., acaba de assumir o controle do PSDB. Seu candidato, o deputado pernambucano Bruno Araújo, se elegeu presidente do partido. Toda a análise política é sobre o “novo PSDB”, que Dória “vai levar para a direita, abandonando a tradicional postura tucana de centro-esquerda”. Pois é. Mas, tirando o afastamento da antiga geração, toda com mais de 70 anos, do comando partidário, não há mudança. Dória surgiu na política há 40 anos, na campanha de Franco Montoro para o Senado. Foi um dos marqueteiros na eleição de Montoro para o Governo. Com Mário Covas como prefeito nomeado, dirigiu a Paulistur. Foi indicado por Fernando Henrique para dirigir a Embratur. Quem o lançou candidato a prefeito foi Alckmin. Seu vice era Bruno Covas, aliado até hoje, o neto de Mário Covas. É tucano de ponta a ponta. Não muda nada. PSDB é PSDB, para o bem ou para o mal. O que muda é a formação: Dória é melhor empresário que a média tucana, e tem menos diplomas universitários. Quem diz que ele é recém-chegado ao partido não pode ser levado a sério.

Em nome de Deus
Já a frase de Bolsonaro diante de fiéis da Assembleia de Deus tem de ser levada a sério: ele perguntou ao público se já não estava na hora de haver um ministro evangélico no STF. A Constituição fala em notável saber jurídico e ilibada reputação. Não se refere em nenhum momento à filiação religiosa de Suas Excelências. Nem para favorecer, nem para prejudicar. Se alguém tiver ilibada reputação e notável saber jurídico, suas convicções religiosas não importam. Mas, se quiser, Bolsonaro pode nomear um jurista evangélico para o STF. Basta desistir da nomeação de Moro em favor de um evangélico de notável saber jurídico e ilibada reputação (e que, aliás, não permitiria que a religião influenciasse seus votos – mesmo no caso que interessa ao presidente, contrário a tornar a homofobia um crime). Ou convença Sérgio Moro a adotar a vertente evangélica do cristianismo, e então nomeá-lo. Fora isso, estará só fazendo demagogia para buscar mais apoio dos evangélicos.

O original era melhor
E é difícil levar a sério a política quando o ministro da Educação aparece num vídeo simulando uma cena de Cantando na Chuva, o clássico musical lançado em 1952. Qual a mensagem que Sua Excelência queria transmitir? Não importa: qualquer que fosse, a cena da dança na chuva protagonizada por um ministro a abafaria. Para este colunista, que acha importante manter a liturgia do cargo, a única conclusão a que se pode chegar é que a dança original, com Gene Kelly, foi muito melhor que a do ministro.


Publicado na Coluna de Carlos Brickmann

Blog do Augusto Nunes

domingo, 29 de julho de 2018

Os convencionais de Bolsonaro



Em alguns momentos, a convenção que selou a candidatura do deputado parecia um culto de uma grande igreja evangélica

Delegados com direito a voto havia apenas 96 no domingo em que o PSL selou a candidatura de Bolsonaro a presidente da República. Mas o salão de convenções onde ocorreu o ato estava lotado. A organização estimou em três mil o número de presentes. Parece justo. Se não foi isso, estava muito próximo disso. Eram três mil pessoas iguais, ou quase iguais, ou muito parecidas umas com as outras. Eram unha e carne. Farinha do mesmo saco.

O salão foi dividido em duas partes. Na frente, no cercadão VIP, umas mil pessoas tinham visão privilegiada do palco. Atrás, outras duas mil pessoas, iguaizinhas às da frente, muitas vezes precisaram ficar em pé para avistar o candidato que estava sendo lançado. Eram na maioria homens, nas duas partes do salão, mas havia também mulheres e crianças. Mesmo estas, se observadas atentamente, se pareciam com aqueles.

Difícil falar em classe social num grupo tão grande. Mas acho que dá para identificá-lo através de algumas claras opções feitas pela maioria. Na religião, por exemplo, todos são cristãos. Não importa a denominação religiosa, todos acreditam em Deus e estão quase todos certos de que se tudo der errado ainda terão Deus para lhes salvar. Por isso o lema “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”. [registro: Tudo é mais abrangente que todos; assim, o correto é Brasil acima de todos e Deus acima de tudo.]

Em alguns momentos, a convenção parecia um culto de uma grande igreja evangélica. Até a sacolinha rodou ao final do ato atendendo a pedido do mestre de cerimônias da convenção. O apelo não foi religioso, mas foi demagógico. O líder falou que o PSL não aceitava doações de empresas, para não repetir tudo o que já se viu neste quesito, por isso a contribuição dos irmãos, digo, dos presentes, seria muito bem-vinda. Não esperei para ver quem se coçou.  Em outros momentos, a sensação era de que se estava dentro de um quartel. Na hora do Hino Nacional que abriu os trabalhos, muitos homens se colocaram em posição de sentido, as mãos espalmadas grudadas nas pernas, o rosto ereto, o queixo elevado. Nem um músculo fora do lugar. Apenas as carótidas se moviam enquanto cantavam, quase gritando, o hino à pátria. Estes formavam o grupo dos vibradores. [o Hino Nacional merece todo respeito e durante sua execução todos devem permanecer em posição de respeito;
militares em posição de sentido, prestando continência;
mas, os civis, os paisanos  e todos que estiverem à paisana, ainda que militares, devem ficar perfilados, com a mão direita espalmada sobre o peito.]
 
Eram eles também os mais tensos e excitados. Muitas vezes agressivos, não conseguiam esconder seu amor à ordem unida. Quando o deputado major PM Olímpio foi chamado a falar, um deles gritou bem alto para não ter dúvida de que seria ouvido: “Manda bala!”. Ex-instrutor de tiro, Olímpio não mandou nada. Nem de seu discurso saiu qualquer coisa que merecesse destaque. Quando um dos filhos do Bolsonaro mencionou o coronel torturador em seu discurso, esta plateia de desfile militar, em coro, gritou e repetiu: “Uhu, Uhu, Ustra!”.

O Bolsonaro filho, aliás, mencionou o torturador [coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, herói nacional.]  sem qualquer expressão de emoção. Certamente não pensou um segundo sequer nos que se confrontaram com Ustra amarrados a uma cadeira ou pendurados num pau de arara. Mas chorou quando citou o capitão reformado Jorge Rodrigues, ex-chefe de gabinete do pai que morreu de infarto em abril passado.  Coesos, bastava um puxar a palavra de ordem, não importa qual, todos seguiam em coro. A imprensa, que ocupou um cercado no centro do salão, foi bem xingada. Mas bastava qualquer um se interpor entre o palco e as câmeras de TV e jornais para o mestre de cerimônia pedir para que se sentasse de modo a não impedir que as imagens da cerimônia continuassem sendo feitas.

Alguns discursos a massa entendeu perfeitamente. O de Magno Malta, óbvio demais até para aquela plateia, foi ovacionado. Mas o de Janaína Paschoal aparentemente não foi bem entendido. Quando ela disse ser muito hobbesiana, em referência ao filósofo e matemático inglês do século XVI Thomas Hobbes, uma ouvinte comentou com a outra: “Que isso? Bobagem. Ela está ótima, magrinha”.

Turismo para candidato ver
Estudo sobre turismo no Brasil será entregue aos candidatos a presidente pela Confederação Nacional do Comércio e pelo Conselho Empresarial de Turismo e Hospitalidade. A proposta é reverter curvas descendentes do setor que já representou 6% do PIB nacional e empregou 2,9 milhões de pessoas. Hoje, o Brasil recebe menos turistas que Madrid.

Turismo dois
Os principais pontos do estudo recomendam: 1) Desenvolver a infraestrutura do setor e preservar o patrimônio histórico; 2) Estimular o turismo doméstico; 3) Criar programa de turismo social na baixa temporada para famílias de menor renda; 4) Tornar a Embratur uma agência de promoção internacional; e 5) Estabelecer uma espécie de Brazil Air Pass, que ofereça vantagens a turistas estrangeiros.

Vale a pena ler de novo
O juiz Marcelo Bretas não perdoa. Na Casa De Não Ficção das revistas Época e Vogue, na Flip, ele disse que “pessoa condenada por corrupção não merece uma segunda chance”. Para ele, a sentença deveria representar a morte política do corrupto.

Outra do Bretas
Tribunal não é local de vingança, mas sim de prestação de contas.


Ascânio Seleme - O Globo

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Planalto ameaça deputados pró-impeachment com pente-fino em cargos



Objetivo é pressionar os padrinhos políticos dos parlamentares a votarem contra o afastamento da presidente Dilma Rousseff
O Palácio do Planalto está fazendo um pente-fino nos cargos de primeiro, segundo e terceiro escalões do governo para mapear as indicações políticas e usá-las como forma de evitar o impeachment da presidente Dilma Rousseff. O objetivo é tentar detectar os reais padrinhos dos ocupantes dos cargos de confiança em Brasília e nos Estados para pressioná-los a votar contra o afastamento, ou negociar essas nomeações com quem esteja disposto a defender a permanência da petista.

O governo evita informar quantos são os cargos distribuídos a afilhados de parlamentares ou caciques políticos entre os 22.000 postos comissionados na máquina federal. Sabe-se, porém, que há deputados publicamente favoráveis ao impeachment que indicaram nomes para essas vagas. Há também o que chamam de "barriga de aluguel": um parlamentar indica um nome que, na verdade, é ligado a outra legenda ou grupo político, o que torna mais difícil o rastreamento.

Estão no radar do governo, por exemplo, os afilhados do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), patrocinador do processo de impeachment de Dilma e inimigo número um do Planalto. O Planalto trata como "inaceitável" manter as indicações feitas pelo peemedebista. Outra situação já detectada envolve o principal órgão do turismo e a bancada do PMDB catarinense.

O atual presidente da Empresa Brasileira de Turismo (Embratur) é o catarinense Vinícius Lummertz, nomeado na cota do vice-presidente Michel Temer, mas indicado pelo deputado Mauro Mariani, que é presidente do PMDB de Santa Catarina e para quem o impeachment se tornou "inevitável", como disse em entrevista a um colunista de seu Estado em outubro.
O Planalto, no entanto, sabe que é muito difícil desenrolar o novelo de cada nomeação e detectar a origem da indicação política. Mas o trabalho em curso envolve vasculhar nomeações antigas, inclusive dos governos Itamar Franco, que era peemedebista, e Fernando Henrique Cardoso (PSDB).

Várias dessas nomeações foram esquecidas e os supostos afilhados ainda estão nos mesmos cargos. Esse problema não existe apenas em relação ao PMDB, mas em todos os partidos da base. Daí a tentativa de mapeamento e busca da origem da indicação política. Embora o mapeamento dos cargos seja recorrente - foi feito nos dois mandatos de Luiz Inácio Lula da Silva e já na gestão Dilma -, nem sempre se conseguiu detectar o padrinho "original" de um ocupante de cargo de confiança. Até porque há funcionários de segundo e terceiro escalões que buscam novos padrinhos políticos para manterem o comissionamento ou que escondem o apadrinhamento, justamente para evitar pressão sobre seus aliados políticos.

Ainda no segundo mandato de Lula, os articuladores políticos da gestão petista avaliaram que, dos 22.000 cargos no governo, 5.000 seriam os realmente importantes para a divisão de poder entre os dez partidos que apoiavam o presidente no Congresso naquela época.

Atualmente, em tese, há dezoito legendas que dizem sustentar Dilma, mas na prática essas siglas conseguem garantir apenas cerca de 250 votos contra o impeachment na Câmara. O número é suficiente para impedir a abertura de processo pelo afastamento de Dilma, mas pequeno para uma base de apoio ao governo - é inferior à maioria simples da Câmara, composta por 513 deputados.

O mapeamento também dará subsídio às conversas que o governo terá a partir desta semana sobre a escolha das lideranças dos partidos da base, em fevereiro. Para o Planalto, é fundamental garantir o maior número de líderes na Câmara contrários ao impeachment, pois eles vão indicar os integrantes da Comissão Especial do impeachment. Essa tarefa está a cargo do ministro da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini.

O desafio é não fazer com que essa interferência abra crises como a ocorrida no PMDB, que teve o líder Leonardo Picciani (RJ), contrário ao impeachment, destituído e reconduzido ao posto.

Fonte: Estadão – Conteúdo