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sexta-feira, 8 de dezembro de 2023

Macron, Milei e Maduro frustram plano de Lula para o Mercosul - O Globo

Lula planejou um grand finale para seu mandato como presidente temporário do Mercosul. A ideia era usar o Rio como cenário para o anúncio do sonhado acordo com a União Europeia. Faltou combinar com os russos — ou melhor, com os franceses e os argentinos.

O presidente esperava concluir uma negociação que se arrasta desde 1999. Quando os dois blocos pareciam se aproximar dos finalmentes, surgiram novos obstáculos em Paris e Buenos Aires. Na semana passada, Emmanuel Macron chamou a proposta de “antiquada” e “mal remendada”. Acrescentou que o texto seria “completamente contraditório” com o discurso ambiental do Brasil.

Pode ser uma nova desculpa para o velho protecionismo, mas não há chance de acordo sem o aval da França. Lula reconheceu o impasse ao dizer que não vai “desistir do Macron”.

Com a Argentina, a conversa tende a ser ainda mais complicada. Javier Milei se elegeu com um discurso agressivo [e razões não faltam para sua postura, que é melhor definida como sendo SINCERIDADE.] contra o Mercosul. Chegou a insinuar um rompimento com o bloco, que descreveu como uma união aduaneira em favor de empresários “que não querem competir”.

É improvável que ele leve a ameaça adiante, mas o Planalto sabe que não pode mais contar com boa vontade e espírito colaborativo na Casa Rosada.

Quando Lula já se conformava com o fracasso do acordo comercial, Nicolás Maduro resolveu inventar um conflito na fronteira com Roraima.O presidente da Venezuela informou que pretende anexar dois terços do território da Guiana. Fez um plebiscito fajuto, adulterou as linhas do mapa e nomeou um governador para uma região que pertence ao país vizinho.

A crise irritou o governo brasileiro e ofuscou o que sobrava da cúpula do Mercosul. Ontem, enquanto os presidentes conversavam na Praça Mauá, os Estados Unidos faziam manobras militares no espaço aéreo da Guiana.

A Casa Branca já prometeu “apoio incondicional” à soberania do país, uma forma diplomática de avisar que defenderá as petroleiras americanas contra uma ofensiva de Caracas. 

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Em maio, Lula estendeu o tapete vermelho a Maduro e disse sofrer preconceito por ser “amigo na Venezuela”. Agora talvez perceba que o chavista age como amigo da onça.

 

Bernardo Mello Franco, colunista - O Globo

 

domingo, 18 de agosto de 2019

Bolsonaro Intervém na PF - O presidente e as bananas - O Globo



Bernardo Mello Franco

O presidente e as bananas

Jair Bolsonaro não prima pela discrição. Na quinta-feira, o presidente atropelou a Polícia Federal e anunciou a remoção do superintendente no Rio. Na manhã seguinte, bateu no peito e confirmou a interferência política: “Quem manda sou eu, vou deixar bem claro. Eu dou liberdade para os ministros todos, mas quem manda sou eu”. O mandonismo presidencial já fez vítimas em diversas áreas do governo — do fiscal do Ibama que o multou ao diretor do Inpe que não aceitou esconder os números do desmatamento. Agora chegou a vez dos órgãos de combate à corrupção e ao crime organizado. Segundo Bolsonaro, o delegado Ricardo Saadi deixaria o posto por problemas de “gestão e produtividade”. A declaração irritou o diretor-geral da PF, Maurício Valeixo, que desmentiu o presidente em nota oficial. O episódio esvaziou ainda mais o ministro Sergio Moro, a quem a polícia está subordinada.

A troca de Saadi foi antecipada por outro motivo: sob o comando dele, correm investigações sensíveis ao clã presidencial. O delegado despacha na Praça Mauá, mas coordena casos com potencial para abalar o Planalto. Um deles envolve o senador Flávio Bolsonaro, suspeito de ocultar bens nas eleições de 2014. Na época, o faz-tudo Fabrício Queiroz já assinava cheques em seu gabinete na Alerj.  Também corre na PF fluminense o inquérito sobre a trama montada para encobrir os assassinos da vereadora Marielle Franco. O crime ocorreu há 522 dias, mas os mandantes ainda não foram identificados. [há suspeitos pelo assassinato presos, - sendo a prisão preventiva, portanto, sem julgamento.
Destaque-se que os suspeitos estão presos pela participação em outros crimes.] O que se sabe até aqui aponta para a participação das milícias.

A Polícia não é o único órgão de controle sob pressão. A interferência de Bolsonaro também ameaça a Receita Federal. Nos últimos dias, o superintendente do Rio, Mario Dehon, foi posto na frigideira. Auditor de carreira, ele resiste a entregar as cabeças de dois subordinados: o chefe da Alfândega de Itaguaí [a Receita alega que o chefe da Alfândega é insubstituível - quanto a chefe de atendimento, ao que sabemos,  está na matéria como Pilatos está no Credo.] e a chefe de atendimento na Barra da Tijuca, bairro onde vive a família do presidente. O Porto de Itaguaí é alvo de cobiça das milícias que atuam na Zona Oeste do Rio. A corregedoria da Receita já afastou auditores suspeitos de colaborar com as quadrilhas. Hoje a Alfândega é comandada por José Alex Nóbrega, um servidor respeitado na carreira.

O presidente do Sindifisco, Kleber Cabral, afirma que o afastamento de Dehon pode desencadear uma crise de grandes proporções. “A Receita não pode sofrer interferência política. Se isso se confirmar, a reação interna será grande”, avisa. Na quinta-feira, Bolsonaro disse que não quer ser “um presidente banana”. Ao intervir em órgãos de Estado, ele ameaça bananizar a República.  

Saber mais, clique aqui. 

Bernardo Mello Franco - Publicado em  O Globo


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domingo, 7 de agosto de 2016

Paes, um prefeito bem trapalhão

Paes sempre ardeu na tocha das vaidades. Pelo bem do Brasil e dos atletas, desejo toda a sorte a ele 

O sapato furado do prefeito Eduardo Paes, flagrado na entrevista ao jornal O Globo, mostra que ele vem gastando muita sola nas ruas. O prefeito hiperativo do Rio olímpico estava de terno sem gravata, como de hábito, disse estar dormindo só três horas por noite, e pediu trégua. “Não para mim, mas para a cidade.”

A trégua será automática se a Olimpíada transcorrer em relativa paz e com poucas falhas de organização. Não há implicância pessoal com o Rio de Janeiro. Ao contrário. Existe até benevolência. Se fizer sol, então, o carioca e o turista aproveitarão cada minuto de luz, beleza e festa nesse cenário de águas e montanhas. Já é assim no Porto Maravilha, na Praça Mauá, no Museu do Amanhã, no VLT (Veículo Leve sobre Trilhos). São legados positivos de um prefeito que às vezes lembra o comediante Peter Sellers, no filme Um convidado bem trapalhão (The party).

Paes espera ser vaiado na festa de encerramento da Olimpíada 2016. Foi o que disse ao presidente interino, Michel Temer: “Fique tranquilo que o senhor receberá a vaia da largada, e eu recebo a da saída”. Por que tudo mudou tão rápido? Em 2012, Paes foi reeleito no primeiro turno com votação recorde: 64,60% dos votos válidos. Mais de 2 milhões de eleitores renovaram a confiança nele. Era um dos prefeitos mais populares do Brasil. 

Elogiado pela capacidade de trabalho, pelo amor ao Rio, pela visão de administrador. “Vou trabalhar muito. Dar a cara a tapa, sem receio de voltar atrás caso tome alguma atitude errada”, disse ao ser reeleito. Trabalhou muito – ninguém nega – e hoje leva tapas a torto e a direito. Pede desculpas a toda hora pela verborragia e por “imprevistos”. A queda da ciclovia, o ápice dessa onda negativa, ele chama de “a cereja ruim do bolo”. Paes foi atropelado pela crise nacional. Seus maiores parceiros eram o “padrinho” Sérgio Cabral e a “presidenta” Dilma Rousseff. Ambos caíram em desgraça, ele ficou sem pai nem mãe.

Paes não cumpriu uma série de promessas de campanha, da habitação popular à educação e saúde públicas. As Clínicas da Família e as UPAs carecem de eficiência, nada de ensino integral, cadê as 50 mil novas casas populares? A plataforma de Paes era incrível! Cultura, lixo, esgoto, produções culturais, UPP social, asfalto liso, iluminação. Não deu. Ele dirá que deu e apresentará números verdadeiros e fantasiosos.

Mas Paes teve a coragem de derrubar aquele viaduto horrendo, o Elevado da Perimetral, e revitalizar a zona portuária a decadência daquele lugar lindo não fazia jus ao Rio. Nenhum outro prefeito teria peitado a enxurrada de críticas que se seguiu. Nenhum. E hoje fica todo mundo maravilhado com o novo espaço. O BRT – corredor exclusivo dos ônibus – era uma necessidade óbvia e antiga para o transporte no Rio. Óbvia, mas quem fez foi Paes. Então, não dá para achar que tudo foi obra divina.

Sempre foi falastrão e presepeiro. Em 2016 se superou. Seu diálogo gravado com Lula, dizendo que o ex-presidente tinha “alma de pobre” por ter sítio e barquinhos em Atibaia, menosprezando a cidade fluminense de Maricá naquela linguagem de falso malandro carioca, foi uma mancha indelével. Brincadeira de mau gosto, disse. Pediu desculpas, envergonhado. Mas não parou de ser Paes.

Já na pré-Olimpíada, disse que ia botar um canguru pulando para a delegação australiana se sentir em casa. Reagia com uma piadinha inadequada à justa queixa do mau estado dos apartamentos da Vila dos Atletas. Pediu desculpas, deu a chave da cidade para a delegação. Ganhou um canguruzinho de presente.  Disse agora que o Rio “não pode pagar conta de caviar para os outros” – os integrantes do Comitê Olímpico Internacional. O presidente do COI, Thomas Bach, ficou irritado. Brincadeira. Paes ainda não pediu desculpas. Para a surpresa de todos, o prefeito pegou a tocha olímpica e saiu correndo com ela, quebrando a regra internacional que proíbe esse privilégio a políticos no cargo.

Paes sempre ardeu na tocha das vaidades. Durante a campanha de reeleição, em julho de 2012, ao inaugurar a primeira fase das obras da zona portuária, ele chegou a pensar em se fantasiar de Pereira Passos, prefeito do Rio entre 1902 e 1906, responsável pela maior reforma urbana da cidade. Assessores convenceram Paes a desistir da pataquada. Um ator representou Pereira Passos.

Além de vaidoso, teimoso. Talvez pague pela insistência em apoiar Pedro Paulo como seu sucessor na prefeitura do Rio. Não há como engolir toda a história cabulosa das agressões do deputado à ex-mulher. Não engulo. Desejo a Paes toda a sorte do mundo na Olimpíada. Pelo bem do Rio, do Brasil, dos atletas e dos amantes dos Jogos. O prefeito já disse o que fará depois. “Vou tomar um porre. Vou ouvir samba e beber cerveja.” Cuidado com a ressaca.

Fonte: Ruth de Aquino - Época