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quinta-feira, 17 de março de 2016

Lula sugere que PT atuou para eleger Janot e o manda tomar no cu

O que o partido terá feito para favorecer a eleição do procurador-geral? Será por isso que o único denunciado, dois anos depois, é justamente Eduardo Cunha, um inimigo do governo. E não que seja imerecido!

E sabem quem não se sai nada bem nas conversas desabridas de Lula, recheadas a palavrões, não distinguindo linguagem de botequim ou de mictório de assuntos da República? 

Rodrigo Janot, procurador-geral da República. E o que Lula sugere ao telefone não parecer ser coisa muito bonita

O  ex-presidente conversa com o advogado Sigmaringa Seixas, ex-deputado petista e uma fina flor da esquerda chique de Brasília. Pede abertamente que o outro pressione Janot a abrir investigação contra Aécio Neves. Diz que o procurador-geral rejeitou quatro pedidos para fazê-lo e que bastou um para que ele, Lula, passasse a ser um investigado.

Sigmaringa sugere ao interlocutor que a pressão seja feita de modo formal. O Poderoso Chefão, como se sabe, quer a informalidade.  E então Lula apela àquela sua retórica sempre encantadora, recheada de delicadezas. E diz o seguinte: “Esse cara, se fosse formal, não seria procurador-geral da República. Teria tomado no cu. Teria ficado em terceiro lugar. Quando eles precisam, não tem formalidade; quando a gente precisa, é cheio de formalidade”.

É evidente que Lula está deixando claro que o PT atuou resta, agora, saber como para que Janot fosse o primeiro da lista tríplice e, assim, nomeado procurador-geral. O partido é bastante influente no Ministério Público Federal. Minha curiosidade se aguça: a que “informalidade” teria recorrido Janot, então, para ser eleito?

Bem, quando me lembro de que, até agora, Janot ainda não pediu abertura de inquérito contra Lula no caso do empréstimo do grupo Schahin; quando me lembro de que ele conseguiu transformar um político do PMDB Eduardo Cunha na principal personagem do petrolão; quando me lembro que Cunha é, até agora, o único denunciado por ele, bem, fico com receio de pensar que essas são formas que Janot tem de pagar uma dívida. Mas Lula é como o capeta quando conquista uma alma: quer tudo. Em tempo: Cunha tem de ser cassado.

É claro que o procurador-geral da República, que está fora do país, tem explicações a dar. Que diabos significa, afinal de contas, a frase de Lula, segundo o qual, Janot foi informal para não tomar no cu?  É claro que a isenção do procurador-geral também foi posta em dúvida. Mais: Lula deixa claro que a interlocução existe. Ele só se mostra inconformado porque, parece, Janot andava meio arredio.

Para encerrar, destaque-se o universo mental de Lula. Tudo é feito na base da troca e do compadrio. Se ele ajudou Janot a se eleger, agora Janot tem de ajudá-lo não mandando investigar nada que lhe diga respeito e perseguindo seus adversários políticos.

Não se enganem: Lula deixou claro a Sigmaringa que era para mandar — acho que o verbo é esse — Janot investigar Aécio.
O procurador-geral tem muitas explicações a dar.


 

 

domingo, 22 de fevereiro de 2015

Encontro às escuras

O ministro José Eduardo Cardozo é (ou era) suficientemente equipado de respeito pelo discernimento alheio para saber que a questão em pauta não é o "direito" de o ministro da Justiça receber advogados em seu gabinete. Esta é só a versão edulcorada e simplificada de uma situação bem mais complicada para o governo e para os executivos de empreiteiras presos há quatro meses em decorrência das investigações da Operação Lava Jato.

Não obstante o fato de o gabinete do titular da pasta da Justiça não estar franqueado a todo advogado cujo cliente se sinta prejudicado no trâmite judicial da defesa - é preciso ter relações para chegar lá -, o ministro recebe quem quiser. Dada natureza pública de seu cargo, só não pode fazê-lo às escondidas.  Muito menos quando o assunto envolve caso rumoroso de corrupção no qual o governo insiste em se mostrar como o mais vigoroso combatente dos ilícitos e o maior interessado na punição de seus autores. Não convence, mas quando mente prejudica ainda mais a tentativa.

E o ponto central da discussão é que Cardozo procurou fugir da verdade e daí em diante só fez tergiversar.  A revista Veja descobriu que ele esteve reunido com o defensor da UTC Sérgio Renault e o advogado, ex-deputado e amigo do ex-presidente Lula Sigmaringa Seixas para falar sobre "novos rumos" que incluiriam a contestação dos procedimentos legais a partir dos quais haveria uma possibilidade de um relaxamento nas punições.

O conteúdo da conversa não ficou provado, mas o ministro e Renault, procurados pela revista, de início negaram o encontro. Por quê? Da mesma forma, Cardozo recebeu advogados da Odebrecht sem registro na agenda e depois alegou ter havido "falha técnica" para justificar a omissão. Ficou mau para o governo que, queira ou não, acabou se postando como parte no assunto, ruim para José Eduardo Cardozo, cujas pretensões a uma vaga no Supremo Tribunal Federal se afundaram no episódio, e péssimo para os acusados que deram ao juiz Sergio Moro mais uma razão para decretar nova prisão preventiva.

Isso quer dizer o seguinte: ainda que os habeas corpus que estão para ser julgados lhes sejam favoráveis, continuarão presos devido ao decreto mais recente por motivo diferente.  O anterior era pelo risco de fuga, este por tentativa de interferência política e coação de testemunha, a ex-contadora de Alberto Youssef Meire Poza. Se de um lado não é justo concluir que há tentativa de corromper a Justiça ou cooptar o ministro, de outro é inútil esconder a movimentação para tentar atropelar politicamente o devido processo legal.

Vale o que vier. Durante décadas o Rio conviveu não só com o patrocínio das escolas de samba com dinheiro de origem ilícita como celebrou os patronos notoriamente envolvidos na criminalidade sob a supostamente inocente fachada da contravenção.

A conquista do campeonato pela Beija-Flor com produção de desfile financiada pela ditadura da Guiné Equatorial afinal despertou os, digamos, bem informados, para esse tipo de permissividade que só chegou a esse ponto porque vem sendo aceita ao longo do tempo por autoridades e sociedade como uma espécie de lado festivo/romântico da bandidagem.

Já foi comum ver prefeitos e governadores confraternizando nos camarotes com barões da ilegalidade que depois eram saudados pelas arquibancadas enquanto desfilavam a frente de alas das respectivas escolas.  Depois veio a prática do "aluguel" de enredos ao poder público para promover homenagens a essa ou àquela localidade. O dono do poder local desembolsa sem perguntar à população se o gasto interessa ao coletivo. 

Nesse ambiente de vale o que vier, principalmente o que vier e der, os cobres do ditador africano certamente soaram à diretoria da Beija-Flor como aquele mantra entoado no Planalto: "Todo mundo faz, o que é que tem?".

Fonte: Dora Kramer - Colunista do Estadão