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sexta-feira, 3 de dezembro de 2021

Os imoderados no poder - Revista Oeste

Ministros do STF entrando no plenário para início da sessão | Foto: Nelson Jr./SCO/STF
Ministros do STF entrando no plenário para início da sessão | Foto: Nelson Jr./SCO/STF

É verdade que não estamos sós no subcontinente sempre em desvario. Há muito tempo os que não demitiram a sensatez desconfiam que basta mudar as inscrições nas placas para que toda a América do Sul se transforme, sem mudar rigorosamente nada e sem que o resto do mundo estranhe, no que Dilma Rousseff qualificaria de maior hospício da galáxia. 

Nenhuma tribo escapa. Ao sul, a saga argentina compõe o mais extenso, dramático e enlouquecido dos tangos. Num trecho da letra escrita em pouco mais de dois séculos, os hermanos canonizam a primeira-dama que fazia bonito num cabaré antes de brilhar na Casa Rosada, transformam em moeda de troca o cadáver de Evita, mantêm insepulta por anos a fio primeira mulher de Juan Perón, devolvem o poder ao viúvo já casado com a futura sucessora também recrutada num cabaré e assim tornam inevitável a reedição piorada do golpe militar dos anos 1950. Em outro trecho do tango, o general que proclamara a ditadura 18 meses antes exagera no uísque e decide recuperar a tiros de canhão ilhas pertencentes ao império britânico. Perdeu a guerra e o emprego.

Ao norte, há o país mais pobre da América Latina onde houve no fim do século 20 a Venezuela Saudita, assim batizada por assentar-se num oceano de petróleo comparável ao que continua garantindo a gastança da família que domina o reino árabe. O que foi o latifúndio de Hugo Chávez e agora é o fazendão de Nicolás Maduro precisou de apenas 22 anos para, neste fim de 2021, superar o Haiti no ranking dos miseráveis que sobrevivem no centro e na parte meridional do continente americano. 

Enquanto percorria em alta velocidade a trilha da falência, Chávez bancou o abastecimento de Cuba, vendeu barris a preços de pai para filho aos parceiros bolivarianos, arrendou a alta oficialidade do Exército e exumou a ossada de Simón Bolívar para conferir a suspeita: o Herói da Independência morreu envenenado ou não? Decepcionado com a resposta negativa, Chávez renunciou ao papel de Bolívar reencarnado. Morto em 2013, o exterminador do futuro tem visitado Maduro em forma de passarinho, talvez para ampliar o fiasco da ditadura bolivariana com os conselhos que pia nos ouvidos do herdeiro.

Toffoli acaba de informar durante um passeio em Lisboa que o regime estabelecido pela Constituição foi substituído pelo semipresidencialismo

A vizinhança, como se vê, vive tentando provar que o Brasil não é tão diferente assim. Mas a realidade do País do Carnaval anda superando com perturbadora constância as páginas mais delirantes do realismo mágico. O coronel Aureliano Buendia combateu em 32 revoluções, e montou numa delas um sistema de segurança tão rigoroso que, ao visitar Macondo, nem a mãe foi autorizada a aproximar-se e abraçá-lo. Mas em nenhum livro do admirável autor colombiano aparece algum país governado por uma junta de juízes que, sem golpes, fraudes nem quarteladas, se promove a Poder Moderador, revoga o regime presidencialista, proclama em segredo a República Parlamentarista Judiciária e, favorecida pela omissão popular e pela covardia do Poder Legislativo, trata a socos e pontapés a Constituição que lhe cumpre defender. É o que fez nos últimos anos, continua fazendo e não pretende parar de fazer o grupo formado pelos ministros do Supremo Tribunal Federal.

Examinados individualmente, nenhum dos três parteiros da conspiração parecia perigoso. Gilmar Mendes, chefe da Advocacia-Geral da União no governo Fernando Henrique Cardoso, gastava tanto tempo no esforço para tornar lucrativa a instituição de ensino que explora que sobravam poucos minutos para lidar com processos
Lewandowski, que chegou ao Supremo porque Marisa Letícia morava ao lado da família com sobrenome estrangeiro e contou ao marido presidente que ouvira da mãe rasgados elogios ao filho sabido, sempre se limitou a provar que no Brasil qualquer bacharel em Direito pode virar ministro. [com a devida vênia, atualizamos: sequer precisa ser bacharel em Direito.]
Tal constatação era diariamente ratificada por Toffoli, o único juiz da história do tribunal que ganhou uma toga depois de reprovado duas vezes no concurso que autoriza o ingresso na magistratura paulista.
 
Depois que a bancada que lideram se tornou amplamente majoritária, os três parceiros subiram na vida. Proibido de lidar em primeira instância com briga de bêbado em Marília, onde nasceu, Toffoli acaba de informar durante um passeio em Lisboa que o regime estabelecido pela Constituição foi substituído pelo semipresidencialismo, que estamos a caminho do parlamentarismo e que, desde o começo da pandemia de coronavírus, o STF acumula as funções de Poder Moderador. 
Gilmar se gaba de ter atraído para o grupo a outrora voluntariosa Cármen Lúcia, a mesma que reagiu a pancadas na liberdade de expressão com uma velha e boa frase-síntese: “Cala a boca já morreu”. Morreu nada, está cansada de saber. Só que agora quem tortura o Estado Democrático de Direito é a turma com a qual convive. Enquanto o pai viveu, a filha ligava todo dia para conversas de bom tamanho. Órfã, a ministra se fez adotar por Celso de Mello e, depois da aposentadoria do Pavão de Tatuí, por Gilmar Mendes. Além do pai, Cármen Lúcia perdeu o rumo.

O STF se tornou bem mais impetuoso com a entrada em campo do centroavante rompedor Alexandre de Moraes, artilheiro do Timão da Toga. E as divergências sumiram com a rendição de antigos desafetos de Gilmar. Edson Fachin trabalha de cócoras desde que implodiu a Lava Jato com a anulação, por motivos geopolíticos, dos processos que instalaram Lula na gaiola. Luís Roberto Barroso, que via no Maritaca de Diamantino uma figura horrível, agora parece achar que, dependendo do cenário e do ângulo de visão, o Juiz dos Juízes pode exibir até uma faceta sedutora. Nesta semana, chegou a vez do presidente Luiz Fux, único integrante do Supremo que foi juiz de carreira.

No discurso de posse, entre outras promessas, Fux garantiu que decisões importantes seriam decididas no plenário, pelos votos dos 11 ministros. A medida reduziria os poderes das duas turmas e, sobretudo, erradicaria a praga do voto monocrático, que confere a uma única toga o direito de remover as fronteiras que separam os três Poderes, legislar em territórios alheios ou espancar impunemente a Constituição. 

No último dia de novembro, Fux valeu-se do voto monocrático para revogar a decisão do Tribunal de Justiça do Rio que anulou um decreto do prefeito Eduardo Paes sobre a obrigatoriedade do passaporte sanitário. Deve ter achado pouco. No texto em que tenta justificar a arbitrariedade, o presidente do Supremo comunicou aos juízes da primeira e segunda instâncias do Poder Judiciário que estão todos proibidos de contrariar o prefeito. Fux revogou antecipadamente decisões que ainda não existem. Talvez queira matar de inveja Alexandre de Moraes.

Leia também “O Circo Brasil Vermelho”

Augusto Nunes, colunista - Revista Oeste  

 

sábado, 1 de maio de 2021

É preciso coragem para tanta covardia - Augusto Nunes

Edição de arte Oeste: Leandro Rodrigues e Luan Pinheiro

Já devo ter evocado nesta coluna o advogado da minha terra que guardava para o meio da apresentação das razões da defesa no tribunal do júri — fossem quais fossem o réu e o crime cometido — a frase tremenda: “Nem tudo é nada nem nada é tudo em matéria de principalmente!“. Ninguém na plateia sabia o que aquilo significava, mas todos os espectadores tratavam de controlar-se para não deslustrar a solenidade do julgamento com uma ovação de comício. A inventiva inversão das mesmas palavras, o prosaico advérbio virando um misterioso substantivo realçado pelo ponto de exclamação, o ritmo empolgante do desfile de consoantes e vogais, a voz de cantor de bolero — tudo conspirava para anunciar que ali estava uma sumidade do mundo jurídico. Foi difícil recuperar-me do impacto provocado pela descoberta de que o falatório não tinha pé nem cabeça.

Pronunciada num hospício, a frase bastaria para que o mais otimista dos psiquiatras desse o caso por perdido. 
Não pode ter cura um paciente capaz de afirmar que nem tudo é nada nem nada é tudo em matéria de principalmente. 
Pois a famosa criação do meu conterrâneo não é mais enigmática, e parece bem menos amalucada, que a pinçada no pior repertório de Ruy Barbosa pelo ministro Gilmar Mendes na sessão do STF que decretou a suspeição de Sergio Moro no caso do tríplex do Guarujá e em todas as bandalheiras protagonizadas pelo Amigo da lista da Odebrecht.  
Ao enunciar seu voto, o ministro Nunes Marques se amparou em sólidos argumentos jurídicos para provar que a maioria dos colegas estava errada. O Maritaca de Diamantino não gostou da audácia do caçula do tribunal. Já tinha votado, mas reapareceu na telinha para demolir o insurgente com uma lição curta e, sobretudo, grossa.
“Como disse Ruy, o bom ladrão salvou-se, mas não haverá salvação para o juiz covarde“, recitou o magistrado que nunca viu de perto alguma velha e boa comarca. Como é que é?, espantaram-se com a citação do Águia de Haia os espectadores da TV Justiça socorridos por mais de 15 neurônios
O que uma coisa tem a ver com outra? O que há em comum entre o calvário de Jesus Cristo, crucificado em companhia de dois gatunos, e a safadeza urdida para livrar da merecidíssima cadeia um corrupto juramentado? O bom ladrão é Lula? 
Nessa hipótese, o ator não ficaria mais confortável no papel do mau ladrão, que morreu sem admitir os crimes que cometeu e sem quaisquer vestígios de remorso? 
O juiz covarde seria Sergio Moro, Pôncio Pilatos ou Nunes Marques? Ou Gilmar Mendes, que entre um pontapé na Constituição e um carrinho por trás na moral e nos bons costumes surrupia da população carcerária outro bandido de estimação?

Se tivesse nascido em Taquaritinga, Nunes Marques dificilmente resistiria à tentação de revidar a insolência com a frase do mesmo quilate: “Nem tudo é nada…”. Seria divertido contemplar o desconcerto de Gilmar. Mas, caso o destino me colocasse nas imediações do ministro piauiense, eu lhe entregaria um papel com a reprodução do recado que passei ao apresentador Jorge Escosteguy durante um Roda Viva estrelado por Orestes Quércia, então governador de São Paulo. Aproximava-se o fim do primeiro bloco quando um integrante da bancada começou a acenar freneticamente para Escosteguy. Ele reivindicava a palavra com urgência urgentíssima.

Atendido, o entrevistador caprichou na expressão enfezada e foi à luta: “Peço licença para fazer uma provocação”, avisou o preâmbulo. Tensão no estúdio. E então veio a pergunta: “Como é que o senhor se sente diante do fato de ser considerado o melhor governador do país?”. Considerado pelo autor da pergunta, claro. Enquanto Quércia tentava disfarçar o entusiasmo provocado pelo tipo de provocação com que sonha todo entrevistado, rabisquei a mensagem ao meu amigo Escosteguy: “Certas demonstrações de covardia exigem mais coragem do que qualquer daqueles atos de bravura em combate que rendem condecoração. É o que acaba de mostrar nosso colega”. É isso que Nunes Marques deveria ter dito na réplica a um provocador patológico. Porque é preciso muita coragem para fazer o que Gilmar anda fazendo.

As demonstrações de pusilanimidade que vem colecionando são tantas e tão temerárias que podem acabar por transformá-lo no mais condecorado herói da guerra contra o combate à corrupção. Só alguém sem medo de ser covarde se atreveria a insultar com tamanha desenvoltura a mais eficaz operação anticorrupção da história. “A Lava Jato é a maior mentira da história do Judiciário“, deu agora de recitar o Juiz dos Juízes. Só um pusilânime intimorato se atreveria a comandar a ofensiva destinada a transformar um magistrado exemplarmente honesto num julgador parcial, e promover a perseguido político um caso de polícia que desonrou a Presidência da República.

O gerentão da Segunda Turma do Pretório Excelso enxerga em qualquer votação um jogo em que só é crime perder. Fora esse pecado mortal, vale tudo: cotovelada no queixo, carrinho por trás, joelhaço no fígado — nada merece punição. Foi por isso que o camisa 10 do Timão da Toga, que vai virar decano com a aposentadoria de Marco Aurélio, encerrou a discussão com o ministro Luís Roberto Barroso berrando o mantra de torcida organizada: “Perdeu! Perdeu!“. 
O que Barroso perdeu foi a chance de desmoralizar o chilique do oponente com a lembrança de uma verdade endossada pelo olhar sem luz de Gilmar Mendes: melhor perder uma causa do que perder para sempre a vergonha.

Augusto Nunes, colunista - Revista Oeste


sábado, 13 de junho de 2020

O guru despirocou e o hospício abriu as portas - IstoÉ

Derrotado em vários processos judiciais e condenado a pagar uma indenização de R$ 2,8 milhões por danos morais para Caetano Veloso, Olavo de Carvalho se desespera, chama Jair Bolsonaro de covarde e ameaça derrubar o governo 

O guru

[O guru, pretensiosamente, acalentou sonhos que iria governar em para relo, tipo um Rasputin. Só que não funcionou.
Aliás, até o próprio Bolsonaro, eleito com quase 60.000.000 de votos, conseguiu governar - ainda não deixaram.]

O guru Olavo de Carvalho pirou. Sem dinheiro, derrotado em vários processos judiciais, vendo seu pupilo, o ministro da Educação Abraham Weintraub com o cargo ameaçado e condenado agora a pagar uma indenização por danos morais de R$ 2,8 milhões para o cantor Caetano Veloso, a quem chamou insistentemente de pedófilo pelas redes nos últimos anos, Carvalho perdeu as estribeiras em vídeos transmitidos pelo YouTube na semana passada. Ele ameaçou derrubar o governo e acusou o presidente Jair Bolsonaro, a quem chamou de “inativo” e “covarde”, de não fazer nada para impedir crimes e agir contra bandidos.

Magoado, sentindo-se usado e perseguido, o guru renegou a amizade do presidente e falou que não quer mais condecorações. “Enfia a condecoração no cu”, afirmou, referindo-se à Grã Cruz, mais alto grau da Ordem do Rio Branco, com a qual foi agraciado no início de maio. “Se você não é capaz de me defender contra essa gente toda eu não quero a sua amizade”, prosseguiu. Carvalho não foi específico, não disse quem é o bandido e de quem quer ser defendido, mas deu sinais de que rompeu com Bolsonaro e rompeu também com a razão. A não ser que surja a solução para todos os seus males, uma providencial ajuda financeira para cobrir suas dívidas milionárias, Carvalho deverá continuar enlouquecido contra o governo. Mas, infelizmente, não parece provável que seja capaz de derrubar Bolsonaro.

Festival de tolices
Seus impropérios, lançados desde sua casa, na Virgínia (EUA), causaram surpresa entre seus simpatizantes e dispararam um festival de tolices que só o atual governo e seus aliados poderiam oferecer. Mesmo xingado pelo guru de “palhaço vestido de Zé Carioca”, por causa de seu terno verde com gravata amarela, o empresário Luciano Hang, dono da rede de lojas Havan, promoveu uma vaquinha entre amigos para ajudar o ideólogo do governo a sair do buraco. “Temos que ajudá-lo financeiramente”, proclamou num grupo de WhatsApp. “Ele está chateado, precisa de mais ajuda para continuar lutando pelo Brasil”. Hang conversou com Bolsonaro sobre o caso e os dois chegaram à conclusão de que é preciso dar um socorro financeiro a Carvalho para que ele se acalme. Alguns amigos empresários de Hang, porém, como Flávio Rocha, da Riachuelo, e Sebastião Bonfim, da Centauro, demonstram resistência em abrir os bolsos para o guru e se recusaram a participar da vaquinha. 

Carvalho também está revoltado com a possibilidade de Abraham Weintraub deixar o governo. Condecorado por Bolsonaro em maio com o grau de Grande Oficial da Ordem de Mérito Naval, ele ficou com a corda no pescoço desde que vieram a público suas ofensas contra os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) na fatídica reunião ministerial do dia 22 de abril. No Palácio do Planalto, depois de arrumar brigas e confusões e abandonar a educação brasileira, Weintraub perdeu qualquer apoio e já foi aconselhado a pedir demissão, como uma forma honrosa de largar o cargo. Nos seus planos, está, inclusive, uma candidatura para a Prefeitura de São Paulo. O ministro teria entrado em contato com o guru para se lamentar e tentar reverter o quadro de ruptura que se avizinha. Carvalho tomou suas dores e fez mais um ataque a Bolsonaro. “Porque eu fui seu amigo, mas você nunca foi meu amigo (…) Você só tira proveito. E devolve o quê? É que nem o Weintraub. Dá uma condecoração. Tá brincando com isso, porra. Só essas multas que os caras tão cobrando de mim, é pra me arruinar totalmente. Como é que eu vou sobreviver nos EUA sem um tostão furado”, protestou. Um provável nome para assumir a Educação é o do empresário Carlos Wizard, que desistiu recentemente de um cargo no Ministério da Saúde. Sobre seus problemas, Weintraub usou o Twitter para filosofar. “Estou contrariado, mas não derrotado, eu sou bem guiado pelas Mãos Divinas!”, disse.

O processo de Caetano Veloso contra Olavo de Carvalho já transitou em julgado e não oferece mais possibilidade de recurso. Caetano é uma obsessão antiga do guru, que ajudou a promover a hashtag #caetanopedofilo. A condenação pelos danos morais foi de R$ 40 mil, que chegaram, corrigidos, a R$ 54 mil. Tratou-se de uma ação de obrigação de fazer com pedido de tutela de urgência cumulada com indenização por danos morais, aberta em 2017. O pedido de tutela foi feito com o objetivo de obrigar Carvalho a retirar todas as postagens ofensivas contra Caetano e parasse de atacar o artista, sob pena de multa diária de R$ 10 mil. Olavo retirou algumas postagens, mas não todas, e por isso o valor da indenização começou a crescer, chegando agora a R$ 2,8 milhões. “A ideia é penhorar as coisas dele”, disse a empresária Paula Lavigne, mulher de Caetano.

Bullying virtual
“E se não conseguirmos fazer isso no Brasil, iremos cobrá-los nos Estados Unidos”. Segundo Paula, há um roteiro programado de ataque à classe artística no País e Olavo de Carvalho passou de todos os limites. Ela se diz satisfeita com o resultado da ação a adianta que o dinheiro do guru “será usado em causas que pautem nossa resistência”. “Nem todo mundo tem como se defender de ataques e linchamentos morais pela internet. A ação do Caetano tem uma função pedagógica e mostra que quem ofender os outros e praticar bullying virtual pode sofrer consequências gravíssimas”, disse a advogada Simone Kamnetz, que defende Caetano. “As pessoas tem que aprender que elas não podem fazer o que quiserem pela internet”. A defesa de Carvalho reiterou durante o processo que ele não mentiu quando chamou Caetano de pedófilo.


Eminência parda do governo, com influência direta sobre os filhos 02 e 03 de Bolsonaro, Carlos e Eduardo, Carvalho também reclama da imprensa, que diz atacá-lo sem piedade. “Nunca houve contra um cidadão particular um massacre jornalístico e judiciário desse tamanho, nem contra narcotraficantes e líderes revolucionários”, disse Olavo, referindo-se a si próprio. “Há décadas existe esse gabinete do ódio contra Olavo, porra!” 

(.....)

 “Idosos estão sendo algemados e jogados dentro de camburões no Brasil. Mulheres sendo jogadas no chão e sendo algemadas por terem feito nada”, disse a ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves. “A maior violação de direitos humanos da história do Brasil nos últimos trinta anos está acontecendo neste momento, mas nós estamos tomando providências”. Uma das providências, possivelmente, será pagar as dívidas de Olavo de Carvalho porque a fúria do guru tumultuou o governo.

Em IstoÉ, MATÉRIA COMPLETA


domingo, 15 de julho de 2018

A cadeia de Lula virou seu melhor palanque



Decisão de proibir petista de receber jornalista é ineficaz

[é preciso entender que Lula é um criminoso condenado, pela legislação penal NÃO PODE fazer comícios, não pode dar entrevistas e outras coisas mais que as pessoas de BEM podem fazer;

não se trata de uma opção e sim de um DEVER das autoridades manter Lula encarcerado SEM DIREITO a receber jornalistas.

Lula pode até fazer, por alguns dias, da cadeia um ótimo palanque, mas seu encarceramento mostrará aos idiotas que se pensam em votar nele que ele NÃO É, NEM SERÁ CANDIDATO - exceto a ser em futuro próximo transferido para uma prisão comum, na qual bandidos comuns cumprem pena.]

A juíza da Vara de Execuções Penais de Curitiba decidiu que Lula não pode receber jornalistas. Ela informou também que ele está em “situação de inelegibilidade”. Seja lá o que for o que isso signifique, a essência da decisão faz sentido. O que lhe falta é eficácia.  No início dos anos 70, quando começaram a aparecer cassetes com os áudios de sermões do aiatolá Khomeini, o Xá do Irã mal ligou. Afinal, ele era um islamita radical exilado na Turquia, Iraque e França. A liderança religiosa desprezava-o, e os poderes do mundo acreditavam que era apenas um excêntrico. O sujeito de barbas brancas tomou o poder e criou uma ditadura muito mais intolerante e repressiva. A ilusão foi favorecida pelo romantismo da voz do ausente. Isso aconteceu no tempo em que não havia internet.

Lula é um “apenado” na carceragem da Federal de Curitiba, e, proibindo-o de dar entrevistas, cumpre-se a lei, mas não se impede que ele seja ouvido. Mais: limita-se a sua capacidade de dizer tolices, como a louvação dos pneus queimados ou as ocupações de propriedades, cometidas na sua última fala.  A decisão judicial não tem eficácia porque Lula recebe advogados, e eles podem gravar o que ele lhes diz, com direito a divulgar o áudio. Por ser um preso, ele não pode montar palanques na cadeia. Por ser um cidadão, pode falar.

Em situações malucas, até os doidos acabam mostrando que são sábios. No século passado, quando o frenesi anticomunista tomou conta dos Estados Unidos, o compositor Woody Guthrie acabou num hospício, seus amigos preocuparam-se, e ele acalmou-os:
“Eu é que estou preocupado com vocês. Lá fora, se você diz que é comunista, vai para a cadeia. Aqui, eu digo que sou comunista, e eles dizem que sou maluco.”

DE JOY@AUAU PARA JUÍZES@BR
Caros senhores,
Vossas excelências haverão de estranhar que vos escreva. Sou um cachorro tipo spaniel e vivo no prédio do ministro Teori Zavascki. Ouço suas conversas e, há dias, comentando a balbúrdia do Judiciário brasileiro, ele disse: “Vejam o Joy. Há momentos em que você deve fazer como ele naquela madrugada de 17 de julho de 1918.”

Na terça-feira completam-se cem anos daquelas horas de horror. Eu era o cachorro de czarevich russo Alexei e estava com a família Romanov, confinada numa casa de Ecaterimburgo. Vivíamos em palácios, mas uma gente malvada arrastou-nos pela Rússia afora. Éramos três quadrupedes, mais o czar Nicolau (um bípede bobo), sua mulher Alexandra (meio doida), quatro meninas e meu dono, um doce garoto de 13 anos. No meio da madrugada os comunistas acordaram a família e levaram-na para uma sala do porão. Seguiu-se uma barulheira que acordou a vizinhança e os meus colegas começaram a latir. Os malvados tinham massacrado a família Romanov e decidiram matar os cachorros barulhentos.

...

MEIRELLES
Travada nas pesquisas e pelos números da economia, a candidatura de Henrique Meirelles pelo MDB subiu no telhado.
Se ele decidir continuar lá, muitos caciques do partido cuidarão da própria vida. 

LULA E JOSUÉ
Como ficarão as coisas se Lula achar que seu apoio deve ir para o empresário Josué Alencar, filho de seu vice-presidente?
É uma manobra difícil, mas há gente trabalhando na terraplenagem.

COROA
Parece coisa de antigamente, mas um observador venenoso acha que aquele cabelo de Neymar nos dois primeiros jogos da Copa, com a uma faixa superior dourada, era um projeto de coroa capilar.

A CONTA
Milhões de pessoas acharam que Dilma Rousseff deveria ser posta para fora do Planalto e tinham bons motivos para isso.
No ano passado, muitos cariocas votaram para impedir a eleição de Marcelo Freixo. Novamente, tinham seus motivos.
Nos dois casos exerceram-se os vetos sabendo-se que eles colocariam Michel Temer no Planalto e Marcelo Crivella na prefeitura.
Como ensinou o sábio Marco Maciel, as consequências vêm depois. 

O CLAMOR VENCEU
Está chegando às livrarias “Solidariedade não tem fronteiras — A história do grupo Clamor, que acolheu refugiados das ditaduras sul-americanas e denunciou os crimes do Plano Condor”. Nele a jornalista inglesa Jan Rocha conta a história de um grupo de pessoas que se organizou em 1978 para proteger fugitivos das ditaduras militares de Argentina, Uruguai e Chile.

...........

CADÊ?
Durante a greve de caminhoneiros e o locaute de companhias de transportes, a Polícia Federal e o Cade abriram uma investigação para apurar a ação de empresários na articulação do caos.
O ministro da Segurança, Raul Jungmann, informou que existiam 35 inquéritos em 25 estados e que um empresário foi preso em Caxias do Sul.
Passou-se um mês, e nada se sabe dos inquéritos.

 

sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Renan não tinha por que interferir no caso Gleisi no STF – Renan critica Gleisi e diz que julgamento é feito num ‘hospício’; sessão volta a ser suspensa



Renan é senador da República e tem o direito, até mesmo o DEVER, de defender a instituição de acusações tipo as proferidas pela mulher do ‘assaltante de aposentado’
O que o presidente do Senado, Renan Calheiros, disse causa estranheza porque ele não teria como interferir num processo no Supremo. Ele precisa se explicar. O caso da senadora Gleisi Hoffmann está com o ministro Dias Toffoli, e nada foi levado ainda para a turma do STF para ser discutido um indiciamento ou não dela. Se o senador fez um procedimento formal, ele precisa dizer qual foi o instrumento e a que título.

A senadora está sendo investigada no caso Consist, que foi o primeiro desdobramento da Lava-Jato. Seu marido Paulo Bernardo foi preso na fase “Custo Brasil”, da Lava-Jato. Mas em nenhum dos dois casos a presidência do Senado poderia interferir. Nada do que é apurado ali tem a ver com a atuação de Gleisi como parlamentar. Não caberia, então, a interferência de Renan. Portanto, o que Renan Calheiros precisa fazer agora é se explicar.

‘Renan é que manda no Supremo?’, questiona Kátia Abreu após senador citar o não indiciamento de Gleisi
Aliados de Dilma Rousseff reagem com surpresa a intervenção do presidente do Senado
Os aliados da presidente afastada Dilma Rousseff reagiram com surpresa e indignação à intervenção feita pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que ao criticar a senadora Gleisi Hoffmann por ter dito que o Senado não tem moral para julgar a presidente, afirmou que ele teria conseguido suspender, no Supremo Tribunal Federal (STF), que o indiciamento dela seja feito pela Polícia Federal.  

A ex-ministra de Dilma, senadora Kátia Abreu (PMDB-TO), criticou duramente o colega de partido. Segundo ela, em vez de acalmar os ânimos, Renan opta por uma atitude de agressão ao Supremo e ao Senado.  — O que o Renan fez não tem nome. Ele é o presidente do Senado. Pega a palavra e toma uma atitude dessas, de agressão? É ele quem manda no Supremo? Ele quem decide sobre indiciamento, que tira indiciamento? Foi uma agressão ao Judiciário e ao Senado — afirmou Kátia Abreu. [no entender da traidora Kátia Abreu – ela só conseguiu ser eleita em 2010, por ter sido peça importante na derrubada da maldita CPMF em 2007, mas logo que reeleita se bandeou para os lados da Dilma, a Afastada – ela pode falar asneiras nas sessões do Senado, valendo o mesmo para o Lindbergh e outros da corja lulopetista, mas, o Renan não pode ter uma posição individual, de senador, desvinculada da que adotaria na como presidente. Se a posição de Renan agradou ou desagrado, os que foram analisar devem ter em conta que ele também tem direito a ter opinião independente.]

Renan, ao tomar a palavra, criticou Gleisi e afirmou “que o presidente do Senado conseguiu no Supremo desfazer seu indiciamento feito pela Polícia Federal”. O advogado de Dilma, José Eduardo Cardozo, evitou se pronunciar sobre o bate-boca em plenário e a fala de Renan. Mas garantiu que a presidente virá se defender na segunda-feira: — Ela virá! Vamos acalmar as coisas.

Para os aliados de Dilma, a tensão está aumentando desde ontem quando conseguiram a suspeição da principal testemunha de acusação, o procurador Júlio Marcelo de Oliveira. Eles acreditam que os aliados de Michel Temer aumentaram as críticas porque perceberam que estão perdendo "a narrativa". Eles querem diminuir o tempo do julgamento porque está causando constrangimento nacional!

Assim que a sessão foi suspensa, os aliados de Dilma foram se reunir na Liderança do PT para traçar a estratégia. A senadora Gleisi deixou o plenário, mas não quis dar declarações sobre o ocorrido. Afirmou que falará com a imprensa após essa reunião. O senador petista Paulo Rocha (PT-PA), resumiu: — Desandou, agora desandou. Desde ontem eu procurei o Renan, o Aloysio para conversarmos e não deixarmos as coisas desandarem. Ele como presidente faz uma fala para conciliar e dá nisso. Renan perdeu a cabeça!
A senadora Lídice da Mata (PSB-BA) afirmou que o que todos querem é acalmar os ânimos: — O presidente foi tentar acalmar os ânimos e acabou incendiando. Não temos intenção de manter o incêndio!

Clima esquentou quando o presidente do Senado criticou a senadora petista
A sessão de julgamento do impeachment foi suspensa pela segunda vez nesta sexta-feira depois que o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), usou o microfone para reclamar dos colegas, afirmar que a sessão era um "hospício". O clima esquentou quando Renan criticou a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) por ela ter dito que o Senado não tinha moral para julgar a presidente Dilma. O presidente do processo, Ricardo Lewandowski, em meio a gritos, antecipou o almoço, suspendendo mais uma vez a sessão. — Eu não quero tocar fogo não, mas como uma senadora pode dizer uma decisão dessas? Chegou ao cúmulo de dizer aqui que o Senado não tinha moral para julgar a presidente. Uma senadora que o presidente do Senado conseguiu no Supremo desfazer seu indiciamento feito pela Polícia Federal — disse Renan, exaltando e recebendo vaias.

— Vossa Excelência sendo obrigado a presidir um julgamento num hospício!
Ele chamou a lei do impeachment de "excrescência", afirmando que a lei permite que a todo momento haja problemas. — O Senado está perdendo, está perdendo a oportunidade de se afirmar como uma instituição verdadeiramente democrática. Queria até pedir desculpar ao professor Belluzzo pelo constrangimento — disse Renan, acrescentando:  — Aprovamos essa excrescência que é a lei do impeachment. Se for assim, teremos que cancelar o depoimento da presidente da República na segunda-feira. Fico muito triste de que essa sessão é a demonstração de que a burrice é infinita.

Foi quando Lewandowski, agradeceu a interferência do senador, e diante de novas discussões, desta vez entre Gleisi e Renan, suspendeu a sessão. — Que baixaria, Renan, trazer isso da Gleisi — dizia Lindbergh.

O problema começou com bate-boca de Ronaldo Caiado e Lindbergh Farias. Caiado e Lindbergh voltaram a trocar ofensas em plenário no segundo dia do julgamento do impeachment. Após ser chamado de "desqualificado", Caiado afirmou que Lindbergh era "pior que Beira-Mar" e tinha uma "cracolândia" no seu gabinete. O petista voltou a atacar o colega afirmando que o bicheiro Carlinhos Cachoeira era quem sabia da vida dele.
Logo após Renan se exaltar chamando a Casa de "hospício", o senador Lindbergh Farias (PMDB-RJ) disse que o peemedebista está "descompensado e perdeu a chance de "ficar calado". — Renan surpreendeu a todo mundo, parecia descompensado. Não há dúvidas para ninguém que o Senado está desmoralizado, pesam acusações sobre inúmeros senadores. Renan, como bombeiro, tocou fogo no plenário — disse Lindbergh.

Fonte: O Globo