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segunda-feira, 25 de janeiro de 2021

O Plano B somos nós - Fernando Gabeira

In Blog

Vamos esperar que Bolsonaro se ilumine?

Para o Brasil escapar de tragédias maiores, precisa vacinar 150 milhões de pessoas no prazo mais rápido possível. O governo é incapaz de realizar esse plano de vacinação. Faltam vontade, competência e habilidade diplomática. Qual é a saída? Derrubar o governo não basta. É preciso também tentar, simultaneamente, salvar vidas, pois, cada vez mais, elas estão em jogo.

Se todos compreendessem a urgência dessa tarefa, veriam que, na realidade, podemos contar com o próprio esforço. Bolsonaro e Augusto Aras nos ameaçam com um golpe, é tudo que sabem fazer. São tão estúpidos que nem percebem o mundo que os envolve.

 [Tem coisas que só acontecem ou são sugeridas,  quando são contra o presidente Bolsonaro e que caso se tornassem  realidade,  o Brasil e os brasileiros seriam os prejudicados.
Decretar que derrubar o governo não basta é indicio que pretendem, ou pretenderam, derrubar. Perceberam que não vão conseguir e travestem o recuo em  conclusão. Quem iria derrubar? As tropas já estão sendo treinadas em Cuba?
As vacinas. O Brasil é o único país do mundo que para a vacinação contra a covid-19 ter efeito, é necessário vacinar e com urgência, quase 90% da população alvo.
Esquecem os arautos do pessimismo que essa urgência anti Bolsonaro não vai colar  - o Japão, nação que se destaca pela sensatez e respeito aos seus cidadãos, só começa a vacinação em fevereiro próximo.
Aqui, pelo atraso da vacinação, muitos inimigos do Brasil chegam a acusar o presidente de genocídio. Tais figuras, fossem cidadãos  japoneses estariam, no mínimo, propondo que o primeiro-ministro nipônico  fosse condenado a praticar o haraquiri. Afinal, Trump e Bolsonaro já receberam sugestão de se suicidarem.]

E é sobre o mundo que precisamos conversar. As relações internacionais não podem ser monopólio de um pequeno grupo de fanáticos. Precisamos, de todas maneiras, romper o isolamento do país e deixar dentro de suas linhas estreitas apenas o governo e seus seguidores.  Precisamos de vacina num momento em que não há abundância: grande parte já foi comprada pelos países ricos.

Percebo que os governadores se movem mas encontram dificuldades. Para um só estado, se colocar no mercado internacional é difícil. Mas talvez não seja tanto para um consórcio de estados. A Bahia e outros estados do Nordeste poderiam tentar fechar negócio com a Sputnik V.  
Não há autorização da Anvisa? Ela é muito parecida com a de Oxford, que já foi analisada. E já foi aprovada em muitos países.
A Argentina está capacitada a produzir a vacina Oxford-AstraZeneca. Vai exportar para a América do Sul, menos para o Brasil. 
Mas o Rio Grande do Sul não poderia estabelecer uma relação com o governo argentino e abrir uma exceção? 
Nesse movimento, poderia carregar também Santa Catarina.

O governo brasileiro proibiu empresas de comprar vacinas. Isso é inconstitucional. A obrigação do governo é fornecer vacinas gratuitas para todos e não se meter em iniciativas particulares. Um pool de empresas poderia negociar com a Pfizer, a Moderna e a Janssen, que está por vir, e, além de vacinar seus funcionários, doar grandes partidas para a sociedade. [sobre negociar com a Pfizer, sugerimos clicar aqui.]

Naturalmente que um plano nacional de vacinação é mais eficaz. Mas o governo não consegue comprar tudo. A iniciativa passa para quem tiver as vacinas nas mãos; ninguém conseguirá evitar que os trabalhadores da saúde a apliquem, ainda que sejam vistos pelos burocratas como desobedientes. É possível dizer que talvez seja tarde demais. A ineficácia do governo e seus preconceitos contra a China foram longe. Mas, ainda assim, é possível estabelecer um diálogo com a China fora do âmbito do governo.

O problema é que ficamos dependentes de China e Índia. Juntas elas têm quase 3 bilhões de habitantes. Só na primeira fase, a Índia quer vacinar 300 milhões. A China pretende vacinar 50 milhões até o Ano Novo Lunar, que cai em 14 de fevereiro. É muita demanda interna. [Índia com 1,3 bilhão de habitantes,quer na primeira fase vacinar pouco mais de 20%- o Brasil tem que vacinar, e correndo, quase 90%] Um movimento nacional pela vacina não seria mais apenas para pressionar Bolsonaro. Ele já é uma carta fora do baralho, na medida em que fracassou parcialmente na mais importante tarefa nacional.

A campanha publicitária pela vacinação já está sendo feita por artistas independentes. Se logramos, de alguma forma, negociar a vacina, talvez possamos romper com esse impasse doloroso. É possível argumentar que talvez seja tarde. O ideal era ter compreendido isso antes, mas seria difícil nos convencer quando o fracasso do governo ainda não era nítido. O vírus não vai embora. Pelo contrario, ele se adapta à realidade num ritmo mais rápido do que muitas cabeças humanas. Enquanto tivermos a pandemia, a vacina será a única saída estratégica. Não há escolha.

Vamos esperar que Bolsonaro se ilumine? 
Ou que Ernesto Araújo torne-se simpático ao governo chinês ou mesmo ao americano? Tanto na sua política internacional quanto nos conselhos cotidianos para romper o isolamento, ignorar máscaras, tomar hidroxicloroquina, eles nos levam à autodestruição. Diante da grande tarefa, o governo é incapaz. Somos o plano B, se a sociedade não ocupar também esse espaço, travaremos uma estéril batalha verbal. 
 
Blog do Gabeira - Fernando Gabeira, jornalista