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quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

Presente dramático, futuro incerto – O Estado de S. Paulo

Opinião

No Brasil, pandemia foi particularmente cruel para os trabalhadores com até 24 anos

Em geral pouco favorável para os jovens em todo o mundo, no Brasil o mercado de trabalho tornou-se particularmente cruel para os trabalhadores com até 24 anos por causa da pandemia. No mundo, essa é a faixa etária mais atingida pelo desemprego. No Brasil, mesmo os jovens com alguma ocupação enfrentam dificuldades. Dos que trabalham, mais de três quartos, ou 77,4%, têm emprego de baixa qualidade.

Para muitos, o futuro pode não ser melhor. Alta rotatividade combinada com baixos salários minam as condições para que os jovens adquiram novos conhecimentos e novas habilidades que os preparem para ter desempenho e competências melhores e, consequentemente, salários mais altos e vida mais confortável do que a atual. Para o País, a perda de oportunidade de treinar os jovens para um mundo do trabalho cada vez mais exigente e seletivo pode significar atraso na corrida mundial pela competitividade e produtividade, fatores indispensáveis para o crescimento da economia.

São quase oito em dez jovens trabalhadores ocupados que estão em situação vulnerável, caracterizada por salários baixos, instabilidade no emprego, rede de proteção insuficiente e condições de trabalho inadequadas, como mostrou reportagem do Estado. São 7,7 milhões de jovens brasileiros trabalhando nessas condições. A vulnerabilidade entre esses trabalhadores é maior para os da faixa etária de 25 a 64 anos (dos quais 39,6% estão em condição vulnerável) e acima de 65 anos (27,4%).

Das quatro condições que caracterizam a vulnerabilidade do trabalho utilizadas na pesquisa da consultoria Dados na qual se baseou a reportagem do jornal, duas são particularmente ruins para os trabalhadores jovens: renda e estabilidade. Para cerca de 90% desses trabalhadores, a remuneração é inferior ao custo de seis cestas básicas (o rendimento mensal varia de R$ 398 a R$ 539) [sic] e 75% estão há menos de 36 meses no emprego.

No mundo, a renda dos mais jovens, por serem menos experientes, é menor do que a dos trabalhadores com mais idade. Os jovens têm também maior dificuldade de encontrar emprego, justamente por causa da inexperiência. “Mas, no Brasil, os porcentuais indicam uma qualidade do emprego pior por causa da maior rotatividade e da informalidade”, diz o economista responsável pela pesquisa, Bruno Ottoni.

Além da pressão sobre o salário, a baixa qualidade do emprego dos jovens tem outros impactos sobre a vida desses trabalhadores. Eles têm menor, ou nenhuma, proteção do sistema público de previdência e de assistência social, o que os torna desprotegidos em situações de desemprego ou de doença. Dos jovens trabalhadores com até 24 anos de idade, praticamente um terço (32,7%) não tem registro em carteira de trabalho. Não tem direito a seguro-desemprego, por exemplo.

Com renda baixa, sem garantias adequadas e trabalhando em geral em condições inadequadas, boa parte desses jovens acaba por abandonar os estudos antes de concluir o curso que os habilitaria a ter um futuro melhor. Interrompe-se sua educação formal. E em poucas situações o trabalho será um local de aprendizado adequado de um ofício que lhes permitirá melhorar de vida. Perde-se a oportunidade de formação indispensável para que o trabalhador tenha futuro melhor e o País ganhe maior capacidade de crescimento.

Em certos casos, cria-se um círculo vicioso, no qual a baixa qualificação leva à rotatividade da mão de obra jovem e a rotatividade impede que esse jovem adquira novas habilidades e qualificações. A falta de vínculos formais de emprego, que implicam custos de demissão, realimenta esse processo. Pereniza-se um ciclo no qual o País mergulhou há anos, que impede o avanço da produtividade da economia nacional.

Até há pouco, a demografia ajudou o crescimento, pois a população em idade de trabalhar crescia mais do que os demais segmentos. Isso acabou em 2018. A produtividade poderia compensar essa perda, mas ela também está sob risco. O cenário futuro não tem brilho.

Opinião - O Estado de S. Paulo

 

segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

Bolsonaro e sua circunstância - Editorial de O Estado de S. Paulo



Por Ricardo Noblat

O assessor que se inspirou em Goebbels só foi exonerado porque houve uma grita generalizada


Não causa surpresa o derretimento acelerado da popularidade do presidente Jair Bolsonaro detectado por uma pesquisa XP/Ipespe recentemente divulgada. O levantamento mostrou que, em um ano, a expectativa positiva em relação ao desempenho do governo para o restante do mandato caiu nada menos que 23 pontos porcentuais, de 63% para 40%. O índice de entrevistados que consideram Bolsonaro “ruim” ou “péssimo” passou de 20% para 39% no mesmo período. Pode-se dizer que esses números refletem não um ou outro problema em especial, mas o conjunto da obra. [será que estes brasileiros que estão 'contra' o presidente Bolsonaro votarão nele nas eleições de outubro próximo? ops... são eleições municipais, Bolsonaro e Moro estarão concorrendo em  2022.]

O governo Bolsonaro parece se esforçar para inspirar em cada vez mais brasileiros a sensação de que suas decisões estapafúrdias, que carecem de lastro jurídico ou mesmo de racionalidade, não são meros acidentes ou fruto de circunstâncias passageiras, e sim reflexo preciso daquilo que o presidente é. Não se trata apenas de despreparo para o cargo, dificuldade que se poderia amenizar com alguma dedicação aos livros e atenção aos conselhos de quem já viveu a experiência de governar; a esta altura, passado um ano de mandato, já está claro que Bolsonaro desacredita deliberadamente o exercício da Presidência porque não saberia fazer de outra forma e, graças a essa limitação insuperável, convenceu-se de que foi eleito para desmoralizar a política e sua liturgia institucional, algo que ele faz como ninguém. Vista em retrospectiva, a reunião ministerial em que o presidente apareceu de chinelos e camisa (falsificada) de time de futebol logo nos primeiros dias de governo parece hoje, perto do que já vimos, um encontro de estadistas. [o cargo de presidente da República entrou em um processo crescente de apequenamento, de desmoralização a partir de janeiro de 2003 e só com Temer, em 2016, parou o processo;
Bolsonaro, por uma questão de índole, prefere a informalidade - diferente do Sarney não é apegado à liturgia do cargo - só que comete alguns exageros que são sempre maximizados e interpretados pelo lado mais negativo.
Já conseguiram acusar o presidente Bolsonaro de xingar mãe de jornalista, durante bate-papo com aqueles profissionais, para desviar a atenção do tema da entrevista (que os mesmos 'inventores' dizem não estar agradando ao Chefe do Poder Executivo) pra o xingamento.]

Num dia, o ministro da Educação aparece num vídeo dançando com um guarda-chuva, numa imitação circense do filme Dançando na Chuva, para acusar seus críticos de difundirem fake news;

 noutro, o secretário da Cultura toma emprestado trechos de um discurso de Joseph Goebbels, ministro da Propaganda da Alemanha nazista, para anunciar o advento de uma cultura “nacional” financiada pelo Estado, causando horror e estupefação no País e fora dele. Entre um e outro desses momentos nada edificantes de seus assessores, o próprio presidente Bolsonaro achou tempo e oportunidade para fazer piadas de mau gosto sobre um vasto cardápio de temas grosseiros, como se estivesse em um churrasco com amigos.

Enquanto isso, sempre que pressionado a tomar decisões realmente relevantes para o País, como autorizar privatizações potencialmente polêmicas, cortar privilégios de servidores públicos e reduzir subsídios, o presidente hesitou. Mesmo a reforma da Previdência, que o governo celebra como um feito de Bolsonaro, foi sabotada em vários momentos pelo presidente, tendo sido aprovada graças à mobilização de parlamentares e alguns técnicos do governo. Preocupado em construir seu próprio partido e sua candidatura à reeleição, sobre a qual fala quase todos os dias, Bolsonaro dedica todo o seu tempo não a pensar em maneiras de promover o desenvolvimento do País, mas a alimentar polêmicas de cunho claramente eleitoreiro, enquanto assina medidas destinadas à irrelevância – mas só depois de causar tumulto e insegurança jurídica no País.

Quando confrontado pelos jornalistas a respeito disso ou a respeito dos cada vez mais volumosos problemas do clã Bolsonaro e de alguns de seus assessores mais próximos com a Justiça ou com a lisura administrativa, o presidente reage de forma truculenta. Mais recentemente, disse que os jornalistas são uma “espécie em extinção” e mandou que a imprensa tomasse “vergonha na cara” e tratasse de “deixar o governo em paz”. (Ver editorial A tenacidade da imprensa.)

Não são rompantes, e perde tempo quem acredita na possibilidade de que, com o tempo, Bolsonaro vá temperar seu comportamento. O assessor que se inspirou em Goebbels para anunciar o “renascimento da cultura nacional” só foi exonerado porque houve uma grita generalizada diante de tamanho absurdo. Noves fora o plágio nazista, o conteúdo da fala que custou o cargo ao tal secretário é essencialmente o que Bolsonaro já disse e repetiu inúmeras vezes, mesmo antes da eleição. Portanto, ninguém pode se dizer surpreendido, nem mesmo os eleitores mais ingênuos. Bolsonaro é Bolsonaro há muito tempo.

Blog do Noblat -  VEJA - Transcrito em 19 janeiro 2020

 

quinta-feira, 2 de janeiro de 2020

A agonia dos sindicatos - Valor Econômico

José Roberto Campos

O sindicalismo está em sérios apuros diante da revolução tecnológica, desemprego e informalidade

Sindicalistas tiveram participação desprezível nas grandes manifestações de descontentamento da década, em junho de 2013. Os protestos foram um réquiem para o governo de Dilma Rousseff, antes dela começar seu segundo mandato, e também para longa agonia das entidades sindicais. Movimentos estruturais já vinham arrancando as raízes da organização tradicional dos trabalhadores, enquanto que a vanguarda das grandes greves operárias durante a ditadura militar passara a receber seus holerites do governo de Luiz Inácio Lula da Silva.

A ascensão de Jair Bolsonaro passou como um carro fúnebre sobre o poderio político declinante dos sindicatos. As mudanças velozes da economia fizeram o resto. Uma tempestade perfeita desaba sobre aspirações e ações sindicais no mundo e, de forma peculiar, no Brasil. Coincidiu por aqui com uma recessão brutal, o encolhimento e prostração da indústria, o fim do imposto sindical obrigatório, desemprego enorme, aumento da informalidade e a destruição das formas tradicionais de emprego provocada pela tecnologia, sobre as quais os sindicatos costumavam basear suas lutas.

Os maiores e mais atuantes sindicatos, agrupados em torno da metalurgia paulista, se formaram e cresceram principalmente na luta por salários que recompusessem a inflação galopante que prevaleceu até meados da década de 1990. A Central Única dos Trabalhadores, liderada pelo PT - contrário ao Plano Real, que liquidou a inflação - tornou-se a maior do país. Em seguida vieram outras - hoje são mais de uma dezena de centrais a disputar os sindicatos locais. [sindicalistas pelegos, desonestos e avesso ao batente tentam manter suas mamatas com o lema:uma central para cada sindicato e um sindicato para cada dez empregados] O imposto sindical, repudiado pelo sindicalismo combativo, foi mantido até ser abolido em 2018 pela reforma trabalhista do sucessor constitucional de Dilma, o presidente Michel Temer.

Os sindicatos continuaram crescendo por geração espontânea, demandando e obtendo a chancela do Ministério do Trabalho, controlado por eles mesmos nos governos petistas. Mas perderam muito sua capacidade de atração. Em 2001, havia 19,5 milhões de sindicalizados. Dezessete anos depois, eram 11,5 milhões - 12,5% das pessoas ocupadas, metade dos 26% do início do século. [para desgosto imenso da corja petista, os sindicatos brasileiros perderam neste século mais da metade dos filiados durante os 3 1/2 do tempo em que a corja petista - capitaneado por um ladrão autointitulado trabalhador e líder sindical - fingia governar para disfarçar o assaltos que realizavam aos cofres públicos.]

Em todas as regiões do país, em todas as categorias de trabalhadores, qualquer que seja o nível de instrução, a taxa de sindicalização caiu, segundo a mais recente pesquisa do IBGE, divulgada no início de dezembro de 2019. Não é uma surpresa em um país onde o Estado é gigante, que a taxa de sindicalizados no setor público (25,7%) seja hoje maior que a de todos os setores. Da mesma forma, é aí que também se encontra o núcleo mais forte da CUT, após uma migração do relativamente decadente ABC paulista para a burocracia pública. É um paradoxo aparente que, ante o único “patrão” (o Estado) que garante a estabilidade no emprego, em um país de rotatividade enorme da mão de obra, o sindicalismo do setor público ainda resista, o que não ocorre com os da iniciativa privada.

Com a proteção financeira do Estado, os sindicatos perderam o gume já durante os governos petistas. Uma era de crescimento levaria a alguma acomodação, é certo. Mas uma recessão atroz veio em seguida, a partir de 2014, e nenhuma reação ocorreu. Um governo petista, favorável aos sindicatos, sofreu impeachment, e nada aconteceu. O mais famoso ex-líder sindical do país, Lula, foi preso, e tampouco algo aconteceu.

Os sindicatos levaram novos golpes. No meio do interinato de Temer, o imposto sindical acabou com a fonte segura de sustentação dos burocratas, que vinha desde Getulio Vargas. A sangria não parou aí. A contribuição negocial, cobrada de trabalhadores não sindicalizados, foi barrada pela Justiça.

As receitas das entidades desmilinguiu. No caso da CUT, com 2.354 sindicatos (Livre.Jor), desabou de R$ 62,2 milhões para R$ 3,4 milhões (O Globo, 27 de dezembro). A da segunda maior central sindical, a Força Sindical, com 1.708 sindicatos, reduziu-se a um décimo, não mais de R$ 5,4 milhões. Motivos de insatisfação não faltam, mas as greves que ocorreram foram em menor número e com “novos” atores - os trabalhadores terceirizados. Em 2018, protagonizaram 70% das greves, claramente defensivas - contra atraso de salários, férias e 13º salário. [motivos tão justos que nem o mais ferrenho defensor dos patrões ousa criticar as greves.]

Boa parte das novas modalidades de trabalho flexibilizam e tornam mais produtivas a fabricação e os serviços para as empresas, mas atomizam e isolam os trabalhadores - um desafio enorme para os sindicatos de todo o mundo e mais ainda para os do Brasil, onde raramente foram fortes devido a uma parasitária dependência do Estado. O declínio da vida associativa, que se espraia pela vida social, derrubou, além da força econômica, a força política dos sindicatos. Enquanto o número de empresários e profissionais liberais aumenta na representação parlamentar, a de sindicalistas faz o caminho inverso - já foram 75, hoje não passam de 30 parlamentares.

Mas os sindicatos não são relíquias inúteis do passado. Nos países desenvolvidos são sustentáculos vigorosos da democracia e parte necessária do sucesso da aplicação dos avanços tecnológicos. Governo, empresários e sindicatos colaboraram entre si quando a indústria alemã perdeu competitividade, há alguns anos, e desse acordo saiu revigorada a maior potência industrial europeia. Os sindicatos podem organizar a transição de mão de obra de um setor a outro evitando que isso ocorra de forma selvagem - como no Brasil, por exemplo.

Com uma revolução produtiva, de um lado, um mar de desempregados e informalidade de outro e à frente um governo de direita que o desconsidera, quando não o hostiliza, o sindicalismo está em sérios apuros. A tecnologia que trouxe às ruas, com a rapidez de um relâmpago, milhões de pessoas em 2013 pode trazer uma resposta à atomização do trabalhador. É uma promessa - até agora, há apenas desorientação nos sindicatos.

José Roberto Campos,  é editor executivo do Valor Econômico.
 
 

domingo, 3 de março de 2019

Queiroz é bala perdida no rumo de Jair Bolsonaro



Finalmente, boas notícias para a família Bolsonaro. As "explicações" de Fabrício Queiroz ao Ministério Público não provocaram nenhum aumento na suspeição que ronda o antigo gabinete de Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio. As suspeitas permanecem nos mesmos 100%. O cinismo de Queiroz deve recolocar Jair Bolsonaro nas manchetes de ponta-cabeça. 

Mas as dúvidas suscitadas pelo repasse de R$ 24 mil da conta bancária radioativa de Queiroz para a conta da primeira-dama Michelle Bolsonaro tampouco aumentaram. Permanecem no mesmo patamar: 100%. [desafio qualquer um que ler este comentário a afirmar, sem mentir, que nunca emprestou a um amigo uma quantia em dinheiro e que declarou essa quantia ao Imposto de Renda. 
Empréstimo entre amigos, parentes, sem juros, tudo na base da amizade.
O que nunca emprestou, certamente já pediu emprestado.

Não houve venda, não houve lucro, apenas o Queiroz pediu uma quantia emprestada e pagou em parcelas.
A virar regra o cumprimento da obrigação de declarar tais operações ao IR, até mesmo você deixar um dinheiro na casa de um amigo, para não ser assaltado no deslocamento até sua casa e combinar com ele te devolvem em cheque terá que ser declarado.

Outra detalhe interessante:  Flávio Bolsonaro sequer foi acusado por Queiroz - nem se sabe se Queiroz tem elementos para acusá-lo e tendo vai formalizar acusação.
Mas, já tem pessoas prevendo que a bala vai ricochetear no colete do Flávio e atingir Bolsonaro.]

Em dezembro, pouco antes de assumir o trono, o capitão dissera que o dinheiro encontrado na conta de sua mulher era parte do pagamento de empréstimo de R$ 40 mil que fizera a Queiroz (reveja no vídeo, clicando aqui.). No mundo convencional, essas transações geram contratos de mútuo ou notas promissórias. [no mundo das pessoas que cultivam o sentimento de amizade e seriedade no cumprimento do que acertam, contrato e promissórias se torna dispensáveis.
Uma parcela você paga em dinheiro vivo, já outra você tem parte em cheque e completa com moeda corrente.]  No mundo dos Bolsonaro e de Queiroz, não. Bolsonaro disse ter emprestado os R$ 40 mil a Queiroz aos poucos, não de uma vez. Se tivesse repassado o dinheiro por transferências bancárias, a coisa teria aparecido no levantamento em que o Coaf esquadrinhou a conta de Queiroz. Mas o órgão não encontrou senão os R$ 24 mil enviados de Queiroz para Michelle. O presidente pode ter socorrido o amigo de uma forma mais primitiva, repassando-lhe dinheiro vivo. Nessa hipótese, faria um bem inaudito à própria biografia se informasse de onde veio o dinheiro. Despertaria nos brasileiros o hábito de poupar se explicasse as vantagens de manter dinheiro sob o colchão. [partindo do principio que um deputado federal, há sete mandatos, tem perfeitamente condições de sobra de possuir em moeda corrente, dinheiro vivo, 50 mil reais ou até um pouco mais, nada pode prosperar em termos de considerar viável, Bolsonaro dispor de quantia parecida, mais ou menos, guardado em espécie.] 
 
Segundo Bolsonaro, os pagamentos de Queiroz foram parar na conta de sua mulher porque ele não dispõe de "tempo para sair". Faltou explicar por que Queiroz não fez um DOC ou uma TED em nome do capitão. Ou, por outra, por que Bolsonaro, então deputado federal, não enviou à fila do banco um dos seus inúmeros assessores? Espremido pelos repórteres em dezembro, Bolsonaro disse não ter anotado no Imposto de Renda o alegado empréstimo que fez a Queiroz. "O empréstimo foi se avolumando e eu não posso, de um ano para o outro, (colocar) mais R$ 10 mil, mais R$ 15 mil. Se eu errei, eu arco com a minha responsabilidade perante o fisco. Não tem problema nenhum."  [qualquer marido as vezes promete algo para a esposa e por murrinhagem fica protelando; 
enquanto vai enrolando, surge um amigo que lhe deve algum dinheiro e vem pagar em cheque - o marido murrinha, para não dar o dinheiro vivo para a esposa, pede para o amigo passar o cheque para a esposa.

Com isso ele cumpre o prometido para a 'patroa' ainda é poupado da dor de tirar o dinheiro vivo do próprio bolso.

Sou muito cioso com o Fisco - não sou Al Capone, mas, conheço a história; mas, sinceramente se empresto para alguém uma quanta compatível com minha renda e após alguns dias recebo o emprestado, sem nenhum acréscimo, não tenho o que declarar ao fisco.] O Planalto ainda não informou se o presidente já regularizou sua situação perante o Fisco. Mas os auditores fiscais já perscrutam as declarações de rendimentos de Queiroz e seus beneficiários visíveis. Michelle Bolsonaro, por exemplo. A apuração pode resultar em dissabores, pois a conta de Queiroz cheira mal. Ao tentar justificar a movimentação bancária suspeita de R$ 1,23 milhão entre 1º de janeiro de 2016 e 31 de janeiro de 2017, Queiroz disse ao Ministério Público que gerenciava salários de outros assessores de Flávio Bolsonaro na Assembleia do Rio para pagar "colaboradores informais". Trata-se de confissão, não de explicação.

Havia também na conta, disse Queiroz, salários da mulher e dos filhos. Coisa de um patriarca "tradicional". De resto, pingava no banco o resultado do suor que o amigo dos Bolsonaro derramava em atividades informais: segurança particular, compra e venda de carros e eletroeletrônicos, vestuário e corretor de imóveis. Queiroz não disse palavra sobre os R$ 24 mil que borrifou na conta da primeira-dama. Silenciou sobre os repasses feitos ao próprio Flávio Bolsonaro. De resto, não há em meio às nove folhas que Queiroz levou ao Ministério Público nada que se pareça com uma prova da contratação de colaboradores informais para Flávio Bolsonaro. [a principal característica da informalidade é a não existência de nada escrito.] Nem sinal de algo capaz de comprovar o talento de Queiroz como vendedor de qualquer coisa. Nesse contexto, a menos que o capitão leve ao palco meia dúzia de explicações, a participação especial de Fabrício Queiroz no enredo da família Bolsonaro vai acabar virando um desses espetáculos de teatro extremamente badalados que fracassam porque o público não foi devidamente ensaiado.

O Ministério Público suspeita que Queiroz é "laranja". O que se enxerga em cena, porém, é a conversão do personagem em bala perdida no rumo de Jair Bolsonaro. [quem suspeita tem que acusar;
´É uma regra que muda em relação ao Fisco. 
No caso, Queiroz sendo acusado pelo Fisco de não pagar determinado quantia de impostos devidos - tem o Queiroz a obrigação de provar que pagou os impostos devidos (cabe ao devedor provar que pagou o valor cujo pagamento está sob suspeita - sempre o contribuinte, quando questionado de forma fundamentada, passa ter o DEVER de provar que pagou - não cabe ao Fisco provar que não recebeu.)
Mas, para tanto o Fisco primeiro tem que ter elementos que provem que o fato gerador ocorreu.]

Blog do Josias de Souza


[a quase totalidade das investigações surgem devido inconsistências, indícios, suspeitas.
Só que para sustentarem uma acusação precisam ser transformadas em provas - o convencimento do magistrado, especialmente para condenar,  não pode ocorrer baseado somente em indícios, inconsistências, etc.]

Alegações de Queiroz foram consideradas 'inconsistentes' por investigadores ... - Veja mais em https://josiasdesouza.blogosfera.uol.com.br/2019/03/02/alegacoes-de-queiroz-foram-consideradas-inconsistentes-por-investigadores/?cmpid=copiaecola... - Veja mais em https://josiasdesouza.blogosfera.uol.com.br/2019/03/02/alegacoes-de-queiroz-foram-consideradas-inconsistentes-por-investigadores/?cmpid=copiaecola... - Veja mais em https://josiasdesouza.blogosfera.uol.com.br/2019/03/02/alegacoes-de-queiroz-foram-consideradas-inconsistentes-por-investigadores/?cmpid=copiaecola


 


quinta-feira, 17 de março de 2016

Lula sugere que PT atuou para eleger Janot e o manda tomar no cu

O que o partido terá feito para favorecer a eleição do procurador-geral? Será por isso que o único denunciado, dois anos depois, é justamente Eduardo Cunha, um inimigo do governo. E não que seja imerecido!

E sabem quem não se sai nada bem nas conversas desabridas de Lula, recheadas a palavrões, não distinguindo linguagem de botequim ou de mictório de assuntos da República? 

Rodrigo Janot, procurador-geral da República. E o que Lula sugere ao telefone não parecer ser coisa muito bonita

O  ex-presidente conversa com o advogado Sigmaringa Seixas, ex-deputado petista e uma fina flor da esquerda chique de Brasília. Pede abertamente que o outro pressione Janot a abrir investigação contra Aécio Neves. Diz que o procurador-geral rejeitou quatro pedidos para fazê-lo e que bastou um para que ele, Lula, passasse a ser um investigado.

Sigmaringa sugere ao interlocutor que a pressão seja feita de modo formal. O Poderoso Chefão, como se sabe, quer a informalidade.  E então Lula apela àquela sua retórica sempre encantadora, recheada de delicadezas. E diz o seguinte: “Esse cara, se fosse formal, não seria procurador-geral da República. Teria tomado no cu. Teria ficado em terceiro lugar. Quando eles precisam, não tem formalidade; quando a gente precisa, é cheio de formalidade”.

É evidente que Lula está deixando claro que o PT atuou resta, agora, saber como para que Janot fosse o primeiro da lista tríplice e, assim, nomeado procurador-geral. O partido é bastante influente no Ministério Público Federal. Minha curiosidade se aguça: a que “informalidade” teria recorrido Janot, então, para ser eleito?

Bem, quando me lembro de que, até agora, Janot ainda não pediu abertura de inquérito contra Lula no caso do empréstimo do grupo Schahin; quando me lembro de que ele conseguiu transformar um político do PMDB Eduardo Cunha na principal personagem do petrolão; quando me lembro que Cunha é, até agora, o único denunciado por ele, bem, fico com receio de pensar que essas são formas que Janot tem de pagar uma dívida. Mas Lula é como o capeta quando conquista uma alma: quer tudo. Em tempo: Cunha tem de ser cassado.

É claro que o procurador-geral da República, que está fora do país, tem explicações a dar. Que diabos significa, afinal de contas, a frase de Lula, segundo o qual, Janot foi informal para não tomar no cu?  É claro que a isenção do procurador-geral também foi posta em dúvida. Mais: Lula deixa claro que a interlocução existe. Ele só se mostra inconformado porque, parece, Janot andava meio arredio.

Para encerrar, destaque-se o universo mental de Lula. Tudo é feito na base da troca e do compadrio. Se ele ajudou Janot a se eleger, agora Janot tem de ajudá-lo não mandando investigar nada que lhe diga respeito e perseguindo seus adversários políticos.

Não se enganem: Lula deixou claro a Sigmaringa que era para mandar — acho que o verbo é esse — Janot investigar Aécio.
O procurador-geral tem muitas explicações a dar.


 

 

terça-feira, 7 de julho de 2015

Sem dinheiro, FAT vai bancar parte do salário do trabalhador formal - retirando o abono salarial pago aos trabalhadores menos favorecidos



O mercado de trabalho piorou mais rápido e mais intensamente do que o governo previa. Para tentar reduzir a intensidade das demissões, o governo anunciou nesta segunda-feira o Programa de Proteção ao Emprego, que usará recursos do FAT para bancar 15% do salário do trabalhador.  O governo está aumentando os gastos do FAT, que já está fechando no vermelho e recebendo aportes do Tesouro. 

Essas despesas não estavam previstas no Orçamento e tornam ainda mais difícil o cumprimento do superávit primário este ano e no próximo. Outra contradição é o governo ter recentemente adiado o pagamento do abono salarial - benefício para quem ganha até dois salários mínimos - para pagar parte dos salários de trabalhadores qualificados, que serão os mais beneficiados.

O governo alega que, com a medida, conseguirá evitar um rombo ainda maior do FAT, que aconteceria com o aumento do pagamento de seguro-desemprego e saques do FGTS. Ou seja, acredita que vai gastar um pouco mais agora, mas evitará uma despesa ainda maior em um contexto de deterioração do mercado de trabalho nos próximos meses. Não é essa a avaliação dos especialistas. O economista Mansueto Almeida diz que as medidas juntas vão dando sinais de improviso, diante de uma deterioração muito forte do mercado de trabalho.  - No início do ano, havia estimativas de bancos de perda de 200 mil empregos formais. Hoje, já há contas chegando a 950 mil. Acho que só falta ao governo anunciar que não vai cumprir a meta de superávit primário este ano. Porque com mais anúncio de gastos, está cada vez mais difícil chegar à meta. A previsão de receitas era de aumento de 5% este ano, e estamos com queda de 3% - disse Mansueto.

O economista lembra que esse é um tipo de medida que funciona para crises de curta duração, conjunturais, o que não parece ser o caso de alguns setores, como o automobilístico. - Se a crise for breve, você corta o programa assim que a economia se recuperar. Mas se a recessão for longa, fica mais difícil manter o gasto ou ter que cortar o programa antes da recuperação. Olhando esses anúncios juntos, fica-se com a sensação de improviso.
Por mais meritório que seja a intenção do governo ter um programa que proteja o emprego no atual conjuntura, o fato é que isso é mais um programa que ampara apenas o mercado formal. É, portanto, parcial. Quase 30% dos trabalhadores brasileiros estão na informalidade.

Fonte: Coluna da Miriam Leitão