Ascânio
Seleme
Funcionários públicos que trabalham para
governos e não para o Estado fazem parte da história da burocracia nacional
São
sem-número os
exemplos de funcionários públicos que trabalham para governos e não para o
Estado. Me refiro aos que foram contratados para servir o país e funcionam
apenas em favor do governante, de sua causa, em prol de sua reeleição,
protegendo os seus aliados, atacando seus adversários, escondendo os seus
erros, enaltecendo muito além da verdade as suas virtudes. No Brasil, este tipo
de servidor faz parte da história da burocracia nacional desde a proclamação da
República.
Funcionários
que desrespeitam a sua
condição de servidores da Nação e dos cidadãos são maus funcionários. No
governo Bolsonaro eles ocupam todo tipo de função, do escalão mais primário até
o núcleo íntimo do presidente, e não estão somente no Executivo. Espalham-se
pelos outros poderes e trabalham sempre em favor do resultado político do
governo, e não pelo sucesso de políticas governamentais.
Nos
governos de Lula e Dilma eles também estavam muito bem alojados em todos os quatro cantos da
administração. Da mesma forma ocupavam cargos em outros poderes e tinham o
mesmo objetivo, operar exclusivamente em favor do lulopetismo. Eles não
se incomodam em trair as expectativas dos brasileiros, se essa for a orientação
do seu superior, e não acrescentam uma vírgula que represente ganho ao
contribuinte que paga os seus salários. O Brasil não precisa desse tipo de
servidor.
O aparelhamento petista da máquina
administrativa federal, que foi desmontado após o impeachment de Dilma, vai dando agora lugar a outro
aparelho, o bolsonarista. Ambos são nocivos aos interesses do Brasil e dos
brasileiros. Um exemplo de como este tipo de funcionário se excede aconteceu no
mensalão. Ao deixar o partido, por ver o PT se afastar “dos ideais éticos e
morais”, o jurista Hélio Bicudo foi brindado com a seguinte postagem de
um assessor de Lula: “Bicudo prova que não
existe idade para uma pessoa se tornar um bom fdp”.
Muito
parecido com o
que faz agora um bando de moleques instalado no Palácio do Planalto operando
redes de achincalhamento político. Esses operadores usam robôs para espalhar
elogios a Bolsonaro, bater palma para toda barbaridade proferida pelo
presidente, seus filhos, seu guru ou seus ministros ideológicos, e atacar com
ofensas de baixo nível qualquer um que pense de maneira diferente.
O mais
emblemático
servidor que trabalhou para o governante e não para o país foi Gregório Fortunato, chefe da guarda pessoal do
presidente Getúlio Vargas. Nomeado para cuidar da segurança pessoal do chefe do
Estado brasileiro, Fortunato virou o seu faz tudo, seu braço direito. Era tão
fiel a Getúlio, e não ao Brasil, que resolveu trocar o papel de guarda-costas
do presidente para o de agressor dos inimigos do chefe. Deu no que deu.
[pelo inicio da matéria se é levado a pensar que
funcionários públicos trabalhando em prol do governante é a regra.
Mas,
o exemplo mais irrefutável remonta aos anos 50.
Indiscutível
que no petismo o aparelhamento se tornou a regra mas é citado apenas no exemplo
do Bicudo e de forma enviesada.]
O Brasil
está farto de
servidores que atendem ao privado e não ao coletivo. Embora inúteis e
desnecessários, estão incrustados no Executivo, no
Legislativo, no Judiciário e no Ministério Público. A promotora Carmen
Eliza Bastos de Carvalho, que vestiu a camisa de Bolsonaro, posou para foto ao
lado do deputado que destruiu uma placa com o nome de Marielle Franco, e depois
julgou-se isenta para fazer parte da equipe de investigação do assassinato da
vereadora, é funcionária desta categoria.
[irônico
é que criminosos, bandidos, foram os que violando as leis,
colocaram a placa de forma arbitrária, ilegal, usurpando competência da
prefeitura, causando danos ao patrimônio público - mas, alguns
articulistas insistem em demonizar os cidadãos que decidiram destruir o produto
do crime = a placa colocada ilegalmente.
Além
do crime de dano ao patrimônio público - destruíram a placa antiga, legalmente
colocada - os criminosos incorreram na prática de danos morais aos familiares
do homenageado pela placa que destruíram.
Isso
ninguém lembra.
Já
a ilustre procuradora apenas usou o seu direito legítimo de cidadão: "As
pessoas confundem o que é uma atividade político-partidária com a opinião
político-partidária" .
Aliás,
os pais da vereadora lamentam seu afastamento do caso - afastamento que ocorreu a pedido da promotora. Confira entrevista.] Carmen Eliza é desnecessária.
Macarrão
para chinês ver
Todo
mundo sabe como o presidente adora uma massinha. No Japão, ele comeu miojo ao chegar
no hotel depois de um banquete imperial. Na quinta, Bolsonaro mandou servir
macarrão ao presidente do país que inventou a massa . No almoço
oferecido ao chinês Xi Jinping, o cerimonial serviu macarrão como prato
principal. Quem provou disse que ele estava mais que al dente, estava duro,
num ponto pouco além do cru.
Desrespeito
O
prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro, do MDB, avisou que não vai mais receber
mulheres sozinho em seu gabinete. Se fará acompanhar em todas as visitas por um
assessor. Disse estar atendendo ordem da sua mulher , depois de um
vereador amigo ter sido acusado de assédio sexual.
O prefeito está, na verdade, desrespeitando as mulheres mato-grossenses, como
se todas estivessem prontas para dar um golpe em sua excelência.
Aula
de comunismo
Carlos
Bolsonaro foi a uma livraria na Barra e se deparou com um grupo discutindo a
Revolução Russa. Ao ver aquela turma falando de Lenin, Trótski e Marx ,
o vereador procurou um funcionário da livraria e perguntou: “Desde quando vocês dão aula de comunismo aqui?”. O
funcionário disse que não era aula de comunismo mas uma etapa de um ciclo de
estudos sobre as grandes revoluções da história. Insatisfeito, o Zero Dois
circulou, contou o número de presentes, e dirigiu-se ao segurança da livraria. Talvez
achando que o uniforme os aproximava, perguntou a ele sobre a aula de
comunismo. O segurança, educado, respondeu: “Não se
trata de aula de comunismo, senhor, mas de um debate sobre revoluções”.
Pois é.
[a
classificação usada por funcionários da livraria fala em debate e ciclo de
estudos que não descaracterizam a classificação usado por Carlos Bolsonaro.]
Um
degrau acima
Na foto
feita na escadaria interna do Itamaraty com os presidentes dos Brics, o líder
russo Vladimir Putin, que deveria posicionar-se entre Xi Jinping e
Bolsonaro, subiu sutilmente um degrau. Preferiu ser o último da fila a
parecer baixinho ao lado do poderoso chinês e do prosaico brasileiro.
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