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segunda-feira, 10 de julho de 2023

Incentivo governamental - Ajuda a montadoras é clientelismo fracassado - Gazeta do Povo

  Alexandre Garcia - Vozes


Ajuda a montadoras é clientelismo fracassado  [programa já encerrado, agora o ignorante que preside o Brasil promete o caminhão popular.]


Carros baratos
Nove montadoras aderiram ao programa do governo para vender carros mais baratos.| Foto: Marcelo Elias/Gazeta do Povo /arquivo

Neste fim de semana, o presidente Lula foi a Leticia, na Colômbia, logo ali na fronteira, depois de Tabatinga.  
Ele se encontrou com o presidente colombiano em uma reunião técnico-científica sobre a Amazônia e fez uma declaração muito estranha: disse que “meu governo vai zerar o desmatamento ilegal até 2030”. 
 E eu pensei que ele tinha sido eleito até 31 de dezembro de 2026. 
Mas ele já se considera presidente até 2030. [em nossa opinião o atual presidente espera um decreto supremo,  prorrogando sua vida até completar, no mínimo, 100 anos de nascido = poluindo o planeta; porém, o  que nos conforta é que DEUS pode até conceder aos que nos tiranizam poderes para nos eliminar, mas não concede aos tiranos poderes para acrescentarem um milionésimo de segundos ao tempo de vida que já marcou. 
Mas, sendo sonhar  um direito de todos, deixemos que o apedeuta sonhe o que sua ambição permitir.]
Interessante, porque neste domingo, 9 de julho, comemora-se o início da Revolução Constitucionalista de São Paulo, que brigou com Getúlio Vargas porque ele não queria dar Constituição nem sair do governogoverno que ele tomou por meio de uma revolução, não por eleição: ele perdeu a eleição e passou por cima dela.

A França em chamas
Falando em Amazônia, vejam só a ironia.
Emmanuel Macron, que está sempre criticando os incêndios na Amazônia, agora está vendo a França incendiada.  

Eles tiveram uma política de laissez-passer, deixar passar, o país se encheu de imigrantes. Mas o francês é muito xenófobo. 
Lembro que, no cinquentenário do Dia D, eu estava na Champs Elisées e a Banda Real do Marrocos abriu o desfile.  
Ouvi as francesas dizendo “cuidado, aí vem esses pieds noirs, ‘pés pretos’, essa noite vamos ter muitos assaltos aqui em Paris”
Isso foi em 1994; imaginem hoje como é para esses imigrantes que chegaram do norte da África, da África Central, do Oriente Médio, como eles são tratados
Aliás, um deles, norte-africano, foi morto pela polícia e isso desencadeou quase uma rebelião nacional, que continua, maior que o Maio de 1968 promovido por estudantes nas ruas de Paris. Que ironia para Macron.

Veja Também:

    O bom e o ruim dos números do Censo


    CPI vai investigar se ONGs que atuam na Amazônia agem contra os interesses do país


    Risíveis planos de Lula: moeda única do Mercosul e o “caminhão popular”

Seguimos despejando dinheiro para montadoras nos entregarem carros ruins
A imprensa áulica, cortesã, está dizendo que este plano para desovar estoques das concessionárias e das montadoras de automóveis com descontos para carros chamados “populares” de até R$ 120 mil foi muito bom. 
Mas o governo parou, e não adiantou nada, basta vocês olharem os pátios das fábricas e concessionárias. 
Desde Juscelino as montadoras vêm sendo beneficiadas com o nosso dinheiro; em vez de recorrerem a soluções de mercado, queriam soluções de clientelismo com o governo brasileiro. E em troca nos empurravam porcarias.  
O Opala, por exemplo, soltava a traseira, perdia a roda, engolia gasolina, entrava água pelo parabrisa traseiro, enferrujava
O Fusca só tinha porta para quem estava na frente; quem sentava atrás não tinha porta – e comprávamos isso! 
Carro com câmbio manual deixou de ser um produto em série nos Estados Unidos em 1952, mas nos empurravam essas coisas velhas. 
A Kombi continuou a ser fabricada aqui, mas havia décadas já não era mais fabricada na Volkswagen da África do Sul, por exemplo. 
Melhorou um pouco, depois que Fernando Collor reclamou, chamou os carros nacionais de “carroças”. 
 Mas até hoje continuamos ajudando as montadoras, que dizem “senão eu vou embora”. Um negócio incrível, não? Pois que vão conquistar mercado e deixem de ficar penduradas no Estado brasileiro.

A verdade sobre a censura no caso da Covid está aparecendo
O prestigiado Wall Street Journal, talvez o jornal número um hoje nos Estados Unidos, publicou um texto dizendo que a censura e a mentira durante a Covid mataram muita gente.  
Eu digo que as mães dos jornalistas que disseram que não havia tratamento deviam se envergonhar de terem posto filho no mundo. 
Eu vi as pessoas serem tratadas e curadas de Covid em poucos dias, sem precisar ir para o hospital
Mas eles diziam que não tinha tratamento e as pessoas iam morrendo, iam sendo internadas, intubadas e enterradas. 
É nojento o que aconteceu, inclusive com os médicos que foram perseguidos porque salvavam vidas. 
Ainda bem que a verdade está chegando mais cedo do que imaginávamos.

Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos

Alexandre Garcia, colunista - Gazeta do Povo - VOZES


quarta-feira, 15 de março de 2023

Explicações desnecessárias - Percival Puggina

 

        Raymond Aron, filósofo francês do século passado, em entrevista que recentemente assisti, questionado pelo repórter sobre como explicar que parcela da intelectualidade francesa justificasse o stalinismo, disse: “Você conhece a expressão inglesa ‘wishfull thinking’ (pensar segundo o que se deseja)?” E mais adiante conta se haver interrogado durante muito tempo sobre os motivos pelos quais era tão difícil para certos intelectuais aceitar que 2 +2 seja igual a 4 e que o gulag não era uma democracia.

Esse breve trecho da conversa, que adoraria assistir na íntegra, me fez pensar nos presos do arrastão do dia 9 de janeiro e me perguntar sobre o motivo pelo qual, para certas pessoas, é tão difícil entender que aquilo não é coisa que se faça. E, por isso mesmo, tão inédita na história de nossa justiça.      

No dia 10 de janeiro, ao tomar conhecimento dos relatos e queixas dos presos arrebanhados na véspera e depositados em condições desumanas no ginásio da PF de Brasília, o ministro Alexandre de Moraes, numa espécie de wishfull thinking, chamou-os indistintamente de “terroristas” e ironizou: “Até domingo, faziam baderna e cometiam crimes. Agora reclamam porque estão presos, querendo que a prisão seja uma colônia de férias” (aqui).

Recentemente, transcorridos dois meses dos fatos, Alexandre de Moraes e Rosa Weber visitaram o presídio feminino Colmeia (não foram à Papuda). Três dias depois, o ministro declarou que a comida servida há dois meses “é caótica”. Matéria do UOL do dia 9 de março informa que “Um relato obtido pela reportagem, por exemplo, descreve um cenário de "refeições com larvas, cabelos". Já um dos relatórios da Defensoria diz que a "esmagadora maioria dos reclusos apontou que uma das proteínas fornecidas é absolutamente intragável".

A alimentação é apenas uma das penosas consequências de se arrebanhar mais de duas mil pessoas em locais não preparados para isso, sendo que a imensa maioria delas não deveria ter sido presa como foi nem permanecido presa além da audiência de custódia (de regra, efetuada logo após a prisão).  

Todo rigor se compreende em relação aos vândalos e à sua conduta, tão estúpida e delinquente na forma quanto enigmática quanto aos fins. Mas manter presos os demais, por tanto tempo, em péssimas condições, sob severas restrições pelo “crime” de rezarem e cantarem hinos diante do quartel pedindo algo que não tinham o menor poder de fazer acontecer? Francamente!

Então, o ministro fala com a governadora que se compromete a resolver o problema da alimentação dos presos num local que, de fato, não é uma colônia de férias. E lembra, o ministro, haver o STF, em 29 de junho de 2020, apontado como um Estado de Coisas Inconstitucional” a situação dos presídios brasileiros. Você entendeu? Eu não entendi.

A frase de Raymond Aron, mencionada acima, me remete a uma conclusão bem sintética: há coisas que não se explicam. O Brasil é um mostruário de enigmas.

Percival Puggina (78), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.


sexta-feira, 12 de março de 2021

Advogado brasileiro é habilitado para atuar no Tribunal Penal, em Haia

Brasil tem apenas três representantes que podem trabalhar junto à mais importante Corte Criminal do mundo; Bolsonaro pode entrar na mira dela  

[só o presidente  Bolsonaro? talvez ele seja o único que consiga se safar sobre eventuais investigações de quem fez o que ou deixou de fazer e a motivação da ação ou omissão.
O TPI - Tribunal Penal Internacional, não está sujeito à jurisdição do STF.] 
 
O advogado Rodrigo Faucz Pereira e Silva foi habilitado para atuar no Tribunal Penal Internacional, em Haia Divulgação/Divulgação
 
O Brasil tem um novo representante habilitado para atuar no Tribunal Penal Internacional, em Haia, na Holanda. O TPI é a mais importante Corte Criminal do mundo, responsável pelo julgamento dos crimes de maior gravidade perante a comunidade internacional (genocídio, crimes de guerra e contra a humanidade e de agressão entre países). O advogado Rodrigo Faucz Pereira e Silva, oriundo de Curitiba e criminalista há 15 anos, é o terceiro brasileiro na lista de profissionais do Direito admitidos no tribunal. Com isso, pode representar acusados e vítimas, além de apresentar petições e representações perante a Corte.

Existem apenas 14 advogados em toda a América Latina habilitados. A seleção é um processo complexo, que envolve investigação sobre casos em que o advogado tenha atuado. É exigido notável conhecimento em direito criminal e internacional, fluência tanto da forma escrita quanto falada do inglês ou francês, experiência superior a 10 anos e reputação ilibada.

Blog Maquiavel - Revista VEJA

segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

Sociedade desprotegida, elite privilegiada, tolos opinando - Percioval Puggina

 Anos 50. Nas manhãs de sábado, meu pai tinha o hábito de ir ao Café Internacional, no centro de Santana do Livramento, cidade onde vivíamos e onde nasci. Na minha memória de criança era um local estritamente masculino, convergência de amigos e conhecidos que se alinhavam em grupos ao longo do balcão. Por vezes, eu ia com ele. Não lembro por que me levava, mas sei por que eu ia. Ali, em meus oito ou nove anos, ao aroma do café, circulando no meio daquele grupo de gente mais alta, eu ficava em posição privilegiada para apreciar os coldres e revólveres portados por alguns, apesar da proibição vigente desde 1941. Para mim, o ambiente era de saloon e evocava os filmes de faroeste saudados com assobios e bate-pés nos matinês dominicais.
 
 Meu pai não andava armado, embora tivesse um revolver em casa e o levasse consigo quando saíamos para a estrada em viagens a Rio Grande, onde visitávamos nossos avós. Havia muito mais segurança, muito menos violência e muito mais liberdade. O revolucionário e iluminista francês Anacharsis Clootz afirmou, certa vez, que as leis são como teias de aranha, caem nelas os pequenos insetos enquanto os grandes as atravessam. Poucos anos mais tarde, o chanceler do Império Alemão, Otto Von Bismarck, sentenciou ser inconveniente esclarecer o povo sobre como são feitas as leis e as salsichas. O povo não obedeceria as primeiras e não comeria as segundas.
 
Fico pensando na imensa dificuldade que teriam meu pai, meus tios, ou aqueles seus conterrâneos, em entender o que dizem os desarmamentistas de hoje. Desde o alto de sua gentilíssima e cordial modernidade, talvez considerem “selvagens” aqueles tempos de liberdade e segurança. No entanto, a geração que me antecedeu, tenho certeza, haveria de recusar, por falta de serventia, o que seja dito por gente tão perita em segurança pública quanto os famosos da Globo. Para estes, derrotados no referendo do desarmamento (2005), devemos abrir mão do direito natural à legítima defesa da nossa vida para garantir nossa vida. O simples fato de ter, e mesmo de portar uma arma em seu veículo, não transforma em potencial homicida o cidadão que preencha rigorosos requisitos pessoais. Ironizo, é verdade, mas para provar situação de risco deveria bastar o documento de identidade de cidadão brasileiro...
 
Quem disse que os ingênuos estão na cadeia alimentar dos mal intencionados? Eu mesmo em “Pombas e Gaviões”, livro que publiquei em 2010. Projetos que tramitam no Congresso liberam o porte para os habitualmente privilegiados pelas nossas leis. A teia de Anacharsis se fecha sobre todos, exceto sobre os que estão fora dela porque fora-da-lei, e sobre os poderosos para quem não foi construída. Assim vamos, também nisso, com leis que fedem como salsicha, leis cujas teias são atravessadas pelos grandes. Como se atreve o Estado brasileiro a exigir dos cidadãos de bem o que não consegue impor aos bandidos que tão graciosa e benignamente põe em liberdade.

Percival Puggina (75), membro da Academia Rio-Grandense de Letras e Cidadão de Porto Alegre, é arquiteto, empresário, escritor e titular do site Conservadores e Liberais (Puggina.org); colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil pelos maus brasileiros. Membro da ADCE. Integrante do grupo Pensar+.

 

 

 

domingo, 4 de outubro de 2020

Millitares na Amazônia - Quanto vale o meu verde? O meio-ambiente é verde, e não verde-oliva.

Merval Pereira

Meio-Ambiente verde (oliva?)

A militarização da Amazônia parece ser a saída que o governo de Bolsonaro projeta para garantir nossa soberania na região, como se ela estivesse realmente ameaçada. [Mais vale a nossa Amazônia verde, protegida pelas nossas Forças Armadas, a verde-oliva e suas coirmãs, do que abandonada como é desejo dos inimigos do Brasil = inimigos do presidente Bolsonaro, da soberania nacional, da liberdade e da democracia. 
Pode até não estar ameaçada - sendo que as palavras do presidente francês insinuando internacionalizar a nossa Amazônia, não podem e nem devem ser esquecidas e nem as ameaças do Joe Biden - escalado para perder as eleições. 
A Amazônia é nossa, ainda não temos meios nucleares de dissuasão - entre os erros do ex-presidente Collor foi interromper as pesquisas buscando o alcance uma capacidade nuclear dissuasória - mas eventuais invasores que tenham e tentem usá-los contra o Brasil estarão contaminando por muitos e muitos anos a terra que desejam internacionalizar.] 

Desde que o candidato à presidência dos democratas nos Estados Unidos, ex-vice-presidente Joe Biden, disse no debate com Trump, referindo-se às queimadas no Brasil, que vai procurar outros países para criar um fundo de preservação da Amazônia de U$ 20 bilhões, e que, se o desmatamento continuar, haverá "consequências econômicas significativas", o presidente Bolsonaro vem acirrando os ânimos nacionalistas dos militares.  [será que o brilhante estrategista Biden imagina que invadir florestas, bombardear, é fácil quanto pensavam ser invadir campos de petróleo?  Será que ele pretende utilizar armas nucleares para se apossar dos campos agrícolas do Brasil - celeiros do mundo? será que esquece que bombardear a floresta significa matar os indígenas, que dizem defender. Quando se pensa em Biden, não podemos esquecer Buffalo Bill. ]

Responde que “não estamos à venda” em sua live do Facebook, e considera a fala de Biden uma demonstração de que há interesses espúrios de outros países na Amazônia. Bolsonaro joga toda sua política externa na reeleição de Trump, vê nossa relação diplomática com os Estados Unidos como “plena”, e lamenta que Biden, que pode vir a ser eleito presidente dos Estados Unidos, “parece [???] estar querendo romper o relacionamento com o Brasil por causa da Amazônia”.  

Consequentemente, diz que o Brasil precisa de Forças Armadas "preparadas" para proteger a Amazônia caso algum país resolva fazer "uma besteira" contra o Brasil. “E nós temos que fazer o que? Dissuadi-los disso. E como você faz a dissuasão disso? Ter Forças Armadas preparadas. Mas nossas Forças Armadas foram sucateadas ao longo dos últimos 20 anos”, lamentou. [o sucateamento é verdadeiro, foi efetuado sistematicamente desde o inicio do primeiro mandato do sociólogo até o inicio do governo Temer;

Mas, pode ser revertido e estamos em nosso solo. Para nos destruir terão que destruir o que dizem querer seja preservado]. 

O estranho é que no Fórum Econômico Mundial, ao encontrar-se com o ex-vice-presidente dos EUA Al Gore, Bolsonaro disse que gostaria de “explorar a Amazônia com os Estados Unidos”. Mesmo que seja apenas uma bravata, essa convocação à defesa da Amazônia entusiasma os militares, e boa parte dos seguidores bolsonaristas mais radicais.  A idéia de juntar o ICMBio ao Ibama, por exemplo, está sendo vista pelos ambientalistas como uma tentativa de militarizar a preservação do meio-ambiente, que já está dominada por militares no Ibama. Há também pressões vindas dos setores produtivos para a mudança da política ambiental do governo, pois a ação do ministro do Meio-Ambiente Ricardo Salles está se tornando tóxica para os exportadores.  [nos parece que o Poder Judiciário começa a abrir os olhos, passando a enxergar coisas boas na política do Meio-Ambiente do governo Bolsonaro - recente decisão da Justiça revalidou a autoridade do Conama.] 

O agronegócio já está sofrendo as conseqüências de uma política ambiental que desafia o mundo ocidental, e pode provocar prejuízos à marca Brasil, que sempre teve um peso importante no mercado mundial. Os agricultores estão gastando mais dinheiro do próprio bolso para fazer o rastreamento dos seus produtos, para poder provar que não são oriundos de áreas desmatadas. [cabe ao Brasil esperar que o primeiro país ambientalista cancele contratos de compra de produtos brasileiros.

Não podemos esquecer que esses países ambientalistas - destruíram sua florestas e querem preservar as brasileiras,  e no caso da Noruega suas empresas causam desastre ambiental no Brasil - vivem ameaçando tirar dinheiro que alegam serão empregados na conservação das nossas florestas, deveriam já que são tão poderosos pedir permissão ao Brasil e participar com meios adequados no controle das queimadas que as Ong's vendidas e presidentes de países colonialistas dizem causar males ao Brasil e ao mundo].

A nomeação do vice-presidente Hamilton Mourão para presidir o Conselho da Amazônia foi um primeiro passo para dar mais credibilidade às ações do governo na região, mas, embora tenha mais bom senso que Salles, o vice-presidente precisa ter sob sua jurisdição órgãos que hoje estão no ministério do Meio-Ambiente.  Por isso voltou a ser cogitada a fusão do ministério do Meio-Ambiente com a Agricultura, uma idéia que o presidente Bolsonaro teve no início de seu governo, ao montar o novo ministério. Na ocasião, e com razão, pareceu ser uma manobra para rebaixar o Meio-Ambiente em favor do agronegócio. Agora, ao contrário, seria uma ação para proteger o agronegócio das críticas internacionais à política ambiental do governo Bolsonaro.

 A proposta é que o vice-presidente Hamilton Mourão assuma toda a coordenação da política ambiental, e que a Agricultura absorva funções burocráticas do Meio-Ambiente. Mourão teria assim sob sua orientação o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que ele já criticou, a ponto de apoiar um movimento do Ministério da Defesa para comprar um satélite que faria a mesma função de monitoramento de queimadas e desmatamentos que o sistema do Inpe já faz.  

A idéia foi abandonada, mas Mourão, assumindo a política ambiental, terá o sistema de satélites já existente à sua disposição. Tudo isso pode ser feito, e melhorará a imagem do país no exterior, se demonstrarmos que estamos realmente combatendo as queimadas e o desmatamento, e não apenas entregando aos militares uma hipotética defesa da região, sem alterar o negacionismo do governo. Um meio-ambiente verde, e não verde-oliva.

Merval Pereira, jornalista - O Globo

quarta-feira, 22 de julho de 2020

Carteirada no Senado - O Globo

Bernardo Mello Franco


O pronto-socorro do doutor Dias Toffoli voltou a fazer milagres no recesso. Ontem o presidente do Supremo impediu uma operação que mirava o senador José Serra. A Polícia Federal tentou recolher documentos no gabinete do tucano, mas foi barrada na portaria. Toffoli atendeu a uma reclamação do presidente do Senado, Davi Alcolumbre. Eleito com a promessa de renovar a Casa, ele se empenhou na blindagem do colega. Antes de recorrer ao Supremo, ligou para um delegado da PF e pediu que o mandado de busca e apreensão não fosse cumprido. A carteirada funcionou.

Alcolumbre não falou francês, mas seu telefonema lembra a atitude do desembargador que se recusava a usar máscara em Santos. Irritado com a multa, o magistrado ofendeu os guardas que faziam seu trabalho. O presidente do Senado não precisou humilhar ninguém. Apenas usou o poder para evitar o cumprimento de uma ordem da Justiça Eleitoral.  Pouco depois, Toffoli suspendeu de vez a operação. O ministro afirmou que o mandado de busca padeceria de “extrema amplitude”. Por isso, haveria “risco potencial” de a PF apreender documentos ligados à atividade parlamentar do senador.

Na linguagem do futebol, o juiz Toffoli apitou “perigo de gol”. Sua decisão sugere que os agentes poderiam encontrar provas de crimes cometidos por Serra no exercício do mandato. Nesta hipótese, o senador estaria protegido pelo foro privilegiado. É uma linha de raciocínio curiosa. No ano passado, o Supremo enviou o caso do tucano para a primeira instância. Argumentou-se que as suspeitas de caixa dois não tinham relação com o mandato de senador. Agora o presidente da Corte diz que o juiz eleitoral não poderia ordenar a busca no gabinete. O foro privilegiado não valia, mas voltou a valer.

Como o tribunal está em recesso, o Ministério Público não tem a quem recorrer. Responsável pelo plantão judiciário, Toffoli decidirá tudo sozinho até o início de agosto. Quando a folga suprema acabar, a operação de busca terá deixado de fazer sentido. Se havia algo a ser encontrado no gabinete de Serra, não haverá mais.

Bernardo M. Franco, colunista - O Globo


"O triste risível" - Coluna Alexandre Garcia

"A carteirada é usual por quem não tem razão ou quer exceção a alguma regra, e se sente superior aos demais"

O desembargador destratou o guarda municipal Cícero Hilário, em Santos. Com perdão pelo trocadilho, o desembargador é que é hilário. Arrogantemente ridículo. Em outros tempos sem meios digitais, na consequência de um incidente assim, o guarda seria a parte fraca; seria a palavra de Cícero Hilário contra a voz soberana do desembargador hilário. Mas em época de gravações de som e imagem, e de divulgação instantânea, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) não terá muito trabalho para se pronunciar sobre o triste episódio. Do alto de sua arrogância, o hilário chamou Hilário de analfabeto, ligou para o secretário municipal de segurança, rasgou a multa e a jogou no chão. Diz o jornal que, em uma abordagem anterior, ele respondera em francês para os guardas. Hilário.

A Constituição estabelece que todos são iguais perante a lei, mas há muitos, como o desembargador, que se sentem acima da lei. Fico imaginando como uma pessoa dessas integra o maior tribunal do principal estado brasileiro. O guarda Cícero Hilário demonstrou ter mais equilíbrio que o desembargador hilário. Cumpriu seu dever com educação e serenidade, ao contrário do desembargador, que não se comporta como um cidadão igual aos outros, enquanto caminha na orla de Santos. Na sua cabeça, continua de toga e com poderes de juiz sobre os demais.

Nos últimos 14 anos, o Conselho de Justiça puniu 66 juízes com… aposentadoria. [punição equivalente a decretar: ficará em casa, com polpuda aposentadoria, mas sem autoridade para fazer bobagens.]  Condenados a receber sem trabalhar. Poucos chegam à prisão, como o desembargador do trabalho Nicolau dos Santos Neto, que morreu de covid-19. Desvios são ainda mais graves quando praticados por quem tem o poder de julgar os outros. Má-conduta, e o “você sabe com quem está falando”, não são exclusivos de uma profissão. A carteirada é usual por quem não tem razão ou quer exceção a alguma regra, e se sente superior aos demais.

Embora eu já tenha visto advogados, policiais, juízes, jornalistas, médicos, deputados, julgarem-se mais iguais que os outros, a arrogância chamou mais atenção desta vez, porque a Justiça está na berlinda, em consequência de arroubos dos que se julgam acima da lei e da Constituição. O episódio serve para avisar a esses seres acima dos demais que um poder ainda mais alto se levanta — o dos olhos e ouvidos digitais, que tudo testemunham, denunciando como de fato aconteceu. E a gente não precisa de nenhum relator para confirmar o que se ouve e se vê. E quando se ouve e se vê esse senhor desembargador, percebe-se o ridículo e o hilário, nesse episódio triste e risível.


Alexandre Garcia, jornalista - Correio Braziliense


terça-feira, 21 de julho de 2020

Desmascarado - Merval Pereira

O Globo

Desigualdade exposta

A pandemia da Covid-19 está deixando exposta a enorme desigualdade que perpassa a sociedade brasileira, e estimulando comportamentos execráveis como o do desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo de sobrenome quatrocentão Eduardo Almeida Prado Rocha Siqueira, que humilhou um agente da Guarda Civil de Santos por se recusar a usar máscara.


Vários casos como esse têm acontecido nos últimos dias, revelando que a época anacrônica do “você sabe com quem está falando? ” continua prevalecendo na triste pós-modernidade brasileira. Devemos ao sociólogo Roberto Da Matta em seu livro “Carnavais, malandros e heróis” a dissecação dessa frase emblemática, que define nossa sociedade até hoje.  Diante dos casos recentes, como o daquela senhora que respondeu a um fiscal que seu marido não era cidadão, mas “engenheiro civil, melhor que você”, Roberto da Matta confirma sinais de que a cultura brasileira “tem alergia à igualdade, e a máscara iguala as pessoas”. Uma pessoa que considera ofensivo ser chamada de “cidadão” mostra bem em que ponto estamos no nosso desenvolvimento como sociedade. A senhora em questão disse que sentiu um tom de ironia na voz do guarda, quando a intenção era mostrar respeito mas, ao mesmo tempo, definir a limitação do indivíduo no convívio social.

No Brasil, analisa Roberto da Matta, você vive como pessoa pública mesmo quando está na fila do banco. Ou você se considera merecedor de furar a fila, ou o gerente, reconhecendo-o, lhe chama. O anonimato da rua, que deveria reger nossas relações sociais, é superado pelo “sabe com quem está falando ?”, e a máscara dá uma sensação de igualdade que incomoda os acostumados a uma relação de subordinação, hierarquizada. Há outras interpretações relacionadas à recusa do uso da máscara, que se encaixam bem no perfil do presidente Bolsonaro, um dos primeiros a reagir contra a obrigatoriedade do uso da máscara, dando péssimo exemplo de comportamento social.

Quando disse que deveríamos enfrentar a pandemia “como homens”, Bolsonaro estava confirmando uma dessas interpretações, que indicam que psicologicamente os que se recusam a usar máscara a consideram um sinal de fraqueza, sem levar em conta que a pandemia não escolhe vítimas. São acintosamente egoístas. Afinal, o uso de máscaras protege quem a usa, mas, sobretudo, os que estiverem em seu entorno. A maior prova de que o uso da máscara previne a Covid-19, o que, de resto, já está comprovado por diversas pesquisas científicas, é o número de funcionários do Palácio do Planalto que foram contaminados. Nada menos que 128 servidores foram diagnosticados com a Covid-19, sendo que 36 estão afastados no momento, depois que o presidente foi diagnosticado com a doença contagiosa. Também ontem o novo ministro da Educação, Milton Ribeiro, anunciou que testou positivo para a Covid-19, sendo o quarto ministro a ser infectado.

O desembargador que tentou humilhar o guarda civil e agora está sendo investigado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) cometeu de uma vez só todos os abusos que demonstram sua postura patética típica do "sabe com quem está falando?”. Citou o nome do secretário de segurança de Santos, Sérgio Del Bel e telefonou para ele para demonstrar intimidade. Chamou o guarda de analfabeto. Falou ridiculamente em francês para mostrar-se superior ao guarda.
O secretário Del Bel atendeu a chamada, mas, diante do acontecido, disse que não conhece o desembargador. Esse é outro detalhe que denota a hierarquização da nossa sociedade. O secretário de Segurança atendeu porque sabe que quem tem seu celular deve ser importante. Se fosse um cidadão qualquer que tivesse descoberto o número do celular, a conversa não demoraria um segundo. [sequer atenderia o celular;
matéria excelente,  peca quando usa a petulância do magistrado, o convencimento - que não é só dele -  de ser superior às leis e a todos, como pretexto para 'malhar' a autoridade maior = o Presidente da República Federativa do Brasil.
É conveniente que a apuração do desacato à autoridade, no legítimo exercício de suas funções, cometido pelo desembargador não ocorra em 'segredo de Justiça', e seja divulgado eventual punição,não valendo a de 'censura reservada'.]

Merval Pereira, jornalista - O Globo




sábado, 11 de julho de 2020

Quem são os empresários que ganham com a cloroquina no Brasil


Defendido por Bolsonaro como tratamento para covid-19, remédio teve alta de 358% no consumo

 A campanha do presidente Jair Bolsonaro a favor da cloroquina ajudou a empurrar os negócios de cinco empresas autorizadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a produzir o medicamento no País. Eles não informam quanto o faturamento aumentou, mas dados do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos (Sindusfarma) mostram que o consumo de cloroquina pelos brasileiros cresceu 358% durante a pandemia. A alta acompanha o crescimento nas vendas de máscaras e álcool em gel, cujo uso é recomendado no mundo todo. A cloroquina, ao contrário, coleciona mais críticas do que apoio na comunidade científica.


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Diagnosticado com a covid-19, presidente Jair Bolsonaro mostrou o medicamento durante uma live e recomendou o uso da cloroquina Foto: REPRODUCAO /YOUTUBE/JAIR BOLSONARO
Recomendada para tratar malária, artrite e lúpus, ela passou a ser utilizada por pacientes com coronavírus após relatos de resultados positivos. A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma, contudo, que a substância é ineficaz no tratamento da covid-19. Trump é acionista de laboratório que produz cloroquina. Empresários dizem que relação é 'institucional' [Sabemos que qualquer remédio de alto custo eficaz no combate ao Covid-19, abrirá as portas para um intenso mercado de corrupção - os valores envolvidos são de milhões de dólares.
Um medicamento barato, nos moldes da cloroquina, e já existente, reduzirá em muito as oportunidades de corrupção e os valores a serem ganhos com a prática.
Assim, medidas de controle para evitar boicotes interesseiros ao medicamento devem ser ativados juntamente com uma vigilância implacável - é inaceitável que se sacrifique vidas humanas pelo lucro.]
O laboratório Aspen, do empresário Renato Spallicci, triplicou em abril a produção de Reuquinol, à base da substância, aproveitando a onda criada por Bolsonaro. Em 26 de março, a caixinha do produto apareceu no mundo todo ao ser exibida pelo presidente num encontro virtual com líderes do G-20. Militante bolsonarista, daqueles que gostam de compartilhar na internet o que o presidente faz, Spallicci aproveitou as redes para divulgar as imagens do presidente exibindo seu remédio.

Na quinta-feira, 9, já com diagnóstico positivo da covid-19, Bolsonaro voltou a exibir uma caixinha de hidroxicloroquina durante sua live semanal, assistida por 1,6 milhão de pessoas. “Por volta das 17h (de terça-feira) tomei um comprimido de cloroquina. Recomendo que você faça a mesma coisa. Sempre orientado pelo médico. É um testemunho meu: tomei e deu certo, estou muito bem”, afirmou o presidente. “No meu caso deu certo. Não estou ganhando nada com isso. Não tenho nenhum negócio com essa empresa”, justificou.

Desta vez, o remédio exibido era a versão genérica do medicamento, produzida pela EMS. A empresa faz parte do grupo controlado por Carlos Sanchez, também dono do laboratório Germed, outro autorizado a vender a cloroquina no País. O empresário está na lista da revista  Forbes como o 16.º homem mais rico do Brasil e uma fortuna avaliada em U$ 2,5 bilhões. Sanchez participou de duas reuniões com Bolsonaro desde o início da pandemia. O último encontro, virtual, ocorreu em 14 de maio. Antes, em 20 de março, Bolsonaro já havia se reunido com o dono da EMS e outros empresários, também por videoconferência, para discutir a pandemia do coronavírus. O encontro ocorreu no mesmo período em que o presidente passou a amplificar a divulgação da hidroxicloroquina em declarações e nos canais oficiais.
Outro fabricante de cloroquina, o empresário Ogari de Castro Pacheco viu o laboratório Cristália, do qual é cofundador, ser prestigiado pessoalmente pelo presidente no ano passado. Filiado ao DEM, Pacheco é segundo-suplente do líder do governo no Senado, Eduardo Gomes (MDB-TO), e eleitor de Bolsonaro.

Na ocasião, a convite de Pacheco, o presidente participou da inauguração de uma das plantas do laboratório, em 6 de agosto. Durante a cerimônia, Bolsonaro parabenizou o empresário pela “coragem de erguer” o empreendimento. Pacheco cita, em declaração no site da empresa, o fato de a pandemia ter levado a um “crescimento sem precedente de venda de medicamentos”. Segundo o senador Eduardo Gomes, o empresário está internado com covid-19 e fez uso do medicamento que vende. O único laboratório estrangeiro autorizado a vender cloroquina no País é o francês Sanofi-Aventis, que tem o presidente dos EUA, Donald Trump, como acionista. A exemplo de Bolsonaro, Trump é entusiasta do medicamento. Em abril, o jornal  The New York Times publicou reportagem na qual questiona se a defesa do presidente americano da cloroquina estaria relacionada à saúde ou aos seus negócios.

O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente, compartilhou uma foto de uma caixa de cloroquina da marca Plaquinol, da empresa da qual Trump é acionista, no Twitter, em 10 de abril. A imagem vinha acompanhada de uma notícia de que o grupo iria doar medicamento para infectados com a covid-19.
Além do contato com os empresários, o governo acelerou a produção da hidroxicloroquina no laboratório do Exército. Segundo o Ministério da Defesa, até o fim de junho, 1 milhão de comprimidos da substância tinham sido distribuídos e havia um estoque de mais 1,85 milhão de unidades. A produção foi suspensa até que todos sejam enviados a hospitais e postos de saúde públicos. Procurados pela reportagem, os empresários autorizados a produzir cloroquina no País afirmaram manter contato institucional com o governo.

Carlos Sanchez, da EMS, disse por meio de sua assessoria que a empresa tem mais de 55 anos de história, “já passou por muitos governos e busca sempre estabelecer diálogo com todos eles”. “A empresa é a favor do Brasil, independentemente de partidos políticos. Como a maioria dos brasileiros, quer um país mais próspero e mais justo, com oportunidades para todos. A empresa tem feito a sua parte, gerando empregos, investindo em pesquisa e em aumento de capacidade fabril, ampliando o acesso a medicamentos e promovendo saúde à população”, disse a EMS.

Segundo a empresa, os encontros com o presidente Jair Bolsonaro foram promovidos pela Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), para discutir “questões econômicas e o novo cenário brasileiro diante da pandemia de coronavírus”. A Apsen disse não apoiar ou financiar partido político e que o presidente da empresa, Renato Spallicci, não mantém relações pessoais com Bolsonaro. “A atuação da Apsen se dá no âmbito do governo federal, com o Ministério da Saúde, Ministério das Relações Exteriores e Anvisa. Esse contato atende todas as regras do setor e o cumprimento das leis do País”, diz nota enviada pela empresa.

Já a francesa Sanofi disse que tem como prioridade a segurança e o atendimento aos pacientes atualmente tratados sob as indicações aprovadas de “nosso medicamento Plaquinol (hidroxicloroquina): doenças reumatológicas e dermatológicas crônicas, além de malária e lúpus”. “Continuamos totalmente comprometidos em garantir o fornecimento de hidroxicloroquina para essas indicações, com base em nossa demanda histórica”, disse a empresa, que não cita o uso da substância para combater o coronavírus. A empresa confirmou ao Estadão que Trump é acionista, mas não informa qual o porcentual que ele tem da empresa. A assessoria do laboratório Cristália informou que o dono da empresa, Ogari Pacheco, está hospitalizado e que não poderia responder aos questionamentos da reportagem.

[Falem o que falar, mas mais uma vez tentativas de alimentar eventuais ligações, ou interesses outros, do presidente Bolsonaro com empresas produtoras da cloroquina,não prosperaram.
As cinco empresas autorizadas no Brasil recebem atenção igual do presidente.
Mesmo que as vendas cresçam e alcancem bilhões de dólares, não teria sentido as cinco se unirem para subornar o presidente.
O nosso presidente tem um gênio explosivo, um comportamento que o leva a falar em excesso mas não encontrarão nada que atinja sua honestidade. DESISTAM.]


Patrick Camporez, O Estado de S.Paulo




domingo, 1 de dezembro de 2019

Uma patrulha selvagem contra a Bishop - Elio Gaspari

As críticas à escolha de Elizabeth Bishop evitaram a discussão de sua poesia

Onda de intransigência envenena a Feira Literária Internacional de Paraty

O sujeito soube que a poeta americana Elizabeth Bishop seria homenageada pela Flip do ano que vem e temeu pelo início de mais um debate indigente. Festejar uma lésbica e alcoólatra seria um prato feito para o ministro Abraham Weintraub. Eis que o pedagogo bolsonarista ficou calado, e a escolha de Elizabeth Bishop foi condenada com outras críticas selvagens. Como um bolsonarismo de sinal trocado, essa intransigência malversa a História, tentando mudar o resultado de um jogo no replay. 

As críticas à escolha de Bishop evitaram a discussão de sua poesia e centraram-se em três pontos. Ela viveu no Brasil por mais de dez anos, mas olhava para a terra de forma condescendente, menosprezando seus literatos (falou mal de Manuel Bandeira). No pior dos pecados, em 1964, apoiou a deposição do presidente João Goulart.  
[convenhamos que qualidades não sobram na Bishop, enquanto os defeitos abundam;
mas, o simples fato de ter apoiado o Movimento Revolucionário de 1964, já é bastante para  permitir que alguns dos seus inúmeros defeitos sejam ignorados.

Uma atualização que se impõe: a menção na matéria de que a polícia do Rio  matou, este ano, 1.546 pessoas.
Deixa a impressão que foram execuções, quando na realidade as mortes ocorreram em operações policiais, principalmente contra o tráfico, não houve execuções.
Alguns casos de mortes por balas perdidas são e sempre serão tristes e lamentáveis, e o pior, é que sempre quando noticiados é dado um destaque de forma a parecer que as balas perdidas foram sempre da polícia.

Foram situações de confrontos que, infelizmente, causaram mortes de inocentes, mas, os disparos causadores em sua maior parte foram proveniente das armas do bandidos.
Aliás, é voz corrente, que muitas das balas perdidas que resultam em mortes, não foram perdidas e sim disparadas por bandidos tendo como alvo  civis inocentes, incluindo crianças, para indispor a população  contra a polícia e as operações policiais.]

Bishop não olhou para o Brasil como o francês Claude Lévi-Strauss, que passou por aqui nos anos 1930. Ela era poeta e ele, antropólogo. As opiniões de Bishop foram expostas em cartas, enquanto Lévi-Strauss ponderou suas ideias no livro “Tristes trópicos”. Ela disse que toda a poesia latino-americana cabia num poema de Dylan Thomas. Exagerou, mas Lévi-Strauss traçou um retrato fiel e devastador da elite cultural brasileira. Livrou Euclides da Cunha e Heitor Villa-Lobos. 

O caroço das críticas a Elizabeth Bishop esteve no seu apoio à deposição de Goulart: “Foi uma revolução rápida e bonita, debaixo de chuva — tudo terminado em menos de 48 horas”. Bonita não foi, mas naqueles dois dias morreram sete brasileiros. (Neste ano a polícia do Rio matou 1.546 pessoas.) 

Bishop era uma americana elitista e liberal. No Brasil, era também amiga de Carlos Lacerda. Em 1964 ele governava o Rio e era um feroz adversário de Goulart. Lacerda foi o melhor administrador que a cidade teve, nada a ver com o político acuado e decadente de seus últimos anos. A poeta era companheira de Lota de Macedo Soares, amiga do “Corvo” e criadora da maravilha do Aterro do Flamengo. 

Em 1963, liberais como Arthur Schlesinger Jr. e Richard Goodwin, assessores do presidente John Kennedy, defendiam a alternativa de um golpe contra Goulart. Um ano depois, quando ele foi derrubado, o “New York Times” disse, num editorial, que não lamentava a queda de um governante “tão incompetente e irresponsável”. (Muito provavelmente essa peça foi escrita por Herbert Matthews, o jornalista que ajudou a criar o mito do guerrilheiro Fidel Castro.) 

Em Pindorama também havia liberais contra Jango. Para ficar num só exemplo, o advogado Sobral Pinto, que tanto fez pela liberdade do brasileiros, disse, em janeiro de 1964, que “começou ontem, sob proteção abusiva e violenta de tropas do Exército (...), a revolução bolchevique brasileira (...) Não existe mais, nesta hora, no país, nem lei nem autoridade pública”. (Ele condenava a proteção dada pelos militares a estudantes que haviam invadido uma faculdade, hostilizando Lacerda.) 


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A caça ao AI-5
Há um mistério no processo de criação do partido dos Bolsonaro. Até os mármores do Tribunal Superior Eleitoral sabem que o partido não poderá ser criado neste ano, nem no próximo. Admar Gonzaga, o advogado dos Bolsonaro, é um veterano conhecedor do tribunal, onde foi ministro.
Fica a suspeita de que se esteja criando um clima de conflito com o Judiciário.

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MATÉRIA COMPLETA Folha de S. Paulo e O Globo - Elio Gaspari, colunista

quinta-feira, 14 de novembro de 2019

Fernández quer usar vento brasileiro estocado por Dilma para desenvolver a energia eólica na Argentina - Augusto Nunes - VEJA

Por Augusto Nunes

SanatórioGeral: Parceria revolucionária



“Com Lula livre sopram outros ventos no Brasil”. (Alberto Fernández, presidente eleito da Argentina, numa conversa com o colega francês Emmanuel Macron, insinuando que vai montar em parceria com Dilma Rousseff um plano binacional para o desenvolvimento da energia eólica na terra do tango usando estoques de vento brasileiro)

Blog do Augusto Nunes - Augusto Nunes, jornalista - VEJA


terça-feira, 22 de outubro de 2019

Como perder a guerra - Nas entrelinhas

“O PSL é belicoso e midiático, na primeira crise interna, o que se vê são gravações feitas sem autorização, ameaças de denúncias  e muito bate-boca entre seus deputados nas redes sociais”

 Usada à farta no Brasil para caracterizar uma atitude fadada ao fracasso, não existe uma explicação para a existência da expressão “Foi assim que Napoleão perdeu a guerra”, sobre a qual não há referências em alemão, francês, russo ou inglês. Alguns atribuem a expressão aos portugueses, uma espécie de vingança sarcástica devido à invasão de Portugal pelo exército francês e a consequente fuga de D. João VI e sua corte para o Brasil, em 1808.

As especulações vão da desastrosa retirada de Napoleão da Rússia, em 1812, depois da ocupação de Moscou, pois a cidade fora evacuada e, depois, incendiada (o exército russo evitou o confronto aberto e perseguiu as tropas francesas em pleno inverno, até Paris) a uma suposta crise de hemorroidas que o impedira de montar durante a Batalha de Waterloo, em 1815, quando foi definitivamente derrotado pelos ingleses.  O chiste lusitano é sob medida para a crise do PSL, cujo último lance foi a renúncia do líder da bancada na Câmara, deputado Delegado Waldir (GO), e sua substituição pelo deputado Eduardo Bolsonaro (SP), filho do presidente da República. Jair Bolsonaro se encontra no Japão, primeira etapa de sua viagem à Ásia, mas de lá monitora a operação que levou seu filho à liderança do PSL.

Apesar de ter a maior bancada governista da Câmara, com 53 deputados, o PSL nunca foi o partido hegemônico na Casa, embora seja muito estridente na tribuna e nos apartes, além de agitar as redes sociais. Agora, com essa divisão, corre o risco de ser tornar irrelevante, a não ser que haja um acordo interno que apazígue a disputa. Falta à bancada do PSL cultura parlamentar para o entendimento e a composição, num ambiente com ritos de convivência consolidados.

O modus operandi do partido é belicoso e midiático. Na primeira crise interna, o que se vê são a divulgação de gravações feitas sem autorização, ameaças de denúncias sobre os podres partidários e muito bate-boca pelas redes sociais, às vezes em linguagem completamente estranha à vida parlamentar, como a guerra de emojis entre a ex-líder do governo no Congresso Joice Hasselmann (PSL-SP) e o vereador carioca Carlos Bolsonaro (PSL), filho do presidente da República, que nem da bancada é.

Decantação
A reviravolta de ontem, quando Eduardo Bolsonaro conseguiu finalmente o número de indicações para se tornar o líder, não encerra a crise, apenas restabelece a lei da gravidade, pois seria um aborto da natureza o presidente da República ser derrotado na sua própria bancada, como aconteceu na sexta-feira. Entretanto, é um jogo de perde-perde: se 29 deputados apoiam o novo líder e 24 são contra ele, em certas circunstâncias, isso reduz o peso da bancada a cinco deputados, principalmente em questões interpares. Vamos supor, por exemplo, que a eleição para a presidência da Câmara fosse hoje.

A confusão na bancada do PSL faz parte de um processo de decantação, após o tsunami eleitoral que renovou a Câmara. Começa a separar os parlamentares eleitos para brilhar e que se destacam entre as principais lideranças daqueles que vão permanecer no baixo clero. Alguns serão deputados de um só mandato.A aposta do clã Bolsonaro é que os adversários internos não sobreviverão sem o apoio do presidente da República, porque chegaram ao Congresso na aba do seu chapéu. Além disso, ficarão a pão e água, conforme a narrativa usada para pressionar os rebeldes a apoiarem o novo líder. Tem lógica, mas muita água ainda vai rolar sob a ponte.

O primeiro ato de Eduardo Bolsonaro foi destituir os 12 vice-líderes da legenda, cargos importantes no funcionamento da Câmara, porque seus ocupantes substituem o líder nas comissões e no plenário, além de terem direito à partilha dos cargos da liderança. O líder é poderoso quanto ao funcionamento da Casa, pois indica os integrantes das comissões e relatores, comanda as negociações e intermedeia a ocupação de espaços e liberação de recursos nos ministérios.

Para o presidente Bolsonaro, controlar a liderança é uma forma de confrontar o poder da cúpula do partido, principalmente do presidente do PSL, deputado Luciano Bivar (PE), com quem entrou em rota de colisão por causa dos recursos dos fundos partidário e eleitoral, que somam mais de R$ 200 milhões. O papel de líder, principalmente nos grandes partidos, exige capacidade de diálogo e negociação. Esse não é o forte de Eduardo Bolsonaro, cujo perfil é mais agressivo. Pode ser que a estratégia de Bolsonaro pai seja mesmo essa, porque a agenda econômica do governo vai bem sem o PSL. O grande negociador das reformas é o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). O papel do filho seria fazer um contraponto e demarcar território.

Nas Entrelinhas - Luiz  Carlos Azedo  - Correio Braziliense


domingo, 31 de março de 2019

Gastança: Aqui se faz, aqui se paga

Nos tempos atuais, "El Rey" e vice-reis atendem por outros nomes. E alguns são ex-presidentes



Deonísio da Silva

Aqui se faz e aqui se paga, diz o brasileiro, que entretanto tem o carma de pagar pelo que não fez e deseja receber pelo que não pagou.  Jaz nas profundezas da alma brasileira o gosto de ter um El Rey ou vice-rei a quem recorrer. Nos tempos atuais, El Rey e vice-reis atendem por outros nomes. E alguns são ex-presidentes. Já ordenaram muitas despesas e hoje usufruem o pagamento, em muitos casos indevido, pelo que fizeram, mas também pelo que deveriam fazer e não fizeram: a reforma da Previdência, por exemplo.

Ninguém tem ex-mãe, ex-pai, ex-filhos ou ex-avós. Não existe ex para laços sanguíneos. Só pode ter ex-mulher e ex-sogros. E todos temos ex-presidentes. Nenhum ex custa tão caro aos brasileiros quanto os ex-presidentes.  Nunca tivemos tantos ex-presidentes da República. São seis atualmente. Gastamos milhões de reais com eles que, por ordem de saída de cena são: José Sarney: ex desde 1990; Fernando Collor: ex desde 1992; Fernando Henrique Cardoso, ex desde 1º de janeiro de 2003; Luiz Inácio Lula da Silva, ex desde 1º de janeiro de 2011; Dilma Rousseff, ex desde  31 de agosto de 2016; Michel Temer, ex desde 1º de janeiro de 2019.

Fazendo as contas, apenas no ano passado a ex-presidente Dilma Rousseff custou R$ 632 mil, dos quais R$ 45,4 mil com seguro, manutenção e combustível de veículos.  
O segundo a gastar mais foi Collor, com R$ 306 mil. 
 [comentário 1: Collor foi o terceiro, visto que Lula, mesmo encarcerado, gastou anualizando todo o 2018 R$ 476.000,00]
José Sarney gastou R$ 158 mil e Lula R$ 119 mil. 
[comentário 2: o famigerado presidiário petista conseguiu,  apesar de ter passado 9 meses preso no ano de 2018, gastar, anualizando, R$ 476 mil, mais do que Collor, que desfrutou da liberdade durante todo o ano 2018.
Uma pergunta: quando Lula foi encarcerado o pagamento de sua 'aposentadoria' foi cancelado? suspenso?
a pergunta procede visto que o condenado petista quando foi recolhido ao xadrez, pretendia continuar com assessores e seguranças.]
O mais baratinho foi FHC, que custou R$ 41,3 mil.

Outros indicadores são igualmente preocupantes. Um ex-presidente foi preso na semana passada e solto depois de quatro dias, mas pesam acusações complicadas também sobre os outros, alguns dos quais já são réus.  Há mais de mil palavras em português iniciadas com ex, uma preposição que se tornou prefixo e ganhou autonomia na língua falada. O étimo de ex nos veio do Latim ex, mas já estava no Grego ek e na raiz indo-europeia eghs indicando movimento para fora, de ocultar, sair de cena.

Às vezes, está tão escondido e disfarçado este ex, que gera controvérsias, como é o caso de explorar; de exausto, que no português perdeu o “h” inicial que tinha no Latim haustus, particípio de haurire, consumir, esgotar. 
Do exhaustus nada mais se obtinha, fosse pessoa, bicho ou terreno.
Explorar, do Latim explorare, também traz o ex na inicial, tendo designado originalmente clamar, gritar, seja na caça ou nas batalhas, perseguindo para abater e comer ou ferindo e matando para vencer.
O étimo principal é plorare, gritar, chorar. Este encontro “pl” mudou o som para “ch” no Português, como pluvia virou chuva, mas que conservou o étimo em índice pluviométrico, indicador das chuvas havidas em determinado tempo e em determinada região; ou o conservou, como em implorar com o significado de pedir.

O que está em causa, porém, não é a etimologia da designação ex-presidentes. É o seu custo. Ele vai ser afetado pela reforma da Previdência?
Bem, esta é uma das complexas questões que envolvem a controvérsia. Para isso, temos que escolher alguém para pôr o guizo no pescoço do gato, tal como numa das 124 fábulas do ex-seminarista francês  Jean de La Fontaine, autor de histórias em que os animais têm características humanas. Ele viveu no século XVII, era filho de um fiscal das águas e de florestas, e está sepultado ao lado de dramaturgo Molière (pseudônimo de Jean-Baptiste Poquelin) num dos cemitérios mais famosos do mundo, o Père-Lachaise, em Paris, que homenageia o padre confessor do rei Luis XIV.

Conta La Fontaine que, reunidos em assembleia, os ratos decidiram, por unanimidade, pôr um guizo no pescoço do gato para perceber quando ele se aproximasse para caçá-los. Todos tinham aprovado a proposta, mas um rato velho fez uma pergunta que travou tudo: quem vai pôr o guizo no pescoço do gato?
Até hoje, nenhum rato conseguiu. Por isso a expressão veio a designar tarefa muito difícil, quase impossível de ser feita. A leitura desta fábula pode ser útil hoje para se entender o Brasil. Dê nome aos bois, digo, aos ratos e ao gato, e teremos uma boa explicação.

Deonísio da Silva
Diretor do Instituto da Palavra & Professor
Titular Visitante da Universidade Estácio de Sá
http://portal.estacio.br/instituto-da-palavra