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segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

De onde vêm as palavras: Greve das mulheres de Atenas e Vitória

As gregas fizeram a greve delas, mas as brasileiras obrigaram os maridos a fazer outra greve, proibida pela Constituição

As esposas dos policiais do Espírito Santo, estas novas “mulheres de Atenas”, cansadas de outra guerra, mostraram ser boas alunas de Lisístrata, uma personagem do grego Aristófanes. Na peça, ela lidera uma greve de sexo em 411 a.C., com o propósito de pôr fim às hostilidades que estavam arruinando a Grécia ontem. Hoje, outras guerras devastam o Brasil. Lisístrata significa em grego “desorganizadora do exército”, papel que não foi cumprido por nossas Lisístratas…
Cerca de cem mulheres se reuniram em frente ao 10˚ Batalhão da Polícia Militar, em Guarapari, no Espírito Santo, para pedir melhoria de salários condições de trabalho da PM capixaba - 04/02/2017 (Vinícius Rangel/Estadão Conteúdo)

Há muitas outras diferenças que separam as antigas gregas das capixabas nesses mais de 2.400 anos. As divergências começam pela greve, que não foi das espírito-santenses e não foi de sexo. As gregas fizeram a greve delas, mas as brasileiras obrigaram os maridos a fazer outra greve, proibida pela Constituição. Assim procedendo, transformaram seus cônjuges em amotinados. Nós precisamos dar às coisas os nomes que as coisas têm e pelos quais são conhecidas. Greve é uma  coisa, motim é outra.

As capixabas não fizeram greve, palavra vinda do Francês grève, nome de uma praça forrada de areia às margens do rio Siena, em Paris, onde trabalhadores se reuniam para reivindicar seus direitos, interrompendo o trabalho.  As mulheres dos policiais amotinados foram designadas abundantemente na mídia por “mulheres”, nem “esposas”, nem “senhoras”. Esta sutileza diz muito dos lugares atribuídos à mulher na sociedade brasileira. E às vezes os conceitos e os preconceitos vêm tão escondidos que requerem uma leitura da estrutura profunda onde se homiziaram.

A palavra mulher veio do Latim mulier para o Português e tornou-se hegemônica sobre seus sinônimos para designar o feminino de homem, mas há complexas variações no uso dos sinônimos quando a mulher é referida em outros contextos.  Lembremos que a matriz latina de mulier para designar o mundo feminino é substituída quando a mulher recorre a médicos ou médicas ginecologistas  para um exame  ginecológico  ou para fazer uma ginecoplastia.  Daí o étimo é o Grego gynaikós, equivalente a “mulier” e “femina” no Latim.

Desde sempre as mulheres têm desempenhado papel importante em momentos decisivos de nossa História. No real, de que são exemplos Ana Quitéria,  Bárbara Heliodora, Chica da Silva e Anita Garibaldi, entre muitas outras. E no imaginário com obras artísticas e literárias famosas, como as três personagens emblemáticas de Jorge Amado, títulos de grandes romances: Gabriela Cravo e Canela, Teresa Batista Cansada de Guerra e Tieta do Agreste.

Mas, como, segundo Hegel, a História só se repete como farsa, desta vez as senhoras do Espírito Santo, esposas de militares, representaram uma farsa e deram ao mundo mais um exemplo do jeitinho brasileiro: seus esposos as contrataram e terceirizaram a greve! [só que as mulheres dos militares não fizeram greve, o que elide a alegada terceirização; elas apenas bloquearam as saídas do quartel e não existe nenhuma forma de considerar tal ato uma greve.
Não existe o menor ampara para alguma instância judicial considerar greve a conduta das mulheres capixabas.] Com tal procedimento, disfarçaram o motim, que tem punições muito mais rigorosas do que a greve.


Transcrito da Coluna do Augusto Nunes

 

 

terça-feira, 14 de junho de 2016

O roteiro de realeza de Eduardo Cunha na Europa



Segundo denúncia da Procuradoria-Geral da República, parte da propina recebida no petrolão foi usada para cobrir os gastos de luxo do peemedebista e da família
Do alto do morro de Adlisberg, a vista da cidade de Zurique e dos Alpes é de cartão-postal. No local, impera o Grand Hotel Dolder desde 1899, decorado com obras de Salvador Dalí e Andy Warhol. Além de ter sido cenário do filme "Os homens que não amavam as mulheres", de David Fincher, o hotel já hospedou Henry Kissinger, Winston Churchill, Luciano Pavarotti, Hillary e Bill Clinton, o príncipe William, e o presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Além do hotel suíço, o peemedebista descansou em vários outros hotéis de luxo da Europa.

Parte das despesas dos passeios pelo velho continente foi paga com propina do esquema de corrupção da Petrobras, segundo denúncia da Procuradoria-Geral da República acatada pela Justiça Federal contra a mulher do deputado, a jornalista Cláudia Cruz. A PGR sustenta que ela usou recursos ilícitos para cobrir gastos com luxos comprados no exterior, incluindo as hospedagens.

No dia 12 de fevereiro de 2013, por exemplo, a conta do casal alvo da Lava Jato foi de 1.043,40 dólares no Dolder. O casal usou o cartão Corner Card. O dinheiro de desvios na estatal teria sido transferido para a conta Kopek, em Genebra, que está no nome de Cláudia Cruz. No dia seguinte à estadia no Dolder, Cunha foi para outro hotel de Zurique, o Baur au Lac, com uma conta maior: 3.600 dólares. O local, dois anos depois, seria o mesmo palco da operação policial conduzida pelos suíços que terminou com a prisão de outro brasileiro acusado por corrupção: José Maria Marin, o ex-presidente da CBF.

Outro sinônimo de sofisticação foi desfrutado por Cunha já no mês seguinte, só que na Espanha. O W. Barcelona já recebeu nobres do Oriente Médio, como o Rei Abdala II da Jordânia e a rainha Rania. No dia 25 de março, sua conta no local chegou a 3.500 dólares. No mesmo mês do ano seguinte, a família Cunha pagou 4.900 dólares para se hospedar em um dos hotéis mais caros da Itália, o Danieli, em Veneza. No Four Seasons, em Florença, Cunha deixou 2.700 mil dólares. No Raphael, em Roma, a conta ficou mais barata, 1.900 dólares, no dia 3 de março de 2014.

Paris também foi bem explorada pelo casal Cunha. Em fevereiro de 2015, no auge da Lava Jato, Cunha, Cláudia e sua filha escolheram o Plaza Athénée, um palácio francês frequentado pelas maiores afortunados do mundo. A família pagou a fatura no dia 19 de 15.880,26 dólares. No restaurante do hotel, uma refeição pode chegar a 390 dólares. Cinco dias antes, a rotina gastronômica havia começado no Guy Savoy, um restaurante à beira do Rio Sena, com três estrelas no Guia Michelin. Valor: 1.357,24 dólares.

No dia seguinte, a família resolveu pagar menos. Em 15 de fevereiro, o gasto foi de 965,69 dólares no Les Tablettes - Jean-Louis Nomicos, de só uma estrela no Michelin, situado no 16.º Distrito de Paris, um dos mais elitistas da capital. Na véspera de partir, no dia 18, o trio voltou a escolher um três estrelas, o Le Grand Véfour, ao preço de 1.177,76 dólares.
Entre almoços e jantares, Cláudia e a filha conseguiram encaixar compras em lojas de luxo. Na Louis Vuitton, deixaram 1.482,11 dólares. Na Ermenegildo Zegna, 8.111,79 dólares. Na Chanel, 2.879,51 dólares. Na Charvet Place Vendôme, 6.537,77 dólares. Na Hermès, 1.676,65 dólares. E na Balenciaga, 960,58 dólares.

Já em Cascais, em Portugal, Cunha soube o que é dormir em um palácio real, tal como diz o slogan do Grande Real Villa Hotel, em 22 de fevereiro de 2015. No local, gastou 2.900 dólares.

Fonte: Revista VEJA