Presidente da Câmara afirmou que tentativa de aprovar prisão em segunda instância por projeto de lei é uma 'vontade de desgastar o Parlamento'
“Acho que o ministro Sergio Moro tenta, como sempre, a estratégia permanente dele, a estratégia de um pouco de pressão, de tentar acuar as instituições democráticas deste país”, disse Maia, em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo e ao portal UOL.
Para o presidente da Câmara, a tentativa de Moro em aprovar a possibilidade de prisão após condenação em segunda instância via projeto de lei, e não por meio de Proposta de Emenda à Constituição (PEC), “parece mais uma vontade de desgastar o Parlamento do que uma vontade de aprovar o projeto”. [Maia, passado algum tempo do seu indiciamento pela PF, volta a se sentir à vontade para posar de 'primeiro-ministro';
aprovar a prisão após condenação em segunda instância é bem mais fácil via projeto de lei - propor a PEC é a busca de retardar a adoção da medida. A PEC, demanda quatro votações, duas em casa Casa, quórum de 3/5 e tudo isso com dezenas de parlamentares dispostos a fazer tudo para retardar o projeto - muitos deles estão enrolados com a Lava Jato ou outras investigações e sabem que correm o risco de inaugurarem o novo momento de prisão.]
No grupo de trabalho que analise o texto na Câmara, a prisão em segunda instância foi rejeitada. Questionado sobre sua relação inicial com Sergio Moro, Maia disse que o ministro iniciou o governo com uma “visão distorcida” do que era o Parlamento. “Ele achou que podia marcar a data da votação do projeto e como o projeto iria tramitar”, disse.
Em março deste ano, Maia subiu o tom das críticas a Moro, a quem chamou de “funcionário do presidente Bolsonaro”. “Eu acho que ele conhece pouco a política. Eu sou presidente da Câmara, ele é ministro, funcionário do presidente Bolsonaro. É o presidente Bolsonaro quem tem que dialogar comigo. Ele está confundindo as bolas. Ele não é presidente da República, não foi eleito para isso. Está ficando uma situação ruim”, disse o presidente da Câmara.
Maia afirmou, ainda, que as Comissões Parlamentares de Inquéritos (CPIs) da Operação Lava Jato e da Lava Toga, como ficou conhecida a tentativa de investigar membros do Poder Judiciário, são “muito ruins”.
Na avaliação do presidente da Câmara, o Parlamento não pode colocar o Judiciário “na parede” como consequência de suas decisões.
“Se houver algum delito, algum desvio administrativo, alguma prova 100% concreta de desvio de algum ato de algum procurador, de juiz, ou de um ministro do Supremo (Tribunal Federal), você tem os instrumentos, ou poderia ter no futuro uma CPI. Agora, o que estou vendo é de alguma forma uma disputa”, disse. Para Maia, os senadores que apoiam a CPI da Lava Toga tentam “enfraquecer o Supremo Tribunal Federal”.