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sábado, 18 de junho de 2022

Lula pediu a FHC que libertasse sequestradores de Abílio Diniz

Revista Oeste

Segundo o petista, a liberação dos criminosos foi intermediada pelo senador e ex-ministro da Justiça Renan Calheiros (MDB) 
 O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) revelou, na sexta-feira 17, que pediu ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) a libertação dos responsáveis pelo sequestro do empresário Abílio Díniz.

O caso relatado pelo petista teria ocorrido em 1998, quase dez anos depois de Diniz ter sido alvo dos criminosos, em 1989. Entre os sequestradores, estavam argentinos, chilenos, canadenses e um brasileiro. “Havia dez brasileiros presos”, disse Lula, em evento de pré-campanha realizado em Maceió (AL). “Foram presos em 1989, naquele sequestro do Abílio Diniz. Esses jovens ficaram presos por dez anos. E houve um momento em que fui conversar com Fernando Henrique, porque eles [os criminosos] estavam em greve de fome. Eles iriam entrar em greve seca, em que você fica sem comer nem beber. Aí, a morte seria certa.” [opinião sincera: se entrassem em greve seca, convidassem o descondenado petista e essa aceitasse, o mundo ficaria bem melhor.]

Em razão da greve, o petista intercedeu pelos sequestradores. “Então, fui procurar o ministro da Justiça, Renan Calheiros [MDB]. Ele disse: ‘Lula, vai conversar com Fernando Henrique, porque tenho toda a disposição para soltar o pessoal’. Falei para o FHC: ‘Fernando, você tem a chance de passar para a História como um democrata — ou como um presidente que permitiu que dez jovens, que cometeram um erro, morram na cadeia. Isso não apagará nunca.”

Segundo Lula, para libertar os criminosos FHC pediu a ele que os convencesse a acabar com a greve. “Fui até a cadeia, em 31 de dezembro, para conversar com os meninos. Falei: ‘Olha, vocês vão ter de dar a palavra para mim. Terão de garantir que vão acabar com a greve de fome. E vocês serão soltos’. Eles respeitaram a proposta e pararam a greve de fome. Não sei onde eles estão agora”, disse o petista.

Apesar de Lula se referir aos sequestradores como “jovens” e “meninos”, todos eram maiores de idade. David Robert Spencer e Christine Gwen Lamont, ambos canadenses, tinham 38 e 41 anos, respectivamente. Os irmãos argentinos Humberto Paz e Horácio Paz, responsáveis pelo planejamento do sequestro, tinham 34 e 39 anos. Ulisses Acevedo, 33 anos; Maria Marchi Badilla, 43; Pedro Lembach e Héctor Collante, ambos com 35; e Sergio Urtubia, com 34 anos, fecham a lista dos chilenos sequestradores. Raimundo Roselio Freire, o único brasileiro da lista, tinha 24 anos de idade.

O sequestro
Abílio Diniz foi sequestrado em 11 de dezembro de 1989. Numa entrevista ao podcast Flow, ele deu detalhes dos seis dias em que permaneceu em cativeiro. “Na casa em que fiquei tinha um buraco, tipo um porão, e uma escadinha”, contou. “Dentro deste porão eles construíram um caixote grande e me puseram dentro dele”. Essa caixa tinha uma fechadura e era trancada por fora. “Fizeram um buraco em cima desse caixote, puseram um cano e um ventilador do lado de fora”, lembrou. “Esse era o ar que vinha de fora.” O empresário contou que não conseguia ficar totalmente de pé e se esforçava para pegar ar. “Tinha certeza de que iria morrer”, afirmou. “Para poder respirar melhor eu precisava me levantar, encostar o nariz no cano e puxar o ar”.

O local também tinha um dispositivo de luz e de som usado para torturá-lo. “Puseram um controle de luz, às vezes deixavam tudo escuro, às vezes mais claro, às vezes tudo claro. E música alta. Era para me deixar meio enlouquecido”. Os sequestradores pediam US$ 30 milhões para libertá-lo.

Diniz foi solto em 17 de dezembro, depois de um cerco policial que durou 36 horas. No início de 1999, os estrangeiros que ainda estavam presos foram extraditados. O brasileiro recebeu indulto.

Leia também: “FALA MAIS, LULA!”, artigo de Augusto Nunes publicado na Edição 107 da Revista Oeste


quarta-feira, 30 de março de 2022

Campos Neto passa a defender reajuste para servidores do BC às vésperas de ameaça de greve - O Estado de S. Paulo

Presidente do Banco Central participou de reuniões no Planalto a respeito da reestruturação da carreira do órgão

Às vésperas da ameaça de greve dos servidores, o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, mudou de posição e passou a defender a reestruturação das carreiras da instituição, incluindo o reajuste salarial.

Os servidores do órgão querem aumento de 26,6%. A remuneração anual de um analista do BC é de R$ 341,1 mil, ou R$ 26,2 mil mensais.

Na reunião realizada na terça, 29, com representantes do Sindicato Nacional de Funcionários do BC (Sinal), da Associação Nacional dos Analistas do BC (ANBCB) e do Sindicato Nacional dos Técnicos do BC (SinTBacen), Campos Neto afirmou que participou de reuniões no Palácio do Planalto na segunda, 28, a respeito da reestruturação da carreira do órgão. 

As reuniões do presidente do BC no Palácio do Planalto não foram divulgadas na agenda pública. “Estou buscando encontrar uma solução específica para o BC, e não para todo o governo”, disse o presidente do banco. Além dos funcionários do BC, servidores do Tesouro Nacional e também da Receita estão se mobilização por acréscimo nos contracheques diante da sinalização do presidente Jair Bolsonaro de só contemplar as carreiras policiais.  

Ele ainda afirmou aos servidores que há um entendimento no governo, com base em acórdão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e em um parecer da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN), de que o prazo para a reestruturação de carreiras não acaba em 4 de abril e vai até até julho, antes do prazo de 180 dias anteriores ao fim do mandato presidencial. Outra ala do governo, no entanto, defende que, pela lei eleitoral, só é possível dar aumento acima da inflação até este sábado, 2.

Campos Neto relatou que já trabalha em uma minuta de proposta de reestruturação das carreiras dos servidores que será enviada ao Congresso.“Já estamos trabalhando em um projeto para o BC. Não temos como adiantar detalhes neste momento”, disse.

As afirmações de Campos Neto aos servidores representam uma mudança de postura. Assim como o ministro da Economia, Paulo Guedes, Campos Neto era contra  qualquer reestruturação e reajuste salarial para servidores no pós-pandemia.

Apesar das promessas, os servidores não se sensibilizaram e mantiveram o cronograma de início da greve, por tempo indeterminado, a partir de sexta-feira, 1 de abril.

Também presente no encontro, a diretora de Administração do BC, Carolina Barros, relatou que o Ministério da Economia está aberto ao pleito de realização de concurso público para a autoridade monetária. Na terça, ela se reuniu com o secretário de Gestão e Desempenho de Pessoal do Ministério da Economia, Leonardo José Mattos Sultani.

Economia - O Estado de S. Paulo


segunda-feira, 31 de maio de 2021

A Ordem Pública tem que ser mantida, custe o que custar; a Polícia tem o DEVER de agir com energia e usar a força necessária

Malu Gaspar - O Globo

GOVERNO EM XEQUE 

A violência [(sic) - agora, a ação enérgica da autoridade policial contra desordeiros tem o nome de violência.] da PM em Recife e o perigo de conflitos em 2022 

A comparação entre a postura da Polícia Militar nos protestos do último sábado, contra Bolsonaro, e na manifestação do final de semana anterior, a favor do presidente, traz um alerta preocupante para as eleições de 2022: o de que o bolsonarismo enraizado nas polícias e a insubordinação contra governadores de oposição ao presidente possa  provocar ainda mais conflitos num ambiente político já polarizado e conflagrado. 

[se ocorrerão conflitos em 2022 só DEUS sabe - talvez o desespero por ter que suportar a presença do capitão por mais 4 anos, leve seus adversários a um comportamento belicoso, o que provocará reação à altura; 
se o presidente Bolsonaro terá algum adversário, merecedor de tal classificação, é notório que não.
Os eventos bolsonaristas de 1º de maio e os do final da semana 23/maio, transcorreram em perfeita ordem, a polícia estava presente mas não precisou atuar = não houve bagunça, desordem = coisas desagradáveis e que só ocorrem em manifestações da esquerda (rotina que se repete desde 68, nas ocasiões em que  os inimigos do Brasil se manifestam; desde aquele ano estão sempre a procura de cadáveres para suprir a falta de argumentos e programa de governo, que lhes falta.)

Na motociata a favor de Bolsonaro, no Rio de Janeiro, havia mais de mil policiais militares, mas a única pessoa agredida foi um jornalista – e pelos próprios manifestantes, hostis à presença da imprensa. [não há hostilidade à presença da imprensa; o que irrita profundamente é a manipulação nas narrativas, criando situações que não correspondem à verdade - felizmente, apenas parte da imprensa, a que se alinhou aos que são contra o Brasil, manipula notícias. A imprensa legítima, que narra fatos e não versões, esta sempre será bem-vinda, necessária e querida.
Se saber como os fatos ocorreram - muitas vezes por buscar duas ou três fontes de notícia, da imprensa verdadeira - e ver outros órgãos da imprensa mentindo deslavadamente, deturpando fatos, tornando o governo do capitão o causador de todos os males (incluindo pandemia,desemprego, falta de chuvas, etc) é algo que irrita ao extremo.]
No ato em Recife, a escaramuça começou sem motivo aparente, e foi desencadeada pela própria PM - contra a orientação do chefe da polícia, o governador Paulo Câmara (PSB), que recomendava apenas acompanhar a manifestação e evitar excessos. [por óbvio, a recomendação acompanhar a manifestação inclui seguir o roteiro autorizado e a de evitar excessos inclui conter bagunça, vandalismo, etc.]
Imagens registradas pelos manifestantes mostram que o ato transcorreu pacificamente até o final do trajeto, quando os policiais passaram a disparar balas de borracha e spray de pimenta sobre as pessoas. Nas apurações preliminares, os PMs disseram ter disparado balas de borracha porque os manifestantes não se dispersaram no local combinado e seguiram caminhando por mais um trecho. [desobedeceram o trajeto autorizado e a PM cumprindo o DEVER de acompanhar a manifestação, sendo pacífico que a desobediência dos manifestantes ao combinado, buscava apenas provocar a polícia e balas de borracha e spray de pimenta são métodos eficazes, não letais, de conter desordeiros. Quanto aos feridos - estranhamente não participavam do protesto, mas estavam no meio. Quanto a vereadora do PT, dispensa comentários, pois o simples fato de pertencer ao perda total = pt,  já a credencia como capaz de provocar qualquer situação, desde que contrária à Ordem Pública.]
Nos dias anteriores à manifestação, o Ministério Público estadual notificou o governo para que o ato não fosse permitido, mas a decisão final foi de autorizá-lo. 

Na confusão, ao final do protesto, a vereadora do PT Liana Cirne foi derrubada com um jato de spray de pimenta. E  duas outras pessoas que nem sequer participavam do protesto [(sic) = tem muitos que acreditam em Papai Noel, Saci-Pererê] Daniel Campelo da Silva, 51 anos, e o arrumador Jonas Correia de França, de 29 –, foram atingidos no rosto por balas de borracha disparadas por policiais militares. Daniel perdeu a visão no olho esquerdo e Jonas, no olho direito. O governador afastou os comandantes da operação, abriu um procedimento disciplinar e já determinou que as vítimas da PM sejam assistidas e indenizadas. [estranho é a celeridade do governador Paulo Câmara em decidir quem são as vítimas e que merecem indenização. Tudo isso em  procedimento de minutos - já um cidadão de bem que sofra um acidente de responsabilidade do Estado,  tem que ingressar com ação, esperar anos e anos e quando a decisão o favorece, tem que esperar mais alguns anos, já que  o Estado recorre com o único objetivo de retardar.
Provavelmente, a celeridade cairá na conta da grana que as autoridades locais receberam do Governo Federal e cujo uso não está sujeito  à prestação de contas - a grana é para combater a pandemia, mas quem no Brasil vai contrariar uma autoridade local?] O governador também gravou vídeos em que repudia a ação violenta da PM. Mas não dá entrevistas, por exemplo, para não melindrar a polícia mais do que o que considera que seria razoável. 

Câmara tem diante de si um desafio pelo qual já passaram seus colegas de São Paulo, João Doria (PSDB), do Ceará, Camilo Santana (PT), e da Bahia, Rui Costa (PT)  – todos de oposição ao presidente da República. Em maio de 2020, atos pró e contra Bolsonaro convocados para o mesmo dia em São Paulo terminaram com conflito entre a PM e manifestantes contra o governo federal. Antes dos protestos deste final de semana, porém, Doria reuniu o Conselho de Segurança Pública de São Paulo e deu ordem expressa aos comandantes das polícias para que não houvesse agressão aos manifestantes. [a polícia não agride manifestantes, porém quando agredida reage com a energia necessária - é um procedimento padrão, um protocolo,  que Doria, o governador das vacinas que estão sempre em falta, não tem autoridade para modificar. Os manifestantes se comportaram e foram tratados da forma que pessoas de bem, ordeiras, pacíficas são tratadas.] 

A preocupação de especialistas [quando os 'especialistas' entram em cena, a credibilidade desaparece, já que poucos sabem do que estão falando.  E quando se trata de  'especialistas em segurança', surge aquele que é ex-ministro de dois ou três ministérios e cuja credibilidade é inferior a ZERO.]  e de governadores é que o caldo de insatisfação e de politização das tropas Brasil afora provoque ainda mais conflitos à medida que as eleições se aproximarem, com mais manifestações contra e a favor do governo. [se a turma dos inimigos do Brasil, da oposição sem noção e sem programa de governo, mantiver uma postura só encontrada em opositores dignos e que sabem perder, a PAZ ESTARÁ GARANTIDA.
Aos PATRIOTAS, aos AMIGOS DO BRASIL, aos que respeitam e querem o melhor para a PÁTRIA AMADA, não interessam conflitos, badernas, desordens.
Queremos o ORDEM e PROGRESSO, que são essenciais para economia sólida, pleno emprego,  paz, saúde e prosperidade.

"As polícias militares são hoje um barril de pólvora", diz  Renato Sérgio de Lima, diretor-presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e professor do Departamento de Gestão Pública da FGV-EAESP.  "Os policiais estão à flor da pele. Eles gostariam de estar reivindicando melhores salários, mas para fazer isso teriam que bater no Bolsonaro, porque os salários estão congelados por ação do governo federal", explica Lima.

Uma pesquisa publicada pelo Fórum no ano passado mostrou que 35% dos oficiais e 41% dos praças de todo o Brasil interagem em redes sociais bolsonaristas. Em geral, se posicionam de forma favorável ao presidente, que desde a pandemia alimenta conflitos com os governadores em torno da necessidade de isolamento social. [o presidente Bolsonaro tentou, nos tempos do autonomeado primeiro-ministro Maia, transferir as polícias militares para o Governo Federal e, naturalmente, a proposta de projeto de lei  foi recusada = a velha história das autoridades locais que sempre desprezam o ônus e querem o bônus.]

"Essa contradição só aumenta a tensão na tropa", explica Lima. 

No Ceará, em fevereiro de 2020, PMs fizeram um motim e pararam durante 13 dias por melhores salários.  Situação semelhante aconteceu na Bahia, em março deste ano, quando um policial militar foi abatido depois de passar cerca de quatro horas dando tiros para o alto e gritando palavras de ordem no Farol da Barra, um dos principais pontos turísticos de Salvador. Na ocasião, houve ameaça de greve, mas a paralisação acabou não acontecendo. Nos dois casos, os governadores ameaçaram punir os policiais, mas até hoje não foi divulgada nenhuma punição. [No caso do Ceará, ao que se sabe motim é crime, se houve motim o julgamento passa a ser da Justiça Militar, governador não tem competência para julgar crimes = se ocorreu denúncia e não seguiu com certeza foi denúncia  vazia = aquelas que o denunciante narra como fatos seus desejos não realizados; quanto aos baianos houve um surto de um policial e seu abate, lamentável,  se tornou necessário para evitar mais mortes. O padrão neste caso consiste em uma investigação, mediante IPM,  que comprova a necessidade da providência, sendo o resultado  encaminhado ao MPM, por este a Justiça e é arquivado.]

Malu Gaspar, colunista - O Globo


segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

Como anda a luta pelo poder - Alon Feuerwerker

 Análise Política

Os dois principais acontecimentos políticos ao longo da semana ajudaram a sedimentar a configuração de poder em Brasília a esta altura do agitado mandato presidencial. O desenho passa, naturalmente, pelo presidente da República
pela relação cada vez mais estreita dele com os oficiais-generais da reserva que as crises vão aspirando para a máquina; 
e pelo domínio que hoje se pode chamar de absoluto dos partidos do dito centrão sobre o Congresso Nacional, especialmente sobre a Câmara.

O episódio do deputado federal Daniel Silveira (PSL-RJ) vem sendo exemplar. O parlamentar entrou numa briga que não era dele, com o objetivo de catapultar musculatura política. Deu tudo errado. Acabou oferecendo ao antes acossado Supremo Tribunal Federal a oportunidade de um contra-ataque no ponto mais vulnerável do front adversário, o Legislativo. Mas isso abriu para o presidente da Câmara uma via rápida de cristalização da autoridade sobre os pares. E atraiu para ele a simpatia de um setor da opinião pública que o via com um pé atrás. Ou, pelo menos, tirou-o momentaneamente da linha de tiro.

O segundo fato, a mudança no comando da Petrobras, ainda em curso, traz ao presidente da República a brecha para, finalmente, colocar uma cunha na, lá atrás, toda poderosa equipe econômica. Erros têm consequências, e a insensibilidade da petroleira diante da possibilidade de sua política de preços provocar uma greve nacional de caminhoneiros acabou custando a cabeça do presidente da estatal. Trocado convenientemente por um general, ex-ministro da Defesa e atual presidente de Itaipu.

Uma greve de caminhoneiros em meio às seriíssimas dificuldades provocadas pela pandemia teria forte potencial de desestabilização. É natural que os adversários desejem e estimulem. E é esperado que o Planalto procure evitar. [evitar até onde for possível; não conseguindo impedir a greve, partir para o desmonte da estrutura.

Presidente Bolsonaro, sabemos que na greve passada várias empresas foram multadas, só que as multas não foram pagas. Cobre as multas, seja duro com os empresários e será mais um ponto contra a greve. 
E encontre uma forma de responsabilizar qualquer inimigo do Brasil,que a pretexto de fazer oposição ao seu governo - legítima desde que limpa, sem jogo sujo - tente atrapalhar seu governo.
E adote o mais rápido possível, providências para começar o processo (longo, por isso um segundo mandato para o presidente que adote as medidas iniciais,se torna necessário) de priorização para ao transporte ferroviário. Transporte  rodoviário só o de distribuição nas cidades.]
 
Vida que segue. Se tudo se passar como habitual no Brasil, haverá ainda alguma turbulência nos dois casos, mas rapidamente o mundo político-jornalístico retornará para o infindável debate sobre as vacinas da Covid-19 e sobre o novo auxílio emergencial, com que nome for. E o Congresso, agora mais arrumado politicamente, não deixará fechar a janela das reformas. 
Que precisarão ser negociadas, claro, mas cuja esperança de aprovação é o respirador a manter acesas duas luzes: a tranquilidade do Legislativo e o protagonismo do ministro da Economia.

Tudo pode desandar, dar errado para o Planalto? Sempre pode, mas a impressão de momento é as melancias continuarem se ajeitando na carroceria do caminhão conforme os solavancos da estrada. Um problema é o encolhimento da popularidade presidencial, causado pela atitude diante da pandemia e pela parada nas medidas de apoio emergencial. Mas em alguns meses estão previstas vacinas abundantes, da Fiocruz e do Butantan. E o Congresso vai acabar dando um jeito no socorro econômico. 

E quedas de popularidade, algo sempre arriscado no Brasil, podem ser mais confortavelmente administradas quando há aliados comandando as casas congressuais. Para o projeto de Bolsonaro, o prestígio dele só precisa estar tinindo daqui a um ano e meio. O risco da popularidade baixa no meio do mandato é atiçar os apetites pelo impeachment. Isso está, no momento, muito distante depois das eleições no Legislativo.

Alon Feuerwerker, jornalista e analista político


sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

Do motim à baderna – Editorial - O Estado de S. Paulo

Tentaram matar o senador Cid Gomes. Este tampouco estava imbuído de boa fé.


A baderna havida em Sobral, no Ceará, só não terminou em tragédia por milagre. O único olhar positivo que se pode ter sobre o episódio é o fato de ninguém ter morrido. Mas não foi por falta de dolo. O senador Cid Gomes (PDT-CE) foi atingido por dois tiros de pistola calibre .40 armamento-padrão das Polícias Militares – na região do tórax. Quem atirou, o fez para matar, não imobilizar. Por sua vez, o senador da República foi alvejado no momento em que avançava com uma retroescavadeira sobre um grupo de policiais militares amotinados. Quem comete um ato tresloucado como este tampouco está imbuído de boa-fé.

Esta quase tragédia cearense começou com o atropelo, sem trocadilho, da Constituição. Em seu artigo 142, parágrafo 3.º, inciso IV, a Lei Maior veda a sindicalização e a greve aos militares, incluídos, por força do artigo 42, a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros Militar no âmbito dos Estados. O que daí se sucedeu é uma espiral de absurdos que, sem a devida contenção, podem extrapolar os limites do Ceará e produzir consequências inimagináveis em todo o País.

Tão aberrante quanto o fato é sua exploração política por diversos atores, todos errados à sua maneira. O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) disse que Cid Gomes, “alvejado por projétil de borracha”, o que é mentira, “expôs os militares a risco” ao lançar uma retroescavadeira contra eles, o que é verdade. [Cid Gomes atentou contra a vida dos policiais e de familiares - havia mulheres e crianças junto aos policiais.]  Ciro Gomes, irmão de Cid, fiel a seu estilo, respondeu ao deputado bravateando que “será necessário que nos matem mesmo antes de permitirmos que milícias controlem o Ceará como os canalhas de sua família (a do deputado Eduardo Bolsonaro) fizeram com o Rio de Janeiro”.

Mais do que uma greve, o que por si só já seria absurdo, o ato dos policiais militares e bombeiros do Ceará é um motim. Tudo teve início com reivindicações por melhores salários no final do ano passado. Na ocasião, alguns batalhões da Polícia Militar foram atacados por homens encapuzados que o governo estadual afirma serem membros da própria corporação. Os ataques teriam por objetivo confrontar policiais que não aderiram à paralisação ilegal, assustar a população e, principalmente, fragilizar o governador Camilo Santana (PT). Nessa campanha de intimidação, os policiais – encapuzados e a bordo de viaturas oficiais – não se furtaram a percorrer bairros de Sobral e de outros municípios cearenses ordenando o fechamento do comércio local, barbaridade típica de bandos de traficantes e milicianos, não de agentes do Estado.

É evidente que o presidente Jair Bolsonaro não pode ser responsabilizado diretamente por esse comportamento dos policiais e bombeiros militares, seja no Ceará ou em qualquer outro Estado. No entanto, a defesa incondicional que aquele que deveria agir como supremo magistrado da Nação faz dessas corporações – e desde há muito – e o status de “inimigo” que ele atribui a adversários políticos colaboram para que este clima beligerante se instale no País. [as corporações também são vítimas e por isso merecem ser defendidas, inclusive pelo presidente da República.
Oportuno lembrar que não é pelo fato de policiais militares e bombeiros,   um grupo que não representa as corporações e sim uma minoria, agirem de forma inadequada, que o trabalho e importância dos polícias militares e dos bombeiros militares não ser reconhecido e prestigiado.]
É estarrecedor que policiais militares e bombeiros sintam-se à vontade para praticar atos como os havidos no Ceará. É igualmente absurdo que um senador da República faça o que fez Cid Gomes. De um lado, tem-se corporações que se julgam acima das leis e da Constituição para fazer valer os seus interesses. De outro, um parlamentar que se arvora em grande coronel de seu quintal e decide resolver à força suas desavenças. Onde isso irá parar?

É imprescindível, para o bem do País, que a Polícia Judiciária do Ceará investigue e aponte rapidamente a autoria da tentativa de homicídio praticada contra o senador Cid Gomes. Trata-se de um crime gravíssimo. Também é absolutamente necessário que o senador, uma vez restabelecido do atentado que sofreu, responda por seu ato extremado, tanto na seara jurídico-penal como na esfera política, no Conselho de Ética do Senado. [da mesma forma que motim é crime previsto na legislação penal militar, ´também crime militar invadir unidade militar, especialmente as destinadas ao aquartelamento de tropas.
Assim o senador deve ser julgado por CRIME MILITAR, dano ao patrimônio publico - com obrigação de ressarcir o estado dos gastos para recuperação do que foi destruído - e analisar se a reação dos policiais militares não foi buscando proteger uma unidade da corporação a qual pertencem.]
O Brasil não tolera que a baderna seja considerada como algo normal.



 Editorial - O Estado de S. Paulo

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020

Greve, preços e o futuro da Petrobras - Míriam Leitão




O Globo

A Petrobras enfrenta há 13 dias uma greve de funcionários, mas segundo seu presidente, Roberto Castello Branco, não houve queda de produção. “Até agora nenhum barril de petróleo deixou de ser produzido.” Ele nega que a empresa esteja sendo privatizada aos poucos, mas reafirma que continuará vendendo ativos porque a estatal é a petrolífera mais endividada do mundo. Castello Branco diz que as maiores companhias do setor estão diminuindo sua participação no refino, e é o que a Petrobras pretende fazer. Sobre preços, ele garante: “Até hoje a interferência do presidente Bolsonaro tem sido zero.”

Na semana passada, Bolsonaro usou a primeira pessoa para falar sobre queda dos reajustes: “Eu baixei o preço três vezes”, disse. Roberto Castello Branco garante que a empresa tem decidido os preços livremente. Perguntei o que ele achava que o presidente queria dizer:  Ele é o presidente, tem o direito de falar o que quiser. Uma coisa é a política, outra é a administração de uma empresa. Nós seguimos administrando. O importante é que ele respeita a independência da Petrobras. Ele nunca me telefonou pedindo que baixasse o preço ou fizesse qualquer coisa.

Desde o dia primeiro, há uma greve na Petrobras, mas Roberto Castello Branco diz que espera que o problema seja superado em breve. Equipes de contingência têm mantido a produção e ele tem a expectativa de que os grevistas voltem ao trabalho:
— O Tribunal Superior do Trabalho classificou a greve como de motivação política, porque não existem motivos no campo real. Depois de seis meses de negociação, um acordo coletivo de trabalho foi assinado pela Petrobras e os sindicatos, em novembro, e a empresa vem cumprindo rigorosamente o que foi estabelecido.

Com a venda das ações que estavam com o BNDES, o Estado brasileiro agora tem apenas 50,3% dos papéis com direito a voto. E inúmeros ativos têm sido privatizados, como os gasodutos, a distribuidora, e vai vender grande parte das refinarias. Perguntei, em entrevista na Globonews, sobre a crítica de que, na verdade, a empresa está sendo privatizada aos poucos:  — A empresa não está sendo privatizada, não há nenhum desmonte, como falam. Estamos reenergizando a empresa, tornando-a mais forte e saudável. O Estado brasileiro é o acionista controlador, com 50,3% das ações, e isso não está em discussão. A Petrobras só pode ser vendida quando houver um mandato para isso, do governo e do Congresso. E não há.

Ele nega que a estatal esteja ficando menor. Na opinião dele, ela está “ganhando músculos”: Nós vendemos ativos de baixo retorno que não constituíam parte do negócio principal.

Perguntei se os gasodutos não são parte do negócio. A empresa venderá até a malha de cabos submarinos que traz o gás das plataformas para o continente: — Nós precisamos do serviço de gasoduto, mas não precisamos ser donos dos gasodutos. Era uma atividade que proporciona um retorno para o acionista de 6% a 7%. Se pegarmos esse capital e investirmos no pré-sal, o ganho é de 15%. A Petrobras é ainda a empresa de petróleo mais endividada do mundo. Não vamos esquecer isso. Em 2019, pagamos US$ 20 bilhões e ainda devemos US$ 90 bilhões.

Sobre os preços dos combustíveis, ele diz que no Brasil eles não estão elevados, e que no diesel inclusive está um pouco abaixo da média em 163 países. A Petrobras quer vender oito refinarias, mas permanecerá com as quatro de São Paulo e a Reduc no Rio, e segundo o presidente a empresa vai se concentrar em exploração e produção em águas profundas. Por enquanto, a produção está parada, mas ele diz que a estatal tem metas de ampliá-la, principalmente a partir de 2025: - Em Búzios, nós vamos colocar sete plataformas gigantes com capacidade cada uma de produzir de 180 mil a 225 mil barris/dia.

Segundo ele, a ideia da verticalização das petrolíferas, refletida na máxima “do poço ao posto” está mudando: As maiores empresas de petróleo venderam 89 refinarias nos últimos anos, reduzindo em 30% sua capacidade de refino.  As companhias de petróleo estão entrando em outras fontes de energia, para reduzir as emissões de carbono. A Petrobras, ao contrário, está se concentrando em petróleo:
— Nós estamos aproveitando a riqueza que está no fundo do mar, se não, vai virar museu. Estamos entrando em energia de baixo carbono com o gás natural. E vamos nos preparar para no futuro adquirir competência nos negócios renováveis.

Blog da Míriam Leitão, colunista - O Globo - Com Alvaro Gribel, São Paulo