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segunda-feira, 17 de julho de 2023

O PT e O STF tem um projeto de poder - A ruína do país em cinco letrinhas - Gazeta do Povo

Vozes - Luís Ernesto Lacombe

Aliados contra o Brasil

Rosa Weber, presidente do STF, na abertura do ano judiciário, ao lado de Lula. -  Foto: Rosinei Coutinho/STF

Eles têm um projeto... um projeto de poder. O PT e a maioria do STF. O partido está empenhado nisso desde a sua criação.  
Nada do que fez até hoje foi pelo bem do Brasil, nada. 
O Supremo, com tantos integrantes petistas ou aliados circunstanciais do PT, acabou contaminado. 
Entregou-se a artimanhas para liberar Lula, para tirá-lo da cadeia e lançá-lo candidato à Presidência. 
Entregou-se a uma guerra contra os antipetistas, numa perseguição desenfreada, alucinada, que envolve uma série de ilegalidades: inquéritos, censura, prisões.  
O PT e a maioria do STF, por enquanto, estão unidos, no prenúncio de uma desgraça completa.
 
Quando o STF ainda não era o “editor do Brasil”, um “poder moderador no semipresidencialismo”, um “poder político”, o PT aprontava sozinho. O partido votou contra a Constituição de 1988, porque queria um texto ainda mais socialista do que aquele que foi aprovado. 
O PT votou contra o Plano Real, considerado pelo partido uma medida eleitoreira... 
Votou contra a Lei de Responsabilidade Fiscal, contra a minirreforma trabalhista no governo Temer, contra a MP da Liberdade Econômica, contra a reforma da Previdência, contra o Marco Legal do Saneamento Básico. O PT é contra todas as tentativas de privatização de estatais e, com a ajuda do então ministro Ricardo Lewandowski, conseguiu indicar, de novo, políticos para os cargos de diretoria e conselhos de administração dessas empresas.
 
    O PT trabalha pela criação de uma lei da censura. 
O STF já assumiu o papel de censor, mesmo que não haja permissão legal para isso
O PT é contra melhorias no sistema eleitoral. A maioria do STF também. 
O PT trabalha pela criação de uma lei da censura. O STF já assumiu o papel de censor, mesmo que não haja permissão legal para isso, mesmo que as leis proíbam qualquer forma de censura.
 
 O Judiciário corta cabeças livremente. Ignora imunidade parlamentar, graça presidencial, cassa mandato por possível prática irregular vislumbrada num futuro. 
E o PT pede mais, pede e comemora a eliminação de seus opositores. 
O partido é contra o debate, contra o confronto de ideias, quer impor “verdades”, uma só opinião. 
A maioria do STF age da mesma forma.
Para prender opositores vale tudo. Vale também dificultar ao máximo a defesa deles. Já os bandidos de verdadecorruptos, lavadores de dinheiro, traficantes de drogas, assassinos, sequestradores –, para esses a máxima proteção.  
O PT e a maioria do STF têm apreço pela leniência a crimes reais, pela impunidade, pelo desencarceramento dos condenados corretamente, dentro do devido processo legal. Eles mandam e desmandam, são loucos pelo poder absoluto.

Veja Também:

  
  A covardia que nos leva às profundezas

    Destruidores das leis e da esperança

    Há loucos no poder

O PT ama o globalismo, o governo mundial, a Agenda 2030 da ONU, a nova ordem para o fim das liberdades. A maioria do STF também. Petistas e ministros do Supremo dão giros pelo mundo para falar disso tudo. Sem jamais abrir mão do luxo, das mordomias, de hotéis e restaurantes caríssimos, de boa comida, boa bebida.  
O PT e o Judiciário vivem entregues à gastança, gastam, gastam, como se não houvesse amanhã. E, nesse ritmo, talvez não haja mesmo... 
Eles são os mestres da arrogância, da soberba, e o que vem, depois disso, é a ruína de um país.

Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos

Luís Ernesto Lacombe, colunista - Gazeta do Povo - VOZES


quinta-feira, 13 de julho de 2023

Barroso confessa: perdeu, mané! - Gazeta do Povo

Rodrigo Constantino

Um blog de um liberal sem medo de polêmica ou da patrulha da esquerda “politicamente correta”.

Em um país sério, jamais um ministro de Corte Suprema seria palestrante empolgado em evento de estudantes comunistas. Em um país sério, esse ministro jamais afirmaria, com orgulho, que "derrotou" o candidato de direita. 
A constatação inapelável é a de que o Brasil não é um país sério. Nem perto disso.
 
O ministro Luis Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse na noite desta quarta (12) que enfrentou e derrotou o “bolsonarismo”. A declaração foi dada após ser vaiado por um grupo de estudantes na abertura do 59º Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE). A fala entrou na mira de deputados da oposição, que consideram entrar com um processo de impeachment contra o magistrado por cometer crime de "exercer atividade político-partidária". [o único empecilho é que o STF em julgamento extraordinário antecipado já inocentou o ministro Barroso. Valeu a regra do ministro Fux,  quando  presidente do STF, sentenciou: 'mexeu com um,mexeu com todos'. ]

As vaias a Barroso ocorreram por conta da atuação dele em processos na Corte, como o piso da enfermagem e o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), em 2016. “Nada que está acontecendo aqui me é estranho. Já enfrentei a ditadura e já enfrentei o bolsonarismo. Não tenho medo de vaia porque temos um país para construir. Nós derrotamos o bolsonarismo para permitir a democracia e a manifestação livre de todas as pessoas”, disse.

Quem seria esse "nós" a que ele se refere? O STF? E quem deu ao Supremo a missão de "construir um país", em vez de preservar a Constituição?  
O mesmo Barroso, não faz muito tempo, reconheceu que o Poder Judiciário virou um "poder político", admitindo o ativismo inconstitucional. 
Foi o mesmo ministro que já confessou seu desejo de "empurrar a história", e que, provocado com perguntas educadas e legítimas em Nova York, rebateu: "Perdeu, mané!"

Enquanto isso, o ministro Flávio Dino, da Justiça, reafirmou que o governo quer regulamentar as redes sociais e que as plataformas são usadas para divulgar as “ideias da direita e do poder econômico”. As falas foram dadas durante a abertura do 59º Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), que teve também um protesto com vaias ao ministro Luis Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Está tudo funcionando perfeitamente em nossa democracia, como podem perceber. Golpistas são os patriotas! 
 Chegou a mim uma thread de um Alexandre Andrada, que não conhecia, mas que é professor do Departamento de Economia da UnB. 
Seu pensamento retrata com perfeição a desgraça que se abateu sobre o Brasil. É o pensamento de muito tucano, gente "moderada", alguns que se dizem até "liberais". Eis o que ele argumenta: - Pra mim está cada dia mais óbvio que as elites (política, econômica, jurídica, jornalística, etc.) se juntaram no famoso “grande acordo nacional” para acabar com duas ameaças ao status quo: a Lava Jato e o Bolsonarismo. Eu, particularmente, acho que a Lava Jato estava se transformando num instrumento jurídico extremamente arbitrário e perigoso.  
E acho que o antigo status quo PT-PSDB era bem melhor que PT-Bolsonarismo. 
Para acabar com o bolso-lavajatismo, o STF se lavajatou em alguma medida. Estão usando de heterodoxias para “fazer justiça”. Isso me assusta um pouco, pq é muito fácil desse poder se corromper e desandar. Moraes é Moro com mais inteligência e foco. Que seja só uma transição.
 
Vamos criar uma ditadura "transitória" para combater os abusos lavajatistas e a direita "tacanha".  
Vamos defender o arbítrio, a censura e a perseguição para resgatar o status quo da hegemonia esquerdista, quando PT e PSDB promoviam o teatro das tesouras. 
Vamos rasgar a Constituição para proteger a liberdade. 
Vamos destruir a democracia para salvá-la. E tudo isso terá prazo de validade, claro.
 
Os comunistas queriam o fim do estado, mas aceitavam o socialismo no processo, a ditadura do proletariado. 
Estranho que jamais o aparato tirânico criado para tal finalidade recuou por conta própria, se autodestruiu e instaurou uma era de liberdade depois. Que coisa estranha, não?

Rodrigo Constantino, colunista - Gazeta do Povo - VOZES


Reforma tributária, gela e Ciroc - Gazeta do Povo

Marcel van Hattem - Vozes

Um cruzeiro com Wesley Safadão com direito a show particular em uma ilha das Bahamas é mais importante do que discutir bem uma reforma tributária que aguarda décadas para ser pautada e aprovada. Surreal? Infelizmente, não: é real
Para poder embarcar na última segunda-feira (10) e tirar uma semana de férias antes do recesso, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), determinou que a semana anterior seria de "esforço concentrado”. O que isso significa? 
Sessões no plenário diárias, de segunda a sexta-feira, para deliberar sobre a Proposta de Emenda à Constituição número 45. 
O relatório de mais de 140 páginas, antes guardado a sete chaves, fora apresentado dias antes, alterado na noite anterior à votação e novamente alterado – acredite se quiser – durante o próprio processo de votação! E sempre com alterações substanciais…
 
Na semana passada, todas as reuniões de comissões, todas as audiências públicas e quaisquer outras atividades parlamentares programadas para serem realizadas na Câmara foram canceladas por ordem do presidente Lira.  
Até mesmo as inofensivas sessões solenes, algumas com centenas de convidados confirmados, dentre os quais muitos já em Brasília com passagens e hospedagens pagas dos próprios bolsos, foram canceladas. Sua Alteza determinou, não tem discussão. O regimento permite? Não importa! Rei Arthur estava irredutível!  
Na semana seguinte precisava embarcar com Wesley Safadão às Bahamas, nada poderia tirar seu foco de aprovar uma reforma tributária antes disso.
 
A dita reforma tributária aprovada, sobre a qual tratarei no mérito mais minuciosamente em um próximo artigo, é um descalabro sob o ponto de vista da sua tramitação. 
 Foi apresentada como PEC 45 em 2019 sob a presidência de Rodrigo Maia e com seu apoio. 
Era originalmente uma boa PEC, aliás, que sempre contou com meu apoio e do partido Novo por simplificar a cobrança de tributos via Imposto sobre o Valor Agregado (o IVA, adotado pela esmagadora maioria dos países no mundo). 
Tramitou, porém, sem que se aprovasse na época relatório em comissão especial. Não teve apresentação de emendas, debate de texto, votação de destaques, nada!
E assim se fez um processo legislativo torto, desengonçado, ilegal e antirregimental para aprovar uma reforma tributária que sempre foi necessária, mas cujo conteúdo final foi, no mínimo, completamente duvidoso. Nem mesmo seu relator, deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), conhecia o conteúdo integralmente
Após a aprovação do texto principal, por exemplo, ao apresentar sua "emenda aglutinativa” que não aglutinava nada com nada, Ribeiro demonstrava da tribuna da Câmara surpresa ao perceber que um tal “hidrogênio verde”, cuja inclusão no rol de produtos sujeitos a regimes especiais foi solicitada pelo deputado Mauro Benevides (PDT-CE), não constava do texto que tinha sido “subido" pela assessoria no sistema
E agora? Nem Lira sabia bem o que dizer…

Aguinaldo Ribeiro, já à época relator da PEC, havia caído em desgraça na virada de 2020 a 2021 porque apoiou o autor da PEC, Baleia Rossi (MDB-SP), como candidato de Maia à presidência da Câmara justamente contra Sua Alteza Arthur Lira, que concorria então pela primeira vez. Como consequência, Lira determinou em um de seus primeiros atos como presidente, há dois anos, o fim dos trabalhos da comissão especial enquanto Ribeiro lia o seu relatório na comissão, e focou na reforma do imposto de renda proposta pelo governo Bolsonaro. Foi então aprovada na Câmara, mas está parada no Senado.

O mundo dá voltas: neste 2023 Aguinaldo e Baleia redimiram-se ao apoiarem Lira em sua reeleição e, assim, voltava a PEC 45 à pauta. Mas a tramitação foi como Sua Alteza quis, não como o regimento da Câmara determina. 
Criou-se um grupo de trabalho sem respeitar a proporcionalidade partidária, com apenas 12 deputados, dos quais três do Amazonas que tem apenas 4 milhões de habitantes e nenhum de toda a região Sul do Brasil, que possui 30 milhões; e com somente um deputado dentre os mais de 200 que se elegeram em 2022 e que não exerciam mandato na legislatura passada.

Veja Também:

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Em resumo: foi criada uma comissão especial fake, composta por um grupo de deputados selecionados a dedo e presididos pelo deputado petista Reginaldo Lopes (PT-MG), cujo relator, o mesmo Aguinaldo Ribeiro, lavrou seu texto de acordo com o que considerava ter colhido de “contribuições” dos seus membros.  
Não teve apresentação de emendas, debate de texto, votação de destaques, nada! 
Só um relatório, guardado a sete chaves, apresentado no dia 22 de junho, e que, para a surpresa de ninguém, passou a ser criticado por setores econômicos e entes federativos, bem como por parlamentares, pelo seu conteúdo e, principalmente, pela total ausência de debate.
 
Anunciada a semana do “esforço concentrado” pré-cruzeiro de Safadão para aprovar a dita reforma tributária, houve périplo a Brasília de governadores, prefeitos, especialistas no tema de diversas áreas (em particular do direito tributário) e de lobistas. 
Se Brasília fosse uma peça musical, a dissonância seria sua gritante marca. 
Mas a determinação era votar, era aprovar, independentemente do lancinante escarcéu. O prazo? Claro, sexta-feira para que Sua Alteza pudesse embarcar.

    Nem mencionarei aqui a liberação de emendas parlamentares e nomeações de cargos durante a semana para não generalizar a prática fisiológica.

O novo texto foi finalmente protocolado na noite de quarta-feira (5), às 20h48: 140 páginas dentre as quais mais de quarenta com alterações propostas à Constituição. Não é qualquer coisa. 
Mesmo assim, muito do que havia sido acordado, inclusive com governadores e outros atores políticos, não constava do texto apresentado. 
Nova versão, prometia Arthur Lira da Mesa já se aproximando da meia-noite, seria apresentada no decorrer do dia seguinte. 
Enquanto isso, parlamentares poderiam se revezar na tribuna a partir das 11h da manhã de quinta-feira para discutir um texto que, já estava claro, não seria o texto votado.

Finalmente, às 18h55 do mesmo dia, após encerrada a discussão do tema – mas não do texto que iria a votação –, o relatório do texto que seria votado foi protocolado. Trechos importantes, porém, ficaram de fora. Trava indiscutível para conter aumento de carga tributária na União? Fora. Fundo de Desenvolvimento Regional que contemple também regiões pobres do Sul e Sudeste? Fora – a regulação agora passaria a ser feita apenas por Lei Complementar.

Mesmo assim, tinha de votar. E aprovada foi a "reforma", com votação aberta às 21h e encerrada às 21h49, com 382 votos a favor e 118 contra (incluindo o meu voto contrário, a começar em protesto contra rito tão vergonhoso). 
Nem mencionarei aqui a liberação de emendas parlamentares e nomeações de cargos durante a semana para não generalizar a prática fisiológica, pois houve muitos votos convictos a favor da reforma que não dependeram desse incentivo. 
Mas que houve troca de favores, houve, e muita!
 
Minutos antes do encerramento da votação do texto principal, porém, nova surpresa: mais especificamente às 21h43 protocolava-se uma emenda aglutinativa ao texto, completamente antirregimental, que criava novos tributos (contribuições estaduais), prorrogava benefícios fiscais às montadoras, além de incluir mais exceções passíveis de regimes especiais. 
Ainda atônito com a notícia, quem entende de processo legislativo e defende o Parlamento não conseguia acreditar na desfaçatez. 
Mesmo assim, a vitória da manobra foi fácil: mais 379 votos a 114.  
A única notícia boa veio apenas no dia seguinte: os incentivos às montadoras foram retirados em destaque feito ao texto por apenas um voto. O restante, só alegria – e tristeza para quem paga impostos.

Nesta semana, reina a paz na Câmara dos Deputados aqui em Brasília. A dissonância da semana que passou foi substituída pelo silêncio de um plenário vazio que não realizará uma única sessão – afinal, o cruzeiro com Sua Alteza partiu da Flórida na segunda-feira e nada pode acontecer na sua ausência. A Câmara está parada.


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A dita reforma tributária foi aprovada, desse jeito atabalhoado mesmo, e agora vai para o Senado. 
Mas o cruzeiro de Wesley Safadão, mostram os vídeos que correm na internet, está animado. 
E a gente assiste aqui, de camarote, às imagens de muita gela, Ciroc, a turma curtindo a balada e dando virote. 
E o povo, aqui de bobeira, sem ninguém na geladeira pra aprender que o amor venceu e não é brincadeira.

Marcel van Hattem, deputado federal em segundo mandato - Coluna Gazeta do Povo - VOZES


segunda-feira, 1 de maio de 2023

A capivara Filó e Anderson Torres - Rodrigo Constantino

VOZES - Gazeta do Povo

Sei que muita gente ficou comovida com o caso da capivara Filó, bicho de "estimação" de um influenciador que, até então, eu desconhecia totalmente. Também sei como funciona a natureza humana e compreendo esses casos que, por um acaso qualquer, ganham dimensão nacional e mobilizam milhões de pessoas em torno de uma causa. Condenar o Ibama e defender a permanência da capivara com o influenciador virou uma questão de honra para muitos.

Mas preciso confessar aqui: não estou nem um pouco preocupado com o destino dessa capivara. Não me joguem pedras! Adoro bichos, tenho cachorros e já tive gatos, sou incapaz de fazer maldade contra os animais. Mas um país que para para discutir o destino de uma capivara enquanto vive um estágio avançado de ditadura, com presos políticos e tudo, é uma nação fadada ao abismo. É preciso ter algum senso de prioridade!

Daniel Silveira, deputado que recebeu a graça do presidente Bolsonaro, segue preso pelo crime de opinião, inexistente no nosso código penal.  
Anderson Torres, que sequer estava no Brasil naquele fatídico e suspeito 8 de janeiro, continua preso há meses, definhando na prisão, deprimido, e sua família corre o risco de perder o sustento. [importante: não pode ser esquecido que Anderson Torres retornou ao Brasil de livre e espontânea vontade, portanto, mais um fatos que deve ser considerado,favorecendo  libertação.] 
O general "sombra" de Lula, que comandava o GSI, foi visto nas imagens dentro do local, ciceroneando os "terroristas", prestou depoimento e segue solto.
 
Torres é um preso político alvo da crueldade do ministro Alexandre de Moraes, cuja frieza é diretamente proporcional ao desprezo que sente pela Constituição.  
O ex-ministro de Bolsonaro corre risco de vida se for mantido no cárcere, num país que devolve até helicóptero para traficante
É um acinte, um absurdo, um descalabro e um escárnio para com quem defende um país mais sério e justo.
 
Nesse contexto, paralisar um país para debater o destino de uma capivara não faz o menor sentido, é de uma insensibilidade ímpar, coisa de quem não consegue calibrar mesmo as prioridades. 
O Brasil pode ter a censura estabelecida institucionalmente com esse PL relatado por um comunista, a desgraça do atual desgoverno começa a ficar evidente, e vamos ignorar tudo para discutir a capivara Filó?! Não contem comigo para esse circo...
 
Tenho lugar de fala: meu passaporte segue cancelado, minhas contas bancárias continuam congeladas e minhas redes sociais ainda estão sob censura, impedindo que mais de dois milhões de seguidores tenham acesso aos meus comentários nas redes sociais. 
Tudo isso porque... sei lá o motivo, pois não há qualquer crime sequer mencionado contra mim!  
Então não esperem que eu considere normal o país que está virando uma Venezuela a olhos vistos fique preso num embate sobre o que fazer com uma capivara!
 
Por mim, a capivara pode virar churrasco! Não ligo mesmo! E, aliás, recomendo um sobrevoo pelo clube Itanhangá, na Barra, para se ter noção de quantas "Filós" tem por lá: são centenas! 
 Só tomem cuidado, pois capivara é um depósito de carrapatos. 
Não confundam o bicho com um Lulu da Pomerânia, fica a dica...
 
Às vezes acordo com aquela sensação de pouca esperança no futuro do nosso país, e me esforço muito para não deixar esse sentimento tomar conta de mim.  
Mas admito ter dificuldades de vez em quando. 
E, na ocasião de uma nação inteira ficar mergulhada no assunto "o destino da capivara do influenciador", confesso quase perder as esperanças. É desanimador...


Rodrigo Constantino, colunista - Gazeta do Povo - VOZES


terça-feira, 25 de abril de 2023

Quando o medo submete (quase) todos - Percival Puggina

         Não é de hoje que observo nos parlamentos brasileiros, muito especialmente neles, titulares de mandato receosos em suas relações funcionais com o Poder Judiciário. 
Nem sempre esse sentimento é marcado apenas pela eventual tensão entre quem faz a Lei e quem faz cumprir a Lei. Com crescente frequência, o Poder Judiciário cria a lei conforme preceituam, de modo objetivo e persistente, estranhas correntes do Direito ensinadas nas Universidades. 
Acontece que essas novidades ideológicas não estão incorporadas à Constituição ou a qualquer convenção internacional a que o país esteja legalmente submetido por norma brasileira. Ou seja, é puro abuso de poder.
 
Gravíssimo problema surge, então. Quando um tema qualquer chega ao Poder Judiciário, é dele a última palavra. 
 E o que disser, terá que ser cumprido, mesmo que a sentença ou a ordem entre em conflito com o que estiver escrito na Lei. 
Estou falando, já se vê, em insegurança jurídica. 
Na mesma medida em que a base da formação jurídica despeja mais e mais “operadores do Direito” nas carreiras do Poder Judiciário e suas cortes, mais difícil fica o trabalho dos advogados que veem a Lei desfolhar-se sob o vendaval de doutrinas que escapam a seu manuseio. Nem os membros do próprio Judiciário e das Instituições independentes, que junto a ele atuam, são imunes ao que aqui descrevo.
 
Evidentemente, o resultado disso é poder e lá no topo dos poderes de Estado vai produzir péssimas consequências para a sociedade. Refiro-me, especificamente, ao medo que os congressistas passaram a ter do Poder Judiciário, um sentimento do qual poucos e valentes escapam. Mesmo os que não têm motivos factuais para recear o braço da Justiça, têm medo de sua balança, ou de seu mau olhado. 
Ponderam as consequências do voto negado a um candidato a ministro, da redução do orçamento proposto, da recusa ao pedido de um ministro para rejeição do voto impresso
Têm medo de negar a prisão de um deputado irreverente, ou de defender um senador que caiu em desgraça perante a Corte.

Por isso, é vedado, mesmo em brincadeira, sugerir o que em público ministros já disseram um do outro e para o outro. Por isso, é possível assistir a lei ser violada e a liberdade de opinião e expressão ser submetida a uma tutela não prevista na Constituição.

É o abandono da sociedade ao arbítrio. O fenômeno ocorre porque, de algum modo, o medo de um poder que escapou a todo controle se esconde sob a imitação vagabunda de uma virtude – a prudência submetendo quase todos num constrangido mecanismo de autoproteção. O que, na prática, significa simplesmente tudo. E nada tem a ver com democracia, ou com Estado de Direito.

Percival Puggina (78), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.


sábado, 8 de abril de 2023

Politizar a monstruosidade é simplesmente abjeto - RodrigoConstantino

Gazeta do Povo - VOZES

Um blog de um liberal sem medo de polêmica ou da patrulha da esquerda “politicamente correta”.

O Brasil ficou em choque com a notícia do ataque monstruoso numa creche de Blumenau, em SC. 
Um assassino usou um machado para matar crianças. 
Não pode haver nada mais terrível do que isso. É o tipo de tragédia que nos paralisa e nos faz pensar sobre o que é o homem e até onde pode ir sua maldade.

Fenômenos assim não possuem explicação simplória. Desde sempre os seres humanos debatem a essência do Mal. Santo Agostinho deu colaborações importantes ao tema. Meu cuidado, ao comentar brevemente o assunto na minha live Tudo Consta no mesmo dia, foi fugir das causas únicas.

Podemos - e devemos - debater a impunidade, a falta de estrutura familiar, a ausência de Deus na vida de muita gente, que fica sem propósito elevado, o esgarçamento dos valores morais, as redes sociais influenciando malucos, a própria doença mental etc.  
São várias abordagens possíveis e conjuntas, e como nesse caso o monstro usou uma arma branca, a esquerda não conseguiu culpar a arma de fogo, como de praxe.

Mas eis que um comentarista da Globo News, Octavio Guedes, resolveu culpar Bolsonaro! Ao falar da desgraça em Blumenau, Guedes disse que vivemos o problema de uma sociedade adoecida por "anos de discurso de ódio", por um discurso "contra a escola". Ele acredita haver um "caldo" contra a escola que vem da "extrema direita" que levou Bolsonaro ao poder. [e, com as bênçãos de DEUS, o trará mais algumas vezes.]

A jornalista Paula Schmitt comentou: "Quando um monstro mata crianças, e um jornalista explica que o monstro fez isso porque ele tinha razões para fazê-lo, o jornalista está dizendo a todos os futuros assassinos de crianças que suas motivações serão entendidas, e que sua culpa será sempre atenuada pelas circunstâncias".

O deputado Nikolas Ferreira desabafou: "No momento de dor, ao invés da esquerda pedir penas mais duras e rígidas contra criminosos, ou debater o tema com seriedade e profundidade, ficam fazendo política em cima de caixões de crianças pra colocar culpa em opositor político. Vão se tratar".

Barbara, do canal TeAtualizei, foi na mesma linha: "
Querem criminalizar a oposição, fazer com que 50 milhões de pessoas sejam silenciadas, usando uma tragédia com crianças. A ditadura no Brasil segue a passos largos. O pensamento único deve ser implementado e os dissidentes presos e exterminados. Stalin e Hitler faziam assim".

Leandro Ruschel buscou alguns fatos sobre o monstro para esclarecer pontos importantes: "O que já se sabe sobre o cachorro louco de Blumenau, que assassinou brutalmente crianças pequenas numa creche: 1) O sujeito foi preso quando adolescente por ter esfaqueado o próprio padrasto. Como era "de menor", pouco tempo ficou preso.  
2) Quando adulto, foi preso por posse de drogas, lesão corporal e dano a propriedade. 
3) Segundo a polícia, durante o ataque de hoje, o sujeito estava em surto psicótico. Claramente, um animal que deveria estar enjaulado. Melhor ainda seria modificar a lei brasileira para permitir a pena de morte para crimes desse tipo". [e a pena de prisão perpétua para os monstros que os apoiam; nossa opinião é que só a MILITARIZAÇÃO DAS ESCOLAS protegerá nossas crianças, nossos filhos = além de melhorar a disciplina e desestimular amebas como a de Blumenau, são sempre covardes, e sabem que se tentarem em uma escola militarizada serão abatidos.]

Talvez o Mal sempre vá existir entre nós. Há seres humanos capazes das maiores monstruosidades, eis um triste fato. Podemos debater, porém, atenuantes. A impunidade vem à mente, claro, por mais que loucos suicidas não sejam impedidos por medo de punição.

Deputados federais alinhados à pauta da segurança pública querem celeridade na aprovação de projetos que endureçam penas em casos de homicídios qualificados em escolas e creches e propõem que haja segurança armada nas instituições de ensino. [talvez, por razões burocráticas nas escolas particulares a militarização seja inviável; mas nas escolas públicas a MILITARIZAÇÃO prevalecerá sobre qualquer outro sistema, havendo, se muito, um pequeno aumento de custos e o aluno terá mais propensão a respeitar o professor militar, que também terá autoridade e condições para, se necessário, abater qualquer invasor.]  

Após o ataque em uma creche que deixou quatro crianças mortas e quatro feridos em Blumenau (SC), parlamentares da oposição e independentes ao governo federal apresentaram, nesta quarta-feira (5), pedidos de requerimento de urgência para votar diretamente em plenário propostas com potencial de coibir atividades criminosas no ambiente escolar. [uma certeza temos: a esquerda vai se opor e tentar sabotar, ou retardar, as medidas que são urgentes e inadiáveis;
-afinal, bom ter presente que uma ministra do DESgoverno Lula, não lembramos de qual ministério (parece ser o da 'cultura' ou dos 'direitos humanos'), foi contra o BOPE  subir a favela da Maré no Rio - é a que tem uma única linha no currículo 'irmã de uma vereadora assassinada'.]

Além da tragédia em Santa Catarina, houve outra em uma instituição de ensino na semana passada - em São Paulo. Um adolescente, de 13 anos, atacou professoras e alunos de uma escola estadual na capital paulista, com uma faca. Uma professora de 71 anos morreu e quatro pessoas ficaram feridas.

Diante da pura barbárie, o ser humano se sente muitas vezes impotente e em choque. Como pode alguém, um ser humano, matar crianças com um machado numa creche, do nada?! Quem tem alguma sensibilidade e empatia ficou de estômago embrulhado com essa história tenebrosa.

Mas o comentarista da Globo News achou que era a hora de atacar Bolsonaro e o "discurso de ódio" da "extrema direita". É inacreditável a fala de Octavio Guedes, usando o ex-presidente para basicamente justificar a monstruosidade do assassino de crianças
Que postura abjeta e desprezível! 
A emissora pretende mantê-lo no quadro de comentaristas mesmo após esse comentário inaceitável e absurdo? [talvez as coisas mudem no ex-maior grupo de comunicação do Brasil; hoje mesmo, o jornal O Globo publicou editorial, no qual, ainda que timidamente, começa a reconhecer o quanto o Brasil foi prejudicado e continua sendo pelos que fizeram o L.
Em nossa opinião uma medida que provaria a sinceridade de propósitos daquele Grupo seria demitir, sumariamente, aquele casal que ainda apresente o que foi o maior telejornal do Brasil e que inocentaram, ao vivo e em rede nacional, um criminoso condenado por 9 juízes, tudo referendado em três instâncias.]


Rodrigo Constantino, colunista - Gazeta do Povo - VOZES

 


segunda-feira, 18 de julho de 2022

Querer lula na presidência equivale à mulher ingênua que opta a viver com um pilantra - Sérgio Alves de Oliveira

A tese que tento desenvolver é no sentido da similaridade entre a paixão e a união de uma mulher com um homem que lhe trará a desgraça, e a  escolha "democrática",de um presidente cujo perfil evidencia que  também causará  a desgraça de um povo .[que nada... o 'descondenado' é a alma mais honesta do mundo; apesar de condenador por vários crimes, por nove juízes, em três instâncias, foi descondenado devido ao fato que enviaram os processos para CEP errado.] Mas para que não sejamos alvo de insinuações maldosas  de "lacradores" de todo tipo,ou acusados de "marxista","feminista",ou seja lá o que for,a união a"dois" sobre a qual estamos cogitando é absolutamente independente do aspecto biológico "macho" e "fêmea".[de qualquer forma na linguagem neutra, versão mais científica, também não pode ser definida como entre um ser humano com vagina e outro ser humano com pênis.]
 
Por isso a "vítima" poderá ser também um homem,ou qualquer outra "coisa",ou "mistura". Somos pela total liberdade sexual de cada um, ou seja,como diriam  os franceses "chacun,chacun". Assim, cada qual "dá" o que gosta  e o que  sente vontade. E ninguém mais tem nada a ver com isso. Escolhemos a mulher (normal) como "vítima" nesse quadro hipotético,caso contrário teríamos que relacionar uma infinidade de "outros" tipos sexuais. E faltaria espaço nessa "democracia" dos costumes.
 
O eleitorado do "réu" Lula, nem importando se em quantidade capaz de elegê-lo presidente em outubro próximo, ou não, tem uma característica muito parecida à da mulher que se apaixona por um sujeito que todos sabem que não presta; Todo mundo  sabe,que o sujeito não vale nada,"menos" a própria mulher "vítima", a mulher apaixonada..
Comumente esse tipo de atração é ditada mais pelo coração e pelos sentimentos de satisfação e de  prazer do que pela razão propriamente dita.
 
Geralmente a mulher tomada pelo "vírus-do-amor" fica absolutamente insensível ante todos os questionamentos e eventuais conselhos para que se afaste do seu "amado". E desse modo evite infelicitar a sua vida. Deve ser daí a origem da expressão "o amor é cego".Que dá direito a apaixonar-se por qualquer "pilantra". E todos devem ter exemplos bem claros desse tipo de situação à sua volta.
 
Certamente não é desprovido de algum fundamento o apelido dado a Lula da Silva de "encantador de burros". E esse é o grande perigo de uma (pseudo)democracia,ou de uma "democracia" mal-formada,deturpada,"mascarada",que às vezes pode trazer mais prejuízos e infelicidade a um povo do que um governo reconhecidamente  ditatorial, absolutista. [a democracia à brasileira é a única que a pretexto de preservá-la certas autoridades violam seus princípios  - uma democracia que no entendimento de algumas autoridades tem que ser destruída para continuar presente.]
Nelson Rodrigues deixou imortalizadas duas frases respeitantes à democracia:(1)"a maior desgraça da democracia é que ela traz à tona a força numérica dos idiotas,que são a maioria da humanidade",e (2) "os idiotas vão tomar conta do mundo,não pela capacidade,mas pela quantidade.Eles são muitos".
 
Mas uma mulher ingênua, "burra", que se apaixona por um pilantra qualquer e passa a ter  uma vida em comum com ele tem muito mais facilidade de se "livrar" do "problema"  do que um povo que "casa" eleitoralmente com alguém e a ele fica  preso por regras jurídicas rígidas durante um certo tempo,e que seria o "preço" pago por esse povo para ter essa "democracia",mesmo que corrompida. [o pior é que o povo mesmo sentindo na pele as consequência da INcompetência e autoritarismo do governante, nas eleições usa o dedo podre para tentar reeleger o algoz; é um risco que o DF está correndo: Ibaneis, INcompetente e autoritário governador pretende ser reeleito e há o risco dos 'dedos podres', também chamados de idiotas,  o reelegeram. 
A salvação do DF está no retorno do Arruda que tem votos para tratorar o defensor do povo de Correntes - PI.]
Será que os idiotas serão maioria nas eleições de outubro de 2022, enquadrando os brasileiros,vergonhosamente, perante os olhos de todo o mundo - a minoria injustamente- nas trágicas definições de Nelson Rodrigues?
 

Sérgio Alves de Oliveira - Advogado e Sociólogo
 

 

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2022

PAVLOV E A PANDEMIA - Dagoberto Lima Godoy

O que está acontecendo conosco, os habitantes da Mãe-Terra?

Pessoas aturdidas pelos vaivéns dos protocolos impostos pelas autoridades, as oscilantes orientações da Organização Mundial da Saúde e as opiniões contraditórias nas redes sociais, tudo amplificado pela mídia eufórica: usa e não usa (máscaras), fica e não fica (em casa), fecha e abre (o comércio); faz e não faz (tratamento precoce); proíbe e não proíbe (festas, espetáculos, formaturas) ... 
Quando parecia que a coisa estava melhorando, veio a nova polêmica da exigência do “passaporte de vacinação”, levando a protestos de multidões e até greves de caminhoneiros.

Com tamanha confusão somada ao ambiente de terror realimentado constantemente pelos meios de comunicação e pela politização da pandemia, além de suspeitas de interesses ocultos por trás da desgraça toda, não é de estranhar o importante aumento registrado nos distúrbios de comportamento e neuroses, em geral. E isso já seria outro motivo para a preocupação de todo mundo.

Mas, e se não fosse só isso? E se houvesse mais que uma pandemia como tantas outras que ocorreram na história da humanidade? Fique calmo e acompanhe meu raciocínio.

Você de certo sabe bem da técnica de “lavagem cerebral” utilizada para obter confissões e até conversões dos inimigos de ditaduras ou, segundo alguns, por certas seitas religiosas ou místicas para obter conversões e curas milagrosas. Pois bem, o mesmo famoso Ivan Pavlov que descobriu os reflexos condicionados utilizados na “lavagem”, desvendou também os efeitos da “estimulação incoerente”: a mudança de comportamento não se deveria ao conteúdo político ou religioso da doutrinação, mas sim ao efeito acumulado de estimulações contraditórias, aplicadas com   fluxo cuidadosamente planejado.

Depois de Pavlov, outros pesquisadores foram adiante até concluírem que, para reduzir um homem a uma obediência canina, não seriam necessários discursos gritados (como os de Hitler ou Mussolini) ou quilométricos (como os de Fidel), nem de torturas físicas ou mentais. Bastaria regular o fluxo de informações contraditórias para levar o sujeito à mutação súbita de suas convicções, especialmente se as informações fossem ministradas de forma silenciosa e discreta, de preferência, subliminarmente -- a vítima nem perceberia. E, ainda mais, os resultados seriam mais rápidos se a técnica fosse aplicada coletivamente, em situações em que as pessoas sentissem cortadas as suas raízes sociais e afetivas!

Então, já percebeu a relação (que estou sugerindo) com o que está acontecendo, no mundo todo, desde o surgimento da Covid-19?

O autor é engenheiro civil, mestre em Direito, empresário e escritor.


quarta-feira, 12 de janeiro de 2022

Estado de coma - Brasil tem tudo, menos o essencial: qualquer melhora no bem-estar da sua população - J. R. Guzzo

O Estado de S. Paulo

O universo político e os seus subúrbios discutem com paixão, no momento, os futuros ministros do ex-presidente Lula, a volta da propaganda política obrigatória no rádio e televisão ou a guerra pessoal do presidente da República contra a vacina da covid. Discutem mais uma tonelada de questões parecidíssimas; são levados extremamente a sério por si mesmos e pelos comunicadores sociais. Não há o menor risco, é claro, de mudarem de ideia ou de mudarem de assunto. O resultado prático disso tudo é uma desgraça. Fica garantido, enquanto as coisas continuarem assim, que o Brasil não vai resolver nenhum dos problemas que tem.

O paciente está com câncer; estão recomendando Melhoral ou, pior ainda, um tratamento com o curandeiro João de Deus. É uma calamidade que não poderia estar mais clara: desde 1980 a renda per capita do brasileiro não sai do lugar em que está. O Brasil, nesse período, chegou a um PIB entre US$ 1,5 trilhão e US$ 2 trilhões
Acaba de bater mais um recorde de exportações, com US$ 280 bilhões em 2021.  
Tem mais de 230 milhões de celulares, e outro tanto de computadores. Tem trinta e tantos anos de “Constituição Cidadã”, de “estado de direito” e de instituições protegidas à força de inquérito policial, cadeia e censura. Tem Poder Moderador. Tem Uber. Tem tudo, menos o essencial: uma melhora, qualquer melhora, no bem-estar da sua população. Está parado, aí, há 40 anos. 
 
Ninguém liga, é claro, porque quem tem voz neste País é a minoria que anda de SUV, ganha acima de R$ 15 mil ou R$ 20 mil por mês e faz “home office”. Mas a renda da população está há 40 anos em estado de coma – e isso é o atestado mais arrasador de fracasso que uma sociedade poderia ter. 
Para que serve um governo, no fim das contas, se não for para tornar mais cômoda a vida das pessoas? 
O poder público no Brasil, definitivamente, não faz isso – governa, com obsessão, para ficar com a maior parte da riqueza nacional e para cuidar unicamente de seus próprios interesses. O resultado é que o País vai ficando cada vez mais longe das sociedades desenvolvidas – e mesmo das nações pobres que vêm vencendo a sua pobreza.

Estar parado há 40 anos é a prova mais espetacular de que tudo o que o poder público fez, durante esse tempo todo, deu errado. Não se mexe no essencial – a concentração de renda cada vez mais alucinante por parte do Estado. Tanto faz, daí, a “política econômica”. Já tivemos Figueiredo-Delfim, Sarney-Mailson, Collor-Zélia, FHC-Malan, Lula-Palocci, Dilma-Mantega, Temer-Meirelles e Bolsonaro-Guedes. Para a renda do brasileiro, deu tudo na mesma.

J. R. Guzzo, colunista - O Estado de S. Paulo


terça-feira, 10 de setembro de 2019

Nova CPMF é estelionato eleitoral - Bernardo Mello Franco

O Globo


O APETITE DE GUEDES

Paulo Guedes inventou uma nova sigla para ressuscitar a velha CPMF. Em entrevista ao “Valor Econômico”, o ministro admitiu que o imposto, agora rebatizado de ITF, é “feio” e “chato”. Faltou dizer que seu retorno seria um estelionato eleitoral.

[sem a menor dúvida a volta da CPMF - sob qualquer nome, qualquer alíquota, cumulativa ou não, incidindo em uma ou duas pontas - a volta da CPMF é o mais FLAGRANTE ESTELIONATO ELEITORAL.

Caso o Congresso aprove tal excrescência só nos resta conferir ao presidente JAIR BOLSONARO,  nas eleições 2022, a maior derrota já sofrida por um candidato a presente - e, se os brasileiros possuírem um mínimo de dignidade e vergonha na cara (infelizmente, qualidades que nas eleições de 2002 a 2014 demonstraram não possuir) todo deputado que votar a favor da imundície também será cassado pelo povo no SUPREMO TRIBUNAL ELEITORAL - por favor, não confundir com o TSE.

Torcemos para que o presidente Bolsonaro tenha amor por sua carreira política e desista da tão infeliz ideia - caso não desista o recurso é confiar no Congresso  (apesar do risco grande de uma decepção) e lá a ideia ser rejeitada.

Além da ser um ESTELIONATO ELEITORAL é também um atentado contra a nação brasileira, já que o imposto provou ser inútil - para nada serviu e mesmo assim a antiga CPMF (agora confirmando o velho ditado: 'o que é ruim, sempre pode piorar') quando foi expurgada (em 2007) foi aumentado o IOF - a pretexto de compensar perdas pela fim da  imunda contribuição - elevação que seria temporária e vigora até hoje - transcorridos 12 anos. Qualquer operação de empréstimo que se faz, sofre uma pancada de 0,38% do IOF no primeiro dia - mais da meta do 'rendimento' mensal da poupança e tributação diária.]


Como deputado, Jair Bolsonaro passou duas décadas atacando a CPMF. No governo FH, chamou a contribuição de “desgraça” e “maldita”. No governo Lula, disse que um deputado favorável à cobrança merecia o “troféu cara de pau”.  Como presidenciável, ele declarou diversas vezes que não recriaria o imposto. “Não admitiremos a volta da CPMF. É um imposto ingrato, que incide em cascata e não é justo. Não existirá a CPMF”, garantiu, às vésperas do primeiro turno.  Ao assumir o poder, Bolsonaro mudou o tom. Com o caixa apertado, ele permitiu que a equipe econômica defendesse a recriação do imposto. Na semana passada, passou a dizer que topa a “nova CPMF” se houver “uma compensação para as pessoas”. Não explicou se ela viria na forma de abraço ou de tapinha nas costas.

Guedes tem apetite. Ele calcula que o imposto “feio” e “chato” pode render até R$ 150 bilhões por ano ao Tesouro. Seria dinheiro suficiente para suspender julgamentos estéticos e empurrar a cobrança goela abaixo da população. O ministro também já começou a mudar o discurso. Para exaltar a “nova era”, ele costumava desprezar todas as iniciativas dos antecessores. Agora diz que a CPMF, criada por tucanos e mantida por petistas, “arrecadou bem e por isso durou 13 anos”.
Ao defender a recriação do imposto, Guedes se filia a um tipo conhecido dos brasileiros: o economista que abandona a cartilha liberal na primeira chance de morder o bolso do contribuinte.

Na entrevista ao “Valor”, ele disse que a ressurreição do tributo poderá ser trocada por uma nova desoneração da folha de pagamentos. Mais uma vez, os empresários levarão o refresco enquanto os pobres e a classe média pagam a conta.

Bernardo Mello Franco - O Globo

domingo, 24 de fevereiro de 2019

Maduro e os militares

O ditador da Venezuela só não caiu porque tem sustentação das Forças Armadas, altamente corruptas

É altamente constrangedor, mas a verdade é que o último elo de sustentação do agonizante regime de Nicolás Maduro são as Forças Armadas da Venezuela e elas são, antes mesmo de Hugo Chávez, incluídas entre as mais corruptas das Américas.  Essa avaliação percorre os gabinetes militares do governo Jair Bolsonaro, que busca portas e atalhos para manter-se informado não apenas sobre a situação e os movimentos do próprio Maduro, como também sobre a disposição e as divisões dentro das Forças Armadas, que têm mais de mil generais. Um espanto!

Maduro é tratado no Brasil, no governo e fora dele (exceto em parte do PT), como patético, mas, ainda assim, perigoso. As Forças Armadas são fundamentais para apagar esse último adjetivo, mas insistem em apoiá-lo.  Um dia depois do grande momento de Bolsonaro, com o lançamento da “nova Previdência”, a quinta-feira foi tomada pela surpresa e pela discussão sobre a decisão de Maduro de fechar as fronteiras entre os dois países para impedir a entrada de caminhões com alimentos e medicamentos.  De certa forma, é uma declaração de guerra, ao menos de guerra branca. Curiosamente, o vice Hamilton Mourão vai participar da reunião do Grupo de Lima, em Bogotá, e Bolsonaro se reuniu com os ministros Augusto Heleno (GSI) e Santos Cruz (Secretaria de Governo), além de Ônyx Lorenzoni (Casa Civil), sem convocar o chanceler Ernesto Araújo, só contatado por telefone. Depois, o porta-voz Rêgo Barros evitou um tom beligerante ou qualquer vestígio de ameaça, só avisando que a “Operação Acolhida” está mantida.

A situação é delicada por vários motivos, principalmente porque há um cerco de 50 países à Venezuela, isolada, desabastecida, em desgraça, mas ninguém sabe, ou diz, qual a saída de fora para dentro. Em articulação, ou até arregimentados pelos EUA, o Brasil e a Colômbia atraíram para si não apenas os holofotes, mas a responsabilidade pela solução do problema, e sem a via diplomática, implodida por Maduro. Sem a via diplomática, o que resta?  No mais, a gravíssima crise na Venezuela envia claros sinais para o Brasil, até porque, lá, o regime Chávez surgiu de um acordo entre a cúpula das Forças Armadas e parcelas da esquerda, sendo o próprio Chávez o instrumento e uma síntese dessa aliança. No Brasil, a “nova era” é resultado da indignação das Forças Armadas, muito particularmente do Exército, e de parcelas da direita, sendo Bolsonaro o instrumento e uma síntese dessa aliança.

Lá e cá, o estopim foi a exaustão, dos militares, de setores políticos e da própria população, diante da desordem, da corrupção, dos abusos das elites. Logo, os objetivos foram os melhores possíveis, mas, entre a teoria e a prática, entre a intenção e a execução, há um inferno cheio de variados demônios.  Como todo autoritário, convicto de que é dono da verdade, da pureza, das melhores intenções e da solução, Chávez foi cometendo um erro atrás do outro, até chegar ao mais dramático deles: não preparou um sucessor e, ao morrer, jogou o seu país no colo de Maduro, despreparado e irresponsável.

O mais chocante é que, assim como deram suporte à aventura Chávez, os militares garantiram a ascensão de Maduro. Logo, como lamentam generais brasileiros, os dois fatores confluíram: a velha corrupção arraigada nos comandos venezuelanos e a nova e doce sensação de poder, com a política entrando e inundando os quartéis.

Os militares brasileiros não têm absolutamente nada a ver com os venezuelanos. Profissionais, muito bem treinados, respeitados no mundo todo e sempre líderes das pesquisas, eles estão no centro das discussões sobre as saídas para o país vizinho, mas com uma certeza: o uso da força não é uma dessas saídas.

O Estado de S. Paulo - Eliane Cantanhêde
 
 

sexta-feira, 6 de outubro de 2017

PGR tem de investigar Janot; se é fato o que diz advogado, ex-procurador-geral acaba na cadeia

Ao Estado não cumpre delinquir para combater a delinquência. Ao contrário! Numa democracia, só é aceitável o triunfo da lei. Miller já andou a dizer que, se cair em desgraça, levará Janot consigo

Não tem jeito. Os novos elementos que vêm à luz e que resultaram na patuscada da holding “JJ&F”Janot, Joesley e Fachin — evidenciam, cada vez mais, que uma cadeia de ações criminosas resultou nesta que se transformou numa das maiores crises políticas da nossa história. Até porque é preciso convir, não? Os métodos empregados nesse caso certamente não devem se distinguir muito dos usados nos demais. Vamos ver.

Willer Tomaz, advogado que trabalhou para o grupo J&F e que acabou preso, depôs da CPMI da JBS nesta quarta. E fez uma afirmação que tem de ser investigada pelo Ministério Público Federal. E é preciso começar a fazê-lo já, não depois. Segundo disse, Rodrigo Janot, ex-procurador-geral da República, tinha um contrato de gaveta com Joesley Batista desde setembro do ano passado. Em que consistia? O compromisso era “pegar Michel Temer”. O depoimento foi prestado a portas fechadas. A informação foi publicada pelo jornal “Valor Econômico”.

Segundo Willer, a estratégia começou a ser desenhada, então, naquele mês. A delação dos diretores da JBS, que acabou vindo a público em maio, tinha ali seu marco zero. E o ponto de chegada era o presidente da República. O advogado ainda tratou de questões que lhe diziam respeito de perto. Lembrou ter ficado 76 dias sem prestar depoimento. Mais: ele acusa Janot de ter forjado relações suas com os senadores peemedebistas Romero Jucá (RR) e Renan Calheiros (AL) só para que permanecesse refém de Edson Fachin, o relator no STF que se fez sócio de Janot nessa empreitada supostamente moral.

Sim, Willer é um investigado na operação. Já esteve preso. Aí alguém poderia objetar: como dar crédito a alguém com esse perfil? Pois é… A Câmara terá de se posicionar sobre a nova denúncia oferecida por Janot contra o presidente Michel Temer, certo?  Quem está na raiz dessas novas acusações? Ninguém menos do que Lúcio Funaro, veterano no mundo do crime, personagem de outras operações. Quer dizer que um ex-advogado da JBS é considerado suspeito quando acusa Janot, mas um delinquente profissional consegue fazer valer a sua palavra quando acusa Temer?

Ademais, reconheça-se: a acusação de Willer é, quando menos, verossímil. Ou não ouvimos Francisco de Assis e Silva, um dos delatores, numa das gravações, a dizer a Joesley que “eles [os procuradores] querem foder o PMDB”? Cumpre lembrar também a entrevista que Eduardo Cunha concedeu à Época. Ele afirma que o objetivo do procurador-geral era mesmo chegar ao presidente. O ex-deputado foi além: Janot queria que ele acusasse Temer.

Não há mais por onde escapar. A Procuradoria Geral da República não pode tergiversar. Chegou a hora de investigar Janot. Sob pena de se desmoralizar. Novas revelações vieram a público sobre Marcelo Miller, aquele então procurador que era braço direito do Acusador geral da República. Todos sabíamos até agora que havia deixado o serviço público para, três dias depois (a lei lhe impõe três anos), ser advogado do escritório que celebrava o acordo de leniência do grupo J&F.

A coisa é pior. Segundo aponta a VEJA Online, “registros do controle de acesso ao prédio em que o escritório Trench, Rossi, Watanabe Advogados tem sede mostram que o ex-procurador visitou o local pelo menos cinco vezes antes de se desligar do Ministério Público. O escritório de advocacia prestou serviços para a J&F, que controla a JBS, no âmbito da negociação do acordo de leniência. Miller é suspeito de fazer um jogo duplo e atuar, ao mesmo tempo, como advogado e procurador, oferecendo informações privilegiadas ao grupo.”

O que mais esperar? Ao Estado não cumpre delinquir para combater a delinquência. Ao contrário! Numa democracia, só é aceitável o triunfo da lei. Miller já andou a dizer que, se cair em desgraça, levará Janot consigo. Pura bravata? O ex-procurador, com efeito, conhecia as entranhas da PGR. Até agora, nota-se um esforço coletivo para eliminá-lo da história. Janot chegou a pedir a sua prisão temporária. Fachin negou. Quando chegou a hora de agravar as medidas cautelares, com a conversão da prisão temporária em preventiva, o ex-procurador-geral deixou de lado o seu antigo esteio. Para Miller, ele não pediu mais nada.

Aos poucos, os detalhes sórdidos daquela urdidura — que a defesa do presidente Michel Temer chama, muito apropriadamente, de tentativa de golpe — começam a se impor. E cobram uma resposta do Ministério Público Federal.  E que se note: a ser verdade que Janot mantinha um contrato de gaveta com Joesley e a se comprovar que sabia das lambanças de seu braço direito, não é despropositado imaginar que ainda possa ir para a cadeia. Afinal, convenham: se a acusação recorrente que se faz a Lula é que não tinha como não saber o que faziam suas muitas centenas de subordinados, cumpre perguntar sobre Janot: ele ignorava a atuação daquele que era seu principal operador na PGR?

Fonte: Blog do Reinaldo Azevedo



 

domingo, 7 de agosto de 2016

Paes, um prefeito bem trapalhão

Paes sempre ardeu na tocha das vaidades. Pelo bem do Brasil e dos atletas, desejo toda a sorte a ele 

O sapato furado do prefeito Eduardo Paes, flagrado na entrevista ao jornal O Globo, mostra que ele vem gastando muita sola nas ruas. O prefeito hiperativo do Rio olímpico estava de terno sem gravata, como de hábito, disse estar dormindo só três horas por noite, e pediu trégua. “Não para mim, mas para a cidade.”

A trégua será automática se a Olimpíada transcorrer em relativa paz e com poucas falhas de organização. Não há implicância pessoal com o Rio de Janeiro. Ao contrário. Existe até benevolência. Se fizer sol, então, o carioca e o turista aproveitarão cada minuto de luz, beleza e festa nesse cenário de águas e montanhas. Já é assim no Porto Maravilha, na Praça Mauá, no Museu do Amanhã, no VLT (Veículo Leve sobre Trilhos). São legados positivos de um prefeito que às vezes lembra o comediante Peter Sellers, no filme Um convidado bem trapalhão (The party).

Paes espera ser vaiado na festa de encerramento da Olimpíada 2016. Foi o que disse ao presidente interino, Michel Temer: “Fique tranquilo que o senhor receberá a vaia da largada, e eu recebo a da saída”. Por que tudo mudou tão rápido? Em 2012, Paes foi reeleito no primeiro turno com votação recorde: 64,60% dos votos válidos. Mais de 2 milhões de eleitores renovaram a confiança nele. Era um dos prefeitos mais populares do Brasil. 

Elogiado pela capacidade de trabalho, pelo amor ao Rio, pela visão de administrador. “Vou trabalhar muito. Dar a cara a tapa, sem receio de voltar atrás caso tome alguma atitude errada”, disse ao ser reeleito. Trabalhou muito – ninguém nega – e hoje leva tapas a torto e a direito. Pede desculpas a toda hora pela verborragia e por “imprevistos”. A queda da ciclovia, o ápice dessa onda negativa, ele chama de “a cereja ruim do bolo”. Paes foi atropelado pela crise nacional. Seus maiores parceiros eram o “padrinho” Sérgio Cabral e a “presidenta” Dilma Rousseff. Ambos caíram em desgraça, ele ficou sem pai nem mãe.

Paes não cumpriu uma série de promessas de campanha, da habitação popular à educação e saúde públicas. As Clínicas da Família e as UPAs carecem de eficiência, nada de ensino integral, cadê as 50 mil novas casas populares? A plataforma de Paes era incrível! Cultura, lixo, esgoto, produções culturais, UPP social, asfalto liso, iluminação. Não deu. Ele dirá que deu e apresentará números verdadeiros e fantasiosos.

Mas Paes teve a coragem de derrubar aquele viaduto horrendo, o Elevado da Perimetral, e revitalizar a zona portuária a decadência daquele lugar lindo não fazia jus ao Rio. Nenhum outro prefeito teria peitado a enxurrada de críticas que se seguiu. Nenhum. E hoje fica todo mundo maravilhado com o novo espaço. O BRT – corredor exclusivo dos ônibus – era uma necessidade óbvia e antiga para o transporte no Rio. Óbvia, mas quem fez foi Paes. Então, não dá para achar que tudo foi obra divina.

Sempre foi falastrão e presepeiro. Em 2016 se superou. Seu diálogo gravado com Lula, dizendo que o ex-presidente tinha “alma de pobre” por ter sítio e barquinhos em Atibaia, menosprezando a cidade fluminense de Maricá naquela linguagem de falso malandro carioca, foi uma mancha indelével. Brincadeira de mau gosto, disse. Pediu desculpas, envergonhado. Mas não parou de ser Paes.

Já na pré-Olimpíada, disse que ia botar um canguru pulando para a delegação australiana se sentir em casa. Reagia com uma piadinha inadequada à justa queixa do mau estado dos apartamentos da Vila dos Atletas. Pediu desculpas, deu a chave da cidade para a delegação. Ganhou um canguruzinho de presente.  Disse agora que o Rio “não pode pagar conta de caviar para os outros” – os integrantes do Comitê Olímpico Internacional. O presidente do COI, Thomas Bach, ficou irritado. Brincadeira. Paes ainda não pediu desculpas. Para a surpresa de todos, o prefeito pegou a tocha olímpica e saiu correndo com ela, quebrando a regra internacional que proíbe esse privilégio a políticos no cargo.

Paes sempre ardeu na tocha das vaidades. Durante a campanha de reeleição, em julho de 2012, ao inaugurar a primeira fase das obras da zona portuária, ele chegou a pensar em se fantasiar de Pereira Passos, prefeito do Rio entre 1902 e 1906, responsável pela maior reforma urbana da cidade. Assessores convenceram Paes a desistir da pataquada. Um ator representou Pereira Passos.

Além de vaidoso, teimoso. Talvez pague pela insistência em apoiar Pedro Paulo como seu sucessor na prefeitura do Rio. Não há como engolir toda a história cabulosa das agressões do deputado à ex-mulher. Não engulo. Desejo a Paes toda a sorte do mundo na Olimpíada. Pelo bem do Rio, do Brasil, dos atletas e dos amantes dos Jogos. O prefeito já disse o que fará depois. “Vou tomar um porre. Vou ouvir samba e beber cerveja.” Cuidado com a ressaca.

Fonte: Ruth de Aquino - Época