A Revolução
Bolchevique, às vésperas de seu centenário, pôs em prática pela primeira vez um método direto e efetivo de tomada de poder
pelos comunistas. Em 1917, uma elite
dirigente foi a ponta de lança de um movimento que, usando primeiro a força e
mais tarde o terror, ditou os rumos da antiga Rússia pelas décadas seguintes,
até o regime desmoronar, no início dos anos 90, sob o peso de sua ineficiência,
injustiça e isolamento.
Os
comunistas aprenderam, com o fracasso da
primeira experiência real do socialismo, a como não fazer uma revolução.
Hoje em dia está ultrapassado o conceito de uma vanguarda partidária que age em
nome do povo. Em seu lugar, o movimento
comunista vem construindo um caminho que, embora sinuoso, leva ao mesmo destino: a ditadura do proletariado exaltada pelo
marxismo.
Ao
contrário dos bolcheviques, que
enfrentavam inimigos de peito aberto, os comunistas atuais são sibilinos e
ardilosos. Aprenderam com o filósofo
italiano Antonio Gramsci (1891-1937) a combater o capitalismo pelos flancos
mais sensíveis. Para eles, os valores do regime são protegidos em trincheiras
burguesas, que precisam ser neutralizadas. As mais visadas são Judiciárias, Forças Armadas, partidos ditos conservadores, aparelho
policial, Igreja
e, por
último, mas não menos importante, a família.
Nas
últimas semanas assistimos a mais um capítulo dessa revolução tão dissimulada e
subliminar quanto insidiosa. Duas exposições de arte estiveram no centro das
atenções da mídia ao promoverem o
contato de crianças com quadros eróticos e a exibição de um corpo nu, tudo inadequado para a faixa etária. Não me interessa aqui discutir
eventuais méritos artísticos. Não vou também fazer a crítica moralmente conservadora. Meu respeito pela diversidade não
se resume a palavras: a Riachuelo é a
empresa que, proporcionalmente, mais emprega transgêneros no país e a
primeira a permitir que as pessoas sejam identificadas, no crachá, pelo nome
social que escolheram.
A questão
não é essa. Se venho a público,
expondo-me à patrulha ideológica infiltrada nos meios de comunicação, é para
denunciar tais iniciativas como parte de um plano urdido nas esferas mais
sofisticadas do esquerdismo -ameaça que, não se enganem, é tão mais real quanto
elusiva. Exposições são só um exemplo.
Há muitos outros: associação de capitalismo e
picaretagem na dramaturgia da TV;
glorificação
da bandidagem glamorosa; vitimização do lúmpen descamisado das cracolândias;
certo discurso politicamente correto nas escolas.
São todos tópicos da mesma
cartilha, que visa à hegemonia cultural como meio de chegar ao comunismo.
Ante tal estratégia, Lênin e companhia parecem um tanto ingênuos. À imensa
maioria dos brasileiros que não compactua com ditaduras de qualquer cor, resta
zelar pelos valores de nossa sociedade.
FLÁVIO ROCHA é presidente da Riachuelo e vice-presidente do IDV
(Instituto para o Desenvolvimento do Varejo)
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