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sábado, 13 de junho de 2020

O guru despirocou e o hospício abriu as portas - IstoÉ

Derrotado em vários processos judiciais e condenado a pagar uma indenização de R$ 2,8 milhões por danos morais para Caetano Veloso, Olavo de Carvalho se desespera, chama Jair Bolsonaro de covarde e ameaça derrubar o governo 

O guru

[O guru, pretensiosamente, acalentou sonhos que iria governar em para relo, tipo um Rasputin. Só que não funcionou.
Aliás, até o próprio Bolsonaro, eleito com quase 60.000.000 de votos, conseguiu governar - ainda não deixaram.]

O guru Olavo de Carvalho pirou. Sem dinheiro, derrotado em vários processos judiciais, vendo seu pupilo, o ministro da Educação Abraham Weintraub com o cargo ameaçado e condenado agora a pagar uma indenização por danos morais de R$ 2,8 milhões para o cantor Caetano Veloso, a quem chamou insistentemente de pedófilo pelas redes nos últimos anos, Carvalho perdeu as estribeiras em vídeos transmitidos pelo YouTube na semana passada. Ele ameaçou derrubar o governo e acusou o presidente Jair Bolsonaro, a quem chamou de “inativo” e “covarde”, de não fazer nada para impedir crimes e agir contra bandidos.

Magoado, sentindo-se usado e perseguido, o guru renegou a amizade do presidente e falou que não quer mais condecorações. “Enfia a condecoração no cu”, afirmou, referindo-se à Grã Cruz, mais alto grau da Ordem do Rio Branco, com a qual foi agraciado no início de maio. “Se você não é capaz de me defender contra essa gente toda eu não quero a sua amizade”, prosseguiu. Carvalho não foi específico, não disse quem é o bandido e de quem quer ser defendido, mas deu sinais de que rompeu com Bolsonaro e rompeu também com a razão. A não ser que surja a solução para todos os seus males, uma providencial ajuda financeira para cobrir suas dívidas milionárias, Carvalho deverá continuar enlouquecido contra o governo. Mas, infelizmente, não parece provável que seja capaz de derrubar Bolsonaro.

Festival de tolices
Seus impropérios, lançados desde sua casa, na Virgínia (EUA), causaram surpresa entre seus simpatizantes e dispararam um festival de tolices que só o atual governo e seus aliados poderiam oferecer. Mesmo xingado pelo guru de “palhaço vestido de Zé Carioca”, por causa de seu terno verde com gravata amarela, o empresário Luciano Hang, dono da rede de lojas Havan, promoveu uma vaquinha entre amigos para ajudar o ideólogo do governo a sair do buraco. “Temos que ajudá-lo financeiramente”, proclamou num grupo de WhatsApp. “Ele está chateado, precisa de mais ajuda para continuar lutando pelo Brasil”. Hang conversou com Bolsonaro sobre o caso e os dois chegaram à conclusão de que é preciso dar um socorro financeiro a Carvalho para que ele se acalme. Alguns amigos empresários de Hang, porém, como Flávio Rocha, da Riachuelo, e Sebastião Bonfim, da Centauro, demonstram resistência em abrir os bolsos para o guru e se recusaram a participar da vaquinha. 

Carvalho também está revoltado com a possibilidade de Abraham Weintraub deixar o governo. Condecorado por Bolsonaro em maio com o grau de Grande Oficial da Ordem de Mérito Naval, ele ficou com a corda no pescoço desde que vieram a público suas ofensas contra os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) na fatídica reunião ministerial do dia 22 de abril. No Palácio do Planalto, depois de arrumar brigas e confusões e abandonar a educação brasileira, Weintraub perdeu qualquer apoio e já foi aconselhado a pedir demissão, como uma forma honrosa de largar o cargo. Nos seus planos, está, inclusive, uma candidatura para a Prefeitura de São Paulo. O ministro teria entrado em contato com o guru para se lamentar e tentar reverter o quadro de ruptura que se avizinha. Carvalho tomou suas dores e fez mais um ataque a Bolsonaro. “Porque eu fui seu amigo, mas você nunca foi meu amigo (…) Você só tira proveito. E devolve o quê? É que nem o Weintraub. Dá uma condecoração. Tá brincando com isso, porra. Só essas multas que os caras tão cobrando de mim, é pra me arruinar totalmente. Como é que eu vou sobreviver nos EUA sem um tostão furado”, protestou. Um provável nome para assumir a Educação é o do empresário Carlos Wizard, que desistiu recentemente de um cargo no Ministério da Saúde. Sobre seus problemas, Weintraub usou o Twitter para filosofar. “Estou contrariado, mas não derrotado, eu sou bem guiado pelas Mãos Divinas!”, disse.

O processo de Caetano Veloso contra Olavo de Carvalho já transitou em julgado e não oferece mais possibilidade de recurso. Caetano é uma obsessão antiga do guru, que ajudou a promover a hashtag #caetanopedofilo. A condenação pelos danos morais foi de R$ 40 mil, que chegaram, corrigidos, a R$ 54 mil. Tratou-se de uma ação de obrigação de fazer com pedido de tutela de urgência cumulada com indenização por danos morais, aberta em 2017. O pedido de tutela foi feito com o objetivo de obrigar Carvalho a retirar todas as postagens ofensivas contra Caetano e parasse de atacar o artista, sob pena de multa diária de R$ 10 mil. Olavo retirou algumas postagens, mas não todas, e por isso o valor da indenização começou a crescer, chegando agora a R$ 2,8 milhões. “A ideia é penhorar as coisas dele”, disse a empresária Paula Lavigne, mulher de Caetano.

Bullying virtual
“E se não conseguirmos fazer isso no Brasil, iremos cobrá-los nos Estados Unidos”. Segundo Paula, há um roteiro programado de ataque à classe artística no País e Olavo de Carvalho passou de todos os limites. Ela se diz satisfeita com o resultado da ação a adianta que o dinheiro do guru “será usado em causas que pautem nossa resistência”. “Nem todo mundo tem como se defender de ataques e linchamentos morais pela internet. A ação do Caetano tem uma função pedagógica e mostra que quem ofender os outros e praticar bullying virtual pode sofrer consequências gravíssimas”, disse a advogada Simone Kamnetz, que defende Caetano. “As pessoas tem que aprender que elas não podem fazer o que quiserem pela internet”. A defesa de Carvalho reiterou durante o processo que ele não mentiu quando chamou Caetano de pedófilo.


Eminência parda do governo, com influência direta sobre os filhos 02 e 03 de Bolsonaro, Carlos e Eduardo, Carvalho também reclama da imprensa, que diz atacá-lo sem piedade. “Nunca houve contra um cidadão particular um massacre jornalístico e judiciário desse tamanho, nem contra narcotraficantes e líderes revolucionários”, disse Olavo, referindo-se a si próprio. “Há décadas existe esse gabinete do ódio contra Olavo, porra!” 

(.....)

 “Idosos estão sendo algemados e jogados dentro de camburões no Brasil. Mulheres sendo jogadas no chão e sendo algemadas por terem feito nada”, disse a ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves. “A maior violação de direitos humanos da história do Brasil nos últimos trinta anos está acontecendo neste momento, mas nós estamos tomando providências”. Uma das providências, possivelmente, será pagar as dívidas de Olavo de Carvalho porque a fúria do guru tumultuou o governo.

Em IstoÉ, MATÉRIA COMPLETA


sábado, 10 de março de 2018

A luta de Cármen

A presidente do Supremo Tribunal Federal, ministra Cármen Lúcia, luta contra toda forma de pressão para evitar que se consume uma combinação que tem o poder de deixar definitivamente os corruptos fora da cadeia, desmanchando todo o avanço que houve nos últimos anos. Trata-se do risco da fórmula que combina o fim da prisão em segunda instância com o fim do foro privilegiado. Mais do que livrar o ex-presidente Lula, o fim da prisão em segunda instância fará com que diversos políticos e empresários que estão presos hoje como consequência da Operação Lava Jato, e outras ações sejam soltos, já que um novo entendimento retroage para beneficiar os réus. A isso se soma o fim do foro privilegiado, que também está prestes a entrar na pauta do Supremo.

Fim do foro
Em princípio, o fim do foro é um avanço, por eliminar um privilégio. Estranho é que agora ele seja apoiado por seus próprios beneficiários. O foro era uma vantagem em um tempo em que o STF não condenava ninguém. Quando começou a condenar, virou mau negócio, porque o condenado não tem a quem recorrer. O risco agora é ele ser trocado por um processo de recursos infinitos.

Sem cadeia
Sem a prisão em segunda instância e sem o foro privilegiado, os condenados ganharão inúmeras possibilidades de recurso sem serem presos até chegarem ao Supremo. Na grande maioria dos casos, os crimes irão prescrever antes que os corruptos cheguem à cadeia. É isso que une as turmas ligadas a políticos na pressão a Cármen Lúcia. E é contra isso que ela resiste.

Político empreiteiro
Graças à ajuda do seu partido, o PP, o empresário Paulo Octávio vai dando finalidade a seus imóveis. Depois de alugar um prédio inteiro para o Ministério da Saúde por R$ 31 milhões por ano, sem licitação, agora é a vez da Caixa Econômica Federal ocupar três edifícios dele. O banco ainda antecipou dez meses de aluguel: quase R$ 18 milhões. A Caixa e o Ministério da Saúde são geridos por correligionários do PP, Gilberto Occhi e Ricardo Barros.

Rápidas
* Na reunião com os prefeitos para tratar de segurança, na quinta-feira 7, surpreendeu o Palácio do Planalto a diferença de percepção entre eles sobre o que fazer com os recursos da linha de crédito aberta pelo governo para ajudá-los no combate ao crime.

* O prefeito de Teresina, Firmino Filho (PSDB), disse que não adiantava ter dinheiro apenas para investimentos. Precisava de recursos para custeio. Do contrário, construía e depois não conseguia manter funcionando.
* Já o prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan Jr. (PSDB), afirmou que não queria de jeito nenhum dinheiro para custeio. Segundo ele, recursos assim acabam se diluindo na contabilidade da prefeitura e sumindo sem produzir efeitos.
* Não foram apenas os petistas que ficaram órfãos com o cerco da Lava Jato a Jaques Wagner. Os tucanos avaliam que com a queda de Wagner, o governo da Bahia caiu no colo de ACM Neto. O PSDB apostava nele como vice na chapa de Geraldo Alckmin.

O deputado Major Olímpio (DS-SP), da chamada Bancada da Bala, é um dos entusiastas do Projeto de Lei 3734, de autoria do Poder Executivo, que cria o Sistema Único de Segurança Pública (Susp). O novo sistema vai possibilitar o compartilhamento de informações de criminosos, intercâmbio de conhecimento técnico e científico, combinação de operações e a integração dos órgãos de segurança. Hoje, a falta de comunicação atrapalha muito o trabalho das polícias.

Conversa de corredor
Nos corredores do Superior Tribunal de Justiça (STJ), depois da derrota unânime de Lula no julgamento do seu habeas corpus, assessores dos ministros começaram a falar abertamente que os magistrados do STF que mudarem o entendimento sobre a prisão após condenação em segunda instância terão sua atitude interpretada pela população como a entrega das suas togas ao serviço da corrupção e pagarão um preço alto por isso. Desde que o STF sacramentou o entendimento em favor da prisão após sentença em segunda instância, o STJ tem seguido à risca tal regra, especialmente em seus julgamentos relacionados à Operação Lava Jato.

Nos aviões de carreira
Nessas conversas de corredor, os assessores dizem que tais ministros, como hoje acontece com os políticos que a sociedade identifica com a corrupção, não terão como embarcar nos voos de carreira sem passar por vaias e constrangimentos. Na quarta-feira 7, o mesmo discurso já era ouvido no prédio do STF.


Os radicais voltaram
Militantes do MST mostraram suas garras totalitárias. Na quinta-feira 8, invadiram o parque gráfico do jornal “O Globo”e tentaram impedir o acesso de trabalhadores a uma fábrica da Riachuelo. Os dois atos foram clara manifestação de desrespeito à democracia. Os brasileiros de bem e a Justiça não se intimidarão.

Rudolfo Lago, é diretor da sucursal de Brasília da IstoÉ
 





segunda-feira, 20 de novembro de 2017

O comunista está nu



A Revolução Bolchevique, às vésperas de seu centenário, pôs em prática pela primeira vez um método direto e efetivo de tomada de poder pelos comunistas.  Em 1917, uma elite dirigente foi a ponta de lança de um movimento que, usando primeiro a força e mais tarde o terror, ditou os rumos da antiga Rússia pelas décadas seguintes, até o regime desmoronar, no início dos anos 90, sob o peso de sua ineficiência, injustiça e isolamento. 

Os comunistas aprenderam, com o fracasso da primeira experiência real do socialismo, a como não fazer uma revolução. Hoje em dia está ultrapassado o conceito de uma vanguarda partidária que age em nome do povo.  Em seu lugar, o movimento comunista vem construindo um caminho que, embora sinuoso, leva ao mesmo destino: a ditadura do proletariado exaltada pelo marxismo. 

Ao contrário dos bolcheviques, que enfrentavam inimigos de peito aberto, os comunistas atuais são sibilinos e ardilosos. Aprenderam com o filósofo italiano Antonio Gramsci (1891-1937) a combater o capitalismo pelos flancos mais sensíveis.  Para eles, os valores do regime são protegidos em trincheiras burguesas, que precisam ser neutralizadas. As mais visadas são Judiciárias, Forças Armadas, partidos ditos conservadores, aparelho policial, Igreja e, por último, mas não menos importante, a família. 

Nas últimas semanas assistimos a mais um capítulo dessa revolução tão dissimulada e subliminar quanto insidiosa. Duas exposições de arte estiveram no centro das atenções da mídia ao promoverem o contato de crianças com quadros eróticos e a exibição de um corpo nu, tudo inadequado para a faixa etária.  Não me interessa aqui discutir eventuais méritos artísticos. Não vou também fazer a crítica moralmente conservadora. Meu respeito pela diversidade não se resume a palavras: a Riachuelo é a empresa que, proporcionalmente, mais emprega transgêneros no país e a primeira a permitir que as pessoas sejam identificadas, no crachá, pelo nome social que escolheram. 

A questão não é essa. Se venho a público, expondo-me à patrulha ideológica infiltrada nos meios de comunicação, é para denunciar tais iniciativas como parte de um plano urdido nas esferas mais sofisticadas do esquerdismo -ameaça que, não se enganem, é tão mais real quanto elusiva. Exposições são só um exemplo. Há muitos outros: associação de capitalismo e picaretagem na dramaturgia da TV;
glorificação da bandidagem glamorosa; vitimização do lúmpen descamisado das cracolândias; certo discurso politicamente correto nas escolas. 

São todos tópicos da mesma cartilha, que visa à hegemonia cultural como meio de chegar ao comunismo. Ante tal estratégia, Lênin e companhia parecem um tanto ingênuos. À imensa maioria dos brasileiros que não compactua com ditaduras de qualquer cor, resta zelar pelos valores de nossa sociedade. 

FLÁVIO ROCHA é presidente da Riachuelo e vice-presidente do IDV (Instituto para o Desenvolvimento do Varejo)