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quarta-feira, 17 de novembro de 2021

FUNDAÇÃO PALMARES - Sérgio Camargo chama Zezé Motta e Djavan de "pretos vergonhosos"; atriz responde

Chefe da Fundação Palmares criticou a participação dos dois artistas em campanha antirracista; Zezé Motta respondeu com longo texto nas redes sociais 

"Pretos vergonhosos?  Somos nós que lutamos todos os dias para que a "nossa " Fundação Palmares, continue com a filosofia, ideologia e a linha de ação política implantada, que tanto lutamos para que fossem instauradas", foi assim que respondeu a atriz Zezé Motta a ofensa proferida pelo presidente da Fundação Camargo [SIC], Sérgio Camargo, contra ela e o cantor Djavan, nesta segunda-feira (15/11). 

Pelo Twitter, Sérgio Camargo compartilhou fotos dos dois artistas usando a camiseta do movimento "Imagine a dor, adivinhe a cor". Na legenda, o chefe da instituição,  que tem como missão a promoção e preservação da cultura negra e afro-brasileira, afirmou que os negros não sofrem nenhuma dor devido a cor da pele, chamou os dois artistas de "desocupados" e ainda disse que os dois são "pretos vergonhosos". "Não existe nenhuma dor (angústia) exclusiva e específica dos negros por causa da cor da pele. Quem acredita nisso é racista ou um completo imbecil. As emoções dos negros são comuns a todos os seres humanos. O monopólio racial do sofrimento é uma invenção de artistas desocupados!", afirmou. 

(...)

Depois da resposta de Zezé Motta e da indignação com as falas na redes sociais, Sérgio Camargo ainda fez outros posts sobre o mesmo assunto. Em uma publicação, compartilhou uma foto de Caetano Veloso, também usando a camiseta da campanha, e disse que não veio ao mundo para ser "escravo mental do Caetano", a quem chamou de "falso grande artista" e "babaca".

Sérgio Camargo ainda chamou o Dia da Consciência Negra, celebrado no próximo sábado (20/11), de "dia da consciência vitimista negra". O presidente da instituição ainda compartilhou um trecho de uma matéria publicada pelo Correio que lembrava críticas de Zezé Motta a ele.

Pelas redes sociais, os dois artistas receberam inúmeras mensagens de apoio e de exaltação da importância deles. 

Na segunda (15/11), em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, Zezé Motta relatou ataques racistas que sofreu ao longo da carreira e como enfrentou o processo de embranquecimento que passou.

Correio  Braziliense - MATÉRIA COMPLETA

Leia também: "Queria operar o nariz e diminuir o bumbum", diz Zezé Motta sobre embranquecimento

Atriz compartilhou que a primeira coisa que fez, quando teve recursos, foi comprar uma peruca chanel, que utilizou por anos até se aceitar negra.

 

sexta-feira, 17 de setembro de 2021

Causas perdidas - Revista Oeste

Silvio Navarro

As ruas não ecoam as palavras de ordem contra o governo, desconcertam os institutos de pesquisa e esvaziam os balões de ensaio sobre candidaturas que representam a "terceira via"  

Nos últimos cinco meses, o presidente Jair Bolsonaro enfrentou a maior artilharia já promovida no país contra um governo pela imprensa tradicional e seus políticos e influenciadores favoritos desde Fernando Collor de Melo (1990-1992). 
Foram incontáveis as manchetes que prenunciaram o término precoce por meio de um impeachment iminente, o caos econômico e um genocídio resultante do que consideraram um “descaso na condução da pandemia”. O fim da linha culminaria no surgimento natural de uma candidatura da chamada “terceira via”, capaz de angariar o espólio dos bolsonaristas e dos intelectuais que desertaram do PT. Tudo devidamente atestado pelos institutos de pesquisa. 
Ilustração: Naomi Akimoto Iria/Revista Oeste
Ilustração: Naomi Akimoto Iria/Revista Oeste

O mês de setembro chegou à metade e até agora nada se comprovou. O retrato nítido dessas previsões equivocadas foi o contraste entre a multidão que tomou as ruas no 7 de Setembro e o fiasco da manifestação do último domingo, 12. A despeito do rastilho de pólvora provocado pelo discurso inflamado de Bolsonaro contra ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) no Dia da Independência — que precisou ser contornado no dia seguinte com a ajuda do ex-presidente Michel Temer (leia nesta edição) —, o Brasil não via tamanha mobilização popular há pelo menos seis anos, quando Dilma Rousseff foi afastada do cargo. Algo semelhante à campanha das “Diretas Já”.

Não é preciso ser um grande analista político para perceber que a passeata convocada como contraponto à festa bolsonarista tem um erro na origem. Sabe-se lá se por inocência ou delírio de grandeza, seus organizadores optaram por repetir os mesmos locais lotados no 7 de Setembro — a Avenida Paulista, a orla de Copacabana e a Esplanada dos Ministérios, o que tornou a comparação inevitável. Outro detalhe: quem empunhou o microfone não conseguiu explicar objetivamente por que o presidente deveria ser expulso da cadeira — muito menos disfarçar que estava ali por interesses políticos pessoais.

A despeito de todo o esforço de boa parte da mídia, as imagens não puderam ser disfarçadas. O vexame ficou ainda maior quando confrontadas lado a lado. No dia 7 de Setembro, 11 dos 18 quarteirões da avenida estavam completamente tomados de gente, além das ruas paralelas e perpendiculares. Levando-se em conta a rotatividade dos manifestantes, é possível concluir que cerca de 320 mil pessoas passaram por ali (leia box no fim da reportagem). No dia 12, entretanto, o público ultrapassou por pouco 5 mil almas aglomeradas em frente ao Masp. O mesmo ocorreu no Rio e em Brasília.

(...........)

O fato é que movimentos como MBL e Vem Pra Rua, partidos como o Novo, postulantes sem voto à Presidência e parte da esquerda ainda tímida em assumir que estará no palanque de Lula no ano que vem ficaram desconcertados diante da falta de adesão. O PT, aliás, é relevante frisar, foi o primeiro a tirar o time de campo quando percebeu que, a cada dia que passa, fica mais clara a polarização com Bolsonaro — e que não é hora de errar com uma “pataquada” como a do dia 12. O vídeo do governador paulista João Doria (PSDB) dançando no palco da Paulista, por exemplo, é suficiente para amparar a decisão de quem optou por não aparecer ali.

Veja também:  Acompanhe em imagens um resumo da manifestação de 12/9:

Oficialmente, nenhum dos nomes que sonham com o Palácio do Planalto jogou a toalha — e é improvável que isso ocorra pelo menos até março, quando começam a valer os prazos do calendário eleitoral. Ciro Gomes (PDT) investiu na contratação do marqueteiro do petrolão, João Santana, para tentar suavizar sua carranca. João Amôedo (Novo) mantém o partido à mercê de suas vontades. E João Doria, o favorito da imprensa “nem Lula, nem Bolsonaro”, trava uma disputa interna com o gaúcho Eduardo Leite. Outros nomes que os institutos de pesquisa tentam insuflar vão ficando pelo caminho, como o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta (DEM), a senadora Simone Tebet (MDB) e o ex-juiz da Lava Jato Sergio Moro, que desapareceu.

Fim do picadeiro da CPI
Outro dado digno de registro é a inexpressividade da CPI da Covid. Alardeada como o front legislativo capaz de sangrar o governo Bolsonaro, a comissão chega cambaleante aos últimos dias de vida. Ao longo de cinco meses, a equipe dos xerifes da pandemia não conseguiu uma única denúncia robusta: foi da cloroquina à Copa América de futebol, mandou prender depoentes e humilhou médicos (e principalmente médicas) que contestaram o tribunal inquisitorial de Renan Calheiros (MDB-AL) e Omar Aziz (PSD-AM). O circo vai chegar ao fim ameaçando acusar Bolsonaro, no máximo, de charlatanismo e da morte do ator Tarcísio Meira.
 
O comissariado só não enveredou por onde deveria: o “covidão” em Manaus, no Pará, e o tal Consórcio do Nordeste, chefiado pelo ex-ministro petista Carlos Gabas — seguramente a figura mais blindada pelos senadores. A última cartada de Renan foi encomendar uma análise dos documentos da CPI ao jurista Miguel Reale Júnior, um dos coautores do pedido de impeachment de Dilma Rousseff. 
O objetivo era encontrar argamassa para sustentar que Bolsonaro incorreu em algum crime de responsabilidade — segundo os jornais, a equipe dele já apontou sete sugestões. 
A partir daí, caberia ao procurador-geral da República, Augusto Aras, redigir uma denúncia ao Supremo, o que dez em dez políticos no Congresso não apostam nenhuma ficha que acontecerá. Outra estratégia é incluir no relatório mudanças na Lei do Impeachment. “O relator pode recomendar providências para aperfeiçoar a legislação”, afirmou o senador Marcos Rogério (DEM-RO), que vai apresentar um parecer paralelo ao de Renan, assinado pelo grupo minoritário da comissão. “Mas não creio que caberia mudança na Lei do Impeachment, porque não tem correlação direta com a CPI, que apura fatos determinados. São eles: ação e omissão do governo federal e dos Estados e municípios no enfrentamento da covid-19. Ele está misturando as estações e deixando claro que sua motivação, desde o início, foi o enfrentamento eleitoral e o embate com o presidente. Está indo além do papel da CPI.” [lembrando que a decisão final se pedido de impeachment vira processo de impeachment, depende de 342 deputados votarem a favor do impeachment. Nenhuma lei será capaz de produzir os tão necessários 342 votos.]

Renan divulgará seu texto na semana que vem. O documento será anunciado com pirotecnia no Senado, num evento coordenado pela produtora Paula Lavigne, mulher do cantor Caetano Veloso — é possível que ele também compareça. A ideia dos assessores da CPI é reunir pais de famosos mortos pela covid-19, como a mãe do ator Paulo Gustavo, para discursar ao som de Como Nossos Pais, canção de Ivan Lins, gravada por Elis Regina. [nem esse circo pretendido terá condições de produzir os já citados 342 votos; o circo, a pirotecnia ocorrerá no Senado, já tem até picadeiro - o palco onde ainda funciona a covidãop - mas a apreciação de pedido de impeachment, caso Lira encaminha algum, será no Plenário da Câmara.]

Democracia vem da junção em grego de demos (povo) e kratia (poder, governo). No primeiro parágrafo da Constituição brasileira, consta a frase: “Todo o poder emana do povo”. Talvez esse seja justamente o ponto de partida: muita gente do piso de cima não consegue entender onde o povo está.

Manifestação home office - Quantos manifestantes cabem na Paulista?

‘Meritocracia é a utopia do liberalismo’, afirma Pondé

Silvio Navarro, colunista - Revista Oeste

 

 

sexta-feira, 16 de julho de 2021

Mario Frias é acusado de racismo após dizer que o youtuber Jones Manoel 'precisa de um bom banho' - O Globo

Secretário Especial da Cultura comentou post do influenciador sobre o estado de saúde do presidente da República 

O secretário Especial da Cultura Mario Frias foi acusado de racismo ao dizer, no Twitter, que o professor e youtuber comunista Jones Manoel "precisa de um bom banho". Frias respondeu a um tuíte do assessor da Presidência da República Tercio Arnaud Thomaz. Na mensagem, Thomaz compartilhava uma notícia na qual Jones afirmava já ter comprado fogos de artifício para comemorar a eventual morte do presidente Jair Bolsonaro, internado em São Paulo para tratar problemas intestinais. "A pergunta que não quer calar: quem caralhas é Jones Manoel?", tuitou Thomaz. Frias respondeu: "Realmente eu não sei. Mas se eu soubesse diria que ele precisa de um bom banho".

Após o comentário, Frias foi acusado de racismo por usuários do Twitter. Em seu perfil na rede social, Jones chamou Frias de "ex-ator frustrado e atual fascista" que cometia seu "crime de racismo diário". 
Nesta quarta, o youtuber havia dito na rede social ter comprado fogos de artifício após saber da internação de Bolsonaro. "Tão deixando a gente sonhar", ironizou. "Deixando claro que a parte dos fogos é brincadeira. Sou contra fogos. Assusta os animais".

Jones é professor de história e mantém um canal no YouTube com 165 mil inscritos. Militante do Partido Comunista Brasileiro (PCB), ele furou a bolha progressista na internet ao ser creditado pelo compositor Caetano Veloso como o responsável por fazê-lo deixar de entender o nazismo e o stalinismo como equivalentes.[óbvio que não são equivalentes: O NAZISMO MATOU 6 MILHÕES DE PESSOAS, O COMUNISMO MATOU 100 MILHÕES E CONTINUA MATANDO... Clique e Saiba mais. ]

Jones indicou a Caetano livros do filósofo italiano Domenico Losurdo (1941-2018), crítico ferrenho do liberalismo, defensor da experiência socialista soviética e entusiasta do marxismo oriental, produzido no Leste Europeu e que se contrapõe ao marxismo ocidental, que remonta à Escola de Frankfurt. Jones é um dos principais divulgadores da obra de Losurdo no Brasil.

Cultura - Jornal  O Globo

quarta-feira, 5 de maio de 2021

Canalhas da pior espécie: a grotesca politização da morte de Paulo Gustavo - Gazeta do Povo

Paulo Polzonoff Jr.

 
"Para nós, há apenas o tentar. O resto não é da nossa conta". TS Eliot.

Dizem que Paulo Gustavo era uma pessoa difícil, até porque se sabia talentoso. Mas só as pessoas interessantes são difíceis; os chatos é que são facinhos, facinhos.

Ontem à tarde conversava com um amigo sobre a politização da morte. Repassei a ele o comentário de um jornalista/professor (ô raça) que, sobre o trágico assassinato de bebês (!) numa creche de Saudade, em Santa Catarina, tuitou: “O município deu 63% de votos para o Bozo em 2018”. Logo depois, o corajoso jornalista/professor (ô raça) trancou o perfil nas redes sociais. Não me consta que tenha percebido o erro nem pedido desculpas.

Na mesma conversa, o amigo me mostra a chamada de um infame site noticioso da esgotosfera petista que diz “Mãe da bolsonarista Paula Toller é encontrada morta em casa, no Rio, aos 85 anos”. Ainda estou de queixo caído quando, conversa vai, conversa vem, o amigo fala sobre o estado de saúde do ator Paulo Gustavo, que viria a falecer ainda na noite de terça-feira (4).

Ele diz que estava se preparando para uma enxurrada de comentários homofóbicos ou exaltando a “força” das orações de um desses pastores de quinta categoria que teria orado pela morte do comediante. Sem falar nos militantes gays que viam em Paulo Gustavo um traidor da causa por se recusar a incluir um beijo entre dois homens num de seus filmes.

Concluímos a conversa com o tradicional “ai, ai, tá difícil”. Mal sabíamos o que nos esperava na manhã seguinte.
 
Narcisismo necrófilo duplo twist carpado
Caetano Veloso, aquele que se considerava muito corajoso para lutar contra a Ditadura, mas que morria de medo das baratas da prisão, escreveu: “É significativo que a notícia de que o perdemos [Paulo Gustavo] chegue no dia em que se abre a CPI da Covid no Senado Nacional. O povo brasileiro, que encheu os cinemas para rir com Paulo Gustavo, está de luto. E deve revoltar-se contra os responsáveis por nossa vulnerabilidade frente à pandemia que nos tirou essa pessoa amada por representar nossa vocação para o SIM”.

Um detalhe interessante no tuíte de Caê é que a hashtag #CaetanoVeloso vem antes de #PauloGustavo. A elas se segue um vídeo de Paulo Gustavo tietando Caetano Veloso. Eu chamaria isso de narcisismo necrófilo duplo twist carpado. Mas talvez a simples palavra “canalhice” dê conta de definir as palavras do sujeito.

(Em tempo: o que significa “nossa vocação para o SIM”? Seria um acrônimo para “Sacripantismo Imediato Mórbido?”).

O mago diante do espelho
Revoltado? Indignado? Enojado? Calma que tem mais. Também ele, o mago Paulo Coelho, manifestou sua indignação política pela morte do ator Paulo Gustavo. Mas, neste caso, tenho que tirar o chapéu para o xará de olhos vermelhos e orelhas compridas. Afinal, numa rede social marcada pela crueldade e perversidade, ele conseguiu se destacar. Escreveu o imortal da Academia Brasileira de Letras, com um erro de acentuação e um de regência:

“Assassinos de Paulo Gustavo:
- quem dizia ‘é só uma gripezinha’
- ‘não passa de 200 mortes’
- ‘cloroquina resolve’
- ‘gente morre todo dia’
- ‘Lockdown destroi o país’
- ‘máscara nos faz respirar ar viciado’
- ‘eu obedeço o comandante’
E por aí vai. Canalhas da pior espécie”.

Não, Paulinho. Paulo Gustavo morreu de uma doença que surgiu na China. Não se sabe ainda se o vírus foi naturalmente passado de animais para os seres humanos ou se a pandemia é fruto de um acidente de laboratório. Além disso, avaliações erradas quanto ao potencial letal da doença são absolutamente compreensíveis e nem todos compartilham do seu pavor diante da morte.

Por fim, não é preciso encarar o próprio reflexo numa poça d´água no meio do Caminho de Santiago para perceber que a conclusão do tuíte é a manifestação do inconsciente diante do espelho. Paulo Coelho teria percebido isso, se entendesse um mínimo de literatura.

Mamãe, falhei
Estrelas de menor grandeza também deram o ar da graça nesse espetáculo grotesco de politização da morte. “Não foi a Covid que matou Paulo Gustavo. Para a Covid existe vacina e, mesmo antes da vacina, existiam planejamentos possíveis. Paulo Gustavo é mais uma vítima de genocídio. Um genocídio com a assinatura de Jair Bolsonaro e Paulo Guedes”, escreveu uma jornalista (ô raça) que se define como “sapatão, marxista, corintiana, anticapitalista e exausta do fascismo”.

E, para encerrar este texto antes que eu e você sejamos obrigados a tomar um Plasil, o pré-candidato ao governo de São Paulo Arthur do Val, mais conhecido como Mamãefalei, usou de toda a sua retórica de halteres para escrever: “(...) Não há como negar. Ele [Paulo Gustavo] é mais uma das 400 mil vítimas desse filho da p%$# que está no poder. Não há outra palavra, não há outra expressão! BOLSONARO É GENOCIDA!”. 

 Mamãefalei ao menos teve a decência de apagar a bobagem que escreveu num de seus costumeiros ataques de fúria.

Só os chatos são facinhos
Paulo Gustavo era um bom comediante. Ri muito com “Mamãe É uma Peça”. Mas sou riso fácil – e não me envergonho disso. Dizem que ele era uma pessoa difícil, até porque se sabia talentoso. Mas só as pessoas interessantes são difíceis; os chatos é que são facinhos, facinhos. Numa época em que reina o mau humor, alguém que faça rir usando o mais tradicional dos truques (vestir-se de mulher e imitar os trejeitos de uma mãe amorosamente controladora) sempre fará falta.

Paulo Polzonoff Jr, colunista - VOZES - Gazeta do Povo

 

segunda-feira, 28 de dezembro de 2020

Olhar para a frente, sem raiva - Fernando Gabeira

O que dirá se avançamos ou não em 2021 é a coexistência de duas variáveis: o aumento no número de pessoas vacinadas e decréscimo nas contaminações  

Andei levando pancadas na rede. São os mesmos de sempre como dizia o personagem de “Esperando Godot”. Durante muitos anos, quase que solitariamente apontei os erros que poderiam nos conduzir ao desastre. A ausência de autocrítica os leva a buscar, compulsivamente, culpados, como se eu fosse responsável por Bolsonaro e não os seus erros cometidos aos longo dos anos. Aliás, já os enfrentei em eleições como aliados de Sérgio Cabral.

Jamais votaria num Bolsonaro, conheço-o bem. Ao longo dos anos, mantive-me fiel a Marina Silva, no passado, vítima de impiedosa campanha do PT. Apenas afirmei, assim que eleito, esperar que as instituições brasileiras triunfassem sobre Bolsonaro. A pandemia não estava nos cálculos, e sim o golpe de estado.

[o que a vacina oferece no momento (as que estão autorizadas pelo FDA, NHS e outras instituições de controle, que atuam com seriedade e responsabilidade) é exatamente o que o Brasil está alcançando com a 'imunidade de rebanho'.
Os contaminados, recuperados, não contaminam e nem são contaminados, criando um círculo virtuoso com redução dos contamináveis e, inevitavelmente, a redução de casos. O uso de máscaras ajuda a reduzir a contaminação.]

Quando senti a ameaça próxima de golpe, a denunciei e dispus-me a lutar contra, como se fosse a última luta de minha vida. As pancadas me ensinam o avesso da lição. Elas me aconselham abertura para quem confiava resiliência democrática, para quem combateu Bolsonaro de forma ineficaz, para quem se absteve, votou em branco e até os que o elegeram e recuam horrorizados, diante do resultado de sua escolha. É um caminho mais produtivo do que distribuir culpas.

Num grupo que discutiu o livro “O discurso da estupidez”, de Mauro Mendes Dias, recebi esta mensagem:
— Reflexão muito bem-vinda. Quanto mais pessoas puderem reconhecer a necessidade de mudar de posição, já estamos avançando. Um dos efeitos do discurso da estupidez é, exatamente, o de não poder mudar, seja pela devoção a crenças deformantes da realidade, seja devido ao gosto que ele suscita pela destruição do patrimônio de valores que nos tornam humanos.”

Nos tempos de internet, sempre haverá esses ataques maciços. É uma cultura: basta tirar uma frase do contexto. O importante é olhar para frente, sem raiva. Diante de nós surge a esperança da vacina. O Brasil tem um bom sistema de imunização, dois centros de excelência para fabricá-la: Instituto Butantan e Fundação Oswaldo Cruz.

Mas há um grande obstáculo: o próprio Bolsonaro. Sua tática de sabotar a vacina é espalhar mitos como o perigo de a pessoa virar jacaré. [o que prejudica mais o aspecto positivo da vacinação contra a Covid-19:
- o Joãozinho Diria agindo como adido comercial da China, tentando vender a vacina chinesa - insinuando o surgimento de empecilhos para a Coronovac ser aprovada pela Anvisa - quando tudo o que tem atrasado (até agora impedido) são os atrasos do Butantan e da Sinovac, adiando (sem explicações convincentes) a entrega da documentação, incluindo os indispensáveis resultados do teste da FASE 3?
- o presidente Bolsonaro com seu discurso já conhecido, sempre mantido, mas sem implicar em nenhum AÇÃO CONCRETA ou OMISSÃO que atrapalhe a chegada da vacina?
Com certeza o apresenta não apresenta do imunizante chinês, levam a que mais pessoas resistam à vacinação ou, no mínimo, não aceitem receber o imunizante chinês (se e quando for aprovado.] 
 
Além de cobrar a eficácia do processo, será necessária uma batalha pelas mentes e corações. O que dirá se avançamos ou não em 2021 é a coexistência de duas variáveis: o aumento no número de pessoas vacinadas e decréscimo nas contaminações. Um outro front onde será preciso unidade: a eleição na Câmara, de um modo geral, distante, intangível.

Naturalmente é uma escolha interna dos deputados, mas desta vez significa muito. Se Bolsonaro conseguir capturar a Câmara e eleger seu candidato, não precisará responder pelas acusações acumuladas, muito menos pelas que pode suscitar no futuro. Daí a importância de se apoiar a Frente Democrática formada para eleger um candidato independente do governo.[o que isenta o presidente Bolsonaro de responder por acusações acumuladas, sendo  é serem as tais acusações, apenas e tão somente, acusações - sem provas, de caráter meramente político, tentando impedir que o presidente conclua o mandato que lhe foi conferido por quase 60.000.000 de votos e impedir que seja reeleito em 2022.a vitória de Bolsonaro em 2022. 

Outro fator que atrapalha aos inimigos do Brasil e que anseiam por afastar outro inimigo que não suportam - o presidente Bolsonaro - é que o presidente da Câmara, seja quem for, pode apenas receber os pedidos de impeachment e engavetá-los ou pautá-los para deliberação do plenário da Câmara, em sessão que precisa da presença de 342 deputados, para ser aberta. 

E, quando aberta,  o pedido de impeachment precisa ser aprovado por no mínimo 342 deputados. Após pautar e abrir a sessão ( abrir com menos de 342 eputados = jogo jogado) o presidente da Câmara passa  a ser, naquele assunto, um observador privilegiado =  postura de Rainha da Inglaterra.]

Ela é um instrumento de maturidade política na qual desaparecem, ainda que momentaneamente, todos os ressentimentos. Abre caminho para experiências mais amplas de unidade, que podem ser decisivas para acabar com o pesadelo. Constituída por diversas correntes de um só partido, esta unidade foi criada nos Estados Unidos e teve êxito na tarefa de evitar a reeleição de Trump.

O interessante é que ao passar por uma experiência quase tão devastadora como estamos passando no Brasil, foi possível mobilizar a partir de um tema que parece abstrato e etéreo: a reconquista da alma do país. Para Biden, a alma representa os valores e instituições americanos. Os países têm alma e ela pode ser reconquistada? É algo que daria uma longa discussão. Muitas pessoas que viram o show do Caetano Veloso, por exemplo, sentiram-se de volta ao seu país perdido. [sentiram-se de volta ao país perdido? apenas um sentimento, uma ilusão, já que o país dos que sentiram tal sensação continua, e continuará perdido - aos derrotados de ontem, resta apenas a ilusão que poderão voltar a combater = ilusão dupla, já que não podem  e caso pudessem seriam também os derrotados de agora.] Outras manifestações artísticas podem ter o mesmo efeito num Brasil tão diverso. É apenas uma pista.

A outra, se me permitem a rápida menção ao período de festas, é que já fomos mais fraternos, apesar das divergências. No tempo da luta pelas diretas, por exemplo. O que se perdeu com a política pode ser reconquistado através dela. Pelo menos, são os meus votos.

O Globo - Fernando Gabeira, jornalista 

terça-feira, 20 de outubro de 2020

Tudo é perigoso - Nas entrelinhas

Numa estatística macabra, desde a posse do presidente Jair Bolsonaro, o número de homicídios no Brasil não para de subir. Estamos perdendo a batalha para a violência

A música Divino, Maravilhoso, de Caetano Veloso e Gilberto Gil, veio à lembrança por causa da morte do jovem Caio Gomes Soares, atingido por uma bala perdida após levantar da cama para pegar um suco, por volta das 7h de ontem, no Catumbi, Rio de Janeiro. Faleceu nos braços da irmã, sem tempo de receber socorro. É uma canção de 1968, que faz parte do antológico disco-manifesto Tropicália ou Panis et Circenses, do qual participaram também os Mutantes, Tom Zé, Nara Leão e Gal Costa, que interpretou a canção da forma explosiva que viria a ser sua marca registrada. “Atenção/ Tudo é perigoso/ Tudo é divino maravilhoso/ Atenção para o refrão/ É preciso estar atento e forte/ Não temos tempo de temer a morte”. Atenção para a estrofe e para o refrão: a música fala do perigo ao dobrar uma esquina, do que pode cair do alto de uma janela, do cuidado ao pisar no asfalto e do sangue no chão. Não havia naquela época o perigo de levar um tiro por ir até a geladeira, para tomar um refrigerante, em certas localidades do Rio de Janeiro.

[Mais uma vez o ilustre articulista apresenta um texto magnifico - suas matérias sempre são verdadeiras aulas, no aspecto jornalístico, cultural, etc, etc.

Cabe fazer pequenos registros: 

- apesar da citação nominal ao nosso presidente o texto atribui de forma vaga o aumento da violência a decisões do presidente da República - sem mencionar que praticamente tudo que o capitão tentou fazer em prol do combate a INsegurança pública, não foi aprovado pelo Congresso, ou foi revogado pela Justiça - até a instituição de áreas diplomáticas em favelas, nas quais a polícia só pode entrar após longo e alarmista protocolo (que certamente alertará os bandidos) , ocorreu.

- Não é feliz quando atribui a violência - citando dados do relatório de uma Ong, cuja exatidão e isenção não foram oficialmente comprovadas -   a um suposto predomínio das milícias,  que diz controlar  duas vezes o número de pessoas, quando comparado tal controle ao número das que são subjugadas pelo tráfico.

- O tiroteio que deu inicio ao incidente  citado, foi resultado da reação violenta de bandidos a uma ação policial =visando restabelecer a ordem pública em uma área de passagem. A polícia tem no mínimo o direito de quando atacada reagir suando a força necessária.

- quanto ao negacionismo presidencial e sua posição contrária à obrigatoriedade das vacinas, (que falta faz um porta-voz à Presidência da República) cabe lembrar que o Congresso Nacional tem poder suficiente para modificar qualquer lei e determinar a obrigatoriedade de vacina.]

Um tiroteio entre traficantes e policiais no Morro da Coroa teria sido a origem do disparo que matou o jovem Caio, num bairro tradicional do Rio de Janeiro, muito próximo do centro histórico da cidade, um dos cenários de Memórias Póstumas de Brás Cubas. A obra de Machado de Assis inaugurou o nosso realismo, ao retratar a escravidão, as classes sociais, o cientificismo e o positivismo de sua época. Entre o Rio Comprido, Santa Teresa e o Estácio, hoje, o Catumbi não é mais um bairro abastado. É um território em frequente disputa entre traficantes e milicianos, principalmente por causa da proximidade do Morro de São Carlos, onde existe uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Polícia Militar fluminense, e o túnel Catumbi-Laranjeiras, de acesso à Zona Sul carioca, que o transformou num bairro de passagem.

Numa estatística macabra, desde a posse do presidente Jair Bolsonaro, o número de homicídios no Brasil não para de subir. Estamos perdendo novamente a batalha para a violência, resultado de uma política de segurança pública que facilita a venda de armas, estimula a justiça pelas próprias mãos e tolera a formação de milícias, fenômeno que está sendo exportado do Rio de Janeiro para os demais estados do país, sem que se tenha muita noção do perigo que isso representa.

Pesquisa divulgada neste fim de semana sobre a expansão de organizações criminosas no Rio revela que milícia e tráfico estão presentes em 96 dos 163 bairros da cidade, nos quais vivem 3,76 milhões de pessoas, do total de 6.747.815 habitantes da capital fluminense: 2,1 milhões de pessoas (33% da população) vivem em área sob o comando de milícias; 1,1 milhão de pessoas (18,2% da população) vivem em área dominada pelo Comando Vermelho; 337,2 mil pessoas (5,1% da população) vivem em área dominada pelo Terceiro Comando; 48,2 mil pessoas (0,7% da população) vivem em área dominada pelo Amigos dos Amigos.



Enquanto isso…
Em Brasília, a cúpula do Senado pressiona o senador Chico Rodrigues (DEM-RR) para que se licencie do cargo, antes do julgamento da liminar do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso, que o suspendeu do mandato, previsto para amanhã, no plenário da Corte. O parlamentar foi flagrado pela Polícia Federal (PF) tentando esconder R$ 33,1 mil na cueca, durante operação de busca e apreensão em sua residência. Agora, alega que o dinheiro era destinado ao pagamento de funcionários e tenta justificar a sua posse, argumento que não cola na opinião pública, mas é a linha de defesa de seus advogados. Os senadores do grupo Muda Senado querem cassar seu mandado no Conselho de Ética, mas o presidente do órgão, senador Jayme Campos (DEM-MT), seu colega de partido, se recusa a convocar uma reunião do colegiado — prefere sugerir que Chico se licencie logo.

Por sua vez, Bolsonaro resolveu reiniciar sua campanha negacionista contra a obrigatoriedade do uso da vacina contra a covid-19: “Tem uma lei de 1975 que diz que cabe ao Ministério da Saúde o Programa Nacional de Imunização, ali incluídas possíveis vacinas obrigatórias. A vacina contra a covid — como cabe ao Ministério da Saúde definir esta questão — não será obrigatória”, disse, em cerimônia no Palácio do Planalto, para apresentação de pesquisa sobre um medicamento. Completou: “Qualquer vacina precisa ter comprovação científica e ser aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)”. Foi uma resposta ao governador de São Paulo, João Doria, que anunciou ontem a intenção de iniciar a vacinação contra a covid ainda neste ano. Uma vacina chinesa que está sendo testada pelo Instituto Butantã.

Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo, jornalista - Correio Braziliense


sábado, 13 de junho de 2020

O guru despirocou e o hospício abriu as portas - IstoÉ

Derrotado em vários processos judiciais e condenado a pagar uma indenização de R$ 2,8 milhões por danos morais para Caetano Veloso, Olavo de Carvalho se desespera, chama Jair Bolsonaro de covarde e ameaça derrubar o governo 

O guru

[O guru, pretensiosamente, acalentou sonhos que iria governar em para relo, tipo um Rasputin. Só que não funcionou.
Aliás, até o próprio Bolsonaro, eleito com quase 60.000.000 de votos, conseguiu governar - ainda não deixaram.]

O guru Olavo de Carvalho pirou. Sem dinheiro, derrotado em vários processos judiciais, vendo seu pupilo, o ministro da Educação Abraham Weintraub com o cargo ameaçado e condenado agora a pagar uma indenização por danos morais de R$ 2,8 milhões para o cantor Caetano Veloso, a quem chamou insistentemente de pedófilo pelas redes nos últimos anos, Carvalho perdeu as estribeiras em vídeos transmitidos pelo YouTube na semana passada. Ele ameaçou derrubar o governo e acusou o presidente Jair Bolsonaro, a quem chamou de “inativo” e “covarde”, de não fazer nada para impedir crimes e agir contra bandidos.

Magoado, sentindo-se usado e perseguido, o guru renegou a amizade do presidente e falou que não quer mais condecorações. “Enfia a condecoração no cu”, afirmou, referindo-se à Grã Cruz, mais alto grau da Ordem do Rio Branco, com a qual foi agraciado no início de maio. “Se você não é capaz de me defender contra essa gente toda eu não quero a sua amizade”, prosseguiu. Carvalho não foi específico, não disse quem é o bandido e de quem quer ser defendido, mas deu sinais de que rompeu com Bolsonaro e rompeu também com a razão. A não ser que surja a solução para todos os seus males, uma providencial ajuda financeira para cobrir suas dívidas milionárias, Carvalho deverá continuar enlouquecido contra o governo. Mas, infelizmente, não parece provável que seja capaz de derrubar Bolsonaro.

Festival de tolices
Seus impropérios, lançados desde sua casa, na Virgínia (EUA), causaram surpresa entre seus simpatizantes e dispararam um festival de tolices que só o atual governo e seus aliados poderiam oferecer. Mesmo xingado pelo guru de “palhaço vestido de Zé Carioca”, por causa de seu terno verde com gravata amarela, o empresário Luciano Hang, dono da rede de lojas Havan, promoveu uma vaquinha entre amigos para ajudar o ideólogo do governo a sair do buraco. “Temos que ajudá-lo financeiramente”, proclamou num grupo de WhatsApp. “Ele está chateado, precisa de mais ajuda para continuar lutando pelo Brasil”. Hang conversou com Bolsonaro sobre o caso e os dois chegaram à conclusão de que é preciso dar um socorro financeiro a Carvalho para que ele se acalme. Alguns amigos empresários de Hang, porém, como Flávio Rocha, da Riachuelo, e Sebastião Bonfim, da Centauro, demonstram resistência em abrir os bolsos para o guru e se recusaram a participar da vaquinha. 

Carvalho também está revoltado com a possibilidade de Abraham Weintraub deixar o governo. Condecorado por Bolsonaro em maio com o grau de Grande Oficial da Ordem de Mérito Naval, ele ficou com a corda no pescoço desde que vieram a público suas ofensas contra os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) na fatídica reunião ministerial do dia 22 de abril. No Palácio do Planalto, depois de arrumar brigas e confusões e abandonar a educação brasileira, Weintraub perdeu qualquer apoio e já foi aconselhado a pedir demissão, como uma forma honrosa de largar o cargo. Nos seus planos, está, inclusive, uma candidatura para a Prefeitura de São Paulo. O ministro teria entrado em contato com o guru para se lamentar e tentar reverter o quadro de ruptura que se avizinha. Carvalho tomou suas dores e fez mais um ataque a Bolsonaro. “Porque eu fui seu amigo, mas você nunca foi meu amigo (…) Você só tira proveito. E devolve o quê? É que nem o Weintraub. Dá uma condecoração. Tá brincando com isso, porra. Só essas multas que os caras tão cobrando de mim, é pra me arruinar totalmente. Como é que eu vou sobreviver nos EUA sem um tostão furado”, protestou. Um provável nome para assumir a Educação é o do empresário Carlos Wizard, que desistiu recentemente de um cargo no Ministério da Saúde. Sobre seus problemas, Weintraub usou o Twitter para filosofar. “Estou contrariado, mas não derrotado, eu sou bem guiado pelas Mãos Divinas!”, disse.

O processo de Caetano Veloso contra Olavo de Carvalho já transitou em julgado e não oferece mais possibilidade de recurso. Caetano é uma obsessão antiga do guru, que ajudou a promover a hashtag #caetanopedofilo. A condenação pelos danos morais foi de R$ 40 mil, que chegaram, corrigidos, a R$ 54 mil. Tratou-se de uma ação de obrigação de fazer com pedido de tutela de urgência cumulada com indenização por danos morais, aberta em 2017. O pedido de tutela foi feito com o objetivo de obrigar Carvalho a retirar todas as postagens ofensivas contra Caetano e parasse de atacar o artista, sob pena de multa diária de R$ 10 mil. Olavo retirou algumas postagens, mas não todas, e por isso o valor da indenização começou a crescer, chegando agora a R$ 2,8 milhões. “A ideia é penhorar as coisas dele”, disse a empresária Paula Lavigne, mulher de Caetano.

Bullying virtual
“E se não conseguirmos fazer isso no Brasil, iremos cobrá-los nos Estados Unidos”. Segundo Paula, há um roteiro programado de ataque à classe artística no País e Olavo de Carvalho passou de todos os limites. Ela se diz satisfeita com o resultado da ação a adianta que o dinheiro do guru “será usado em causas que pautem nossa resistência”. “Nem todo mundo tem como se defender de ataques e linchamentos morais pela internet. A ação do Caetano tem uma função pedagógica e mostra que quem ofender os outros e praticar bullying virtual pode sofrer consequências gravíssimas”, disse a advogada Simone Kamnetz, que defende Caetano. “As pessoas tem que aprender que elas não podem fazer o que quiserem pela internet”. A defesa de Carvalho reiterou durante o processo que ele não mentiu quando chamou Caetano de pedófilo.


Eminência parda do governo, com influência direta sobre os filhos 02 e 03 de Bolsonaro, Carlos e Eduardo, Carvalho também reclama da imprensa, que diz atacá-lo sem piedade. “Nunca houve contra um cidadão particular um massacre jornalístico e judiciário desse tamanho, nem contra narcotraficantes e líderes revolucionários”, disse Olavo, referindo-se a si próprio. “Há décadas existe esse gabinete do ódio contra Olavo, porra!” 

(.....)

 “Idosos estão sendo algemados e jogados dentro de camburões no Brasil. Mulheres sendo jogadas no chão e sendo algemadas por terem feito nada”, disse a ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves. “A maior violação de direitos humanos da história do Brasil nos últimos trinta anos está acontecendo neste momento, mas nós estamos tomando providências”. Uma das providências, possivelmente, será pagar as dívidas de Olavo de Carvalho porque a fúria do guru tumultuou o governo.

Em IstoÉ, MATÉRIA COMPLETA


segunda-feira, 8 de junho de 2020

[se espera que Bolsonaro fique livre do guru de Virginia.] Bolsonaro dá aval à vaquinha de empresários para “sossegar” Olavo de Carvalho

Citado nominalmente em vídeo divulgado por Olavo de Carvalho, no qual ele diz que pode derrubar a “merda do governo Bolsonaro”, o empresário Luciano Hang, dono da Havan, deu início a uma vaquinha com empresários a fim de recolher pelo menos R$ 2,8 milhões para saldar dívidas do guru dos bolsonaristas com a Justiça.

 Segundo um integrante do Palácio do Planalto, Hang conversou com Bolsonaro sobre o vídeo no qual Carvalho critica e agride o presidente com palavrões. A conclusão foi a de que é preciso dar um socorro financeiro ao guru para que ele “sossegue”. Tanto Bolsonaro quanto o empresário se mostraram surpreso com a agressividade de Carvalho, que é idolatrado pelos filhos do presidente, sobretudo Eduardo Bolsonaro.

A desculpa encontrada por Hang para levantar o dinheiro para calar a boca de Carvalho é de que ele continue “trabalhando pelo Brasil”. Mas, por trás desta ação de benemerência, está o temor de que o guru desarticule a base de apoio a Bolsonaro nas redes sociais. Olavo de Carvalho movimenta nas redes o grupo mais ideológico de apoio a Bolsonaro. No entender de assessores do presidente, não é nada confortável ter o guru como adversário. Portanto, qualquer esforço para que ele se acalme é muito bem-vindo.

Não é qualquer quantia 
 Resta saber se os empresários estão dispostos a entrar na vaquinha encabeçada por Hang. Carvalho quer muito mais do que os R$ 2,8 milhões que ele precisa para pagar uma ação judicial que perdeu para o cantor Caetano Veloso. “Não é qualquer quantia que Olavo de Carvalho quer. Isso pode ser medido pelo tamanho da agressividade dele no vídeo.

O guru dos bolsonaristas gravou mensagem reclamando que está isolado e que nunca teve apoio de presidente. No vídeo, ele diz que está sendo cobrado por “multas” e que não tem como pagar, pois está sem dinheiro. O guru deixou claro que esperava estar numa situação financeira melhor com Bolsonaro no governo.

“Bolsonaro, o que ele fez para me defender? Bosta nenhuma! Chega lá, me dá uma condecoraçãozinha… enfia essa condecoração no seu cu”, disse Carvalho. “Essas multas que esses caras estão cobrando de mim vão me arruinar totalmente. Como é que eu vou poder sobreviver aqui nos Estados Unidos sem nenhum tostão furado?”, indagou. [quer uma palavra de consolo? f ... se.]

Correio Braziliense


domingo, 29 de dezembro de 2019

Quando a Justiça tarda e, no mais das vezes, também falha - VEJA - Blog do Noblat


Por Ricardo Noblat

Presos provisórios, os sem destino a não ser o crime

Como ele mesmo confessou, o ministro Dias Toffoli, presidente do Supremo Tribunal Federal, disse ao presidente Jair Bolsonaro, ou mandou dizer (não lembra direito) que estava tudo okey com o juiz das garantias. A nova figura poderia ser criada, sim.  E, num prazo de seis meses, o novo sistema começará a funcionar – um juiz para dar conta de todos os procedimentos de um processo, outro para dar a sentença. Cerca de 40% das comarcas só dispõem de um juiz. E daí? Sem problema, dá-se um jeito rápido.

Toffoli deu uma de assessor informal de Bolsonaro. De alguma maneira antecipou seu voto na hipótese de o Supremo ser provocado a decidir sobre a legalidade do ato presidencial que criou o tal juiz. [atualizando: a criação, a paternidade do ato é do Congresso Nacional;
o presidente Bolsonaro apenas sancionou a criação legislativa, abrindo mão, em nome da celeridade legislativa, tendo em conta que se vetasse o veto seria derrubado.] Mas por aqui essas coisas acontecem, ora!
Há muitas Cortes no mundo onde os juízes só falam nos autos. Nesses lugares seria inconcebível que um chefe de Estado consultasse presidente da Corte para saber se uma decisão sua será bem acolhida por lá. Por aqui, soa normal.

Quando estourou o escândalo do mensalão do PT, o ministro Nelson Jobim, presidente do Supremo, procurou líderes de partidos para aconselhá-los a ser prudentes. Lula temia que seu governo fosse abaixo. Jobim ajudou para que não fosse.  Foi o próprio Toffoli que contou que em meados deste ano, o governo Bolsonaro correu risco de cair. A reforma da Previdência não andava no Congresso. Filhos do presidente disparavam contra militares. E um deles já estava encrencado com a Justiça.

Que fez Toffoli, segundo ele mesmo?  Reuniu-se mais de uma dezena de vezes com os comandantes dos demais poderes. Costurou uma espécie de pacto entre eles. E o pior passou. Mais tarde, sustou as investigações sobre os rolos de Flávio, o Zero Um. Se é possível, com boa vontade, superar obstáculos; se mudança tão ampla no processo penal como essa, do juiz das garantias, deverá entrar em vigor já, já, não seria o caso de se apressar soluções para outros problema graves que atravancam a Justiça? [ou a rapidez só está disponível quando a medida atravanca mais o que já está atravancado?]

Em texto aqui publicado, transcrito do jornal O Globo, o colunista José Casado abordou a situação dos chamados presos “provisórios” no Brasil. Em agosto último, eram 337 mil (41,5% do total de 818,8 mil encarcerados). Cumprem pena sem condenação. São quase todos jovens, periféricos, pobres, negros e mulatos, alguns quase brancos ou quase pretos de tão pobres, escreveu Casado, socorrendo-se da letra da música “Haiti”, de Caetano Veloso. Sobrevivem, ou tentam, nas 2,6 mil cadeias do país.

A maioria está trancada há pelo menos quatro anos, 48 meses ou 192 semanas à espera da decisão de um juiz sobre o seu destino: vida em liberdade ou “no exército oferecido pelo estado brasileiro aos 80 grupos criminosos que controlam presídios”.
Fora os parentes e as entidades que defendem os direitos humanos, ninguém aqui fora parece interessado na sorte desses jovens. E certamente há muitos inocentes entre eles. O sistema penitenciário brasileiro só serve para produzir criminosos.
Toffoli e seus colegas de toga poderiam dar um jeito nisso. Por que não dão?

Blog do Noblat - Ricardo Noblat, jornalista - VEJA

terça-feira, 29 de outubro de 2019

Fora de ordem - Nas entrelinhas

A rigor, ninguém sabe muito bem o que vai acontecer na Argentina e no Chile. O melhor mesmo é tentar entender o que se passa por aqui. Na verdade, somos muito diferentes”


A velha canção de Caetano Veloso me vem à lembrança por causa do refrão: “Alguma coisa/ Está fora da ordem/ Fora da nova ordem/ Mundial…(Várias vezes)”. Ela fala do pequeno traficante nas ruínas de uma escola em construção, de meninos e meninas ganindo para a lua, de crianças que mordem os canos de pistolas, dos ianomâmis na floresta… Mas não perde o otimismo: “Eu não espero pelo dia/ Em que todos/ Os homens concordem/ Apenas sei de diversas/ Harmonias bonitas (…)”

“Aqui tudo parece/ Que era ainda construção/ E já é ruína”, porém, adverte o poeta. A crise do governo Sebastián Piñera, no Chile, e a vitória eleitoral do peronista Alberto Fernández, na Argentina, embaralharam o jogo político na América do Sul e, como a música, provocam reflexões sobre o que pode acontecer no Brasil. Estamos diante de uma espécie de El Niño político. O fenômeno climático é provocado por um aquecimento anormal das águas de superfície do oceano Pacífico Equatorial, na altura do Peru, que influencia o clima no Brasil e todo o Cone Sul.

Com a aprovação da reforma da Previdência e a expectativa de que um pacote de medidas administrativas e fiscais do governo está para ser anunciado, havia muito otimismo no mercado em relação ao início de um novo ciclo de expansão da economia, moderado, mas consistente. A crise do Chile, cujos indicadores econômicos são melhores do que os nossos, mostrou que a economia moderna e competitiva do vizinho escondia um país sem rede de proteção social e com desigualdades gritantes, sobretudo na distribuição de renda. [o Chile está sofrendo as consequências da 'herança maldita: vem de dois mandatos presidenciais de esquerda.
O Brasil, teve o período Temer que amorteceu, apesar do Janot, os efeitos nefastos de 3 1/2 mandatos de esquerda.
Quanto ao presidente eleito pelos 'hermanos' demonstra não ser confiável e ter intenções de provocar o Brasil = o gesto imoral e inútil que fez em várias fotos, comprovam suas más intenções para com o Brasil.
Acerta o presidente Bolsonaro em ignorá-lo = desprezo educado.]  

A derrota de Maurício Macri era pedra cantada, mas, nem por isso, merece ser desconsiderada. A volta dos peronistas ao poder sinaliza que os argentinos colocaram em segundo plano as denúncias de corrupção contra a ex-presidente Cristina Kirchner, agora vice mandatária do país, mais uma vez. O fracasso de Macri pode ser visto por vários ângulos, mas o fato é que seu governo frustrou as expectativas de crescimento e bem-estar social da população. A nova ressurreição peronista anima os petistas a sonharem com a volta por cima do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A reação do presidente Jair Bolsonaro às mudanças nos dois países era a previsível. No caso do Chile, viu nos protestos uma conspiração da Venezuela e de Cuba; 
no da Argentina, a retomada do projeto bolivariano pelo novo presidente eleito, que gritou “Lula livre!” no comício de comemoração da vitória eleitoral. A rigor, ninguém sabe muito bem o que vai acontecer nos dois países. O melhor mesmo é tentar entender o que se passa por aqui. Na verdade, somos muito diferentes. [os argentinos que peçam a Deus para não ser a segunda Venezuela do continente.]
Há esgarçamento social também no Brasil, os indicadores de violência mostram sua face mais brutal. Apesar da queda do desemprego e da criação de vagas formais, temos um exército de 28 milhões de pessoas “subutilizadas”, sendo 12,5 milhões no desemprego total, principalmente nas faixas de 18 a 29 anos de idade e acima de 55 anos. Ou o governo Bolsonaro enfrenta esse problema ou os cenários chileno e argentino entrarão no radar dos investidores: ninguém quererá investir em um país em risco de convulsão política e social.

Sangue frio
As declarações de Bolsonaro contra a guinada à esquerda nos países vizinhos, e de que as nossas Forças Armadas estarão preparadas para reprimir eventuais protestos da oposição, ao contrário de dar segurança aos investidores, sinalizam mais problemas, ou seja, riscos à nossa democracia. A renúncia de oito ministros e o recuo de Piñera em relação aos protestos, que foram duramente reprimidos, são um alerta de que, nos dias de hoje, essa estratégia não é a melhor opção. Por outro lado, a comparação com a Argentina é boa para a oposição, mas é burra para o governo: estamos a mais de três anos das eleições presidenciais. É nessas horas que o sangue frio faz a diferença.

Voltando à canção do Caetano Veloso, a verdade é que alguma coisa está fora da ordem. Os sinais vêm de toda parte. Citando Alexis de Tocqueville (1805-1859), em análise da Revolução Francesa (“à medida que a situação econômica melhorava, os franceses achavam sua posição cada vez mais insuportável”), o cientista político Marcus André Melo, ontem, na Folha de São Paulo, destacava: “Revoltas e protestos resultam do descompasso entre aspirações e capacidade para materializá-las (“privação relativa”), que aumenta se as expectativas são constantes, mas a capacidade diminui (um choque econômico); se as expectativas elevam-se, mas a capacidade permanece constante (modernização acelerada); ou quando ambos aumentam, mas a capacidade não acompanha as expectativas na mesma proporção (fim de um boom de commodities)”.
Bolsonaro gerou muitas expectativas na população, em algum momento, a conta terá que ser paga. Deveria levar mais em conta esses cenários.

Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo - Correio Braziliense

 

Justiça de rico e de pobre - O Globo

O Judiciário brasileiro precisa resolver a equação da própria ineficácia

São 337 mil. É gente suficiente para encher quase cinco Maracanãs em dia decisivo para o Flamengo matar a fome de 38 anos na Libertadores. São quase todos jovens, periféricos, pobres, negros e mulatos, alguns quase brancos ou quase pretos de tão pobres, como descreve Caetano Veloso em “Haiti”. Presos “provisórios”, para a burocracia, e já somam 41,5% do total de encarcerados (818,8 mil em agosto). São pessoas forçadas a viver dentro das 2,6 mil cadeias. Cumprem pena mesmo sem condenação. 

A maioria está trancada há pelo menos quatro anos, 48 meses ou 192 semanas. Espera a assinatura de um juiz para decidir o rumo: vida em liberdade ou no exército oferecido pelo Estado brasileiro aos 80 grupos criminosos que controlam presídios.
Semana passada foram lembrados no plenário do Supremo pelo juiz Luís Roberto Barroso: “Justamente porque o sistema é muito ruim, perto de 40% dos presos do país são presos provisórios. Muitos, sobretudo os pobres, já estão presos desde antes da sentença de primeira instância.” 

Debatia-se um aspecto da Constituição, a prisão após condenação em segunda instância. O tema é de interesse legítimo, [sic]  imediato de 1.799 pessoas encarceradas (0,21% do total) por desvio de dinheiro público (1.161), corrupção ativa (522) e passiva (116). É a quarta revisão do STF em uma década.  É a mesma Constituição que assegura “a todos” o direito à “razoável duração do processo” e “a celeridade de sua tramitação”. No entanto, 337 mil estão lá, provisoriamente, nos porões do Judiciário.
“Pobre não corrompe, não desvia recursos públicos, nem lava dinheiro”, comentou Barroso, realçando a ausência de nexo num sistema que mantém pobres aos magotes aprisionados nas trevas centenas de milhares, sem sentença—, enquanto conduz um punhado de ricos condenados à vida iluminada pela liberdade até o último recurso em Brasília, com chance de prescrição do crime (quase mil em dois anos).[chegando ao absurdo de quase suplicar que o maior ladrão do Brasil aceite sair da prisão - em verdade, um resort;
o próprio MP - coordenadores da Lava-Jato - com uma celeridade inusual pediram à Justiça para soltar o presidiário de Curitiba.]

O Judiciário brasileiro precisa resolver a equação da própria ineficácia. Até porque, já é um dos mais caros do planeta. Custa 1,3% do Produto Interno Bruto, nível de gasto só encontrado na Suíça, cuja população é 25 vezes menor e a renda cinco vezes maior.
 
José Casado, jornalista - Publicado em O Globo
 
 

segunda-feira, 7 de outubro de 2019

A tesoura de dona Solange está de volta?

A tesoura de dona Solange está de volta?

Aposentada como delegada da Polícia Federal, a policial Solange Hernandes comandou a Divisão de Censura e Diversão Públicas do Ministério da Justiça durante o regime militar, entre 1981 e 1984, quando a ditadura agonizava sob o impacto da campanha das Diretas Já, que levou milhões às ruas por todo o Brasil. 

Dona Solange, como ficou conhecida, portava uma tesoura implacável contra críticos do regime e o espírito libertário dos artistas brasileiros, sobretudo letristas da MPB.  Agora a tesoura de Dona Solange parece estar de volta pelos mãos do capitão Jair Bolsonaro, que após vetar comerciais do Banco do Brasil que enaltecem a diversidade determinou que as peças publicitárias. 

Um dia depois de Jair Bolsonaro (PSL) vetar a divulgação de um vídeo publicitário do Banco do Brasil e exonerar o diretor de Comunicação e Marketing do banco, Delano Valentim, o governo informou a novidade às agências de publicidade contratadas (mais tarde, devido à repercussão negativa na mídia o Palácio do Planalto anunciou um recuo, sob o pretexto de que as empresas estatais têm autonomia, mas Jair Bolsonaro defendeu a censura e a demissão do publicitário que comandava o marketing do BB). .

Até então, somente os comerciais institucionais, ou seja, que visam a reforçar uma determinada marca, costumavam passar pela Comunicação do Planalto.  Ações mercadológicas, como a peça derrubada por Bolsonaro, cuja finalidade é ampliar participação da estatal no setor, na maioria das vezes, precisavam apenas da chancela da instituição que a encomendava. [os resultados em termos de clientela que seriam auferidos pelo Banco do Brasil - o  público do nicho que seria o alvo e foi usado como justificativa da campanha, seria pequeno, não compensando o investimento em publicidade.
Apesar da autonomia que as estatais possuem para publicidade, a regra não serve para o Banco do Brasil - que não é uma estatal e sim uma empresa de economia mista e seu maior acionista é a União Federal, comandada pelo Presidente Bolsonaro, que é o Presidente da República - até petista sabe que os lucros e prejuízos de um acionista são proporcionais a sua participação no capital da empresa.]
A campanha publicitária do Banco do Brasil, marcada pela diversidade, trazia atores e atrizes negros e jovens tatuados usando anéis e cabelos compridos. O objetivo era atingir a juventude. Durante a ditadura, além de Chico Buarque, Rita Lee, Taiguara, Raul Seixas, Gilberto Gil e Caetano Veloso, a censura prévia atingiu até cantores românticos como Odair José e o popular Chacrinha, provavelmente o mais famoso apresentador da TV brasileira.
Dona Solange inspirou uma música de Léo Jaime.

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