A história fiscal do país foi quebrada em 2014 com a entrada na era
dos déficits altos e crescentes. A série do Banco Central, iniciada em
1991, mostra que no período Dilma-Temer o país entrou numa anomalia tão
grande que exige o uso de armas mais poderosas do que os pequenos
pacotes de ajuste. Houve uma mudança na natureza da crise, é preciso
muito mais ousadia para enfrentá-la.
Durante os 23 anos que vão de 1991 a 2013 o país teve superávit
primário em 22 deles e um pequeno déficit de 0,25% do PIB em 1997. Nessa
longa temporada de mais de duas décadas, o país incorporou na
contabilidade parte da dívida que estava fora das estatísticas e assumiu
os chamados esqueletos. Por isso a dívida aumentou inicialmente. Os
superávits permitiram que ela ficasse estável e, depois, caísse. Nos
últimos anos, entrou numa escalada que atingiu níveis perigosos. Este é o
quinto ano de déficit. Estão projetados resultados negativos para os
próximos dois. Serão, então, sete anos de vermelho nas contas. Descontrole desse tamanho
só aparece nas contas dos países atingidos pelas crises bancárias de
2008, como Espanha, Grécia, Islândia, Irlanda, Portugal. Aqui não houve
crise bancária, apenas uma calamitosa administração econômica nos anos
Dilma, cujos erros o atual governo não conseguiu reverter e, às vezes,
repete.
O ano de 2019 é o ponto que não se pode ultrapassar. Há uma barreira
no caminho chamada “regra de ouro”. Ela foi pensada exatamente para ser
parada obrigatória. Suspendê-la no momento da crise é um erro. Mesmo que
o governo queira cercar a decisão com outras propostas. O fato de haver
essa pedra no caminho serve para mostrar que o país tem que olhar mais
profundamente o que fazer para superar a crise fiscal.
Medidas como contingenciar, cortar investimentos, limitar as viagens,
aumentar IOF, elevar a alíquota de alguns produtos, mudar a época da
cobrança de impostos, tudo já se esgotou. Foram úteis quando o que se
precisava era menor. Agora é preciso uma proposta ampla para reformular
completamente o gasto público. Por isso, o governo, em vez de propor a
quebra de uma regra disciplinadora, tem que fazer a coisa certa e propor
uma radical mudança no Orçamento e na estrutura dos gastos públicos.
Um país que precisa de um ajuste de 2% do PIB, entre R$ 180 bilhões a
R$ 200 bilhões, não pode dar 4% do PIB para empresários. O Banco
Mundial recentemente mostrou que as transferências para o capital saíram
de 3% para 4,5% de 2003 a 2015. O dinheiro vai para empresas na Zona
Franca de Manaus, para a indústria automobilística, para setores que
foram desonerados, para empresas que entraram na lista ampliada do
Simples. Alguns subsídios mais absurdos, como o PSI, foram cortados, mas
os que permanecem são gigantes.
A reforma da Previdência é indispensável. Mas a proposta foi sendo
modificada para ser aceita pelos mais diversos lobbies, principalmente
de setores do funcionalismo. O governo capitulou logo no início diante
da pressão dos militares. A Previdência brasileira como está não se
aguenta em pé. As despesas com o pagamento de pensões e aposentadorias
cresce a cada ano de R$ 40 bilhões a R$ 50 bilhões. Isso é equivalente a
tudo o que o governo investiu no ano passado.
Um país cujo governo só tem como mexer em 8% do Orçamento precisa ter
a ousadia de mudar leis, alterar a Constituição e mudar radicalmente a
forma de distribuir o dinheiro coletivo. Essa não é uma crise fiscal a
mais. É a maior.
Coluna da Miriam Leitão
Este espaço é primeiramente dedicado à DEUS, à PÁTRIA, à FAMÍLIA e à LIBERDADE. Vamos contar VERDADES e impedir que a esquerda, pela repetição exaustiva de uma mentira, transforme mentiras em VERDADES. Escrevemos para dois leitores: “Ninguém” e “Todo Mundo” * BRASIL Acima de todos! DEUS Acima de tudo!
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quarta-feira, 10 de janeiro de 2018
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