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terça-feira, 13 de setembro de 2016

No sermão da missa negra, o Supremo Pregador jurou que só ganhou da OAS e da Odebrecht dois cisnes e dois barquinhos

As empreiteiras já sabem o que Lula quer ganhar no Natal: a casa e um casaco de João Doria

Lula foge de entrevistas de verdade desde dezembro de 2005, quando foi confrontado no programa Roda Viva com perguntas sobre o escândalo do Mensalão ─ e forçado a comentar a descoberta de que o antigo templo das vestais do PT se tornara um bordel infestado de delinquentes loucos por dinheiro. Faz quase 11 anos que só conversa com entrevistadores domesticados, blogueiros estatizados e correspondentes estrangeiros que confirmam o que disse Tom Jobim: o Brasil não é para amadores.

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Lula foge de multidões sem medo desde a cerimônia de abertura do Pan-2007, quando descobriu no Maracanã o que é uma vaia de assombrar Nelson Rodrigues. De lá para cá, o palanque ambulante só desanda na discurseira diante de plateias amestradas, que aprenderam a sublinhar com aplausos até o ponto que encerra a frase sem pé nem cabeça, fingir que ninguém notou o extermínio de mais um plural e cair na gargalhada no meio da piada sempre grosseira e grisalha.

Na sexta-feira, durante o evento promovido pelo PT na Quadra dos Bancários para tentar abrandar a anemia que assola a campanha de Fernando Haddad, constatou-se que também os comícios para milhares de militantes são coisa do passado. Foram trocados por missas negras frequentadas por devotos atraídos sobretudo pelos sermões que Lula improvisa. Os discípulos ouvem a palavra do Mestre com a expressão apalermada de quem vê um imbatível candidato a santo.

Os fiéis contemplaram com salvas de palmas até os disparos verbais que, endereçados aos adversários, acertam o pé do orador e as testas da turma na sacristia. A taxa de entusiasmo cresceu com os tiros pela culatra que povoaram o Sermão da Quadra dos Bancários. E chegou ao clímax quando o Supremo Pregador ergueu com duas frases o imponente monumento à vigarice abaixo reproduzido:
“Imagina o povo que foi induzido pela imprensa a não gostar de mim porque a minha mulher comprou um cisne para o meu filho e vai votar no Doria que mora numa casa que vale 10 milhões de cisnes. Só aquele casaco dele daria para comprar os dois cisnes da Marisa e os dois barquinhos que ela tem”.

É por causa da imprensa, portanto, que o supercampeão das urnas acabou reduzido a um cabo eleitoral capaz de destruir sozinho qualquer candidatura: 73% dos entrevistados pelo Datafolha não votariam de jeito nenhum em alguém apoiado por Lula. A queda não teria acontecido se o povo soubesse a verdade. Marisa Letícia nada mais fez que presentear um filho marmanjo com um pedalinho em forma de cisne que navega no sítio que o ex-presidente possui mas não é dele em Atibaia.

Mais: como a casa de João Doria, na avaliação do PT, vale 50 milhões de reais, basta dividir a quantia por 10 milhões de pedalinhos para saber que o brinquedo custou apenas 5 reais ─ menos que um saquinho de pipoca tamanho mínimo. Na segunda frase, os cisnes já são dois. Mas continuam baratos, garante o sitiante sem escritura. O dinheiro que Doria gasta na aquisição de um casaco bastaria para comprar uma dupla de pedalinhos e uma frota de dois barcos.

Por que Lula não se atreve a recitar tal tapeação num depoimento na República de Curitiba? Talvez por temer que o juiz Sérgio Moro seja tentado a prendê-lo por cinismo ao ouvir que a reforma do sítio, custeada pela OAS e a Odebrecht, foi uma invencionice da imprensa. Talvez porque nem um bebê de colo conseguiria acreditar que as empreiteiras retribuíram os favores bilionários do presidente amigo com dois pedalinhos e dois barquinhos. Haja ingratidão.

O falatório ao menos serviu para revelar o que o camelô de empreiteiras quer ganhar no Natal: a residência de João Doria. Lula ficaria mais feliz ainda se junto com a casa viesse o que chama de “aquele casaco dele”.

Fonte:Coluna do Augusto Nunes 
 

quinta-feira, 12 de março de 2015

Só brasileiro diz entender

 Não é para principiantes

Carlos Alberto Sardenberg, jornalista 

Achamos natural a presidente se eleger pela esquerda e governar pela direita, o partido da ética dizer que todos roubam

A gente que nasceu e vive aqui no Brasil vai se acostumando e achando muito natural as coisas que acontecem na política. Por exemplo: a presidente se eleger pela esquerda e governar pela direita. O PMDB estar montado no Executivo e no Legislativo e achar que não manda o suficiente. Um gerente da Petrobras confessa ter acumulado propinas em caráter pessoal e coletivo!no valor equivalente a R$ 300 milhões. O partido da ética dizendo que todo mundo rouba.

E isso era piada. Lembram-se do personagem de Jô Soares, o sonegador apanhado pela Receita, que dizia: “Só eu? E os outros?”  Ou da muita antiga frase de Chico Anysio: “No Brasil de hoje, os cidadãos têm medo do futuro. Os políticos têm medo do passado”.  Mas me lembrei mesmo de Tom Jobim — “O Brasil não é para principiantes” — ao imaginar a sua situação, caro leitor, tendo de explicar a conjuntura nacional a um amigo de fora.

Mais ou menos assim: o estrangeiro desembarca no Brasil na sexta-feira, 13 de março, e topa com uma manifestação com muitas bandeiras vermelhas.  — Isso é contra o governo?   — pergunta ele, já que esse tipo de manifestação em geral é prerrogativa das oposições.

Você tem que explicar, pelo menos em linhas gerais. Melhor simplificar:  — Na verdade, é a favor da presidente Dilma. É o pessoal dos sindicatos de trabalhadores. O estrangeiro estranha, ainda mais que, arranhando o português, identifica alguns cartazes que parecem ser contra alguma coisa.  Melhor simplificar de novo:  — Eles estão a favor da presidente, mas contra a política econômica conservadora.
— Então a presidente é de direita?
Não, é de esquerda, do Partido dos Trabalhadores, que se considera a maior esquerda do mundo.
— Esquerda tipo Cuba, Venezuela ou como a social-democracia e o trabalhismo europeu?
— Meio que uma mistura.
— E por que faz uma política econômica de direita?

Aqui dá para explicar:
Porque a presidente precisou fazer alianças com partidos de centro e de direita para compor a maioria no Congresso. E porque a economia desenvolvimentista deixou uma baita crise.
Você chega a pensar que está resolvido, mas volta a pergunta do gringo: — E quem aplicou esse desenvolvimentismo está na oposição?
Não, porque foi a mesma presidente que fez aquela política no primeiro mandato. E se reelegeu prometendo continuar. Mas aí, sabe como é, inflação, déficit, juros, teve que chamar os ortodoxos para a economia.

Agora parece bem claro. O pessoal mais à esquerda e os sindicatos não gostam da política econômica, estão manifestando isso, mas também querem defender a presidente Dilma do pessoal que está contra ela por outros motivos.
Lógico, o estrangeiro vai querer saber quais outros motivos.
Não faltam: preços em alta, juros em alta, crédito apertado, estagnação, impostos subindo, medo do desemprego e uma baita corrupção. Tem também os que estão contra porque a presidente prometeu uma coisa na campanha e está governando com outra.

Volta o estrangeiro:
Mas os partidos de direita e centro que fazem parte da coligação dela certamente estão ajudando.
Pois é, o problema é esse. Tem um partido, o maior deles, PMDB, que tem o vice-presidente da República, seis ministros e os presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado. E está de briga com a presidente Dilma porque acha que não manda e porque diversos membros do partido estão sendo acusados de corrupção.
— Caramba! É uma campanha da esquerda contra a direita corrupta?
Não, porque muitos membros do partido da presidente Dilma também estão sendo apanhados na corrupção.
Então, admira-se o estrangeiro, a presidente de vocês está promovendo uma faxina geral.
— Mais ou menos, não é ela, mas os promotores e os juízes. Para falar a verdade, a presidente está tão nervosa com isso quanto os aliados de direita.
Então esses manifestantes (o estrangeiro aponta para os sindicalistas) estão contra a política econômica do governo, a corrupção no governo e nos partidos do governo, mas estão a favor do governo e da presidente?
— É mais ou menos por aí, e também a favor da Petrobras, a estatal foco da corrupção.

— Contra a corrupção, mas a favor da empresa onde tudo aconteceu?
— Isso aí.
— E ninguém protesta direto contra a corrupção? — inquieta-se o gringo.
— Essa manifestação será no domingo.
— E será a favor da política econômica ortodoxa?
— Tem gente que até era, mas agora é contra tudo. Sabe como é... Aceita uma caipirinha?

Por: Carlos Alberto Sardenberg, jornalista - Publicado: O Globo