Blog Prontidão Total NO TWITTER

Blog Prontidão Total NO  TWITTER
SIGA-NOS NO TWITTER
Mostrando postagens com marcador guru. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador guru. Mostrar todas as postagens

domingo, 12 de fevereiro de 2023

Salve o planeta. Elimine a humanidade - Revista Oeste

  Dagomir Marquezi

Algumas correntes acham que o Homo sapiens já teve sua chance

Ilustração: Dotted Yeti/Shutterstock

No seu livro A Ordem das Coisas (1966), o filósofo e psicanalista Michel Foucault lançou a ideia de que a existência dos seres humanos não é eterna nem natural. Na última frase do livro, Foucault diz que “a humanidade será apagada, como um rosto desenhado na areia à beira do mar”.

A impressão que temos é que a humanidade sempre existiu e que continuará existindo infinitamente. O Homo sapiens reina sobre o planeta há 2,6 milhões de anos, segundo um cálculo aproximado da Enciclopédia Britânica. Esse período é chamado de Antropoceno — que significa “a recente era do homem”. Como a Terra tem 4,5 bilhões de anos, nossa existência aqui equivale a um instante fugaz, um flash de tempo. Chegamos, há pouco tempo, e absolutamente nada garante que duraremos para sempre. Pelo contrário, inventamos e disseminamos os instrumentos da nossa própria destruição.

Em 1800, havia 1 bilhão de habitantes na Terra. Hoje, somos 8 bilhões. Segundo estatísticas da ONU, poderemos chegar a 11 bilhões em 2050 e a 14 bilhões em 2100. São os cálculos mais alarmistas. Outros revelam que poderemos ter uma reversão desse crescimento, caindo para 5 bilhões em 2100. No fundo, ninguém tem a mínima ideia do que o futuro nos reserva. Temos o presente. Segundo a Britânica, um quinto da superfície da Terra é usado para a agricultura. Um décimo dessa superfície está transformado em áreas urbanas. E os oceanos estão sendo submetidos a um processo predatório fora de qualquer controle.

Para onde estamos indo? Seguiremos firmes no propósito de alimentar e cuidar de bilhões e bilhões de seres humanos, não importa o que seja necessário para isso?
Viveremos permanentemente ameaçados por armas químicas e biológicas que podem exterminar a vida humana em algumas poucas semanas? Temos o direito ético de acabar com a vida na Terra vida essa que não criamos — com uma chuva de armas nucleares disparadas num momento de crise?
Destruição da raça humana
Ilustração: Pictrider/Shutterstock

“O fim de todos os nossos projetos, valores e significados”

Não são questões simples de responder. Nem existem respostas certas ou erradas para elas. São questões profundas, que varremos para debaixo do tapete enquanto tocamos nossas vidas. Não estamos falando aqui de uma crise artificial e ideologicamente corrompida, como a das “mudanças climáticas”. Falamos de um futuro que ninguém pode prever e que pode trazer a redenção da espécie ou um grau inédito de sofrimento e letalidade na história da humanidade.

Existem grupos que propõem soluções radicais para essas questões. A última edição da revista The Atlantic publicou uma reportagem de Adam Kirsch aprofundando essa questão. “Até o mais radical pensador do século 20 não vai até o fim com a perspectiva da extinção real do Homo sapiens, o que significaria o fim de todos os nossos projetos, valores e significados”, escreve Adam Kirsch. “A humanidade pode estar destinada a desaparecer um dia, mas quase todo o mundo concordaria que esse dia seria adiado o máximo possível, assim como a maioria das pessoas geralmente tenta adiar o inevitável fim de sua própria vida.”


Mas existe um grupo — ainda pequeno de pessoas que não só admite o fim da espécie humana como deseja que isso aconteça. Não formam um movimento, mas uma corrente de pensamento, uma filosofia. Não formam partidos políticas nem ONGs. São formas de pensar e agir sobre o futuro.

Segundo os anti-humanistas, para salvar a complexa teia de vida da Terra, seria necessário eliminar a causadora de toda destruição, toda exploração, todo desequilíbrio — a humanidade

A primeira, segundo a reportagem da Atlantic, é chamada de anti-humanista. Ambientalistas visam a melhorar as condições para que humanos convivam harmoniosamente com outras espécies e o meio ambiente. Segundo os anti-humanistas, para salvar a complexa teia de vida da Terra, seria necessário eliminar a causadora de toda destruição, toda exploração, todo desequilíbrio — a humanidade.

Parte desses radicais se tornou “antinatalista”. Eles propõem simplesmente que os humanos parem de se reproduzir. O maior guru do antinatalismo é o filósofo sul-africano David Benatar, para quem o desaparecimento da humanidade não retiraria do Universo qualquer coisa única ou valiosa. “A preocupação de que os humanos não existirão em algum tempo futuro é ou um sintoma da arrogância humana ou algum sentimentalismo fora de lugar.”

Benatar diz que nós desenvolvemos um senso de autoimportância e que julgamos nossa própria situação no mundo em regime de autointeresse. Nós mesmos, segundo o filósofo, determinamos que somos imprescindíveis. “As coisas serão um dia do jeito que deveriam ser — não haverá gente.” Alguns filmes e documentários já imaginaram cenas de grandes metrópoles tomadas por plantas e animais selvagens, sem nenhum ser humano à vista.

Para reforçar sua ideia, Benatar cita uma pilha de estatísticas, do tipo “tumores malignos matam 7 milhões de pessoas por ano; 310 mil humanos morreram em consequência de conflitos armados em 2000; 107 pessoas morreram por minuto em 2001” — e por aí vai. Segundo ele, se essas vítimas não tivessem nascido, não sofreriam tudo o que esses números mostram. Outro antinatalista, Karim Akerma, inclui todos os outros animais nessa doutrina e propõe uma esterilização total e universal: “Esterilizando animais, nós podemos libertá-los de serem escravos de seus instintos e de trazerem mais e mais animais cativos nesse ciclo de nascer, contrair parasitas, envelhecer, adoecer e morrer; comer e ser comido”.


Upload do pensamento

O antinatalismo não é nenhuma novidade. Alguns dos grupos iniciais do cristianismo seguiam essa linha, como os marcionitas do século 2, para os quais o “mundo visível” seria uma criação de Ievé, o Deus descrito no Velho Testamento. Em oposição a Ievé, as pessoas deveriam abandonar este mundo. E evitar que mais humanos nascessem. Na mesma época, os encratitas também acreditavam na interrupção da procriação humana. Outras seitas em diferentes épocas e lugares concluíram que o nascimento de uma pessoa condenava uma alma a ficar aprisionada num corpo material maligno, que levaria essa alma a se afastar do bem. Muitos acreditam também que o budismo tinha um sentido antinatalista, pois pregava que o sentido da vida é sofrer. Ao não nascer, essa alma evitaria o sofrimento.

A outra corrente, os transumanistas, não quer o fim da humanidade, mas a nossa transformação radical, através de avanços na engenharia genética e da inteligência artificial. Apostam num segundo estágio da civilização, através da colonização de outros corpos celestes. Acreditam numa interação profunda entre os homens e seus computadores e na colonização de outros corpos terrestres. Para os transumanistas, a humanidade não seria extinta, mas transformada num novo conceito de vida, misturando vida biológica com computadores. Nossa consciência se transformaria numa espécie de arquivo mental espiritual, que poderia ser transferida para uma nuvem de consciências sem corpos físicos. (As condições tecnológicas para esse salto não estão tão longe quanto possam parecer.)

Podemos considerar as três concepções (anti-humanismo, antinatalismo e transumanismo) ridículas, absurdas, irreais, ilógicas, insanas e tudo que a gente quiser. Mas seria um erro tentar encaixar essas visões de mundo nas caixinhas mentais “esquerda” e “direita”. Elas tratam de questões existenciais, fundamentais e perenes. E servem — no mínimo — para nos tirar do berço esplêndido das certezas imutáveis.

Leia também “A ditadura das big techs”

Dagomir Marquezi, colunista - Revista Oeste


quarta-feira, 29 de setembro de 2021

Há uma bomba-relógio no TSE - Elio Gaspari - Cassar chapa com atraso é tapetão

 O Globo

Cassação da chapa Bolsonaro-Mourão pelo TSE é o sonho do presidente

Há uma bomba-relógio no TSE 

[caso clássico de tapetão?]  

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) revelou que nas próximas semanas julgará o processo de cassação da chapa de Jair Bolsonaro e Hamilton Mourão. Parece falta de assunto, mas é bom que se diga: trata-se de uma iniciativa retardatária e inoportuna, caso clássico de tapetão.

É retardatária porque não faz sentido cassar uma chapa três anos depois da campanha durante a qual teriam ocorrido flagrantes transgressões da lei. Tudo indica que as ilegalidades ocorreram, mas, se o Judiciário levou três anos para decidir julgar o caso, deveria reconhecer que sua morosidade causou danos ao bem público semelhantes aos das malfeitorias cometidas. Se o caso envolvesse uma autoridade conduzida a um cargo vitalício, tudo bem, mas cassar uma chapa a um ano do fim do mandato é uma excentricidade.

É inoportuna, porque o país ainda não se livrou da tensão institucional manipulada por Bolsonaro nos seus confrontos verbais com o Judiciário. Uma nova encrenca nesse quintal é coisa desnecessária.

É um caso de tapetão porque, anulando o resultado de um pleito mais de três anos depois de sua realização, leva água para o moinho do condenado. Ele fica com o argumento de que foi eleito por 57 milhões de pessoas e cassado três anos depois pela maioria de um colegiado de sete sábios. Para Bolsonaro, esse seria um cenário de sonho.

A esta altura, Jair Bolsonaro pode ser afastado da Presidência pelo Congresso, por meio de um processo de impedimento. Se faltam apoios para isso, paciência. Resta a alternativa lisa e límpida da eleição do ano que vem.  
O TSE já passou por experiência semelhante em 2017, quando julgou o processo de cassação da chapa Dilma Rousseff-Michel Temer. 
A senhora já havia sido deposta pelo Congresso, o vice ocupava-lhe a cadeira, e o tribunal rejeitou o pedido. Viveu-se uma tensão desnecessária.
Todas as encrencas que Bolsonaro alimentou com o Judiciário partem da premissa de que ele tenta invadir as competências do Executivo. A cassação da chapa seria uma cereja para esse bolo. 
Fica a pergunta do que seria possível fazer para desarmar a bomba-relógio. Isso só os ministros do TSE poderão saber. No caso da cassação da chapa Dilma-Temer, seguiram um caminho que resultou na piada segundo a qual a dupla foi inocentada por excesso de provas.

Um dos pilares das denúncias contra Bolsonaro está na exposição do uso abundante de notícias falsas durante a campanha de 2018. Nesse sentido, agora o próprio TSE armou-se para impedir que essa praga contamine a eleição do ano que vem. Há três anos, as notícias falsas eram uma produção nacional. Pelo andar da carruagem, percebe-se que a receita promete ser repetida no ano que vem, com o agravante da internacionalização. Quando Steve Bannon, o guru de Donald Trump, disse que Lula “é o esquerdista mais perigoso do mundo”, sinalizava o que pode vir por aí.

Elio Gaspari, colunista - O Globo - MATÉRIA COMPLETA

 

sábado, 13 de junho de 2020

O guru despirocou e o hospício abriu as portas - IstoÉ

Derrotado em vários processos judiciais e condenado a pagar uma indenização de R$ 2,8 milhões por danos morais para Caetano Veloso, Olavo de Carvalho se desespera, chama Jair Bolsonaro de covarde e ameaça derrubar o governo 

O guru

[O guru, pretensiosamente, acalentou sonhos que iria governar em para relo, tipo um Rasputin. Só que não funcionou.
Aliás, até o próprio Bolsonaro, eleito com quase 60.000.000 de votos, conseguiu governar - ainda não deixaram.]

O guru Olavo de Carvalho pirou. Sem dinheiro, derrotado em vários processos judiciais, vendo seu pupilo, o ministro da Educação Abraham Weintraub com o cargo ameaçado e condenado agora a pagar uma indenização por danos morais de R$ 2,8 milhões para o cantor Caetano Veloso, a quem chamou insistentemente de pedófilo pelas redes nos últimos anos, Carvalho perdeu as estribeiras em vídeos transmitidos pelo YouTube na semana passada. Ele ameaçou derrubar o governo e acusou o presidente Jair Bolsonaro, a quem chamou de “inativo” e “covarde”, de não fazer nada para impedir crimes e agir contra bandidos.

Magoado, sentindo-se usado e perseguido, o guru renegou a amizade do presidente e falou que não quer mais condecorações. “Enfia a condecoração no cu”, afirmou, referindo-se à Grã Cruz, mais alto grau da Ordem do Rio Branco, com a qual foi agraciado no início de maio. “Se você não é capaz de me defender contra essa gente toda eu não quero a sua amizade”, prosseguiu. Carvalho não foi específico, não disse quem é o bandido e de quem quer ser defendido, mas deu sinais de que rompeu com Bolsonaro e rompeu também com a razão. A não ser que surja a solução para todos os seus males, uma providencial ajuda financeira para cobrir suas dívidas milionárias, Carvalho deverá continuar enlouquecido contra o governo. Mas, infelizmente, não parece provável que seja capaz de derrubar Bolsonaro.

Festival de tolices
Seus impropérios, lançados desde sua casa, na Virgínia (EUA), causaram surpresa entre seus simpatizantes e dispararam um festival de tolices que só o atual governo e seus aliados poderiam oferecer. Mesmo xingado pelo guru de “palhaço vestido de Zé Carioca”, por causa de seu terno verde com gravata amarela, o empresário Luciano Hang, dono da rede de lojas Havan, promoveu uma vaquinha entre amigos para ajudar o ideólogo do governo a sair do buraco. “Temos que ajudá-lo financeiramente”, proclamou num grupo de WhatsApp. “Ele está chateado, precisa de mais ajuda para continuar lutando pelo Brasil”. Hang conversou com Bolsonaro sobre o caso e os dois chegaram à conclusão de que é preciso dar um socorro financeiro a Carvalho para que ele se acalme. Alguns amigos empresários de Hang, porém, como Flávio Rocha, da Riachuelo, e Sebastião Bonfim, da Centauro, demonstram resistência em abrir os bolsos para o guru e se recusaram a participar da vaquinha. 

Carvalho também está revoltado com a possibilidade de Abraham Weintraub deixar o governo. Condecorado por Bolsonaro em maio com o grau de Grande Oficial da Ordem de Mérito Naval, ele ficou com a corda no pescoço desde que vieram a público suas ofensas contra os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) na fatídica reunião ministerial do dia 22 de abril. No Palácio do Planalto, depois de arrumar brigas e confusões e abandonar a educação brasileira, Weintraub perdeu qualquer apoio e já foi aconselhado a pedir demissão, como uma forma honrosa de largar o cargo. Nos seus planos, está, inclusive, uma candidatura para a Prefeitura de São Paulo. O ministro teria entrado em contato com o guru para se lamentar e tentar reverter o quadro de ruptura que se avizinha. Carvalho tomou suas dores e fez mais um ataque a Bolsonaro. “Porque eu fui seu amigo, mas você nunca foi meu amigo (…) Você só tira proveito. E devolve o quê? É que nem o Weintraub. Dá uma condecoração. Tá brincando com isso, porra. Só essas multas que os caras tão cobrando de mim, é pra me arruinar totalmente. Como é que eu vou sobreviver nos EUA sem um tostão furado”, protestou. Um provável nome para assumir a Educação é o do empresário Carlos Wizard, que desistiu recentemente de um cargo no Ministério da Saúde. Sobre seus problemas, Weintraub usou o Twitter para filosofar. “Estou contrariado, mas não derrotado, eu sou bem guiado pelas Mãos Divinas!”, disse.

O processo de Caetano Veloso contra Olavo de Carvalho já transitou em julgado e não oferece mais possibilidade de recurso. Caetano é uma obsessão antiga do guru, que ajudou a promover a hashtag #caetanopedofilo. A condenação pelos danos morais foi de R$ 40 mil, que chegaram, corrigidos, a R$ 54 mil. Tratou-se de uma ação de obrigação de fazer com pedido de tutela de urgência cumulada com indenização por danos morais, aberta em 2017. O pedido de tutela foi feito com o objetivo de obrigar Carvalho a retirar todas as postagens ofensivas contra Caetano e parasse de atacar o artista, sob pena de multa diária de R$ 10 mil. Olavo retirou algumas postagens, mas não todas, e por isso o valor da indenização começou a crescer, chegando agora a R$ 2,8 milhões. “A ideia é penhorar as coisas dele”, disse a empresária Paula Lavigne, mulher de Caetano.

Bullying virtual
“E se não conseguirmos fazer isso no Brasil, iremos cobrá-los nos Estados Unidos”. Segundo Paula, há um roteiro programado de ataque à classe artística no País e Olavo de Carvalho passou de todos os limites. Ela se diz satisfeita com o resultado da ação a adianta que o dinheiro do guru “será usado em causas que pautem nossa resistência”. “Nem todo mundo tem como se defender de ataques e linchamentos morais pela internet. A ação do Caetano tem uma função pedagógica e mostra que quem ofender os outros e praticar bullying virtual pode sofrer consequências gravíssimas”, disse a advogada Simone Kamnetz, que defende Caetano. “As pessoas tem que aprender que elas não podem fazer o que quiserem pela internet”. A defesa de Carvalho reiterou durante o processo que ele não mentiu quando chamou Caetano de pedófilo.


Eminência parda do governo, com influência direta sobre os filhos 02 e 03 de Bolsonaro, Carlos e Eduardo, Carvalho também reclama da imprensa, que diz atacá-lo sem piedade. “Nunca houve contra um cidadão particular um massacre jornalístico e judiciário desse tamanho, nem contra narcotraficantes e líderes revolucionários”, disse Olavo, referindo-se a si próprio. “Há décadas existe esse gabinete do ódio contra Olavo, porra!” 

(.....)

 “Idosos estão sendo algemados e jogados dentro de camburões no Brasil. Mulheres sendo jogadas no chão e sendo algemadas por terem feito nada”, disse a ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves. “A maior violação de direitos humanos da história do Brasil nos últimos trinta anos está acontecendo neste momento, mas nós estamos tomando providências”. Uma das providências, possivelmente, será pagar as dívidas de Olavo de Carvalho porque a fúria do guru tumultuou o governo.

Em IstoÉ, MATÉRIA COMPLETA


sábado, 26 de outubro de 2019

O flerte totalitário, com alerta de golpe - Editorial - IstoÉ

Foi uma balbúrdia quase ficcional. O partido trincou. Sobraram pancadas para todos os lados. Acusações, chantagens, gravações ilegais, xingamentos, ameaças. O pandemônio dos podres poderes deixou vísceras expostas a céu aberto. Para o brasileiro comum, pagador de impostos e esperançoso de um governo que dê rumo e fôlego ao País, não há como não se escandalizar com o esquema de pressão de votos em cima de aliados (o próprio presidente foi pilhado articulando a unção do filho à direção, na base do “assina, senão é meu inimigo”), deposições de líderes e rearranjos nada republicanos que ocorreram ao longo das últimas semanas sob o guarda-chuva do PSL, a sigla que elegeu Jair Bolsonaro.



Não foi apenas uma algazarra descompromissada, sem maiores consequências. Tinha método e objetivo. A marca da traição oficial, já vista e repetida em inúmeras ocasiões, escondia até aqui ambições inconfessáveis, dentre as quais a de instrumentalizar e manipular uma agremiação para se apropriar de seu fundo partidário — como passo preliminar — e, mais tarde, usá-lo como trampolim para um projeto de controle totalitário do Estado. A cada eleição, tanto na do ano que vem quanto na de 2022, a ampliação da rede de comando bolsonarista desponta como objetivo maior. Não existem mais dúvidas: está no radar do mandatário a articulação de um golpe engenhoso e cuidadosamente traçado para se perpetuar no Planalto.

O bote vem sendo armado e as movimentações em curso dão conta do êxito da empreitada. O filho Eduardo, que desistiu temporariamente da embaixada em Washington (por falta de apoio parlamentar, registre-se, muito mais do que por sua evidente incapacidade ao posto pretendido), assumiu a legenda em São Paulo. O primeiro filho, Flávio, aquele do laranjal, controla os desígnios políticos da tropa no Rio de Janeiro. E em Minas, o comando segue com o ministro Marcelo Álvaro Antônio, quadro de confiança do capitão, que não é demitido de maneira alguma, nem mesmo quando denunciado pela Polícia Federal por formação de quadrilha. [ser denunciado não significa uma sentença judicial de culpa do denunciado.
A denúncia é o passo inicial para um possível processo e, dependendo das provas, uma condenação.]  Está tudo dominado. A tentação totalitária paira no ar.

O Messias abocanhou o partido, vem seduzindo as Forças Armadas com a distribuição de mais de 2.500 cargos em 30 autarquias e instituições federais, aproximou-se do STF para acertos com os magistrados Dias Toffoli e Gilmar Mendes contra investigações de corrupção pela Coaf, Receita e PF, enquanto sustenta-se no apoio de alguns setores empresariais para lhe dar suporte financeiro no traçado de novos voos .[Bolsonaro,  em momento algum precisou do PSL,exceto para cumprir uma mera formalidade de registro de sua candidatura - formalidade que não lhe rendeu um único voto.
Quem precisou, e ainda precisa, do presidente JAIR BOLSONARO é o PSL.] De quebra, promove ações populistas como a da concessão do 13º salário no Bolsa Família, inebriando as massas. Esse filme já foi visto aqui e alhures. [importante: No Brasil dos idos de 60, no período pré-militar, o ambiente e as ações se desenhavam com script e figurino semelhantes.

Insatisfação popular, busca da ordem e consequente imposição da força até o controle absoluto do Estado. Na Venezuela de Hugo Chaves, que assumiu com pendores sociais, as instituições foram cooptadas e os passos na direção da ruptura democrática se deram de maneira acelerada até o país acabar como todo mundo sabe e vê. O modelo de controle dos setores produtivos, de perseguição a adversários, da censura a liberdade de expressão e de exclusão dos direitos básicos do cidadão verificado ali se transformou em um anacronismo, mas parece servir de referência a certos aventureiros de plantão no cerrado brasiliense. Muitos se apressarão a dizer que no Brasil é diferente. [o Brasil é diferente;
os três países que estão sob o CAOS - Bolívia,Chile e Equador - foram governados por governos de esquerda que desencadearam um processo de destruição dos países que governavam (a Bolívia além de ter sido governada, continua sendo e o cocalero Morales tenta permanecer.)
O Brasil, a exclusão da esquerda foi ampla e realizada pelo eleitorado. Cabendo ao Governo, se necessário, consolidar a neutralização dos comunas.

A esquerda está golpeada, os lulopetistas em processo adiantado de implosão, dispondo o Governo do Presidente Bolsonaro dos meios suficientes para conter eventuais tentativas de revolta.]
Um País de dimensões continentais, desenvolvido, sem espaço para déspotas de outras paragens bananeiras. Iludem-se ou se esquecem de como começam os regimes de exceção. Ao menos na cabeça do “Mito”, pode anotar, o sonho está desenhado. Tão certo como um dia atrás do outro, é possível prever que o senhor Jair Bolsonaro não irá aceitar qualquer resultado na próxima eleição presidencial que não o da sagração de seu nome para um novo mandato. Do contrário irá reclamar que foi fraude (já fez isso nas eleições passadas, mesmo ganhando). Exigirá medidas extraordinárias. Ensejará esforços para o famigerado golpe ou maquinações que mudem o resultado das urnas.

Pode apostar. Bolsonaro é capaz de repetir o indígena Evo Morales no que ele pratica agora na Bolívia. O Brasil parece fadado ao encontro com o extremismo mais uma vez. As peças se movem. Eduardo, o pseudo diplomata, assumiu a ferro e fogo na base da chantagem de bastidores. Os quadros políticos tiveram de apoiar seu nome ou iriam sentir o peso da vingança presidencial. Veio o racha. Os dois grupos ideológicos da agremiação não se entenderam, até porque Dudu não encarna propriamente a figura do conciliador. O capitão com delírios esquizofrênicos de se imaginar perseguido por todo mundo que não é de sua família ofereceu ferramentas e guarida aos filhos para pintarem o sete, como acharem melhor. [clique aqui e constate quem são os que se julgam perseguidos.]

A ordem unida do capitão qualquer um ouviu: “se eu puder dar filé mignon pro meu filho, eu dou”. É possível esperar tudo daí. Tretas intramuros do Palácio e desvios de conduta vêm sendo verificados (como mostra a reportagem de capa exclusiva nesta edição de ISTOÉ). No entorno presidencial, todo mundo que se aproxima e oferece influência é queimado pelos rebentos. A briguinha infantil armada por eles aqui e ali provoca vergonha alheia. Os próprios não sentem a menor vergonha. Agem como verdadeiros procuradores do pai. Mandam. Quase governam em seu nome. Carlos, o aguerrido condutor da milícia digital, nas palavras dos próprios correligionários, vai às redes sociais do patriarca para escrever o que bem quer e contra quem quiser, sem nem consultar.
Completando a trinca, Flavio e Eduardo polarizam as atenções e deliberações nos tenros dez primeiros meses de quatro anos de mandato pela frente. Bolsonaro, o pai que foi eleito pelos brasileiros, parece um peão nas mãos dos rebentos. E ninguém dá jeito. A verdade inconveniente é que o núcleo duro do governo se concentra ali. Se alguém desponta no horizonte, ganha prestígio e confiança do chefe da Nação, logo é abatido. Foi assim sistematicamente. Na longa lista, os ex-ministros Gustavo Bebianno e general Santos Cruz, o vice Mourão, a líder Joice Hasselmann e mesmo os czares Sergio Moro e Paulo Guedes sentiram de alguma forma o cheiro da fritura. Quem sobe leva pancada. Para o projeto de poder bolsonarista só importam os filhos, o guru da Virgínia, Olavo de Carvalho, e a camarilha de adeptos incondicionais. Não deixa de ser um sinal da velha política do caudilho que, um dia, se pretendeu nova.


Carlos José Marques - Editorial - IstoÉ

 

terça-feira, 17 de setembro de 2019

MILÍCIAS VIRTUAIS - A política da intimidação - Bernardo Mello Franco

O Globo

[antes do atentado contra a inocência das nossas crianças, poucas pessoas conheciam ou tinham ouvido falar do youtuber  objeto da presente matéria. 

Ter muitos acessos no canal, não significa ser conhecido. Com o atentado se tornou comentado e nada melhor para manter os holofotes do que se declarar ameaçado - com isso consegue chamar atenção para a sua plataforma e também para sua própria pessoa.]

(...) 
Ontem ele cancelou a palestra por razões de segurança. Em comunicado, relatou “ameaças que atentam contra a sua vida e de sua família”.

(... )

Nos últimos tempos, ele reduziu o besteirol em favor das mensagens educativas. Também conquistou desafetos ao se insurgir contra os discursos de ódio e a homofobia. Há dez dias, o youtuber peitou o prefeito Marcelo Crivella, que tentava ressuscitar a censura na Bienal do Livro. Em reação ao ['bispo'] , comprou e distribuiu gratuitamente 14 mil volumes com temática LGBT. Marquetagem à parte, a ação enfureceu as milícias virtuais. Felipe virou alvo de uma campanha difamatória, impulsionada por robôs e liderada por blogueiros governistas e deputados do PSL. “É estarrecedor que no Brasil, em 2019, um indivíduo seja impossibilitado de se manifestar e lutar contra qualquer tipo de censura e opressão sem ser ameaçado”, ele escreveu ontem. Não se trata de um caso isolado. A mesma fórmula tem sido usada para silenciar pesquisadores, jornalistas, políticos e artistas que ousam contestar o poder.

Todo governo lida mal com críticas. Os últimos três presidentes também viveram às turras com a imprensa. No entanto, nenhum deles mostrou tanto empenho quanto o atual para sufocar o contraditório e calar as vozes divergentes. Há método por trás da política da intimidação. Em vídeo divulgado no domingo, o ideólogo Olavo de Carvalho incitou governo e militância bolsonarista a se unirem contra quem ele vê como inimigos.  “É contra essa gente que o presidente tem que se voltar. Não na base do xingamento, que não adianta nada. Tem que agir contra essas pessoas. Mas ele só pode fazer isso se tiver apoio de uma militância organizada”, receitou o autoproclamado filósofo.

Só faltou explicar o que ele entende por “agir”. [fácil de entender e sem maiores explicações.

O 'agir' contra os que compõem o que o guru de Virginia chama, acertadamente, de essa gente, tem que ser rigorosamente dentro da lei.
Tarefa que não será dificil, já que a maior dessa gente, age à margem da lei na defesa dos seus interesses quase sempre escusos.]

Bernardo Mello Franco - Publicado em O Globo

terça-feira, 9 de abril de 2019

RADICALIZANDO 1: Indicação para Educação hostiliza os militares do governo




A escolha de Abraham Weintraub para o Ministério da Educação tem muito mais importância do que parece. Evidencia que Jair Bolsonaro decidiu, ou a tanto está sendo aconselhado por seus estrategistas (quais?), a ampliar a distância, que já não é pequena, com o chamado "núcleo militar" do governo. O problema de uma mentalidade que se deixa capturar por teorias conspiratórias é que passa a ver inimigos na própria sombra. 

Bolsonaro e alguns fanáticos estão convencidos, seguindo as teorias de Olavo de Carvalho, o guru, que também os militares foram tocados pelo espírito do Mal — no caso, o comunismo. Não é que eles tenham se convertido ao dito-cujo ou façam de forma diligente e e deliberada a vontade dos comunistas. Seriam seus instrumentos passivos. 

Notaram? Por essa formulação, será comunista todo mundo que Olavo decidir que é. Para tanto, basta que não lhe façam a vontade ou que sua leitura do mundo seja contestada. É claro que vai dar errado. Weintraub, o escolhido para o cargo, já disse em palestra que os comunistas estão no comando de organizações financeiras, empresas e imprensa.


Continua aqui... - Veja mais em https://reinaldoazevedo.blogosfera.uol.com.br/2019/04/08/radicalizando-1-indicacao-para-educacao-hostiliza-os-militares-do-governo/?cmpid=copiaecola


Continuaaqui...  e aqui