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sábado, 16 de novembro de 2019

Servidores desnecessários - O Globo


Ascânio Seleme

Funcionários públicos que trabalham para governos e não para o Estado fazem parte da história da burocracia nacional 

São sem-número os exemplos de funcionários públicos que trabalham para governos e não para o Estado. Me refiro aos que foram contratados para servir o país e funcionam apenas em favor do governante, de sua causa, em prol de sua reeleição, protegendo os seus aliados, atacando seus adversários, escondendo os seus erros, enaltecendo muito além da verdade as suas virtudes. No Brasil, este tipo de servidor faz parte da história da burocracia nacional desde a proclamação da República. 

Funcionários que desrespeitam a sua condição de servidores da Nação e dos cidadãos são maus funcionários. No governo Bolsonaro eles ocupam todo tipo de função, do escalão mais primário até o núcleo íntimo do presidente, e não estão somente no Executivo. Espalham-se pelos outros poderes e trabalham sempre em favor do resultado político do governo, e não pelo sucesso de políticas governamentais. 

Nos governos de Lula e Dilma eles também estavam muito bem alojados em todos os quatro cantos da administração. Da mesma forma ocupavam cargos em outros poderes e tinham o mesmo objetivo, operar exclusivamente em favor do lulopetismo. Eles não se incomodam em trair as expectativas dos brasileiros, se essa for a orientação do seu superior, e não acrescentam uma vírgula que represente ganho ao contribuinte que paga os seus salários. O Brasil não precisa desse tipo de servidor. 

O aparelhamento petista da máquina administrativa federal, que foi desmontado após o impeachment de Dilma, vai dando agora lugar a outro aparelho, o bolsonarista. Ambos são nocivos aos interesses do Brasil e dos brasileiros. Um exemplo de como este tipo de funcionário se excede aconteceu no mensalão. Ao deixar o partido, por ver o PT se afastar “dos ideais éticos e morais”, o jurista Hélio Bicudo foi brindado com a seguinte postagem de um assessor de Lula: “Bicudo prova que não existe idade para uma pessoa se tornar um bom fdp”. 

Muito parecido com o que faz agora um bando de moleques instalado no Palácio do Planalto operando redes de achincalhamento político. Esses operadores usam robôs para espalhar elogios a Bolsonaro, bater palma para toda barbaridade proferida pelo presidente, seus filhos, seu guru ou seus ministros ideológicos, e atacar com ofensas de baixo nível qualquer um que pense de maneira diferente. 

O mais emblemático servidor que trabalhou para o governante e não para o país foi Gregório Fortunato, chefe da guarda pessoal do presidente Getúlio Vargas. Nomeado para cuidar da segurança pessoal do chefe do Estado brasileiro, Fortunato virou o seu faz tudo, seu braço direito. Era tão fiel a Getúlio, e não ao Brasil, que resolveu trocar o papel de guarda-costas do presidente para o de agressor dos inimigos do chefe. Deu no que deu.
[pelo inicio da matéria se é levado a pensar que funcionários públicos trabalhando em prol do governante é a regra.
Mas, o exemplo mais irrefutável remonta aos anos 50.
Indiscutível que no petismo o aparelhamento se tornou a regra mas é citado apenas no exemplo do Bicudo e de forma enviesada.]

O Brasil está farto de servidores que atendem ao privado e não ao coletivo. Embora inúteis e desnecessários, estão incrustados no Executivo, no Legislativo, no Judiciário e no Ministério Público. A promotora Carmen Eliza Bastos de Carvalho, que vestiu a camisa de Bolsonaro, posou para foto ao lado do deputado que destruiu uma placa com o nome de Marielle Franco, e depois julgou-se isenta para fazer parte da equipe de investigação do assassinato da vereadora, é funcionária desta categoria

[irônico é que criminosos, bandidos, foram  os que violando as leis,  colocaram a placa de forma arbitrária, ilegal, usurpando competência da prefeitura, causando danos ao patrimônio público -  mas, alguns articulistas insistem em demonizar os cidadãos que decidiram destruir o produto do crime = a placa colocada ilegalmente.

Além do crime de dano ao patrimônio público - destruíram a placa antiga, legalmente colocada - os criminosos incorreram na prática de danos morais aos familiares do homenageado pela placa que destruíram.
Isso ninguém lembra.

Já a ilustre procuradora apenas usou o seu direito legítimo de cidadão: "As pessoas confundem o que é uma atividade político-partidária com a opinião político-partidária" .

Aliás, os pais da vereadora lamentam seu afastamento do caso - afastamento que ocorreu  a pedido da promotora. Confira entrevista.] Carmen Eliza é desnecessária. 

Macarrão para chinês ver
Todo mundo sabe como o presidente adora uma massinha. No Japão, ele comeu miojo ao chegar no hotel depois de um banquete imperial. Na quinta, Bolsonaro mandou servir macarrão ao presidente do país que inventou a massa . No almoço oferecido ao chinês Xi Jinping, o cerimonial serviu macarrão como prato principal. Quem provou disse que ele estava mais que al dente, estava duro, num ponto pouco além do cru. 

Desrespeito
O prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro, do MDB, avisou que não vai mais receber mulheres sozinho em seu gabinete. Se fará acompanhar em todas as visitas por um assessor. Disse estar atendendo ordem da sua mulher , depois de um vereador amigo ter sido acusado de assédio sexual. O prefeito está, na verdade, desrespeitando as mulheres mato-grossenses, como se todas estivessem prontas para dar um golpe em sua excelência. 

Aula de comunismo
Carlos Bolsonaro foi a uma livraria na Barra e se deparou com um grupo discutindo a Revolução Russa. Ao ver aquela turma falando de Lenin, Trótski e Marx , o vereador procurou um funcionário da livraria e perguntou: “Desde quando vocês dão aula de comunismo aqui?”. O funcionário disse que não era aula de comunismo mas uma etapa de um ciclo de estudos sobre as grandes revoluções da história. Insatisfeito, o Zero Dois circulou, contou o número de presentes, e dirigiu-se ao segurança da livraria. Talvez achando que o uniforme os aproximava, perguntou a ele sobre a aula de comunismo. O segurança, educado, respondeu: “Não se trata de aula de comunismo, senhor, mas de um debate sobre revoluções”. Pois é. 
[a classificação usada por funcionários da livraria fala em debate e ciclo de estudos que não descaracterizam a classificação usado por Carlos Bolsonaro.] 

Um degrau acima
Na foto feita na escadaria interna do Itamaraty com os presidentes dos Brics, o líder russo Vladimir Putin, que deveria posicionar-se entre Xi Jinping e Bolsonaro, subiu sutilmente um degrau. Preferiu ser o último da fila a parecer baixinho ao lado do poderoso chinês e do prosaico brasileiro.

No Blog Ascânio Seleme, em O Globo, leia MATÉRIA COMPLETA



quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

A República de Curitiba

“Com o ex-juiz Sérgio Moro no Ministério da Justiça, a força-tarefa da Lava-Jato terá muito mais apoio financeiro, operacional e político para prosseguir suas investigações”


A expressão República de Curitiba é uma alusão de advogados e políticos à atuação de militares na crise política que levou ao suicídio o presidente Getúlio Vargas. Gregório Fortunato, chefe de sua segurança pessoal, foi o pivô da crise, por ter sido o principal envolvido no atentado ao jornalista Carlos Lacerda, que fazia ferrenha oposição ao presidente da República, após o qual a oficialidade da Força Aérea Brasileira (FAB), reunida no Clube da Aeronáutica, decidiu que o brigadeiro Eduardo Gomes procurasse seus amigos de alta patente da Marinha e do Exército para pedir que o ministro da Guerra, Zenóbio da Costa, exigisse a renúncia de Getúlio. Carlos Lacerda também procurou Zenóbio, mas o ministro rechaçou a proposta.

Coube ao próprio ministro da Aeronáutica, Nero Moura, porém, levar a Getúlio a exigência de Eduardo Gomes de que as apurações fossem conduzidas por um Inquérito Policial Militar (IPM). O IPM foi a instauração da chamada “República do Galeão”, uma referência à base aérea que serviria como sede da investigação do assassinato do major Rubens Florentino Vaz, no atentado contra Lacerda. O major era um dos oficiais da Aeronáutica que se encarregou da segurança de Lacerda, após o líder idealista ter sido ameaçado de morte e agredido por Euclides Aranha, filho do ministro da Fazenda Osvaldo Aranha, no Hotel Copacabana Palace.

A morte de Rubens Vaz colocou os militares no centro da crise política. Após as investigações, que incriminaram Fortunato, os brigadeiros assinariam um manifesto exigindo a renúncia imediata de Getúlio. Marinha e Exército acompanhariam a posição da Aeronáutica. “Não renuncio; daqui só sairei morto, e o meu cadáver servirá de protesto contra essa injustiça!”, respondeu Getúlio, que consumou o ato, um trauma na política brasileira até hoje, em razão da carta-testamento que deixou para a História.

Strike
Nos bastidores do Supremo Tribunal Federal (STF) está instalada uma crise envolvendo os principais protagonistas da Operação Lava-Jato, entre os quais, o ministro da Justiça, Sérgio Moro, e os ministros Gilmar Mendes, Edson Fachin, relator do escândalo da Petrobras, e o presidente da Corte, Dias Toffoli. Moro deixou a 13ª Vara Federal da Curitiba, mas legou aos integrantes da força-tarefa da Lava-Jato em Curitiba uma montanha de provas e pistas para investigações dos principais envolvidos no escândalo da Petrobras e suas 60 ramificações até agora. A força-tarefa havia sido contida pelo desmembramento das investigações, que foram redistribuídas aos juízes federais de diferentes estados. Mas a prisão do ex-diretor Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, suspeito de ser operador financeiro do PSDB, colocou em xeque a permanência de Gilmar Mendes como juiz natural do caso. Quem responde pelas decisões do Paraná é o ministro relator Edson Fachin.

Ontem, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, se manifestou contra uma reclamação apresentada ao Supremo Tribunal Federal (STF) por Paulo Preto, antes mesmo que o ministro Gilmar Mendes intimasse a PGR sobre o pedido. O engenheiro argumenta que ele não poderia ser investigado pela Lava-Jato no Paraná, uma vez que os fatos a seu respeito já estão sob análise da força-tarefa paulista da operação. O impasse pode ser um novo divisor de águas para a Operação Lava-Jato, que tem uma lista de políticos na fila para serem presos, principalmente os que perderam as eleições e a imunidade parlamentar, ou seja, o direito de serem julgados pelo STF.

Com Sérgio Moro no Ministério da Justiça, a força-tarefa da Lava-Jato terá muito mais apoio financeiro, operacional e político para prosseguir suas investigações. A lista de políticos que estão sob investigações é graúda e pode pôr de joelho o Congresso, inclusive na discussão da reforma da Previdência, que fere interesses das principais corporações envolvidas nas investigações.

Estão citados: Aécio Neves (PSDB-MG), deputado e ex-senador; Edison Lobão (MDB-MA), ex-senador; Eduardo Cunha (MDB-RJ), ex-deputado, preso na Lava-Jato; Eduardo Paes (DEM-RJ), ex-prefeito do Rio de Janeiro; Eunício Oliveira (MDB-CE), ex-senador; Fernando Pimentel (PT-MG), ex-governador de Minas Gerais; Flexa Ribeiro (PSDB-PA), ex-senador: Geddel Vieira Lima, ex-ministro, atualmente preso; Índio da Costa (PSD-RJ), deputado; Jacques Wagner (PT-BA), senador e ex-governador; Sérgio Gabrielli, o ex-presidente da Petrobras; José Serra (PSDB-SP), senador e ex-governador; Lindbergh Farias (PT-RJ), ex-senador; Marco Maia (PT-RS), ex-presidente da Câmara; Marcelo Nilo (PSB-BA), deputado; Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara; Rosalba Ciarlini (PP-RN), ex-governadora do RN; Sérgio Cabral (MDB-RJ), ex-governador do Rio de Janeiro; Valdemar Costa Neto (PR-SP), ex-deputado; e Vital do Rêgo, ministro do Tribunal de Contas da União (TCU).

Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo - CB

quarta-feira, 30 de maio de 2018

De Tancredo@pol para Todo.Mundo



Eu ajudei a segurar o Figueiredo, pois nada é pior do que saltar no escuro gritando slogans bonitos e inúteis 

Meus patrícios,
Quem viveu o meu tempo deve lembrar. Em 1981, o último dos generais presidentes perdeu a credibilidade com o atentado do Riocentro e a saúde com um enfarte. Um ano depois, ele perdeu o controle da economia, com a quebra do país. Em 1984, o general João Baptista Figueiredo perdeu o controle da rua com a campanha das Diretas. Seu sistema nervoso explodiu, e ele tentou criar crises institucionais, disse coisas que não faziam nexo e acabou indo embora do palácio por uma porta lateral, pedindo para ser esquecido. Teve tanto êxito nisso, que essas reminiscências parecem conversa de defunto.

Eu governava Minas, percebi que a campanha das Diretas naufragaria, e disso resultaria minha eleição, pelo sistema indireto criado para perpetuar o poder dos interesses que apoiavam a ditadura. Passei todo o tempo da campanha com o pé no freio. Nunca usei informações nem dei passos que agravariam a crise. Tirei as bandeiras vermelhas dos comícios. Acabei com o regime sem gritar “abaixo a ditadura”. 

Digo isso porque a situação de Michel Temer ficou parecida com a de Figueiredo. Seus gestos e sua calma beduína não se assemelham aos do general cavalariano, mas seu palácio lembra o dele em 1984, o de Vargas em 1954, o de João Goulart em 1964 e o de Costa e Silva em 1968. Tudo o que podia dar errado, errado dava. E se nada de errado podia acontecer, o presidente e seus conselheiros criaram novas encrencas.

Temer teve aquela conversa desastrosa com Joesley Batista. Quando começou o movimento dos caminhoneiros e das transportadoras, foi para uma cerimônia banal no Rio. Lá atrás, Gregório Fortunato, chefe dos capangas de Getúlio, mandou matar Carlos Lacerda. Dezenove dias depois, matou-se Vargas. Em março de 1964, contra minha opinião, Jango foi à reunião com os sargentos no Automóvel Club, e seis dias depois estava asilado no Uruguai. Em julho de 1968, Costa e Silva repeliu o estado de sítio, que duraria, no máximo, quatro meses. Em dezembro, baixou o AI-5, que durou dez anos. Como não falo mal de senhoras, passo longe de Dilma Rousseff.

Nessa estranha crise dos caminhoneiros, os colaboradores de Temer deram entrevistas desconexas e inúteis. Nem ceder ele soube. Como diria o divertido jornalista Nertan Macedo, com quem almocei outro dia, o governo foi para a televisão com a imponência de senadores romanos e a inteligência de Mike Tyson.  Quem não gosta de Temer tem todos os motivos para se regozijar, mas não deve se esquecer de que o futuro está no próximo passo, e só nele. Em outubro será escolhido um novo presidente. Muita gente dirá que as escolhas disponíveis são pobres. Nada posso fazer, mas novamente peço-lhes que olhem para trás. Em janeiro de 1964 o Brasil tinha dois candidatos: Carlos Lacerda e Juscelino Kubitschek. No clima polarizado daqueles dias, uma parte da militância e da elite política não aceitava a ideia de empossar o algoz de Vargas ou o mineiro que chamava de corrupto. Três meses depois começou uma noite que durou 21 anos.  Durante a treva, o mais entusiasmado dos lacerdistas admitia que teria sido preferível uma vitória de JK. O mesmo se deu com o outro lado. Aliás, em 1967 os dois juntaram-se, mas já era tarde.
Saúdo meus compatriotas e despeço-me.
Tancredo Neves.

Elio Gaspari é jornalista - O Globo